Bombardier pode abandonar parceria com a Airbus após recorde de queda nas previsões de lucros

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Airbus A220-300

Airbus A220-300

Airbus A220-300
Airbus A220-300

A Bombardier Inc. alertou que pode abandonar sua joint venture na construção da aeronave A220 com a Airbus e considerará vender ainda mais ativos para quitar dívidas, renovando as preocupações dos investidores com a capacidade do fabricante de Montreal de se manter à tona enquanto o relógio se esgota na estratégia de recuperação de cinco anos.

O preço das ações da fabricante de aviões e trens caiu mais de 30% nesta quinta-feira, depois de reduzir pela segunda vez suas previsões financeiras para 2019 em menos de um ano, devido principalmente a marcos perdidos, entregas atrasadas e custos extras de produção para vários projetos ferroviários desafiadores. Até o fechamento, as ações da Bombardier caíram quase 32%, para US$ 1,22 na Bolsa de Toronto.

O anúncio “extremamente decepcionante” surpreendeu os analistas, dada a insistência anterior dos executivos de que a empresa havia superado o período de dificuldades.

“Este é um revés significativo após o anúncio da administração depois do terceiro trimestre de que o pior para a Bombardier Transportation tinha ficado para trás”, observou o analista de BMO Fadi Chamoun aos clientes.

A Bombardier já abandonou a maior parte de seus ativos de aviação comercial desde que o presidente-executivo Alain Bellemare iniciou seu plano de recuperação em 2015, concentrando-se nas divisões mais lucrativas de trens e jatos executivos, em uma tentativa de construir uma empresa mais enxuta e estável financeiramente.

Agora está pensando se deve dar um passo adiante e abandonar sua parceria com a Airbus, mesmo que a Bombardier tenha investido cerca de US$ 6 bilhões no programa e se comprometido com ele por aproximadamente mais cinco anos.

Ela espera uma redução significativa no empreendimento da Airbus depois que uma revisão do plano de negócios indicou que o programa A220 levará mais tempo para se equilibrar, ganhar menos dinheiro ao longo de sua vida útil e exigir mais investimentos iniciais da Bombardier que está sem dinheiro.

Em 2017, a Bombardier cedeu o controle de seu programa C-Series, que consome muito dinheiro, à Airbus, que renomeou o jato de A220 sob uma joint venture de 50,01% da Airbus, 31% da Bombardier e 19% da província do Investissement Québec.

FONTE: Financial Post

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IagoSP

Poderia ser essa uma jogada para forçar a Embraer a dificultar/melar a parceria com a Boeing? Ou será que tô falando besteira?

Filipe Prestes

Hmmm, não creio. Essa situação da Bombardier é conhecida desde 2014 quando o governo de Québec decidiu injetar recursos trilionários pra tentar resgatar a Empresa. E o resultado disso é que a estratificação no mercado diminui e a concentração do duopólio Boeing-Airbus também. No médio prazo essas empresas só tenham talvez a concorrência da Comac chinesa. O acordo da Embraer com Boeing é mais consequência do quê causa do que vemos agora.

Chris

Parece que de tanto tentar derrubar a Embraer… Acabaram no chão.

E se esqueceram, que agora os lucros são divididos.

Só não entendi pq agora o avião se tornou importante para a empresa que alegava só dar prejuízo.

Otavio

Está sim.

Wilson José Vieira

Acho que enganaram os brasileiros dizendo que a Airbus tinha comprado a Bombardier. Agora, a Embraer, que era a terceira fabricante, nem vai existir mais. Levaram os anéis, os dedos, os braços,…

Luiz Trindade

E os inocentes (Para não dizer outra expressão mais agressiva) dos brasileiros… Pq os mais vividos já sabem aonde vai dar esse negócio da Embraer com a Boeing…

FernandoEMB

Mas sempre se soube que a Airbus não comprou a Bombardier. Ela comprou uma participação majoritária no programa CSeries, sem precisar pagar nada para a Bombardier. (Deve ter assumido dívidas e investimentos).

Émerson Gabriel

Caro Wilson, a Embraer é uma empresa privada e S/A (qualquer pessoa pode comprar ações dela). O setor de defesa da Embraer por ser estratégico continua com controle nacional. Exemplos: Gripen, KC-390, AT-29 ALX, além de um projeto pra substituir o bandeirante

Filipe Prestes

A tendência é, tal qual a Embraer, que a Bombardier abandone mesmo o setor da aviação civil e foque no business e jatos de luxo. A briga nesse último vai aumentar bastante na velha rixa da Bombardier e Embraer, contando com mais pressão da Gulfstream, Bombardier, Cessna, BAe, Honda, Mitsubishi e agora da Sukhoi também.

