Segundo algumas fontes, a Inteligência Ucraniana informou que a aeronave A-50 russa abatida no dia 23 de fevereiro foi alvo de um sistema antiaéreo S-200 de fabricação soviética.

De acordo com o site Missile Threat, o S-200 (OTAN: SA-5 Gammon) é um sistema russo de mísseis terra-ar (SAM) de média a alta altitude. É um arma altamente proliferada, está atualmente em serviço em pelo menos 12 países.

Os engenheiros soviéticos começaram a desenvolver o sistema de mísseis terra-ar S-200 durante a década de 1950, principalmente para combater o bombardeiro supersônico B-58 dos EUA, o avião espião U2 e outras aeronaves de reconhecimento.

Desde a sua implantação inicial em 1966, o S-200 recebeu múltiplas atualizações para aumentar o alcance e a precisão do sistema. Em 1967, o S-200 A “Angara” original disparou o míssil 5V21, que incorporava tecnologia relativamente avançada para a época, como um radar semiativo de busca de direção de onda contínua (CW) para orientação de terminal.

O S-200V “Vega”, o S-200M “Vega M” e o S-200VE “Vega Export” foram introduzidos entre 1970 e 1972. Esses sistemas dispararam o míssil 5V28 a distâncias de 200-250 km. O S-200VE é idêntico ao S-200V, mas foi vendido com uma ogiva altamente explosiva e não tem capacidade nuclear. Operacional em 1975, o S-200D “Dubna” é um sistema com capacidade nuclear que disparou um míssil 5V28V aprimorado com alcance de 300 km.

No seu auge em 1985, o S-200V foi implantado em mais de 130 bases de lançamento em toda a União Soviética, compreendendo 338 baterias, ou cerca de 2.030 lançadores.

Especificações

Variante Míssil Comp. Diâmetro Comp. Booster Diâm. Booster Alcance Ogiva
Angara (A) 5V21 10,5 m 0,86 m 4,9 m 0,48 m 150-180 km HE-Frag
Vega (V) 5V28 10,7 m 0,86 m 4,9 m 0,48 m 200 km HE-Frag
Vega M (VM) 5V28 10,7 m 0,86 m 4,9 m 0,48 m 200-250 km HE-Frag, Nuclear
Vega E (VE) 5V28 10,7 m 0,86 m 4,9 m 0,48 m 200-250 km HE-Frag
Dubna (D) 5V28V 10,7 m 0,86 m 4,9 m 0,48 m 300 km HE-Frag, Nuclear

Na Ucrânia

Até 2021, existiam quatro baterias S-200 ativas (aproximadamente 24 lançadores) e outras doze bases inativas na Ucrânia. Algumas destas bases são provavelmente sistemas legados que ficaram sob controle ucraniano após o colapso da União Soviética, mas relatórios indicam que a Ucrânia pode ter comprado um número desconhecido de lançadores S-200V da Rússia em 2010.

No gráfico abaixo os sistemas antiaéreos ucranianos antes do início da invasão russa em fevereiro de 2022. A cobertura do S-200 (C-200B) aparece em amarelo.

Voo 1812 da Siberia Airlines

Em 4 de outubro de 2001, os militares ucranianos abateram acidentalmente o voo 1812 da Siberia Airlines, que voava de Tel Aviv para Novosibirsk. Como parte de um exercício de defesa aérea, dois mísseis antiaéreos, um de um S-200 e outro de um S-300, foram lançados contra um drone alvo na costa da Crimeia, no Mar Negro. O míssil do S-300 interceptou com sucesso o drone, mas o míssil S-200 errante voou mais 240 km antes de atingir um avião comercial russo Tu-154. O avião foi atingido enquanto voava a 35.000 pés acima do Mar Negro, matando todos os 78 tripulantes e passageiros.

Abate do A-50 russo

As Forças de Defesa da Ucrânia abateram uma segunda aeronave A-50 russa de alerta aéreo antecipado. Segundo uma fonte do Ukrainska Pravda, o abate aconteceu na área entre as cidades russas de Yeisk e Krasnodar. Foi informado que as forças ucranianas abateram o A-50 russo usando um sistema de mísseis terra-ar S-200 da era soviética.

