Gripen na Suíça: Conselho dos Estados aprova a compra, mas não a verba

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Gripen F demonstrador em voo de testes - foto Depto Def Suíça

Votação geral foi a favor da aquisição, mas por apenas um voto não se conseguiu a maioria para liberar, de imediato, o orçamento maior para a Defesa que viabilizaria a compra sem necessidade de um fundo especial – poucos se manifestaram contra a compra, mas resultado sobre fundos pode aumentar a chance dos oposicionistas conseguirem lançar um referendo

O Conselho dos Estados (Senado) da Suíça aprovou em sua primeira câmara a compra de 22 caças Gripen, modelo produzido pela sueca Saab e selecionado no final de 2011 pelo Conselho Federal (executivo). Porém, a questão da origem das verbas ainda não chegou ao seu ponto final. Isso porque, por apenas um voto, não se alcançou a maioria necessária para aprovar a iniciativa de ampliar o orçamento militar. As informações são de reportagens desta terça-feira, 5 de março, publicadas nos jornais suíços 24 heures e Basler Zeitung e veiculadas na TV Suíça.

Na votação geral, o Conselho dos Estados aprovou a compra de novos caças por 22 votos a favor, 2o contra e uma abstenção. Já a liberação de um orçamento militar maior teve 23 votos a favor, 19 contra e uma abstenção – para ser liberado, era necessário mais um voto (24 no total), portanto essa questão orçamentária permanece bloqueada. Assim, o orçamento de Defesa deverá continuar o mesmo, e as verbas para a aquisição dos jatos deverão sair de um fundo acumulado às custas desse orçamento.

No debate, a maioria dos pronunciamentos foi a favor da aquisição de aeronaves, e a maioria das preocupações sobre riscos foram removidas. Entre os representantes da classe média, houve poucas críticas, segundo o jornal Basler Zeitung.

Gripen nas cores da Força Aérea Suíça - ilustração Saab

A TV Suíça (SFTV) informou que o parlamentar Hans Hess, porta-voz do Conselho de Segurança dos Estados, enfatizou em sua decisão que muitas questões delicadas já foram resolvidas e que os riscos políticos e financeiros foram reduzidos dramaticamente. Entre os críticos, houve um parlamentar que afirmou ainda não enxergar o acordo de compra com clareza, e outro que advogou votação contrária por desejar uma frota de caças menor e acrescentou, com ironia, não ver qualquer risco de uma guerra envolvendo o país.

Porém, ainda segundo a SFTV, muitos dos que há alguns meses eram críticos à compra mudaram de lado. Os riscos de uma explosão de preços não são mais vistos pelos que antes se opunham ao negócio, e dúvidas que tinham quanto ao fornecimento pela Saab foram sanadas.

Gripen F em Axalp - foto 2 Depto de Defesa da Suíça

Agora, o Conselho dos Estados ainda precisa decidir sobre a “Lei do Fundo Gripen”, que regulará o financiamento. A proposta é que, por 10 anos (entre 2014 e 2024), 300 milhões de francos suíços sejam reservados do orçamento militar para o fundo que permitirá a compra dos novos caças. Esse fundo é sujeito a um referendo opcional.

Segundo o jornal 24 heures, é possível que a oposição à compra de caças, por parte dos parlamentares de esquerda e dos verdes (nota do editor: usualmente, esse grupo se opõe a qualquer compra de novos caças, independentemente do fabricante), consiga adesões de outros representantes eleitos para desafiar essa compra, e assim tenha o apoio suficiente para lançar o referendo. A esquerda já prometeu se engajar nessa batalha.

O jornal 24 heures também ressaltou que, na Comissão de Finanças, o projeto de aquição já havia sido endossado por 15 votos a 9, e que o Conselho Nacional ainda vai se decidir sobre a questão do crédito e dos fundos.

FONTES: 24 heures, Basler Zeitung e SFTV (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em francês e alemão)

IMAGENS: Departamento de Defesa da Suíça e Saab

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Gilberto Rezende

Bem as votações foram mais que claras… Apertadíssimas e com rasteira.

O governo Suíço conseguiu a aprovação no limite e algum político roeu a corda e mudou seu voto na votação das verbas…

Para a Tchurma do Gripen que ACHAVA a vitória na Suíça uma grande coisa isso é um banho de realidade.

O negócio está onde sempre esteve no LIMITE e com apenas apoio político mínimo suficiente. Sempre pode dar para trás PRINCIPALMENTE se o financiamento acabar num referendo…

Vader

Caro Gilberto, ao contrário de países subdesenvolvidos onde a cúpula político-militar ou o ditador de plantão escolhe e o povão aceita, a Suíça é uma democracia plena; na verdade é tão democrata que algumas escolhas são até mesmo diretas.

Se o povo suíço decidir que não vale a pena investir em caça, que seja feita a vontade do povo. É um povo civilizado e educado o suficiente para saber fazer suas escolhas de forma consciente, e arcar com as responsabilidades de tais escolhas.