Universidade Federal de Santa Maria usará aviões doados pela FAB para estudos

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Dois A-1B com a primeira e segunda camuflagem adotada pela FAB

Instituição também vai receber motores, asas e fuselagens

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) vai receber um caça AMX A-1 e um EMB-110, conhecido como Bandeirante, da Força Aérea Brasileira (FAB) para uso dos estudantes. Os alunos, sobretudo os das Engenharias Aeroespacial e de Telecomunicações, poderão desmontar, montar e entender o funcionamento dos aviões.

Nesse momento, é feito um hangar para abrigar todas essas doações na UFSM. Com um custo estimado de R$ 2,6 milhões, a construção do hangar começou em janeiro. Como isso, a expectativa é que outros cursos também aproveitem o espaço para aulas, além de atividades de pesquisa e extensão que podem acontecer no local.

O prédio terá aproximadamente 40 metros de comprimento por 25 metros de largura, e altura de seis metros. Ele terá uma porta de 20 metros de comprimento para que os aviões possam entrar e sair sem remover as asas.

A universidade também solicitou para a FAB algumas toneladas de peças e partes de aviões que tiveram como destino o descarte no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo. Esse pedido inclui a doação de motores, asas, empenagens, trens de pouso, instrumentos de cabine, caixas-pretas, antenas, sensores, radares, computadores de bordo, transpônderes e sistemas de navegação, controle e freio, entre várias outras peças. Além das aeronaves, ele também abrigará equipamentos e terá sala de aula, banheiros, oficina e um túnel de vento.

Os aviões

A-1B 5655 na Cruzex V, em 10 novembro de 2010 – Foto: Alexandre Galante

Embora sejam aeronaves com características bastante distintas uma da outra, tanto o AMX A-1 quanto o Bandeirante são aviões históricos da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). O primeiro é fruto de um projeto de cooperação com as empresas italianas Aeritalia e Aermacchi, tendo voado pela primeira vez em 1984. Com velocidade máxima estimada em 1.030 km/h, é um caça destinado ao combate aéreo, ataque ao solo e reconhecimento. No caso da aeronave doada para a UFSM, a sua matrícula na FAB é 5655.

Também conhecido pela sigla EMB-110, o Bandeirante é um dos aviões mais importantes da história da aviação brasileira, por ser a primeira aeronave fabricada pela Embraer. O projeto deste avião bimotor turboélice começou antes mesmo da criação da Embraer, que foi fundada em 1969. O voo inaugural foi em 1972, e a primeira entrega de Bandeirantes para a FAB foi no ano seguinte. Até 1991, quando a Embraer encerrou a sua fabricação, foram produzidos 498 aviões Bandeirantes, em diferentes versões, vendidas para vários países, para uso tanto civil como militar. Estima-se que a sua velocidade máxima seja de pouco mais de 400 km/h.

A doação pela FAB ocorreu porque as aeronaves, hoje em dia, já não são consideradas seguras para o uso. Além dos aviões, a instituição também vai receber motores, asas e fuselagens.

EMB-110 (C-95M) Bandeirante

FONTE: GZH / COLABOROU: Foxtrot

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Ramon

Um fim bem melhor que ser espetado em praça publica e apodrecer com o tempo ou virar sucata por ai, eu pessoalmente acredito que deveria ter mais dessas doações não tem nada melhor para um aluno quando ele coloca a mão na massa para fixar o conhecimento adquirido no curso, em vez de ficar somente decorando inúmeras teorias para fazer uma prova e depois esquecer maior parte das coisas.

Edlustig

Concordo.
Isso não é “Sucata”.
E sim “MATERIAL DE ESTUDO”
Deveríamos ver mais disso.

Joe

Estudo de arqueologia…

Rodrigo

Não é nada disso, preconceito total, entender a questão de sustentação do avião da influencia da área útil da asa na física do avião. Imagina montar um túnel de vento e fazer simulação por elementos finitos..depois montar propostas e rodar modelos… até machine learning podemos aplicar.

Cristiano Salles (Taubaté-SP)

Excelente iniciativa, tomara que aumentem essas doações…, SENAI, ETECS, FATECS e etc…, MUITO BOM!!!

Em Taubaté têm uma escola de ciências aeronáuticas, acho que chama ECEMA, parece que têm um convênio com o CAVEX se não me engano…, já vi vídeos no YouTube de alunos com o pessoal do CAVEX trabalhando juntos…

Têm umas estruturas de aviões lá, más aviões simples de aeroclube, nem se compara a estrutura de um caça, e avionicos…

Têm muito a AGREGAR para essas escolas e estudantes, do que ficarem deteriorando no tempo…

PARABÉNS…!!!

