Líderes no Senado americano garantem venda de Super Hornet ao Brasil

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Congressistas democratas e republicanos enviaram carta ao governo brasileiro garantindo o eventual acordo

Denise Chrispim Marin

Os Estados Unidos acreditam ter começado a virar o jogo favorável à França no processo de compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). Na sexta-feira, véspera do encontro entre os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama, os líderes dos dois partidos americanos no Senado enviaram ao governo brasileiro carta conjunta na qual expressaram apoio à venda dos aviões Boeing F-18 Super Hornet.

No texto, democratas e republicanos indicaram que o contrato e a oferta de transferência de tecnologia não sofrerão mudanças posteriores. A informação foi confirmada por duas autoridades do governo americano.

Segundo essas fontes, coube à própria Dilma levantar a questão na conversa com Obama. A presidente introduziu o tema quando abordava a necessidade de os dois países iniciarem um diálogo sobre a modernização do comércio bilateral, adotando uma “visão de futuro”. A compra de caças, explicou Dilma, poderia representar um meio de Brasil e EUA explorarem interesses específicos e construírem uma relação concreta também em transferência de tecnologia e capacitação de recursos humanos.

Na conversa, Obama insistiu com a brasileira na decisão de conceder ao Brasil o mesmo tratamento dado aos principais aliados dos EUA, como Reino Unido e Austrália, nos contratos de venda de aviões de combate e de outros equipamentos militares.

Obama já contava com a carta dos dois líderes no Senado – o democrata Larry Reed e o republicano Mitch McConnell – devidamente entregue ao gabinete de Dilma no dia anterior. “Tomara que esse jogo realmente vire. É óbvio que as pessoas encarregadas de estudar os três concorrentes consideram o Super Hornet o melhor”, afirmou, referindo-se ao único dos caças amplamente testado em combate.

Aberto há mais de dez anos, o processo está suspenso – o governo brasileiro alega não haver condições orçamentárias neste ano para a definir a compra.

Em setembro de 2009, em uma surpreendente declaração, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na véspera da visita oficial do presidente da França, Nicolas Sarkozy, ao Brasil, que as negociações com a francesa Dassault para a compra dos Rafale estavam “avançadas” e que o governo chegaria a um acordo com o país. Com isso, deu um sinal forte de que o F-18 e o Grippen, da sueca Saab, haviam perdido a disputa.

“Sucesso”.

De acordo com a mesma autoridade americana, o encontro entre os presidentes foi “excelente” e a primeira visita de Obama ao Brasil, “um sucesso”. Em sua avaliação, ambos estabeleceram “uma relação bem definida”, baseada nas convergências, e um jeito próprio de dialogar. Trata-se de algo que Obama e Lula não conseguiram ao longo dos últimos dois anos. Antes, Lula havia mantido bom diálogo com George W. Bush. Porém, a relação mais afinada se deu entre Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton. “O mais importante desse encontro foi notar o claro interesse da presidente Dilma em estabelecer uma relação diferente com os EUA, com base em uma agenda de futuro, na qual a educação e a inovação tecnológica estão no centro do diálogo.”

FONTE: O Estado de São Paulo, via resenha do Exército Brasileiro

COLABOROU: Vader

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Rodrigo

No caso do texto é o SH, mas o problema está mais aqui do que lá e vale para o Rafale também. O (des)Governo Federal, não quer e não irá comprar estes aviões. Não irão aceitar nem de graça e nem que os gringos paguem a sua operação. O GF, está aos poucos iniciando a mais forte ofensiva contra as FFAA da história do Brasil, baseada no revanchismo barato de quem perdeu uma guerra contra os militares. Não consigo ver a tal “comissão da verdade” como uma extensão do “bolsa ditadura”. Não seria mais simples dar logo os benefício a… Read more »

