Suécia vê nova chance de vender Gripen para a Finlândia

4

Gripen NG Demo com seis mísseis e um tanque externo - foto Saab

Contrato com o Brasil, além de cooperações bilaterais sobre defesa conjunta do espaço aéreo nórdico, podem aumentar as chances da Finlândia substituir pelo Gripen a sua frota de caças Hornet, a partir de 2025. Embora o ministro da Defesa atual tenha preferência pelo F-35, um estudo sobre candidatos, em meio a uma eleição parlamentar na Finlândia, é esperado para o início de 2015

Segundo reportagem publicada no site Defense News, a Suécia espera que o contrato de 5,4 bilhões de dólares assinado com o Brasil, referente à nova geração do caça Gripen, abra o diálogo com a Finlândia, que deverá substituir seus caças F/A-18 Hornet nos próximos 10 anos. Conforme declaração do ministro da Defesa da Finlândia, Carl Haglund, apesar do país poder se engajar em mais uma modernização de seus Hornets, na realidade não há “nenhuma outra opção” além de adquirir um novo tipo de jato de combate.

As possibilidades de vender o Gripen E compatível com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para a Finlândia foram relativamente reforçadas por conversas bilaterais para ampliar a cooperação de defesa com a Suécia. Os dois países não alinhados estão discutindo a possibilidade de estabelecer uma unidade conjunta de patrulha com caças para dividir custos e cumprir responsabilidades de policiamento aéreo sobre seus espaços aéreos combinados.

Recentemente, em 10 de outubro, as economias potenciais da operação de um avião de caça comum foram discutidas entre Haglund e sua contraparte sueca, Peter Hultqvist, em Helsinque. As graves incursões de aviões militares russos no espaço aéreo nórdico, assim como as inciativas russas de flexionar seus músculos na região do Báltico, revelam a necessidade de um arranjo bilateral forte com a Suécia na área de defesa, incluindo a dimensão de vigilância aérea, disse Haglund. Ele também afirmou que o conflito na Ucrânia e o aumento das atividades de forças russas na região reforçaram a necessidade de construir relações externas de defesa.

Segundo o ministro finlandês, “forças de defesa de credibilidade não podem ser construídas solitariamente no mundo de hoje. Isso requer cooperação em vários níveis com vários atores. A cooperação de Finlândia e Suécia é uma de nossas importantes parcerias internacionais e precisa ser acompanhada da cooperação com países nórdicos e outras parcerias bilaterais, incluindo com os Estados Unidos, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia.

Gripen sueco - F-16 norueguês - F-18 finlandês - voo sobre a Islândia - foto 2 Foças de Defesa da Finlândia

Os dois países não revelaram se uma possível colaboração em encomendas conteria um arranjo industrial em que a Finlândia poderia se tornar parceira da Suécia para desenvolver um Gripen E comum, na opinião do analista político de Copenhagen Arvid Paulsen. O potencial de desenvolvimento conjunto do Gripen, ou se um caça comum aos dois países poderia se tornar uma “proposta séria” a ser levada à frente, se tornará claro asim que as forças armadas de ambos entreguem seus relatórios preliminares sobre cooperação prática, antes do final deste ano, segundo o analista. Ele complementou: “Esses relatórios são esperados por volta do final de novembro. Uma tomada de decisão política em colaboração bilateral de defesa está marcada para começar em fevereiro de 2015, enquanto os primeiros projetos concretos são esperados para se seguir a partir de abril.”

Paulsen também afirmou que, “sobre a Finlândia escolher o Gripen, o atual ministro da defesa finlandês tem se mostrado mais impressionado com o F-35 Lightning II. Será interessante ver como isso vai impactar as relações bilaterais entre Finlândia e Suécia no acordo-quadro.”

Atualmente, o programa do Gripen E inclui 60 a 80 jatos de combate encomendados pela Suécia e 36 Gripen NG pelo Brasil, estes em acordo anunciado entre Saab e o COMAER da Força Aérea Brasileira em 27 de outubro. As entregas para as forças aéreas do Brasil e da Suécia deverão ser completadas em 2024 e 2026, respectivamente. Em contraste, não se espera que entregas iniciais para um programa de substituição de caças da Finlândia comecem antes de 2025.

