O presidente da sueca Saab, Hakan Buskhe, disse que existem outras oportunidades de negócios que o grupo pretende explorar no Brasil, além da venda dos caças Gripen para a Aeronáutica brasileira. Segundo Buskhe, a Copa do Mundo de 2014 e os jogos olímpicos de 2016 representam grandes possibilidades de negócios no segmento de radares e de sensores para segurança.

O executivo disse que a empresa está avaliando quais soluções de segurança civil poderiam se adequar às diferentes necessidades desses eventos esportivos, mas acredita que algumas de suas soluções terão chances de ser escolhidas, tanto nesses projetos como em outros eventos. Com quase 13 mil funcionários, sendo sete mil engenheiros, a Saab faturou US$ 4 bilhões em 2010.

“A partir do Centro de Inovação Sueco-Brasileiro, em São Bernardo, projeto que foi encabeçado pela Saab, podemos também adaptar soluções existentes e desenvolver projetos sob demanda, com ótima relação custo-benefício e em conjunto com a indústria brasileira”, disse o presidente da companhia sueca.

A Saab, de acordo com o executivo, tem muito conhecimento na área de integração de sistemas sofisticados, que utilizam tecnologia de fusão de dados, e pode ser parceira da indústria brasileira de aviação e de defesa em projetos como o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e o Sisgaaz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul), que estão entre as prioridades do governo na área de defesa.

Para esses projetos, a Saab conta com experiência em sistemas integrados de comando, controle, inteligência e comunicações. “Nossa expertise se encaixa na experiência da Embraer, especialmente na integração de trabalho e no domínio aéreo”, afirmou. Buskhe comentou que a empresa está participando da concorrência internacional aberta pela Embraer para o fornecimento do sistema de contra medidas eletrônicas do avião de transporte militar KC-390.

Desde 2001, a Saab mantém uma parceria com a Embraer na área de sistemas aéreos de alerta antecipado. A empresa forneceu para a Embraer o radar de vigilância Erieye, que foi integrado na aeronave ERJ-145, fornecida para a FAB. Essa aeronave também foi exportada para o México e a Grécia.

O executivo ressalta que não vê o Brasil apenas como cliente, mas como parceiro. “Em uma parceria de iguais, teríamos capacidade de transferir tecnologia com acesso incomparável, permitindo autonomia e aumento da segurança nacional, tanto para o Brasil como para a Suécia”, disse o executivo referindo-se ao caça Gripen NG que participa da concorrência F-X2.

Sobre o adiamento da compra de caças no Brasil, Buskhe disse que entende a posição do governo brasileiro, que deve tomar a decisão quando melhor lhe convém e que não pretende fazer nenhuma alteração da proposta original que a empresa fez para o programa.

A proposta de transferência de tecnologia para o Brasil, segundo o diretor regional de exportação do Gripen para as Américas, Fredrik Gustafson, prevê uma compensação superior a 175% do valor contratual em cooperação industrial.

A primeira parceria com a indústria brasileira começou em agosto de 2009, depois que a Saab contratou um consórcio de empresas para o desenvolvimento da fuselagem traseira e central do Gripen NG, assim como as asas e as portas principais do trem de pouso da aeronave.

Gustafson destacou que, além da capacidade de integração de sistemas, considerada uma das partes mais importante no desenvolvimento de um caça, a Saab tem controle sobre a fabricação de todos os sensores e do software de guerra eletrônica do Gripen e é responsável pelas licenças de fabricação dos componentes importados.

“Não precisamos de aprovação do Congresso americano para comprar os motores do Gripen. Falamos diretamente com os fornecedores. Nossos clientes na África do Sul, Tailândia e República Tcheca nunca tiveram problemas”, afirmou. O executivo disse que cerca de 80% dos motores das aeronaves da FAB são de origem americana.

FONTE: Valor Econômico (reportagem de V. Silveira), via Notimp

IMAGENS: Saab, Embraer e Poder Aéreo

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