Abraço…

Neto

Excelente “final de vida” destas aeronaves.

bit_lascado

Bem que poderiam mandar algumas das aeronaves que vão a leilão, principalmente os A-1 para as universidades que tem cursos de engenharia aeronáutica

Steel Wing

com certeza, melhor que virar sucata, poderiam mandar também para os cusos de engenharia mecânica

Fernando EMB

Alguém sabe qual será o EMB-110 que será doado??

Edivar Júnior

FAB 2151

FernandoEMB

Obrigado

Bueno

Notícia muito boa!!   Um destino glorioso para estas duas lendas da aviação Brasileira. Um laboratório completo esta sendo montado! Amo laboratórios de escolas, de Faculdades e Bibliotecas… Frequentei muito a biblioteca onde estudei. Gostava de ler os trabalhos de pesquisas de conclusão de curso. Mantive a carteira ativa por alguns anos após concluir minha formação. Lembro do meu primeiro acesso a internet discada na biblioteca pública da cidade. O tempo passa e o 5G esta chegando nas Capitais do pais…   Muito feliz com a iniciativa desta doação e este laboratório que para mim é até mais importante que… Read more »

Last edited 1 ano atrás by Bueno
SteelWing

Aí sim um bom destino para aeronaves sem vida útil!

Varg

À título de curiosidade, uma Universidade privada do RJ tinha uma turbina (salvo engano uma RR Spey) para estudo de materiais aeronáuticos.

Rodrigo

Show fiz eng mecânica na UFSm e trabalhei 3 anos no aerodesign era meu sonho ir para aeroespacial, tô fazendo meu segundo mestrado lá,as agora em inteligência artificial ( primeiro foi em POA em engenharia de materiais). Tomara que engenharia retome crescimento no Brasil pela facilidade que tenho com estatística e programação abandonei engenharia e dei baixa no CREA.

Camargoer.

Olá Rodrigo. Parabens. Segue em frente e busque o doutorado.

Skywalker

O Bandeirante NÃO FOI o primeiro avião produzido pela EMBRAER. Seria interessante observar isso

Rinaldo Nery

E qual seria? Eu, realmente, não sei.

Frederick

Está correto. O planador EMB-400 Urupema foi o primeiro avião fabricado na Embraer a levantar voo.

É um fato pitoresco, que só reflete o óbvio; um planador leva menos horas para produzir que um bimotor. Ambos, Bandeirante e o Urupema, foram protótipos do IPD e, da fundação da Embraer, foram produzidos pela nova empresa.

Evidentemente não anula, em absolutamente nada, a importância do Bandeirante no processo de fundação da fábrica.

Mas é uma boa anedota.

Last edited 1 ano atrás by Frederick
Frederick

Uma aeronave – perdoe o erro grosseiro – EMB-400, inteiramente fabricada na Embraer, realizou seu primeiro voo em 1971 (o debut do protótipo do CTA foi em 1968). Para afastar polêmicas, o Ipanema realizou seu voo em 1970, já sob o signo da Embraer, porém não conta, pois o protótipo foi integralmente transferido do CTA para empresa. Mesma razão porque o EMB-100 (IPD-6504 ou YC-95) não pode ser considerado o primeiro deles. O voo inaugural do Bandeirante EMB-110, como é sabido, deu-se em 1972, em agosto.

Last edited 1 ano atrás by Frederick
Felipe Morais

Isso é excelente. Seria legal criar um cluster de estudo e desenvolvimento de tecnologias, com participação tanto dos centros universitários, públicos e privados, como dos institutos militares, com a meta de fornecer um estudo prático aos estudantes, bem como desenvolver demonstrativos de tecnologias. Esses demonstrativos poderiam ser passados para empresas interessadas, que produziriam sob licença, com pagamento de royalties, utilizados como parte da manutenção do programa. Uma junção de desenvolvimento e engenharia reversa, pelos técnicos, professores e alunos, com a complementação de consultoria internacional para o desenvolvimento de produtos que tenham uma barreira de conhecimento, as quais poderiam, inclusive, ser… Read more »

Jefferson Henrique

Eu concordo com cada linha que você escreveu, mas sabe aquele suspiro de decepção que agente dá depois de ler um texto assim? Quando lembramos que vivemos num país onde pouco ou nada disso irá ocorrer, que a espiral de interesses que parte do município, passa pelo estado e pelo GF pouco irá se interessar por coisas que tragam desenvolvimento como sociedade.