O ministro da Defesa da Finlândia afirmou que o próximo governo do país precisará priorizar os gastos de defesa e encontrar o dinheiro para comprar novos jatos de combate. O país terá eleições parlamentares em abril de 2015. Haglund também afirmou: “Temos uma frota de caças que está envelhecendo e precisa ser substituída. Na minha visão, não há outra opção além de novos caças se quisermos manter uma defesa digna de credibilidade. Precisamos trabalhar na premissa de que a aquisição terá progresso. Será um projeto bastante custoso, porém vital se quisermos manter nossa capacidade de defesa”.

Gripen sueco - F-16 norueguês - F-18 finlandês - voo sobre a Islândia - foto Foças de Defesa da Finlândia

Em maio do ano que vem, o Ministério da Defesa da Finlândia deverá apresentar um relatório ao Parlamento sobre possíveis jatos de combate candidatos a esse programa, trabalho que vem sendo feito agora. Uma estimativa inicial do ministério indica que a compra de até 64 jatos de combate e sistemas fundamentais para substituir os caças F/A-18 Hornet da força aérea poderá custar entre 7 e 8 bilhões de dólares, e uma decisão a respeito está programada para 2019.

A velocidade em que a Saab conseguiu encontrar um novo parceiro industrial no Brasil, após o colapso de seus esforços para vender 22 caças Gripen para a Suíça, impulsiona a capacidade da empresa em encontrar novos parceiros para o projeto do Gripen E na Europa, Ásia e América do Sul. Possíveis parceiros incluem a Finlândia e, potencialmente, a Argentina, segundo o analista do Banco Danske de Estocolmo, Björn Enarson.

Enarsonafirmou: “Poderíamos ver mais oportunidades de exportação para a Saab no acordo com o Brasil. O que o contrato com o Brasil fez foi garantir a sobrevivência do Gripen para 2050. Essa baliza temporal estendida ampliou dramaticamente a probabilidade de novas encomendas de exportação.”

O diretor-executivo da Saab,  Håkan Buskhe, disse em encontro com investidores em 23 de outubro que o grupo projeta vendas de 400 jatos Gripen E até 2034, complementando que “essa previsão permanece, sem mudanças, mesmo levando em consideração o acordo com o Brasil.”

Gripen NG Demo ainda sem IRST sobre terreno nevado - foto Saab

FONTE: Defense News (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Saab e Forças de Defesa da Finlândia (em caráter meramente ilustrativo)

VEJA TAMBÉM:

Subscribe
Notify of
guest

4 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Guilherme Poggio

Mais um para o grupo? Seria uma ótima notícia para o Brasil também.

Luiz Monteiro

“Possíveis parceiros incluem a Finlândia e, potencialmente, a Argentina (…)” A entrada de novos parceiros e de possíveis compradores pode ser muito boa para o Brasil. Contudo, tenho dúvidas sobre a capacidade econômica da Argentina. Segundo a revista Época desta semana, na folha 22, na reportagem cujo título é “Águias, Abutres e Patos”: “O Ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, quer ajuda brasileira para resolver o impasse com os fundos abutres americanos que detêm parte da dívida externa de seu país. Vê como aliado o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. A ideia: convencer o Brasil… Read more »

Guilherme Poggio

Independente de ideologia política, até porque aqui não é local para isso, e o fato da notícia precisar ser confirmada, me parece que a Argentina, nesse momento, dificilmente conseguiria comprar ou participar do desenvolvimento do GRIPEN NG sem a ajuda financeira do Brasil.

E mesmo que conseguisse, os juros não seriam os mesmos oferecidos ao Brasil. Ou seja, sairia mais caro para eles de qualquer forma.

Marcelo Pamplona

Boa noite a todos!

Sobre a “possível” venda de caças Gripen aos hermanos, creio que o trecho abaixo, extraído da matéria do link seguinte, dá o resumo da ópera:

“O contrato com COMAER para Gripen NG e o contrato de cooperação industrial associada entrarão em vigor uma vez que CERTAS CONDIÇÕES estejam cumpridas. Estas incluem, entre outras, as autorizações necessárias de CONTROLE DE EXPORTAÇÃO. Todas essas condições deverão ser cumpridas durante o primeiro semestre de 2015.” (grifos meus)

http://www.aereo.jor.br/2014/10/27/saab-e-brasil-assinam-contrato-do-gripen-ng/#comments

Penso ser pouco provável tal aventura.

Sds.