Boeing: Growler eclipsa vantagem ‘stealth’ do F-35

25

missiles-growler-fire-fighter-military_927240

ClippingNEWS-PACom a batalha de lobby sobre aviões de ataque esquentando, a Boeing está divulgando a eficácia do seu avião de ataque eletrônico de quarta geração  EA-18G,  sobre o caça F-35 “stealth” da Lockheed Martin.

A maior empresa aeroespacial do mundo não perdeu tempo fazendo durante o dia de abertura da conferência Sea-Air-Space da Liga da Marinha, em National Harbor, Maryland, dizendo que o Growler é mais equipado do que o “Joint Strike Fighter” para operar em áreas com sofisticadas defesas aéreas inimigas, conhecidas no jargão militar como anti-acesso, negação de área, ou ambientes A2-AD.

“Stealth é perecível; apenas o Growler oferece proteção no espectro completo”, afirma um dos slides em um “briefing” dado por Mike Gibbons, vice-presidente de programas F/A-18 e EA-18G para a Boeing, em uma não tão sutil ironia com o jato “stealth” feito pela Lockheed Martin.

A Boeing está pressionando os legisladores americanos para adicionar fundos para os 22 Growlers adicionais no orçamento fiscal de 2015 do Departamento de Defesa, que começa em 1 º de outubro. Tal como está, o plano de orçamento não inclui qualquer dinheiro para o derivado do F/A-18. A empresa preparou um documento a ser assinado pelos líderes dos comitês de defesa do Congresso, pedindo para adicionar cerca de US $ 2 bilhões em financiamento para os Growlers adicionais, a mesma quantidade que a Marinha incluiu na sua lista de “prioridades a descoberto”.

A aeronave, que é fabricada no Missouri, “é a única opção para ataque eletrônico do DoD e limitar essa capacidade reduz significativamente os impactos na eficácia da missão contra as ameaças atuais e futuras”, diz o documento .

Se o financiamento para a aeronave não for adicionado ao orçamento, a Boeing poderá ter que encerrar a linha de produção. Tal movimento poderia ferir a base industrial e deixar o Pentágono, com apenas um único fabricante de aeronaves táticas, radar e motores, afirma.

A apresentação da empresa destaca o Growler como o único avião tático programado para receber o jammer da Marinha de última geração, um sistema de guerra eletrônica avançado projetado para substituir o AN/ALQ-99, bem como o único avião capaz de contrariar ameaças em todo o espectro eletromagnético. De fato, informações apresentadas na conferência sugerem que o F-35 é equipado com tecnologia para combater apenas as ameaças do espectro de banda X – e apenas quando se aproxima de um alvo em uma direção de entrada.

Os porta-vozes para a Lockheed Martin F-35 e escritório do programa do Pentágono não responderam imediatamente aos e-mails solicitando comentários. Mas os funcionários da Lockheed Martin já começaram a empurrar para trás a questão.

Apoiadores da Lockheed no Congresso, incluindo Reps Kay Granger, R-Texas, e John Larson, D-Conn, elaboraram um documento pedindo a colegas para apoiarem o pedido do Pentágono para US$ 8.3 bilhões para comprar 34 caças F-35 – o que representa uma redução de oito caças dentro do que foi previsto anteriormente por causa de cortes orçamentários automáticos conhecidos como “seqüestro”.

Sua carta também aponta que a Rússia está se preparando para fazer o seu caça T-50 e os chineses estão investindo pesadamente nos seus caças J-20 e J-31. “Esses países também estão construindo e proliferando sistemas avançados de mísseis superfície-ar que ameaçam tornar nossa frota de caças der 4 ª Geração obsoleta”, afirma. “Essas ameaças que avançam rapidamente em todo o mundo são um forte argumento para o aumento da produção de F-35, mesmo neste ambiente de recursos limitados.”

