Força Aérea Brasileira é obrigada a fazer atualizações tecnológicas para manter voando os aviões de combate, alguns com mais de 30 anos; Concorrência dos novos caças está suspensa

A renovação da frota de aviões supersônicos da FAB (Força Aérea Brasileira) está emperrada há 16 anos e, além de tornar os caças brasileiros obsoletos, tem provocado um desperdício de dinheiro. Para reconfigurar os aviões de guerra à disposição – que têm tecnologia da década de 1980 -, a Aeronáutica foi obrigada a comprar, nos últimos dez anos, dois pacotes de peças, que custaram R$ 776 milhões, segundo a Aeronáutica.

O dinheiro foi usado para modernizar 12 Mirages 2000, adquiridos usados junto ao governo francês, em 2006, e 46 F-5EM, comprados também de segunda mão da Jordânia.* Parte desses F5 foi enviada para à Embraer para a atualização tecnológica – que só será concluída no ano que vem. Esses caças são, atualmente, o que mais aproxima o Brasil do século 21 da aviação de combate. “Venezuela, Chile e Peru têm modelos mais modernos. Os aviões brasileiros só servem para desfilar”, critica o especialista em aviação militar Carlos de Santis Júnior.

No fim do mês passado, o governo brasileiro comunicou às três fabricantes finalistas do programa FX-2 que adiou, pela quarta vez, a divulgação do resultado – agora, até 31 de dezembro. A justificativa é a falta de dinheiro diante da crise financeira. A compra é estimada em até R$ 16 bilhões.

FX-3

Com o risco de a licitação expirar no fim do ano, a fabricante russa Sukhoi prepara uma proposta para uma eventual terceira concorrência, já chamada de FX-3. A empresa oferecerá o caça T-50 PAK-FA, desenvolvido em parceria com a Índia. A aeronave poderia ter todo o processo de produção conduzido pela indústria brasileira.

Parcerias

As finalistas também se movimentam. A Boeing assinou recentemente um acordo com o Brasil para fabricar o KC-390, substituto do Hércules, e que será o modelo mais moderno de transporte de cargas militares. Além da aproximação industrial, os americanos também ofereceram um ‘brinde’ pela escolha do F-18 Super Hornet: uma cópia do Air Force One, usado pelo presidente dos Estados Unidos, para servir como o novo ‘AeroDilma’.

A Dassault, fabricante do Rafale, anunciado precocemente como vencedor pelo ex-presidente Lula durante a visita do então presidente da França, Nicolas Sarkozy, em 2009, assinou 70 cartas de intenções de desenvolvimento de outros equipamentos militares para confirmar o favoritismo. A Saab, fabricante do Gripen, modelo preferido pela Aeronáutica, aposta na oferta de desenvolver um sistema de vigilância aérea em parceria com a Embraer.

E os novos?

Augusto Heleno – General reformado e comentarista do Grupo Bandeirantes

A aquisição de 36 caças supersônicos de última geração para substituir a frota atual da Força Aérea Brasileira vem sendo adiada desde 1996, com base em sucessivas desculpas, técnicas, financeiras e políticas.

Acontece que os velhos Mirage e F5, que hoje equipam nossa Força Aérea, modernizados ou não, terminarão seu prazo de vida útil, dentro de 10 a 12 anos. Não substituí-los a tempo significa comprometer, seriamente, a defesa do espaço aéreo brasileiro.

Depois de longos estudos de diversas propostas, apenas três empresas seguem na disputa. A decisão, por uma delas, compete ao presidente da República.

O relatório final da FAB considera os três modelos excelentes e compatíveis com suas necessidades de reaparelhamento. Não estabelece preferência entre eles. Especialistas, no entanto, já disseram: que o americano F18 E/F Super-Hornet, da Boeing, ofereceria menor risco, por já ter sido testado em combate, em diversos países; que o sueco Gripen NG, da Saab, é o mais barato e nos daria maior independência, em termos tecnológicos e de manutenção; e que o francês Rafale, da Dassault, teria vantagens de cunho político-estratégico.

Dois aspectos importantes do programa são a participação da indústria nacional e a transferência total de tecnologia, este um aspecto polêmico.

O custo, de 12 a 15 bilhões de reais, gera críticas, diante de outras urgências do país. Entretanto, é inegável que o Brasil necessita de um sistema de defesa compatível com sua relevância estratégica e econômica no cenário mundial.

