Pesquisando no arquivo do Jornal O Estado de São Paulo, encontramos algumas notícias sobre o avião de ataque ítalo-brasileiro AMX.

É interessante voltar no tempo e ler como o projeto era visto no início e como foi oferecida a entrada do Brasil no projeto e produção do avião.

A primeira notícia que encontramos, de 14 de março de 1980, menciona o sigilo em torno da primeira visita dos italianos ao Brasil para negociar a parceria no AMX.

A vista dos italianos para oferecer parceria no AMX ao Brasil – 14 de março de 1980 – Clique na imagem para ampliar

Na segunda matéria mais detalhada, de 18 de março de 1980, foram apresentadas mais informações sobre o avião, inclusive um desenho de três vistas preliminar.
A matéria diz que o AMX “será um avião de primeira linha, com uma tecnologia avançada, mas já comprovadamente testada”, provavelmente em alusão ao Programa Tornado que teve problemas de desenvolvimento devido ao uso de muitas tecnologias novas.

A próxima matéria, publicada em 9 de maio de 1980, mencionava o interesse dos argentinos no AMX e a intenção de produzi-lo conjuntamente na Argentina, como também o futuro turboélice pressurizado EMB-120 Brasília.

Em 26 de maio de 1982, uma matéria em uma página tratava da Guerra das Malvinas e o plano da Marinha de equipar o porta-aviões Minas Gerais com uma versão naval do AMX.

Na página a seguir, de 23 de outubro de 1985, foram publicadas várias matérias sobre o primeiro voo do AMX no Brasil e os planos da FAB para o futuro. A matéria do alto da página com manchete otimista “A FAB já projeta o supersônico” fala dos planos da Força Aérea Brasileira para o projeto de um caça supersônico com características muito semelhantes ao Gripen que foi selecionado no Programa FX-2, quase 30 anos depois.

E a última matéria, de 23 de abril de 1988, tratava da falta de dinheiro para completar o projeto AMX, que exigiu um investimento de US$ 3 bilhões de dólares por parte do Brasil.

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Joao Argolo

“Minas Gerais terá o AMX” assim como o “São Paulo terá o JAS-39”

DOUGLAS TARGINO

No final ambos não tiveram foi é “nada” kkkk

Grozelha Vitaminada Milani

Tucano naval dos fuzileiros, Rafale, F-18, Sea Harrier … Se temos 50 kombis que dizem que voam, porque não podemos ter um AMX naval????

pgusmão

Notem que os anos passaram, mas nada mudou, sempre o discurso é um e a realidade é outra, não importa o governo, sempre há corte de verbas e os projetos ficam pela metade, não será diferente com os submarinos, os novos caças e corvetas.

RockShooter

“A próxima matéria, publicada em 9 de maio de 1980, mencionava o interesse dos argentinos no AMX e a intenção de produzi-lo conjuntamente na Argentina, como também o futuro turboélice pressurizado EMB-120 Brasília.”

Desde 1980 a Argentina tem a tradição de desejar participar de projetos militares…. mas não participa de nada!!

Leandro Furlan

Posso te dar certeza que depois da derrota de 1982 muita coisa mudou em qualquer plano argentino, inclusive, financeiramente…

kornet

Na verdade 3 países mostraram interesse e seus pilotos testaram o AMX: Argentina, Noruega e África do Sul .
A Argentina teve a questão das turbinas, ou melhor, a desculpa.

Fred

Boa noite. Apesar de não ser um projeto militar, se não me engano, a Argentina participou do programa CBA 123 Vector da EMBRAER.

Paulo

Corretissimo. CBA siginificava Consorcio Brasil Argentina.

Foxtrot

Mas aí vem a pergunta caro Rock Shooter.
Será que a culpa é deles ou pura incompetência, submissão a interesses alienígenas nossa ?
Eis a questão !

Willber Rodrigues

“E a última matéria, de 23 de abril de 1988, tratava da falta de dinheiro para completar o projeto AMX”

Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades…

Anselmo da Costa Andrad

O tempo não para…
Cazuza.

luiz antonio

O projeto d AMX permitiu a aquisição de tecnologias de projetos e de processos que propiciaram anos mais tarde À EMBRAER projetar os aviões comerciais que fizeram e fazem tanto sucesso. Porque não ocorreu o mesmo “fenômeno” com o setor militar, dando continuidade à projetos principalmente de um caça supersônico? Na época o mercado estava totalmente aberto com o “encerramento” da União Soviética (a Guerra Fria justificava a existência de um aeronave como o AMX que por conta justamente da ausência dela o tornou inútil, pois jamais foi pensado como caça). Os “gênios” brasileiros da esculhambação geral da nação acabaram… Read more »