Nonato

Podemos colocar em prática.
Nos Estados Unidos, há 60 anos, pessoas comuns montavam aviões, comprados em kits.
Engenharia aeronáutica poderia se tornar algo do dia a dia.
Não é necessário gastar muito dinheiro com isso.
Não se trata de gastar milhões para nada
Mas de levar isso para o dia a dia de crianças, adolescentes, jovens.
Conhecer, montar, projetar, testar.
Hoje o conhecimento se obtem até no YouTube.
Diferente de 50 anos atrás.

Frederick

Hoje o conhecimento se obtem até no YouTube.”.

Caramba, Nonato…

Rommelqe

A ” vida útil” destas aeronaves transcende em muito suas limitações físicas atuais! Parabéns à UFSm e à FAB!
Neste fim de semana vi no acesso a um determinado aeroporto um Gloster Meteor totalmente deteriorado, espetado e esquecido. Uma pena. Deveria ser doado para Santa Maria…..

Atirador 33

O grande desafio de quem faz ciência nesse país é integrar e acessar os centros de pesquisas universitários espalhados no Brasil, outras áreas de estudo também poderiam se beneficiar com equipamentos militares obsoletos, como por exemplo: centros de estudos e pesquisas de “metais”, imaginem alunos podendo analisar os diversos tipos de metais usados na blindagem de veículos militares, peças aeronáuticas e até mesmo metais utilizados nos meios navais.

Me agradou muito essa notícia, parabéns aos colaboradores do serviço públicos pela iniciativa.

gari

Muito bom, podiam doar as restantes para outras, como a UFMG. Espero que o EB siga na mesma linha e deixe uns motores/blindados para os alunos mexerem ou modernizarem. Laboratório de motores é muito bem equipado, dá pra fazer muita coisa.

Zorann

Eu fico vendo como os A-1 vem dando baixa e não duvido que os A-1 deixem o serviço ativo antes dos F-5

Foxtrot

Essa matéria eu que garimpei e postei no fórum sobre leilão de aeronaves da FAB rsrs.
Mas fora fora isso, parece que começaram a usar o cérebro nas FAAs nacionais.
Nada como o a cooperação ” Faculdades, Governo, Empresa” para alavancar o verdadeiro desenvolvimento tecnológico nacional.
Que sirva de exemplo para MB/ EB.
O EB doando uma unidade do protótipo do Osório para uma faculdade nacional e a MB doar uma Niterói ou Greenhalgh.
Verão que muito em breve teremos o que há de melhor.

Salomon

Uma parte significante da Academia é refratária a parcerias “capitalistas” .As enxergam como submissão ao “imperialismo”, seja isso o que for, e isso leva a redução na velocidade de geração de tecnologia, em minha opinião.
Boa iniciativa da FAB, que poderia ser replicada pela iniciativa privada em maior frequência, se houver espaço político para isso.

Frederick

“Uma parte significante da Academia é refratária a parcerias ‘capitalistas'”.

Essa é uma percepção equivocada e não é a realidade em centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Foxtrot

Exatamente.
E essa é uma percepção pessoal do Salomon.
A academia sempre foi muito aberta aos militares, eles que por N,e motivos, dentre eles o desgosto da luta da academia contra a ditadura, não há viam com bons olhos.
Hoje piorou, pois o atual des-governo, as quebrou e demonizou-as .

Camargoer.

Olá Fox. O Salomon ignora completamente o que acontece dentro da universidade. Apenas como exemplo, as ultracentrífugas foram desenvolvidas com a ajuda da universidade pública. Por outro lado, o recente documento divulgado pelos militares em um evento com a presença do vice-presidente é um lugar vazio de preconceitos.

Camargoer.

Caro Frederck.È uma percepção equivocada, preconceituosa e complemente ignorante sobre o que acontece dentro da universidade.

Camargoer.

Caro Salomon. Obviamente, você desconhece o que acontece nas universidades.

Waldir

Ola. Notícia bem legal na questão de estudos e desenvolvimento. Uma outra coisa que me chamou a atenção foi o custo do hangar de 1.000m2 por 2,6 milhões de reais.
Achei um pouco salgado km2 construído.. as vezes não seria um hangar comum. Os as vezes eu posso estar em enganado.

Daniel

A MB deveria ter feito a mesma coisa com o São Paulo doando para Eng. Naval da UFRJ…..

Felipe

Li uma matéria que diz que atualmente há apenas 35 caças AMX no inventário na FAB, pois 21 unidades já foram desativadas ou se acidentaram. Infelizmente apenas 11 AMX serão modernizados aparentemente.