Possuir aviões de combate que garantam a soberania e a integridade do nosso espaço aéreo, não só nos 8 milhões e 500 mil quilômetros da superfície terrestre, mas também nos céus que dominam nosso mar territorial (e as reservas marítimas de petróleo), é prioridade que se impõe como indiscutível e inadiável.

FONTE: Jornal Metro (DF), via Notimp

*NOTA DO EDITOR: A reportagem do Jornal Metro traz questões importantes para o debate da sociedade, mas também traz diversas  informações incorretas, que podem induzir o leitor não familiarizado com o assunto a erros de interpretação. Por exemplo, dá a entender que foram comprados quarenta e seis caças F-5 usados da Jordânia, quando na verdade foram onze. Quarenta e seis é a frota já existente, cujo último exemplar modernizado foi entregue recentemente, e os que ainda deverão passar por modernização são justamente os onze comprados à Jordânia. Além disso, os doze Mirage 2000 (F-2000) não passaram por modernização: houve, isso sim, desembolsos relativos à aquisição de peças e serviços destinados à sua manutenção. Recomendamos ao leitor que consulte matérias anteriores, listadas abaixo.

De resto, o texto traz a questão importante de que gastos com modernização de aeronaves antigas ou com sua manutenção são, de fato, necessidades decorrentes de uma falta de decisão com a compra de aeronaves novas, que vem de mais de uma década. Mas faltou apenas deixar claro que são, também, medidas indispensáveis devido a esse mesmo contexto e não apenas “desperdício de dinheiro”, independentemente de se gostar ou não de velhos caças. Não são exatamente os caças antigos que geram “prejuízos milionários”,  é a falta de uma decisão de se reequipar a FAB com caças novos que leva a prejuízos, isso sim, na defesa do espaço aéreo, para o qual se utiliza uma velha frota que precisa receber manutenção e modernizações para cobrir uma lacuna gerada pela eterna indecisão.

Feitas essas críticas construtivas à matéria trazida por um jornal que procura ser sintético e enxuto (mas que abordou um tema complexo com informações erradas), é necessário também ressaltar e “somar” nossa visão às questões importantes abordadas na matéria acima: a editoria do Poder Aéreo obviamente gostaria de ver a FAB equipada com caças novos, e não tendo que fazer investimentos (ainda que muito menores que os necessários para adquirir uma nova frota) em caças velhos, algo que o jornal classifica de “desperdício de dinheiro” – o que, no limite e filtrando-se toda a desinformação, acaba sendo mesmo. Nós gostaríamos de ver o PAMA-SP, mostrado aqui numa grande série de reportagens fazendo a manutenção pesada do F-5 (e demonstrando na prática todo o conhecimento acumulado no apoio ao caça) realizando seu trabalho em caças bem mais novos e capazes. Nós gostaríamos do fim das desculpas para adiar uma decisão do F-X2. E, como pergunta o general reformado Augusto Heleno em seu ótimo comentário, nós perguntamos também: E os novos?

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Baschera

Mais uma matéria sobre este assunto….. que eu não suporto mais discutir.
Embora tenham se valido da ajuda de um entendido do nosso meio…ainda assim cometem erros crassos, como o citado pelo editor.

E esta tal oferta de um “Air Force One” para a PresidentA nunca foi oficialmente confirmada …nem pela Boeing… nem pelo Governo Americano…será realmente válida ??

E os russos….. não desistem……

Enfim, segue a novela…..

Sds.

Clésio Luiz

A primeira parte da matéria é muito mal redigida. Infelizmente jornalismo feito nas coxas não dá cadeia nesse país.

Giordani RS

E finalmente começou à acontecer o governo sempre evitou: O assunto chega as massas. Tem bobagem escrita? Tem. Mas o assunto agora foi tratado num jornal gratuito e de grande tiragem e o pessoal(que não costuma ler nada) acaba lendo! Aqui no sul existe um jornaleco(da qual me nego a dizer o nome) que ele é do modelo “jornal 20 minutos”, desenvolvido nos EUA, mas ele só tem um propósito: massa de manobra eleitoral. Passa o ano inteiro fazendo entrevistas e matérias com certas figurinhas que acabam saindo como candidatos em época eleitoral…que coisa, não? O tal jornaleco custava uns… Read more »

danra2

Não seria melhor para o Brasil o PAK FA?

