O radar SLC-18 recém-revelado busca diminuir a vantagem da inteligência espacial dos norte-americanos e em breve poderá ser exportado para os adversários dos EUA

O novo radar de varredura eletrônica da China visa atenuar as vantagens militares fornecidas há muito tempo pela inteligência de satélite, aumentando as preocupações de proliferação em Washington e outras capitais ocidentais.

O radar SLC-18 de 10 metros de altura revelado no Zhuhai Airshow deste ano pode detectar e rastrear satélites de baixa órbita e prever suas trajetórias, afirmou seu fabricante China Electronics Technology Group Corporation (CETC) no show, informou o South China Morning Post.

A empresa estatal chinesa também afirmou que o radar de banda P de alta potência e baixa frequência SLC-18 pode funcionar 24 horas por dia em todas as condições climáticas e tem um alcance de busca excepcionalmente grande.

Com o posicionamento geográfico adequado, uma rede de radar SLC-18 pode monitorar todos os satélites que viajam por uma área específica e prever a chegada de outros, permitindo que os comandantes em terra respondam, disse a empresa.

De acordo com o subgerente da CETC Sun Rui, o SLC-18 “pode detectar satélites à distância e pode identificá-los e categorizá-los para formar uma base de dados de radares que pode ajudar outros equipamentos a responder de acordo… e auxiliar o centro de comando na tomada de decisões.”

Sun observou que os EUA atualmente implantam constelações de satélites de vigilância de baixa órbita, o que significa que um sistema de detecção precisa ser capaz de detectar, identificar e reagir rapidamente. Ele disse que o uso de vigilância por satélite na guerra moderna torna imperativo que os militares tenham recursos de rastreamento por satélite em uma área específica para evitar detecção, realizar manobras enganosas ou bloquear eletronicamente satélites inimigos.

Do ponto de vista da proliferação, o SLC-18 pode estar disponível para exportação, com Paquistão, Irã e Coreia do Norte como possíveis clientes aliados.

Sun sugeriu que o sistema “fornece monitoramento terrestre relativamente econômico de alvos espaciais para servir países amigos … oferecendo recursos de consciência situacional contra satélites de baixa órbita para equilibrar a postura do campo de batalha”.

O reconhecimento baseado no espaço oferece enormes vantagens em operações militares, inclusive nos níveis estratégico e tático. Exemplos gritantes dessas vantagens foram vistos na guerra Irã-Iraque de 1980-89 e na guerra na Ucrânia em andamento. O Asia Times observou anteriormente que, durante a guerra Irã-Iraque, a inteligência de satélite fornecida pelos EUA permitiu que o Iraque infligisse reveses de batalha e baixas maciças ao Irã.

Da mesma forma, os satélites comerciais foram decisivos no conflito Rússia-Ucrânia. Em março deste ano, o Washington Post informou que cinco empresas comerciais de imagens de satélite estão compartilhando inteligência com a Ucrânia, com a inteligência permitindo que esta última atinja com precisão as forças russas, mate generais de alto escalão e destrua estoques de combustível e munição.

O uso de satélites comerciais para fins militares pode ser visto como um movimento de “zona cinzenta” dos EUA para complicar os esforços para combater seu uso há muito estabelecido do espaço como um santuário para seus satélites, que são nós críticos de informação nos conceitos de combate dos EUA e sublinham a necessidade da China e de outros adversários dos EUA de capacidades anti-satélite.

Embora a Rússia tenha ameaçado atacar satélites comerciais privados que fornecem inteligência à Ucrânia, as implicações de tal movimento não são claras e provavelmente marcariam uma escalada significativa na guerra na Ucrânia. Uma resposta alternativa à destruição de tais satélites seria evitá-los, diminuindo qualquer vantagem de inteligência que eles ofereçam, ao mesmo tempo em que elimina o risco de escalada de conflitos terrestres no espaço sideral.

FONTE: Asia Times

Subscribe
Notify of
guest

28 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Rui Chapéu

Se fosse super poderoso e divisor de águas, não seria exportado.

Outra coisa…

ali fala que ele só detecta e rastreia…. ??

Vão integrar com algum sistema de míssil pra tirar eles de órbita?
Pq se for só rastrear e detectar não vi vantagem militar nisso…

Guacamole

Quando se exporta tecnologia sensível, ela é degradada pra não ser tão poderosa quanto a do pais que fabricou. Isso é normal. Os radares que estão no NAM Atlântico que é o mesmo que a marinha inglesa usa foi degradado um pouco pelo mesmo motivo. Até aí tudo bem.