Um vídeo mostra o A-50 lançando flares (e possivelmente chaff também, mas este não é visível) para tentar escapar dos mísseis. Inicialmente pensava-se também que uma aeronave Il-22M tinha sido abatida com o A-50, mas não houve confirmação.

VÍDEO: Abate do A-50 russo

Localização do abate do A-50 e provável trajetória dos mísseis lançados pelo S-200

Tira-teima no Command Modern Operations

O Command: Modern Operations (CMO) é um jogo de estratégia e simulação de combate em tempo real desenvolvido pela WarfareSims e publicado pela Matrix Games.

O CMO é conhecido por sua precisão e profundidade na simulação de operações militares modernas. O jogo possui uma vasta gama de opções, permitindo aos jogadores controlar uma ampla variedade de forças, incluindo exércitos, marinhas, forças aéreas e forças espaciais. Os jogadores podem comandar unidades individuais, como aviões, navios e tropas terrestres, ou coordenar operações em grande escala envolvendo várias forças.

Uma das características distintivas do CMO é seu alto nível de detalhe. O jogo inclui uma ampla variedade de armas e equipamentos militares, modelados com precisão, desde aeronaves de combate modernas até submarinos nucleares. Além disso, o CMO leva em consideração uma série de fatores realistas, como topografia, condições climáticas, inteligência artificial e sistemas de comunicação.

Assista no vídeo abaixo a simulação que fizemos do abate do A-50 pelo S-200. O simulador pode ser comprado no STEAM, clicando aqui.

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EduardoSP

O Brasil é muito grande e a gente perde a noção de como o teatro de operações na Ucrânia é pequeno.. A distância entre o lançador e o avião abatido é parecida com a distância de Paracatu a Três Marias em MG.

Heinz

Ou seja, mais um argumento para adquirirmos sistemas de Médio e também de longo alcance.

Hcosta

Não existem kill switch’s nestes mísseis?

C G

Tenho impressão que poucos sistemas puramente militares tem kill switch!

Maurício.

Quem diria, esse pré-histórico S200 ainda dá conta do recado! Mandou pelos ares uma das aeronaves mais importantes da força aérea russa, embora tenha um pessoal que já estava dando a vitória para o Patriot…

Underground

O projeto original é antigo, porém ao longo das décadas esse míssil foi sendo atualizado. E precisaríamos saber qual a data de fabricação.

Fabio Araujo

Um S-125 dos anos 60 abateu um caça stealth F-117 em 1999 na Sérvia! Não é por ser antigo que não seja capaz de derrubar um avião!

C G

Convenhamos que esse caso do F-117 é bastante exótico…

Renato B.

Dizem que é muito difícil definir quando uma arma está definitivamente obsoleta ou inutil. O Mig-23 foi feito para substituir o Mig-21, mas o último ainda tem mais uso em forças aéreas até hoje. Inclusive derrubando F-16 como no caso dos conflitos entre Paquistão e India.

Marcelo M

O melhor exemplo recente é o do Gepard, o qual o Brasil comprou achando que seria obsoleto, mas que na Ucrânia se mostrou estratégico diante das necessidades da guerra moderna (drones).

AQUINO

como os ucranianos não tém nada mais a perde no conflito colocaram o sistema S-200 bém perto dos russos qui falharam em não detequita a bateria fiquei surpreso com o alcançe do míssil isso um balde de água fria nos torcedores do patriot .

Matheus

S-200 não é pouca coisa não, apesar da idade.
Não lembram do S-200 Sírio que derrubou o F-16 Israelense uns anos atrás?

Makarov

Todos os sistemas anti-aéreos Soviéticos são fantasticos, lembra do Pechora que abateu o F-117, “Desculpe, não sabia que era invisivel”? no Vietnã, o Tio Sam perdeu mais aviões do que na segunda guerra mundial…. Boa parte pelas AAs Soviéticas.