Nick

Deixando de lado os erros, é válido mais uma matéria sobre o FX-2 e a obsolescência dos nossos caças atuais(M-2k-C e F-5EM). Até que ponto essas modernizações são válidas? Especialmente sobre uma célula que talvez puxar uns 9G desmanche em pleno ar? A modernização dos 46 F-5EM se justificava na época em que foi concebido, mas os ex-Jordânia deveriam ser desconsiderados. No mínimo deveríamos estar adquirindo F-16 usados e moderniza-los para o padrão SUFA ou VIPER. Esses seriam para o curtíssimo prazo para entrar no lugar dos M-2K( ou seja, a aquisição/modernização já deveria estar em andamento e começando as… Read more »

geobosco

A matéria, concordo com a maioria, não foi muito bem redigida, Mas também não há de se negar que o assunto está chegando, lentamente , na boca do povo. Qualquer país sério , com um povo culto, inteligente e educado, questionaria porque a tal demora em resolver o caso FX-2 – que para mim virou uma novela mexicana, de tão longa – se nós temos uma vastidão de floresta equatorial e um imenso litoral para proteger e patrulhar. Também, como qualquer pessoa que se interessa pelo assunto, gostaria de ver esta questão resolvida, pois já se passou muito tempo, 16… Read more »

Roberto F Santana

O F-5 está ficando tão antigo que vale mais a pena deixá-lo na forma original, seu valor será maior se vendido como WarBird, como os carros antigos. A “boca do povo” é a boca do ignorante que não sabe, não tem cultura e estudo, é a boca que só quer meio kilo de picanha, doze latas de Skol, e a tv com o brasileirão.Notícias dessas na mídia não tem a menor importância, são notas de curiosidade que são esquecidas no mesmo dia. Quanto ao comentário do general, é a repetição do que já é falado a anos, constatação do óbvio,… Read more »

wallace

Um caça realmente de “última” geração… Será?

“A empresa oferecerá o caça T-50 PAK-FA, desenvolvido em parceria com a Índia. A aeronave poderia ter todo o processo de produção conduzido pela indústria brasileira.”

aldoghisolfi

“A empresa oferecerá o caça T-50 PAK-FA, desenvolvido em parceria com a Índia. A aeronave poderia ter todo o processo de produção conduzido pela indústria brasileira.”

Leia mais (Read More): Caças antigos geram prejuízos milionários | Poder Aéreo – Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil.

Bueno… aí começa o caça a ser chamado de T.51, 52, 53 … e …

Roberto F Santana

“A empresa oferecerá o caça T-50 PAK-FA, desenvolvido em parceria com a Índia. A aeronave poderia ter todo o processo de produção conduzido pela indústria brasileira.”

E eu abro uma vidraçaria em Brasília.

Giordani RS

Fora do tópico…mas nem tanto: Hoje às 22hs no TCM tem a História sem Fim…heheheehe…

juarezmartinez

Um texto deste só ép roduzido por um cidadão que não sabe, não conhece e provavelmente nuca saberá diferença entre um uma aeronave de combate e uma melancia e como disse o Roberto Santana, sempre haverá um babaca tomador de cerveja e assíduo contribuinte desta farsa esportiva chamada futebol que vai comprar o assunto do jeito que o cidadão que escreveu está´vendendo.

Grande abraço

Baschera

Fariam jus ao nome do vetor russo …T-50….

“Feito” no Brasil…. demoraria exatos 50 anos para ser fabricado…..

Depois a FAB teria verbas para comprar doze unidades……

De Gaulle, De Gaulle….. 🙁

Sds.

Observador

Senhores,

Sabem o que o povão vai guardar do texto todo?

Que o governo está disperdiçando 700 milhões com aviões velhos para desfile militar.

Somente isto.

Vão balançar a cabeça e dizer: “que absurdo! Tanta criancinha precisando deste dinheiro…”

(sim, já notaram que a desculpa da hora são as “criancinhas”?)

E em seguida o povão vai voltar os olhos para a porcaria que estiver passando na TV e procurar esquecer este assunto.

Mas vamos querer o quê? O povão ainda acha que ler muito “istraga as vista” e dá dor de cabeça…

Vader

Bem, melhor que nada. Mas a verdade é que só muda alguma coisa se passar na Globo. Os escroques que nos governam só se interessam por algo quando sai exaustivamente na grande mídia televisiva, que é a única coisa que o Homer Simpsom presta alguma atenção.

No mais, o Brasil vai ter um caça stealth, e russo (ainda por cima), no mesmo dia em que eu me pós-graduar em física quântica, ou no dia em que o mar virar sertão e o sertão virar mar.