O estranho é detectar e rastrear satélite. Até onde eu sei, a rota dos satélites é de conhecimento publico. Tanto é que astrônomos amadores sabem qual satélite está passando com aqueles apps de astronomia que eles usam.

Silvano

Coloca aí a fonte que o radar do NAM foi degradado, na verdade é só invencionice, normalmente se retira algo restrito de uso do país ou da OTAN. Nada mais e isso é normal. O sensor anti submarino dos Sea Hawk que a Marinha comprou eram os mais modernos que existiam na época, os mesmos que a US Navy operava, isso surpreendeu o pessoal do Brasil na época, mas era o mais moderno que existia. Pela tua lógica, os Exocet que a Argentina comprou era degradados, o Super Etandart também seria, ou o Meteor que o FAB comprou para o… Read more »

Mars

Eu acho que os astrónomos amadores conhecem o posicionamento de satélites civis mas não os militares.

Radagast, o Castanho

Eu acho que detectar e rastrear também pode ter sua utilidade militar, veja não sou especialista, sou só um maluco dando pitaco… mas veja, até onde sei, esses satélites de baixa órbita não são estacionários, então não tem como ter 100% de cobertura o tempo todo… um momento ou outro vai ter um apagão…isto é um momento em que não vai ter satélite nenhum olhando.

Esse apagão pode durar alguns minutos ou até horas, então seu eu sou um general e sei quando vai ser esse apagão vou tirar o máximo proveito disso.

Inimigo do Estado

Como é, isso se aplica ao F-35?

Nascimento

Então o Patriot, F-35, Abrams, e diversos outros meios americanos não prestam só pq foram exportados? Vocês tem que parar com esse devaneio e essas falácias de falsa analogia, esses saltos lógicos ridículos. O que uma coisa tem necessariamente haver com a outra.

Os chineses utilizam o SC-19 ASAT como míssil anti-satélite e anti-balístico. Salvo engano os americanos já usaram até o SM-3 para abater um satélite. Índia, Reino Unido e Rússia também possuem esta capacidade.

Andre

Acho que vc não leu com atenção o que o Rui escreveu. Releia e você verá que ele não disse que só seria exportado se não prestasse.

Ele escreveu que se fosse um divisor de águas, como o f22 ou o j20, não seria exportado.

Lúcio Sátiro

Se como disseram antes, existe “degradação”, o que eu entendo como diminuição das potencialidades do equipamento para exportação ( como a limitação a 300 km do alcance do AVTM na versão de exportação) então há sentido em exportar, tomando-se o cuidado de que o equipamento não seja usado contra o próprio fabricante.
Se, por outro lado, essa degradação não existe e mesmo assim o produto será exportado com todo o seu potencial, então ele não é lá grande coisa.

Last edited 1 ano atrás by Lúcio Sátiro
Andre

Ele pode ser exportado e ser um produto excelente, como o míssil Meteor ou o F-15, mas não é um divisor de águas, como foi o F-22 ou o B-2.

Diogo de Araujo

Rui, mas sabendo a órbita e prevendo a trajetória não o tornaria um alvo fácil? Afinal, russos e americanos têm mísseis específicos para este fim por que a China não teria?

Nilo

A China confirmou que destruiu um satélite em órbita com um míssil no dia 11 de janeiro de 2007, causando preocupação internacional – BBC BBrasil
Space news – publicação set/2020 – A China já possui mísseis terrestres operacionais que podem atingir satélites em órbita baixa da Terra e “provavelmente pretende buscar armas ASAT adicionais capazes de destruir satélites até a órbita geossíncrona da Terra”, diz o relatório anual do Departamento de Defesa ao Congresso Americano sobre as capacidades militares da China.

Last edited 1 ano atrás by Nilo
Allan Lemos

Então quer dizer que os chineses investiram bilhões de dólares em um equipamento inútil? Você acredita mesmo nisso? Hoje em dia, as lentes dos satélites espiões conseguiriam identificar um livro na sua mão, esse foi inclusive um dos métodos utilizados para identificar Bin Laden. Ao detectar a passagem de um satélite, os chineses poderiam, por exemplo, esconder veículos e aeronaves de uma determinada base ou evitar que a presença de um general em um determinado local fosse descoberta. Essa ginástica mental é dificuldade em aceitar a ascensão da China como superpotência militar? Sério, ainda bem que vocês não trabalham no… Read more »

Agressor's

Acabou a moleza, Playboy… 🙂

francisco Farias

Se tomarmos por base outros produtos fabricado na China, este radar não passa de mais uma propaganda mentirosa. Nem um automóvel de qualidade eles conseguem faze.