Rodrigo

Mas sempre lembrando que temos muitos gênios nas FA que gostam de ter 30 bandas da marinha, 400 dentistas etc….
Ou seja muito da vergonha que estamos hj TB é culpa do comando. Pois gastar 80% em pessoal é complicado e o choro que fazem contra a reforma mostra qual é a prioridade dos militares

JuggerBR

Esse avião conseguiu ser um sucesso, mesmo com todos os governos trabalhando contra ao longo de seu desenvolvimento…

EduardoSP

Cara, você está falando uma coisa que não tem o menor sentido, sem lógica alguma.
O avião só existe porque todos os governos apoiaram o seu desenvolvimento. A decisão de participar do projeto foi do governo, a especificação foi do governo, o dinheiro para o desenvolvimento foi do governo, foram os governos que compraram o avião e financiaram a empresa que participou do seu desenvolvimento, que na época era do governo.
Quanta vontade de reclamar, hein?

Leandro Costa

Eduardo, encarei a crítica do Jugger como uma crítica à falta de capacidade de governos que sucedem os anteriores, à manterem compromissos e planos de médio à longo prazo..

Claudio Moreno

Apenas lamento que não chegamos aos 89 pretendidos.

CM

Flanker

O total pretendido era de 79 unidades, divididas em 4 lotes. O 4° e último lote, de 23 unidades, nunca foi encomendado. Com isso, ficamos com 56 células, das quais menos de 20 permanecem operacionais.

PACRF

Apenas 20? As outras 36 viraram sucata?

Flanker

Sucata, digamos que é um termo “meio” forte….umas 10 tiveram graves problemas de corrosão ao serem armazenados, e ter ocorrido problema nesse processo, há vários e vários anos atrás. As células do 1⁰ e 2⁰ lotes que não foram escolhidas para passar por modernização, e que ainda operavam no 1⁰/16⁰ GAV quando da desativação desse unidade, foram armazenadas. As que já haviam sido modernizadas foram repassadas para o Poker e o Centauro. As do 3⁰ lote, que operam nos 2 esquadrões de SM, algumas já foram armazenadas também. Essas todas armazenadas servem de fonte de peças para as que continuam… Read more »

PACRF

Muito obrigado Flanker. É muito triste saber como nosso material bélico é tratado pelas nossas forças armadas. Anos atrás, ouvi uma entrevista disfarçada de um oficial do exército, dizendo que não havia munição para sequer uma hora de combate. Temos que rezar para nosso imenso país nunca entrar em guerra, pois pelo que você relatou, nossa capacidade de resposta é muito baixa. Não é à toa que uma possível “aventura” na Venezuela foi descartada. Seria um vexame.

Gustavo

Vamos a mesma novela de sempre . MUNIÇÃO NÃO SE ESTOCA EM TEMPO DE PAZ !!!!!!!!!! cbc e imbel existem prA exatamente isso, se surgir necessidade produzir MUNIÇÃO .

Joel Robinson

Eu comecei a trabalhar no AMX em 1981 e fiz parte do GTI _Grupo Técnico integrado em Torino por 4 anos, para desenvolver os sistemas de Geração eletrica, trem de pouso e os teste de EMI/EMC. Fizemos um belo trabalho

Rommelqe

Parabeni Joel!!! Missão muito bem cumprida!

Carlos Eduardo Broglio Gasperin

Parabéns pelo trabalho e pioneirismo. Na época o país passava por dificuldades financeiras e imagino o trabalho para provar que sim era possível.

Joli Le Chat

Boa compilação de notícias.
Com base no conhecimento que temos hoje, a notícia sobre a cooperação com a Argentina poderia estar revelando o nascimento do CBA-123.
Eu suspeito que o conhecimento adquirido com o projeto do AMX colaborou decisivamente no desenvolvimento do 145.

Leonardo Costa da Fonte

Durante anos colecionei estas reportagens! Quanta ingenuidade! kkk É por isso que, hoje, não acredito mais nestas balelas que a indústria e a imprensa divulgam.
Seria legal fazer um compilação dos mísseis da Avibrás! AV300, AV600 kkkkk.Tinha até um alcance de 1200 km!!! Só rindo mesmo. Piada.

nonato

Está rindo de quê?
O objetivo não foi alcançado?
Claro que na época parecia um alcance muito grande.
Mas hoje, depois do desenvolvimento brm sucedido, se vê que era até baixo.