Bruno Vinícius

“no Vietnã, o Tio Sam perdeu mais aviões do que na segunda guerra mundial”

Isso é simplesmente falso. As estimativas colocam o número de aviões americanos perdidos nos TOs da 2ª Guerra como algo entre 40-50 mil. No Vietnã esse número foi de 3744 (além de 5607 helicópteros, que – obviamente – praticamente não tem equivalentes na Segunda Guerra Mundial).

Outrossim, a taxa de perdas por 1000 surtidas da aviação de asa fixa foi 24 vezes menor no Vietnã do que na Segunda Guerra Mundial e 5x menor do que na Guerra da Coreia.

Last edited 1 mês atrás by Bruno Vinícius
Carlos Campos

Vietnã foi uma surra, outra dia vi a humilhação que foi para grandes bombadeiros americanos, não sabia dessa história, só perde para Dien Bien Phu

Underground

A tripulação do F16 falhou.

Carlos Campos

o F16 falhou, pois devia ter alertado o piloto que um míssil se aproximava, além de que o míssil inimigo era um velho conhecido do F16

737-800RJ

[OFF] Notícia fresquinha:

Em 24 horas a Ucrânia derrubou 2 SU-34 russos!
Essa aeronave está caminhando para ser a mais abatida da história recente…
Só nos últimos 10 dias já foram 9 caças russos abatidos entre SU-34 e SU-35, mais o A-50.
Que fase!

Bispo

Fonte , meu pet …rs

Maurício.

A Ucrânia consegue provar todos esses abates de Su-34 e Su-35? Aquele Oryx ainda está funcionando para mostrar as tais provas se elas existirem ou eles já abandonaram o barco por completo?

Underground

Não sei se os ucranianos conseguem provar alguma coisa, mas que os tiktokers russos reclamam uma barbaridade, isso reclamam. Quer dizer, reclamavam, já que agora costumam desaparecer depois de postarem qualquer coisa.

Maurício.

“Não sei se os ucranianos conseguem provar alguma coisa.”

Pois é, alguns confiam no que a Ucrânia afirma, eu não confio, na minha opinião se não tem provas, não tem abates, simples assim.

Nei

Essas informações da Ucrânia, pode ser verificadas com bloguers russos no X, os quais confirmam os abates. Rússia não vai admitir nada.

RRN

No Telegram, que possui muito conteúdo russo existem os nomes de todo esse pessoal que morreu.
Tem gente que parece torcedor de futebol e não admitem quando o time perdeu. Põe a culpa no juiz.

Satyricon

Os aviões supostamente caíram em território ocupado pelos russos, então, dificilmente fotos dos destroços seriam divulgadas. Segundo blogs internacionais, os jatos russos emitem um sinal automático em caso de ejeção, para facilitar o resgate das tripulações (lembrando que os tripulantes podem estar inconscientes devido à ferimentos ou a própria ejeção, etc). Não sei se isso procede, mas peço aos especialista que confirmem. Segundo fontes, o que a Ukrainia tem feito é unir as pontas: caso a defesa anti-aérea tenha engajado um alvo russo e, logo em seguida, um sinal de emergência seja detectado, conclue-se que o abate ocorreu (pq a… Read more »

Last edited 1 mês atrás by Satyricon
Bosco

É mais fácil a Rússia provar que seus A-50 não foram derrubados do que a Ucrânia provar que interceptou e abateu um avião a 250 km em território inimigo.
No máximo haveria gravações dos registros das telas do centro de controle mas seria pouco inteligível para nós leigos. Sem falar que esses registros podem ser falseados.
A maioria, se não todos, os sistemas AA têm software de simulação para treinar os operadores e que podem replicar uma situação de combate real e que para nós seria indistinguível.

Maurício.

“É mais fácil a Rússia provar que seus A-50 não foram derrubados do que a Ucrânia provar que interceptou e abateu um avião a 250 km em território inimigo.”

Eu estou falando nos casos dos Su-34 e Su-35, o ônus da prova é de quem alega, no caso, a Ucrânia.