Esteves

Guerra no ciberespaço.

“capaz de detectar, identificar e reagir rapidamente.”

Qual seria essa reação? Atacar satélites incluindo satélites comerciais de outros países? Órbita baixa, órbita alta….qual a altitude para considerar que um determinado satélite invadiu o espaço aéreo…considerando que a órbita X está sendo utilizada com fins militares?

O que a China planeja vendendo esses radares é aumentar a varredura para além das fronteiras da China?

Quais seriam as alternativas de como evitar esses satélites após localizados pelo radar chinês? Embaralhar?

Olha aí a guerra no ciberespaço começando. E nós aqui sequer entramos na era dos drones.

Impressionante.

Allan Lemos

Qual seria essa reação? Atacar satélites incluindo satélites comerciais de outros países?

Esconder alguma aeronave secreta em fase de testes, cegar o satélite com algum ataque eletrônico ou criar algum engodo.

PRAEFECTUS

Humm…

francisco Farias

Ele deve reagir rapidamente dizendo ao operador do radar: – FUJA, pois cavalaria ianque vem ai..

willhorv

Seria como uma forma de identificar onde e quando as “lentes de aumento” estão operando, proporcionando o armazenamento, deslocamento, e atividade das forças em locais não observados, nem que momentaneamente, mostrando a importância da flexibilidade destes meios de ir e vir. Tipo assim… se eu sei que estou sendo observado, eu limito minhas atividades nestes pontos…se não estou sendo observado posso agir com maior intensidade e de forma mais coordenada…sendo eficiente.

Palpiteiro

E se o satélite for geoestacionário?

Cicero

Se fosse geoestacionario não serveria para fazer espionagem. Uma órbita geoestacionária implica em estar a aproximadamente 36.000 km do planeta, ou seja, seis vezes o raio da Terra. Para um satélite produza imagens de valor militar, ele deve estar em órbita baixa, algo em torno de 350km a 1400km.
A mecânica orbital é duríssima.

Fábio

Tecnologia Xing Ling.

Zezão

“A empresa estatal chinesa também afirmou que o radar de banda P de alta potência e baixa frequência SLC-18 pode funcionar 24 horas por dia em todas as condições climáticas e tem um alcance de busca excepcionalmente grande.” Se a China pretende destruir satélites numa guerra contra os EUA usando este tipo de radar, então os americanos, que não são burros, não ficarão parados e desenvolverão meios pra atacar este tipo de radar como contramedida. Ou seja, a vantagem está do lado dos americanos, já que a quantidade de satélites é muito maior do que a de radares. Ademais, um… Read more »

Last edited 1 ano atrás by Zezão
Andre

“visa atenuar as vantagens militares ”

Um longo caminho até passarem.

Zorann

O pessoal está confundindo as coisas.

Este radar permite um tempo de reação de alguns minutos para que tropas em solo e/ou equipamentos possam ser camuflados/escondidos destes satélites antes de sua passagem. Ou ainda, prevendo suas órbitas e passagens, conseguir planejar melhor ações militares.

Zezão

Os EUA planejam lançar uma constelação de satélites de baixo custo no espaço cuja quantidade seria suficiente pra monitorar todos os cantos do território chinês ou de qualquer outro lugar do planeta em tempo real, ou seja, não haverá mais essa situação de existir um tempo de passagem de um satélite sobre um determinado território. Os americanos pretende primeiro lançar 20 satélites até 2022 e, em seguida, aumentar o número para 250 por ano até 2025. O objetivo final será implantar mais de 1.000 satélites pra detecção e rastreamento de mísseis, reconhecimento e monitoramento do solo e do mar e… Read more »

Jean

Exatamente, como é difícil ler tantos comentários sem noção até chegar a algum que reflete a matéria.

Em momento algum falam em destruir satélites, mas o pessoal já imagina isso. Se vc tem um J-10 e o esconde num hangar de concreto camuflado sua posição não será percebida.