Vader

Bem, comentários pessimistas (ou realistas?) à parte, o comunicado conjunto dos dois partidos americanos elimina de uma vez por todas o argumento paranóico da esquerdalha antiamericana de que os americanos não cumpririam contratos, e que o legislativo daquele país modificaria as decisões do executivo a seu bel-prazer, não bastando assim a palavra do Presidente Obama e de seu Departamento de Estado para se fechar o negócio com os caças F/A-18E Super Hornet. Evidente que o peso político de uma declaração conjunta dessas é algo inédito, que não pode ser relevado. IMPOSSÍVEL se exigir maiores garantias do que a multa contratual… Read more »

Nick

Não faz muita diferença a TT irrestrita francesa, a TT realista sueca, ou a TT necessária americana. No final, o que vai adiantar operar qualquer um dos 3 dentro dessa realidade orçamentária da FAB? Continuo com a visão que o caça sueco seria o mais adequado, mas quem não consegue nem manter os F-5EM, AMX e M-2000 no ar vai conseguir manter qualquer um dos 3, na quantidade esperada?? (36 a 72)???

[]’s

Leonardo

Já falei há tempos atrás que vai dar SH, já vimos este filme na época do SIVAM, na hora da cartada final a proposta americana não poderá ser acompanhada pelos franceses e suecos. Isso sem falar dos excessos de estrelismos do Sarko. Há uma parte do texto a ser destacada, se realmente estas foram as palavras da Presidente: “A compra de caças, explicou Dilma, poderia representar um meio de Brasil e EUA explorarem interesses específicos e construírem uma relação concreta também em transferência de tecnologia e capacitação de recursos humanos.” Acho que agora o “super estar” Msr. Sarkozy está se… Read more »

Rodrigo

Para corroborar a minha visão.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/894390-marinha-ordenou-a-morte-de-militantes-no-araguaia-em-1972.shtml

Por que remoer isto e ainda distorcer o contexto?

Sinceramente, isto não combina com dar força e motivação as FFAA e sim com desmotivação, falta de equipamento e OM’s que funcionam meio-expediente.

Marco Antônio

Prezado Rodrigo, Venho manifestar que acredito que é possível que este governo compre material militar estadunidense, inclusive, os SH. A aproximação entre o governo Dilma e o governo Obama permite que cogitemos esta hipótese. As minorias que ideologizam o FX2 parecem ter perdido força no governo Dilma. Tanto aqueles que criticam os franceses quanto os que criticam os estadunidenses por motivos ideológicos não contribuem em nada para a discussão, que deve ser técnica. Quando digo técnica, refiro-me ao fato de que a FAB selecionou 3 caças que correspondem às suas aspirações (Gripen, SH e Rafale), restando ao governo definir entre… Read more »

Antonio M

“…ter “quase fechado” com a França, foi a melhor coisa que o Lula poderia ter feito. ..” Caro Marco, Comprar um caça para uma força aérea não pode seguir os mesmo critérios da compra de um automóvel particular. O compra do carro possui vários elementos que não devem fazer parte de uma licitação de compra militar, entre elas paixão, gosto pessoal. Além disso ainda deve ser uma decisão política por quê? Serão os nobres políticos que terão de pilotá-los e mantê-los? Lula “escolher” o caça francês foi uma das piores coisas que poderiam ter acontecido, não melhorou as ofertas mesmo… Read more »

Antonio M

benificio = benefício

Observador

Caro Marco Antônio: Não superestime o nosso ex-presidente. Ele não fez o anúncio da compra do Rafale para pressionar os outros dois concorrentes. Ele fez o anúncio por pura arrogância e prepotência, pois achar que o mundo gira ao seu redor. Na base do puro achismo, ele considerou que a proposta francesa era a melhor, levando em conta o ranço antiamericano esquerdista e a promessa francesa de uma ampla parceria estratégica. Felizmente, a França roeu a corda deixando o Brasil falando sozinho ao defender o Irã no CS da ONU. Com isto, a França fez um bem ao Brasil (nos… Read more »

Observador

Caro Rodrigo: Eu acredito que o panorama é um pouco diferente. Esta turma quer revanche da instituição (forças armadas) ou dos militares que comandaram a repressão na época? Com a sede ilimitada de poder desta turma, antes de destruir as forças armadas, eles vão tentar coaptá-las e fazer destas mais um instrumento para o seu domínio. Eles não querem o fim das FAs. Eles querem é ter forças armadas subservientes ao seu projeto de poder. Se o futuro mostrar que isto não é possível, aí sim, vão tentar destrui-las de fato e de direito. Se tal acontecer, poderá haver inclusive… Read more »

Rodrigo

Obeservador, já pensei nesta visão e por grande parte de 2009-2010 eu tinha convicção dado ao discurso do Brasi potência.