Matheus

A Embraer não faz jatos executivos enormes igual a BBD. Pelo menos ainda não. Que são os que mais dão lucro. Por hora o Praetor 600 tá vendendo igual água no deserto em breve desbanca em vendas o principal concorrente. Challenger 350 da BBD.

Filipe Prestes

Isso não significa que a Embraer tenha que competir duramente contra a Bombardier, que como você mesmo frisou, tem um portfólio considerável na aviação executiva. E além disso, terá que lidar com a concorrência de outros players que também não produzem grandes aviões e estão se direcionando quase que exclusivamente para os business jets ditos convencionais, ou seja, de acordo com o atual padrão de mercado no que tange á dimensões, porte e envergadura. Exemplos são a Cessna e Honda que nos últimos anos fizeram investimentos pesados nesse nicho.

Otavio

O que você quis dizer?

Matheus

O foco da Embraer atualmente não é a Defesa?
Eles estão “marketando” o KC-390 como o substituto de C-130.

Delfim

Lembrando que a Airbus praticou uma política de descontos nos preços dos A-220, o que obviamente diminui a lucratividade.

Sérgio Luís

Embraer arrebentou com eles!
Lisboa,Madrid e Roma eu nunca vi nenhum Bombardier agora Embraer esta por todos os lados nas pistas.

Ricardo Bigliazzi

Isso mesmo, somos muito “vira-latas” para pensar dessa forma de uma maneira bem simples. Fazemos apenas os melhores produtos em suas respectivas categorias. Parece até soberba, mas é apenas a realidade.

Marcos10

Nisso você vem razão absoluta. A Embraer consegue projetar e certificar aeronaves dentro do prazo e dentro do cronograma orçamentário. Víde os sucessivos atrasos da Mitsubishi, da Sukhoi, da Honda e agora dos chineses.

Leonardo Costa da Fonte

Você tem razão. Por incrível que possa parecer, os próprios americanos da Boeing deixaram claro que exatamente esta capacidade técnica dos engenheiros da Embraer que estavam comprando/visando. A Boeing perdeu muito know-how e gente experiente nesta área. A nova geração de engenheiros americanos tem se mostrado mais problemática e menos eficaz que a turma da Embraer. Isto foi o que eu pude entender de algumas entrevistas dada pela Donna Hrinak. Agora há que se fazer justiça aos engenheiros americanos. Vários programas da Boeing (787 por exemplo) tem um grau de inovação muito maior que qualquer avião da Embraer. Por isso,… Read more »

Saldanha da Gama

2.

Sérgio Luís

Ricardo bigliazno
Viva Embraer!!!
Vc deve ser canadense pra ser assim.
A única empresa brasileira que se sobrepõe ao mundo e vc acha que é soberba?!?
Ñ somos obrigados a ser macaquitos pra sempre!
Leia mais!

Marcos10

Você não vê aviões concorrentes do EJets porque eles não existiam. A Embraer esteve sozinha nesse mercado por dez anos.
Quanto a Bombardeiro, está afundou sozinha devido aos seus próprios erros.

Antoniokings

Sérgio Luís.

Não é isso.
O programa A220 vai muitíssimo bem, com muitas encomendas (até dezembro de 2019 foram 100 entregas e 530 pedidos firmes) e com a Airbus querendo até aumentar a produção devido a fortes encomendas.
Só que a Bombardier não tem recursos para acompanhar esses gastos e está tendo de alienar alguns de seus bens.
Talvez tenha sido uma partição de negócios que se mostrou prejudicial para a empresa canadense.

Sérgio Luís

Bombardier já vai tarde!

Filipe Prestes

É exatamente isso, Antonio. E se a Bombardier não o fizer, quebra. Acho que no futuro veremos a empresa apenas dedicada á aviação de jatos executivos e transporte sobre trilhos.

Caerthal

A Bombardier vendeu ativos o que melhorou a perspectiva de caixa, mas não vai bem em nenhum segmento importante, com exceção dos jatos grandes, de longo alcance. Tem um dever de casa a fazer e continua encolhendo. No segmento de jatos pequenos onde compete com o linha Learjet tem aviões pouco conpetitivos e talvez deixe o mercado, como fez a Beechcraft. Acredito que venda os cerca de 30% do programa A220 para a Airbus, já que ainda vai precisar de muita injeção de dinheiro.

