Desafios da modernização: a diminuição do tamanho da Força Aérea dos EUA e suas implicações

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Em fevereiro de 2017, o então Chefe de Estado-Maior da Força Aérea dos EUA, General Dave Goldfein, em uma apresentação no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, expressou preocupação com a redução do tamanho da Força Aérea dos EUA, apesar do aumento das missões, incluindo defesa contra ataques ao país, operações nucleares, projeção de poder aéreo e combate ao Estado Islâmico. Naquela época, a Força Aérea possuía cerca de 5.500 aeronaves, com projeções indicando uma redução para menos de 5.000 até o ano fiscal de 2025.

O Major General Dave Tabor destacou a dificuldade em prever o tamanho futuro da frota devido a incertezas orçamentárias. Atualmente, a frota é menos de um quinto do seu tamanho durante o pico no ano fiscal de 1956, quando a Força Aérea possuía 26.104 aeronaves. Para o ano fiscal de 2025, a Força Aérea visa reduzir para 320.000 empregos ativos, uma queda de cerca de 13.000 posições.

A frota da Força Aérea é agora 52% maior que a soma das frotas da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais. Apesar da diminuição no número de aeronaves, oficiais superiores da Força Aérea apontam para aumentos significativos na capacidade das aeronaves remanescentes, como atingir alvos com alta precisão e poder de fogo.

No entanto, alguns analistas e legisladores estão preocupados com a redução da frota. Todd Harrison, analista de defesa, argumentou que, embora as aeronaves modernas ofereçam mais vantagens tecnológicas, a realidade é que uma aeronave só pode estar em um lugar de cada vez, e o tamanho da frota ainda importa para a credibilidade da dissuasão e da postura de força dos EUA.

Heather Penney, ex-piloto de F-16, ressaltou que a redução da frota para abaixo de 5.000 aeronaves tem implicações preocupantes para a segurança nacional e a capacidade da Força Aérea de projetar poder. A questão se estende além dos ativos de ataque, afetando a capacidade de reabastecimento, reconhecimento e coordenação no campo de batalha, com o Congresso proibindo a aposentadoria de certas aeronaves até que se comprove a superação das lacunas de capacidade.

A Força Aérea planeja aposentar 250 aeronaves no ano fiscal de 2025, o que resultará em uma redução líquida de 129 aeronaves. As aeronaves programadas para aposentadoria incluem modelos antigos como o A-10 Thunderbolt II e F-15 Eagle, considerados inadequados para conflitos contra adversários avançados como a China.

A Força Aérea também pretende reduzir a compra planejada de caças F-35A e F-15EX Eagle II, focando seus gastos em pesquisa e desenvolvimento de aeronaves avançadas, como o programa de Dominância Aérea de Próxima Geração. No entanto, a relutância do Congresso em permitir a aposentadoria das estruturas de força legadas tem impedido a transição para os esforços de modernização desejados.

Os desafios orçamentários e a necessidade de modernização simultânea de caças, bombardeiros, tanques e mísseis balísticos intercontinentais estão espremendo o orçamento, limitando a capacidade de adquirir novas aeronaves em quantidade. A longo prazo, a Força Aérea enfrenta o desafio de sair de uma “espiral de morte de manutenção e modernização”, onde a necessidade de manter a frota existente voando limita os recursos para adquirir novas aeronaves essenciais.

FONTE: Defense News

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Wellington R. Soares

A aviação atual está ficando cada vez mais cara, sendo difícil acompanhar a quantidade de aeronaves em comparação com décadas anteriores.
As fábricas já não conseguem produzir no mesmo ritmo, devido a complexidade das tecnologias atuais.
Acredito que isso vai ser o futuro de todas as forças, com menos pessoal e quantidades menores de equipamentos (“forças enxutas”).
Não tem como comparar a capacidade de um caça atual com caças dos anos 60, 70, 80, etc…

Palpiteiro

Se torna mais racional substituir a capacidade por mísseis e drones

Zorann

Existem trocentos misseis de precisão e kits para bombas planadoras que permitem aviões legados lançarem ataques fora do alcance dessas aeronaves mais modernas.

Estamos vendo isto na Ucrânia de ambos os lados.

Fora os drones suicidas de todos os tipos e tamanhos, alguns autonomos, capazes de negar a ocupação do terreno.

E ainda há os misseis hipersônicos que podem ser lançados a centenas de quilômetros da área contestada.

Caças modernos são necessários, mas aeronaves mais baratas capazes de fazer ataques longe da area contestada são também necessários.

Felipe

O tamanho da Força Aérea deles é descomunal , acho que nem somando Rússia e China se equipara a isso.

Palpiteiro

Com o rampup chinês tende a se comparar

Luís Henrique

A Rússia possui cerca de 4.100 à 4.200 aeronaves em sua força aérea. A China possui algo próximo a 4.000 aeronaves em sua força aérea. Se a USAF tinha cerca de 5.500 aeronaves e agora está caindo para menos de 5.000 Então a força aérea russa e chinesa, pelo menos em quantidade, não só se equiparam como ficam bem à frente. Claro que existe uma “pegadinha”, na Rússia o exército não usa aeronaves, todos os helicópteros de transporte e de ataque são operados pela força aérea. Já o exército chinês possui cerca de 900 aeronaves. Caso fizessem o mesmo que… Read more »

Last edited 11 dias atrás by Luís Henrique
Machado

Não conseguem mais acompanhar os orientais

Maurício

São os republicanos que empatam desenvolvimento de novas tecnologias no congresso dos EUA, por qual motivo um dia saberemos.

curisco

No quesito industria armamentista lá não tem essa de republicano ou democrata.

curisco

tem muito de lobby da indústria bélica. sempre pedindo bilhões e bilhões para estar à frente de inimigos que estão gerações atrás.

na real, qualquer conflito entre Rússia, China, EUA descambaria para uma guerra nuclear.

Assim, pode ter 100.000 F35. Se a Rússia e China têm o arsenal que eles têm, tanto faz.

O fato é que estas armas convencionais é mais para uso contra adversário regionais. médio porte.

Mas fica inviável usar um F35 cheio de arma inteligente para conflitos assimétricos e/ou contra adversários tão menores.