OS DONOS DA CASA

A conclusão do Projeto Skoshi Tiger seguida da extinção do Esquadrão 10 não encerrou a carreira do F-5 no Vietnã. Ele continuou combatendo no Sudeste Asiático nas mãos da Força Aérea do Vietnã do Sul.

Um grupo de conselheiros da Força Aérea dos Estados Unidos já vinha sinalizando sobre a possibilidade de repassar caças F-5 para o Vietnã do Sul desde o início do ano de 1966. A proposta foi aceita pelo Secretário de Defesa, Robert McNamara, e em agosto daquele ano 32 pilotos vietnamitas foram para a Base Aérea de Williams para o curso de conversão operacional.

Naquela época a Força Aérea do Vietnã do Sul não voava aeronaves a jato e a principal aeronave de ataque era o A-1 Skyraider. Sair de uma aeronave a pistão para um caça supersônico foi um salto e tanto para os pilotos sul-vietnamitas.

SOLITÁRIO ESQUADRÃO

O Esquadrão 522 da Força Aérea Sul-vietnamita foi escolhido para ser a primeira unidade de caças a jato do país. Com o término das operações do Esquadrão 10 da USAF todos os F-5 remanescentes daquela unidade foram repassados para os Sul-vietnamitas. Em abril de 1967 o Esquadrão 522 recebeu seus primeiros F-5.

Além de manterem a camuflagem original eles receberam uma faixa com quadrículas pretas e amarelas na parte anterior da fuselagem. Este era a identificação das aeronaves da Ala 23, que incluía mais dois esquadrões de ataque equipado com os valentes A-1 Skyraider.

Em pouco tempo os F-5 dividiram as missões com os A-1 em apoio ao Exército Sul-vietnamita contra guerrilheiros vietcongs. No entanto, o Esquadrão 522 permaneceu como única unidade a empregar o F-5 por cerca de cinco anos.

ANO NOVO

Após a Ofensiva do Tet, ocorrida em janeiro de 1968, os Estados Unidos aceleraram o processo de vietnamização da guerra. Desta maneira as forças armadas do Vietnã do Sul começaram a receber mais treinamento e mais armas para assumir o protagonismo no conflito. E assim os Estados Unidos podiam reduzir sua presença no Vietnã até o ponto de se retirarem totalmente do conflito no começo de 1973.

Com a política de vietnamização do conflito foi criado o Programa “Enhance”, que incluía a transferência de grades quantidades de F-5 para o Vietnã do Sul. Como a demanda por Freedom Fighters era muito grande, aeronaves que seguiriam para o Irã, Taiwan e Coreia do Sul foram enviadas para o Sudeste Asiático.

A força aérea, que possuía de 35 F-5 no começo de 1973, cresceu para oito esquadrões no final daquele ano. O Programa “Enhance” foi seguido pelo “Programa Plus” e novos F-5E Tiger II começaram a chegar em março. Estava previsto o envio de 150 Tiger II, mas com a derrota do Vietnã do Sul em abril de 1975 menos de 50 chegaram ao país asiático.

Os F-5 vietnamitas lutaram até o fim, inclusive procurando se esquivar de mísseis superfície-ar como o SA-7 lançado do ombro de um soldado. A robustez da aeronave permitiu que muitos pilotos voltassem para a casa, mesmo depois de severos danos.

FECHAM-SE AS CORTINAS

No dia 29 de abril o Marechal do Ar Ky ordenou que todos os F-5 em condições de voo deixassem o país. Eles não deveriam cair nas mãos do inimigo.

Muitos desses caças monopostos partiram com mais de um oficial a bordo. Houve um caso excepcional onde quatro majores fugiram a bordo de um F-5B biposto e em outro um F-5A pousou com três tripulantes!

Alguns pousaram em rodovias tailandesas, mas a maioria seguiu para bases tailandesas como U-Tapao. Com a queda de Saigon no último dia do mês de abril o Governo unificado do Vietnã exigiu que os caças retornassem para o país. Para evitar problemas políticos entre o Vietnã e a Tailândia os Estados Unidos resolveram retirar os F-5 vietnamitas de U-Tapao.

Após participar da operação “Frequent Wind”, a evacuação de todo o pessoal norte-americano de território vietnamita, o porta-aviões USS Midway seguiu para a costa tailandesa. Lá ele fundeou próximo de U-Tapao e os F-5, assim como os jatos A-37 que também fugiram para a Tailândia, foram embarcados no Midway com a ajuda de helicópteros CH-53.

A carga inusitada de aeronaves, que incluía um Cessna O-1 Bird Dog, primeiro e último avião da Força Aérea Sul-vietnamita a fazer um pouso embarcado, o USS Midway seguiu para Guam. Lá as aeronaves foram desembarcadas e transportadas para os Estados Unidos a bordo de um navio mercante. Muitos desses F-5 ainda serviram por anos e anos nos esquadrões Aggressors da USAF.

Pelo menos 26 F-5 deixaram o Vietnã do Sul rumo à Tailândia e mais de uma centena foi capturada pelo Exército do Vietnã do Norte. Parte destes caças ainda serviu na Força Aérea do Vietnã unificado e muitos combateram o Khmer Vermelho no Kampuchea (atual Camboja).

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10 Comentários
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pupu

se 150 tigers não ajudaram contras migs 17 -19 – 21…o que ele e capaz de fazer na defesa contra su 27 ou f 16 ?e sendo apenas uns 40….

Jad Bal Ja

Na realidade a derrota no Vietnã foi política.

Leandro Costa

Na realidade, foi um misto dos dois. Ainda mais se puxarmos Clausewitz na equação.

Flanker

O que os F-5C no Vietnã tem a ver com os F-5M da FAB? Você está comparando laranjas com maçãs….

pupu

superiodade aérea…! agora tem sentido pra vc ? jabuticaba .!

Sérgio Luís

Muito bom o vídeo!

João Gabriel

Excelente série! Não é monotono de se assistir. Vi todos os 11 episódios, aguardando ansiosamente os próximos. O F-5 é um caça muito valente e provou seu valor, não é atoa que a FAB ainda os mantém em uso.

Jhon

Fab ainda tem opera o F5 é por falta investimentos do governo, por pura pressão da imprensa e dando nome aos bois cita se rede Globo e outros portal de notícias.