Marcos10

Teve de vender muita coisa: os direitos sobre o Búfalo e Twin Otter, Q séries, C séries e CRJ, cancelar uma séries de projetos da divisão executiva e sabe-se lá mais o que de sua divisão de trens.

Antoniokings

Enquanto isso, os pedidos para aquisição do A220 vão de vento em popa.

Marcos10

De fato! O que não se sabe é por quanto a Airbus tem vendido o A220. Para quem pagou U$ 1,00 pelo projeto, vai poder vender pelo preço que quiser.

Antoniokings

A Airbus está muitíssimo satisfeita com o A220.
O problema é o fluxo interno da Bombardier.
Talvez seja o caso dela vender os 30% que tem no projeto, visto que ela não tem cacife para acompanhar a gigante européia nos investimentos para o aumento de produção do A220.

Émerson Gabriel

Marcos, no mercado e aviação (aliás qq um) não se vende pelo preço que quiser, não é bem assim

Junior

Acho que esse é o problema, vende muito, mas com descontos gigantescos, a situação da Bombardier é critica, não pode esperar o programa começar a dar lucros consideráveis. A Bombardier vendeu boa parte do programa para a Airbus, mas as dívidas feitas com esse programa continuaram com a Bombardier.

Marcos

Ótimo, a Embraer vai engolir o mercado com a Boeing

Delfim

Errado, a Boeing que vai engolir o mercado com a Embraer no bolso.

Émerson Gabriel

Impressionante como tratam a Embraer como se fosse uma estatal. Ela já tinha sido privatizada em 1994 (inclusive a parte militar). No caso da Boeing , a parte militar não foi vendida que é o que importa para FAB, a parte militar.

Peter nine nine

Marcos, você está a ler a coisa muito mal, a Bombardier retira se, mas não a Airbus, com as famílias 220 (100-150 assentos), mas também A320 (318, 19neo, 20neo e 21neo), que vão dos 100 aos 240+ assentos.

Antoniokings

Algumas pessoas não entenderam a reportagem.
Não é o programa A220 que está mal.
Pelo contrário. Está muito bem e com muito mais encomendas que a EMBRAER.
A Bombardier que tem participação de cerca de 30% nesse programa (C-Series Aircraft Limited Partnership (CSALP)) é que está mal das pernas e não consegue acompanhar os passos da Airbus.

André Luís

Bombardier aterrizando e Embraer DECOLANDO.

Welt

No fim a venda da Embraer não era para exatamente sobreviver a ameaça do novo conglomerado Airbus+Bombardier que ia dominar o mercado ?

Marcos10

Mas é exatamente isso que está ocorrendo. O A220 tem hoje 600 pedidos contra pouco mais de 100 do E2.

Welt

Sim Marcos, não tenho acompanhado de perto as vendas mas vi noticias que teria vendido bem após a fusão. A questão, inclusive não fui sarcástico na pergunta inicial, é que parece que foi feita com certa urgência a venda com base no medo de que a Airbus dominasse o mercado e matasse a Embraer de uma vez. Mas aí que está, vendo de fora parece que a decisão foi tomada com base no medo. Eu sei que agora é fácil criticar mas como o colega falou, com a carteira que a Embraer tem e tinha, o know how e o… Read more »

Émerson Gabriel

O A220 está sendo vendido abaixo do valor, e isso vai ter um custo financeiro para Airbus muito grande. Melhor vender 100 E2 com lucro do que 600 A220 com prejuízo

Diego

Era só uma ladainha. A Embraer sobreviveria por si só. Quem tem produto de excelência e confiança vende nao importa o preço, pagar indenizaçoes de acidentes e ser taxada de insegura nenhuma companhia aérea quer.

Junior

Acho que o medo da Embraer nunca foi a Bombardier, mas sim justamente a Airbus, que pode vender o A220 com descontos que beiram ao prejuízo por muito tempo, até tornar a parte comercial da Embraer inviável. A famosa competência desleal, a Embraer então procurou a Boeing, só que o que ela não esperava era esse desastre do MAX, ela e a Boeing esperavam fazer uma dobradinha família E2 + MAX, bom agora já podemos dizer que essa combinação perdeu muito do seu apelo com os problemas do MAX

Augusto L

O problema da Embraer é que ela não tem nada parecido com o A220-300, que compete com o MAX e os A320 e ganha.