O que me fez desistir dela foi o alto padrão de educação do oficialato nacional e pela lealdade dos mesmos com os ex-comandantes.

Óbvio que tem os traidores e os que pensam somente em suas carreiras, mas fico contente em perceber que são minoria.

Com as inúmeras bolsa compra votos, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos eu não acredito em nenhuma grande compra de material.

Marco Antônio

Antonio M disse:
28 de março de 2011 às 12:08

hahahahaha, eh verdade! Quando escrevi, esperava que alguém dissesse isto. É claro que não pode. Mas pode-se admitir que a lógica para negociar preço pode ser a mesma em qualquer processo de compra, do mais simples ao mais complexo.

Pode ter certeza de que a inclinação pelo Rafale fez o governo Obama se mexer pra mlehorar a proposta, inclusive para que busquem garantias do congresso como fizeram agora. Esta é a lógica de uma concorrência: os concorrentes devem dar mais benefícios visando superar a proposta do rival.

Marco Antônio

Observador disse:
28 de março de 2011 às 12:17

Não afirmei que a “quase escolha” foi intencional. Disse que o fato de ter sido uma quase escolha fez com que os concorrentes tentassem virar o jogo……o que é bom para o Brasil. Não é?

Marco Antônio

E reafirmo: se algum dos 3 caças “finalistas” tem “deficiências técnicas” ou não podem atender às necessidades da FAB, foi erro desta apresentá-los como “finalistas”. A escolha final, em qualquer país do mundo, é política. A FA coloca parâmetros para o material e o governo escolhe o projeto/equipamento, politicamente. Os parâmetros da FAB foram (ou deveriam ter sido e houve um equívoco fenomenal da FAB) atendidos pelos 3 finalistas, segundo apontamento da própria FAB.

Marco Antônio

Observador, Não tenho preferência política por qq partido, nem sou anti qq partido (o q considero a mesma coisa; ambas limitam demais o pensamento e a percepção). Não tive intenção de parecer lulista……pode ser que, aos teus olhos, eu seja. Vários “não-judeus” morreram pq pareceram judeus aos olhos de um ditador e sua turma. Assim como teve gente simples morrendo por simplesmente falar que era comunista no Brasil; tem gente que morre por defender o capitalismo em Cuba; tem gente que morre por defender a liberdade no Irã; e tem gente que morreu por parecer qq integrante destes movimentos reprimidos… Read more »

Grifo

Se a FAB aponta, dentre os 3, o de sua preferência, está extrapolando suas competências no processo.

Caro Marco Antônio, o processo de avaliação conduzido da FAB, como qualquer outro Estudo de Estado-Maior, sempre propõe uma opção a ser seguida pelo(a) Presidente, no intuito de *ajudar* a decisão. Isto sempre foi assim, faz parte da doutrina das FFAA.

Cabe à Presidência escolher a opção recomendada pela FAB, ou se quiser escolher outra de acordo com os seus critérios políticos.

Observador

Caro Marco Antônio: Calma, não quis ofendê-lo. Eu tinha percebido que você não é um “vermelhuxo”, porque o discurso deste pessoal é diferente, sempre tecendo mil e um elogios ao “iluminado líder”. Até porque muito já se falou aqui sobre este assunto, se era uma jogada de negociador ou não. Ficou evidente para todos que não era. Era, isto sim, mais uma pavonice do ex-presidente. No entanto, o seu “elogio” ao camarada barbudo pode ser interpretado de forma diferente por um incalto visitante do blog. Sobre ser anti-PT, não é bem assim. Eu sou é contra a basófia, a corrupção,… Read more »