Segundo a Boeing, as tecnologias furtivas funcionam melhor em uma faixa limitada dentro do espectro eletromagnético, e que as ameaças modernas estão fazendo aeronaves “stealth” “detectáveis e vulneráveis”, segundo a sua apresentação na conferência. “O aumento da capacidade computacional, sensores avançados e desenvolvimento de métodos de detecção de aeronaves estão degradando os benefícios da furtividade”.

Mesmo que a Boeing garanta financiamento para 22 Growlers adicionais, a empresa pode manter a campanha de lobby. Cita análise que mostra a necessidade de um total de 50 ou 100 mais EA-18Gs para satisfazer os requisitos conjuntos de coalizão, de acordo com a apresentação.

A mensagem da Boeing está claramente tendo um impacto sobre o Capitólio. Um porta-voz disse que já recebeu cerca de duas dezenas de assinaturas e estava esperando ainda mais. Mas há a necessidade do apoio de muitos mais, incluindo os líderes dos comitês de defesa.

FONTE: Military.com

Subscribe
Notify of
guest

25 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
joseboscojr

EA-18G é igual caldo de galinha, se não fizer bem, mal não faz; agora, ficar insistindo nessa comparação é absurda. Sem falar que se o F-35 é vulnerável a radares VHF, o EA-18G também o é e não tem capacidade de interferência nessa frequência. Sem falar que o HARM também não tranca em radares de baixa frequência. No frigir dos ovos o F-35 é furtivo aos radares que o EA-18G consegue interferir e é menos furtivo aos radares que o EA-18G é incapaz de interferir ou neutralizar. Uma característica do EA-18G é que ele em teoria consegue fazer supressão (SEAD)… Read more »

Iväny Junior

O growler deveria ter sido planejado de modo a levar sua parafernalha eletrônica internamente, mas este assunto evidencia outro que já tratamos em vários tópicos: A detecção de aeronaves furtivas parece avançar mais rápido do que elas entram em operação.

Caso esses sistemas entrem em operação efetivamente, o mercado sofrerá uma reviravolta monstruosa, e o AMARG terá mais valor do que já tem. Dados os passos lentos do desenvolvimento dos aviões stealth, eu pessoalmente acredito que estes sistemas serão realidade bem antes da orquinha.

joseboscojr

A defesa contra aeronaves furtivas sempre estará a um passo atrás, por um motivo simples e fácil de entender: só quem tem aeronaves furtivas já há 30 anos são os americanos e só eles tinham como realmente testar seus radares frente aos aviões de baixo RCS. Eles já estarão a anos luz dos russos acerca de como se defender de aeronaves furtivas já que eles as utilizam e as usam em treinos e simulações há décadas. Os outros só tiveram algum vislumbre com a derrubada do F-117. Um único fato motivou os russos a investirem maciçamente em radares de baixa… Read more »

Iväny Junior

Eu acredito que os americanos e algum parceiro estratégico muito chegado, é que vão conseguir construir estes sistemas, tanto que falei no AMARG.

joseboscojr

atoa = à toa

joseboscojr

O mesmo, sem dúvida, serve para os americanos. Em sendo verdade que os russos dominam a tecnologia de plasma stealth seria uma variável imprevista na equação. Vale salientar que até o SR-71 testou ionizadores furtivos na década de 60, que dentre outras coisas poderia ser usado para redução do arrasto. O mesmo se daria no caso de ter sido verdade que o Spectra do Rafale era capaz de prover o tal “cancelamento ativo”. O mesmo dizem do B-2. Fato é que como cada projeto de aeronave stealth é único, fica difícil alguém se antecipar, e a vantagem americana na capacidade… Read more »

joseboscojr

Alguém até pode dizer: se os russos nunca comprovaram na prática sua capacidade de detectar e rastrear aeronaves stealth americanas (porque os malvados americanos não emprestam as suas), também é verdade que os americanos nunca as testaram contra a defesa antiaérea russa.
Bem, adianto que é muito mais fácil os americanos simularem radares russos e até mesmo possuírem radares russos do que os russos terem uma aeronave stealth inteirinha e operacional pra testarem.