Makarov

O Fantasma de Kiev está com tudo!!!

RRN

É só procurar direito no “X” ou Telegram que o governo russo e outras fontes divulgaram todos os nomes dos pilotos desses caças e equipes dos A-50 derrubados.
A informação está lá para quem quiser saber.

Underground

Chamou para o contato. E o contato veio.
– Foi falta, Arnaldo?

Emmanuel

Esperou o contato vir. O contato veio, mas se jogou.
Recebeu amarelo por simulação.

Fabio Araujo

O A-50 estava dentro do alcance operacional do S-200, então é totalmente plausível o que a Ucrânia diz, mas por outro lado os russos falam que foi fogo amigo ao tentarem abater os mísseis do S-200 e terminaram acertando o A-50 também é plausível, só uma investigação para saber se foi o S-200 ou AA russa que atingiu o A-50, mas uma coisa é certa o A-50 só foi abatido graças a ação do S-200 então os ucranianos direta ou indiretamente abateram o A-50!

Orivaldo

Quantos s200 o a50 abateu ?

Bruno Vinícius

Ao menos 1, quando os dois (míssil e aeronave) se encontraram (de maneira explosiva) em pleno voo.

Last edited 1 mês atrás by Bruno Vinícius
Bosco

Eu sou cético em relação a ser esse míssil que abateu o A-50 . No vídeo da explosão mostra um rastro de fumaça (iluminado pela luminosidade da explosão da ogiva) que seria do míssil. Mesmo o gigantesco S200 não estaria com o motor funcionando após uns 250 km. Informações dão conta que o motor de sustentação funciona por no máximo 150 segundos. Para percorrer esses 250 ainda que considerarmos que o míssil mantenha a velocidade máxima de Mach 4 durante todo o percurso ele levaria 180 segundos. O seu motor já estaria desligando a 30 segundos. O mais provável é… Read more »

Bosco

Pelo vídeo do incidente também está descartado ter sido um PAC-3 MSE tanto por conta do rastro de fumaça quanto pela imensa explosão.
A ogiva do PAC-3 pesa 8 kg (incluindo a camada externa de metal e o explosivo interno) e não produziria aquela explosão intensa mostrada no vídeo.
Também o PAC-3 não tem espoleta de proximidade e não detonaria sua ogiva contra um “chaff” como é mostrado no vídeo.

RPiletti

Bosco, no meu chutômetro, foi míssil russo disparado para abater o S-200 que atingiu o A-50… mesmo tipo de trapalhada que abateu o IL russo na síria…

Carlos Campos

Na síria houve malandragem israelense, que se esconderam na sombra do IL

Bosco

Não descartaria essa hipótese.

RDX

Ou seja: provavelmente foi um S300… russo.

RRN

Ou a Ucrânia deu um belo upgrade no S-200, o que pode ser um fato, ou é uma arma nova ainda sigilosa, ou realmente os russos estão perdidos e acabaram acertando o próprio avião. Todas as três situações são possíveis.
O que me diz que é algo novo no front é a derrubada sistemática dos caças.
Acho que tem algo novo por aí.

Frederick

Off topic; Agora ocorre a cerimônia de despedida do C-130 na BAGL. Espero que a FAB tenha convidado a Trilogia para esse evento.

Emmanuel

Fico imaginando se um dia, só por acaso, o Brasil tivesse em mãos um desses…engenharia reversa…atualização de software…
Sabe como é…vai que.

Carlos Campos

o mais interessante, seria se desenvolvermos um radar miniatura para um míssil de GaN, visto que vai se tornar padrão em mísseis, pois motor foguete já temos que faça, Avibra pode fazer, SIATT também, esse míssil, tá muito velho, pode ter sucesso as vezes mas não é a regra. a EMBRAER já sabe fazer radares, então caberia a FAB pagar o desenvolvimento do radar.

Carlos Campos

U2, F16 e agora A50, fora os outros que ele abateu, um sistema de respeito

Renato B.

Parabéns, essa é uma forma inteligente de criar conteúdo próprio e diferenciar a Trilogia.