Leonardo Costa da Fonte

Rindo das matérias e projetos que nunca foram concluídos! O pessoal “viajava”. Como é que vai fazer míssil de longo alcance sem central inercial? Divulgaram um projeto de uma central inercial, creio que chamava-se SIS – Sistema Inercial Solidário? Alguém já viu? Na época tinha até foto do sistema. Onde está? Me mostre um único míssil produzido em escala comercial pela Avibrás? Só rindo mesmo…infelizmente. Mas não sou mais trouxa para acreditar nestas histórias da Avibrás… A empresa já está com 58 anos (!!!). E nunca passou de uma mera produtora de foguetes….

Billy

Hoje o estadinho torce contra o Brasil!

Rogério Loureiro

Me lembro que a Venezuela teve interesse em adiquirir uma quantidade que me falha a memória, de uma versão para treinamento avançado chamado AMX-ATA.

O negócio não foi pra frente se não me engano por restrições dos EUA.

Marcelo Bardo

Sim, os venezuelanos iriam adquirir 24 unidades, mas houve embargo dos EUA. Daí não houve mais negócio.

Johnwolque

Sabem me dizer quais eram os componentes americanos no avião pra tal embargo?A turbina é Britânica ,o canhão fulcan só era empregado na versão italiana

Marcelo Bardo

Componentes eletrônicos.

Alonso

AMX, melhor conhecido como “F-32”: cada um custou o dobro de um F-16 (segundo os próprios militares).

ednardo curisco

Toda aeronave tem 3 grandes grupos de custos: desenvolvimento; produção; manutenção.

Quanto mais forem produzidas, mais são diluídos.

Produziu-se muito menos do que se esperava, mas o aprendizado com o AMX permitiu a Embraer ter o tamanho que teve. Já está mais que bem pago.

ALEXANDRE CEZAR

Nunca apareceu uma imagem do projeto desse supersônico, nem nome. O que apareceu depois foi o MFT-LF, que era bem diferente.

Carlos Eduardo

Muitos irão me criticar e dar deslaique, mas acredito sim que o AMX, deveria voltar a ser produzido e operado pela FAB, e a Embraer moderniza-lo e oferecer no mercado ele como avião treinamento-ataque ao solo, com capacidade de ataque AR-AR. Além de fazer um bom MIX com o nosso GRIPEN, é um aeronave, que nova e atualizada, possui sim mercado consumidor no mundo. Mas para variar, nossas forças, e muitos entusiastas, acham que ele não tem mais lugar, e desdenham de uma retomada do modelo. Para mim, o MIX da FAB deveria ser: – Gripen = Interceptação e interdição… Read more »

ednardo curisco

O AMX é um avião de 40 anos atrás. Não apenas tecnologias, mas também de conceito.

Ele foi feito para ser um ‘mini-Tornado’, bem focado em missões de ataque.

De lá para cá mudaram os materiais, eletrônica, motorização e doutrinas.

Foi sim um bom avião, mas para o século XXI é melhor padronizar a frota brasileira em Gripen, Super Tucanos e drones/UAVS

Carlos Eduardo

Como eu falei, precisaria atualizar a tecnologia. Já sobre o conceito, ele hoje, é sim atual para os cenários enfrentados. Observe que mundo a fora, todos estão mantendo no médio e longo prazo, frotas especializadas. Cada vez menos, a visão de um unico meio para todas as necessidades se mostra não eficaz, tanto por questões de custos como disponibilidade. E o conceito de um avião “barato”, mas tecnologicamente atual, está cada vez mais nas listas de prioridades da FAA’s mundo a fora. Serão parcas unidades para uma gama muito grande de missões. E quando a agua bater na b****, veremos… Read more »

Otto Lima

O AMX poderia servir de base para o projeto de uma nova aeronave, com nova aerodinâmica, nova estrutura, novos motores, novos armamentos e novos equipamentos eletrônicos. Um modelo intermediário entre o Saab JAS 39 (F-39) Gripen E/F e o Embraer EMB-314 (A-29) Super Tucanos. Esse novo avião poderia ainda ser o LIFT que a FAB hoje não tem.

Sergio

A disponibilidade desta peça atendia os nossos requisitos????

andrepoa2002

Bons tempos, me lembra de meus dias no laboratório da Aeroeletrônica, ajudando em alguns protótipos de aviônicos para o AMX. Os anos 80 não voltam mais..

Rodrigo Hemerly

Eu sou historiador formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e quem tiver interesse em aprender mais sobre história é só acessar minha página eletrônica no seguinte endereço eletrônico, a saber: https://www.historiahumana.com.br

ECosta

Que pena que o Brasil não adiquiriu Harries para o Minas Gerais quando teve oportunidade. Poderiamos estar operando porta aviões até hoje.

Marcelo Bardo

Provavelmente teriam parado de operar há muito tempo por falta de recursos…