Felipe Alberto

E assim a Embraer iria morrer se não se juntasse à Boeing…

Jorge Augusto

O problema da EMBRAER nunca foi a Bombardier e sim a Airbus que pode vender o avião a 1 euro sem ter problema nenhum no caixa no fim do ano de tanta grana e venda que tem com seus A320 da vida.

A Bombardier ja estava morta. Essa noticia só mostra isso.

Felipe Alberto

Conhecia essa história desde antes do início da fusão, mas não sabíamos o desenrolar. E veja ai o grande estrago à Embraer…
Papinho, as duas gigantes estão ainda maiores

Émerson Gabriel

Exato Jorge, comentário sensato e dentro da realidade.

Hélio

Cada vez mais a cedência da Embraer se justifica menos.

Fernando EMB

Sua resposta é sinal de que tu não entendeu nada .. ainda.

Hélio

Claro, existe um grande plano secreto que só você sabe.

Fernando EMB

A ameaça que representou o acordo Bombardier + Airbus agora está ainda maior. Então dei painho não cola.

Igma

A debacle da Boeing vai fazer explodir as encomendas da Embraer, esses 75 aviões da Azul são provavelmente somente um começo. A boeing tem um longo caminho até recuperar a credibilidade, não é somente ter a autorização para voltar a voar. O preço da dívisão comercial da embraer não é mais o mesmo. Só a encomenda da Azul é maior do que a oferta da Boeing. Portanto objetivamente o negócio deveria ser adiado, a Boeing decresceu, perdeu credibilidade e mercado e a Embraer pode surfar nessa onda. O negócio deve ser cancelado e reestudado, hoje valemos mais do 20%

Marcos10

Não são mais 75 aeronaves, são mais 25, que totalizarão 75 aeronaves.

Junior

Cara a Azul, pelo que entendi, não fez um novo pedido de 75 aeronaves, esse número é o total de E2 que ela vai ter na frota dela, eu não sei quantos pedidos firmes a Embraer tem na carteira da Azul, mas deve ser menos do que esse número de 75, portanto a Azul deve encomendar uma quantidade de E2 para chegar as 75 aeronaves desse modelo em sua frota

Gilberto

Como uma empresa em crise investe seis bilhões? Eu usaria esse dinheiro pra saldar dividas e focaria no que dá lucro e a empresa faz melhor.

Ademir Freitas Dias

Deveríamos usar só ejets nossa voos domésticos…gol, latam e azul que se adaptem…a Embraer teria o mercado local… Não precisaríamos pagar bilhões para Boeing (usa) e Airbus (consórcio europeu)… Temos solução local, nunca gostei de vender a Embraer que é a maior geradora de divisas do país.

Émerson Gabriel

Ademir, eu concordo, mas o buraco é mais embaixo. Airbus e Boeing com linhas de crédito atrativas.

Junior

O estrago financeiro do programa C-Series foi tão grande para Bombardier que ela já pensa em sair até mesmo do ramo de jatos executivos de longo alcance, vender a divisão para arranjar dinheiro para pagar a dívida de 9 bilhões de dólares que ela tem, a maior parte contraída para tocar o projeto C-Series

https://www.avweb.com/aviation-news/bombardier-hints-at-leaving-aviation-business/

Fabio Araujo

Se não me engano quando a Embraer começou a projetar a família E-Jet a Bombardier também estava projetando um avião dessa categoria, mas faltou fôlego e partiram para a parceria com a Airbus. A parceria da Bombardier com a Airbus se deu de forma diferente da parceria da Embraer com a Boeing não dá para comparar.

Valdez Oliveira de Araujo

Na negociação da Boeing com a Embrae tem também essa possibilidade de “ambandonar parceria” caso haja “recorde de queda nas previsões de lucros”?

Nelson Daher Junior

A Embraer mostra que depois de sair da dependência estatal, novos projetos na área civil fizeram o sucesso da nova empresa privada a nível mundial. Depois de privatizada atingiu outro patamar. A parceria ou a associação com a Boeing, outra empresa privada de sucesso, é um novo caminho para fortalecer a nova empresa. Caso contrário não poderá enfrentar a concorrência de mercado que há muito tempo é concentrado em poucos fabricantes, requer altos investimentos para produzir aeronaves modernas e seguras com tecnologia e pessoal qualificado. Nada muito diferente do que aconteceu na indústria de automóveis no mundo.