joseboscojr

Os maiores opositores dos aviões furtivos de modo geral e do F-35 em particular alegam que cada vez os radares de baixa frequência estão mais capazes devido principalmente ao grande aumento da capacidade de processamento dos mesmos. Ora, mas será que isso só vale pros radares da defesa aérea? E quanto à capacidade embarcada de interferência eletrônica de auto-proteção? E quanto á capacidade de interferência do AESA? Tudo bem que a USAF após a retirada dos EF-111 não tem mais aeronaves próprias, dedicadas a ataque eletrônico (salvo os EC-130 que são usados para a interferência de comunicações e as que… Read more »

Nick

E o lobby da Boeing continua. No meu entender, não há mais necessidade desse EA-18G e o principal avião de ataque for o F-35.

[]’s

joseboscojr

https://tiananmenstremendousachievements.files.wordpress.com/2013/07/russia-made-next-generation-of-comprehensive-anti-stealth-radar-system-2.jpg Olha o trambulho que é esse radar VHF último tipo, que é capaz de detectar um F-35 a cerca de 50 km de distância. Esse trambulho não tem jeito de camuflar com uma manta furtiva ou coisa que o valha porque a antena tem que ficar de dora. Duvido que um AESA no modo SAR não detecte e classifique isso numa distância de no mínimo o dobro da que ele consegue detectar um F-22 ou um F-35. Achar que a tecnologia Stealth é a bala de prata ou o Santo Graal da tecnologia militar é errado, mas dizer que… Read more »

joseboscojr

http://www.ausairpower.net/XIMG/Rus-Lo-Band-Radar-Params-2009.png

Olha o gráfico aí do Dr. Carlo Kopp e vê se há razões de verdade pro F-22 ou pro F-35 ficarem apavorados com a simples menção dos “radares anti-stealths”?

joseboscojr

Só lembrando que o RCS frontal do F-22 e do F-35 está abaixo de 0,001 m².

Vader

Bosco perfeito nas considerações. Sobre o B-2, até onde se supõe ele possui um revolucionário sistema de elevação, que “cancela” ou ao menos “diminui” consideravelmente o peso da aeronave, agindo assim diretamente contra a força da gravidade, como se supõe sejam os OVNIs atribuídos aos “alienígenas”. Tal sistema tiraria energia de um pequeno reator nuclear embarcado, o que explica (além, naturalmente, do segredo) o fato de o B-2 só poder pousar em território ou bases americanas. Isso explicaria ainda duas coisas: a sua gigantesca autonomia (como ele usa muito menos combustível químico para voar, seria capaz de literalmente dar uma… Read more »

Aldo Ghisolfi

Sem diminuir com nenhum outro companheiro, parabéns aos comentaristas que, até agora, deram a melhor aula apresentada por aqui.

caio

grande Bosco, tenho uma duvida quanto a furtividade russa baseado no plasma, seria alvo facil para misses IR ? “Outra forma de furtividade ativa é o uso de plasma ou gás ionizado como anunciado pelos russos. A energia do radar não penetra no plasma e nem é refletida. O sistema russo pesa cerca de 100kg e gasta 1-10kW de energia sendo instalado em pontos chaves da aeronave. Os russos citam que diminui em 100 vezes o RCS. O problema é que o plasma emite muito no espectro infravermelho e não respeita um dos princípios da furtividade que é o balanceamento… Read more »

Wagner

Boa sorte a Boeing, talvez traga a USAF de volta a verdadeira realidade , e a tire das fantasias sexuais da Lockheed e de seus lobistas no Congresso norte-americano.

Almeida

Levando em consideração que levará duas ou três décadas até os teens mais novos (F/A-18E/F, F-16C/D block 52+ e F-15E) serem totalmente substituídos, se o forem, pelos F-35, os EUA deveriam comprar mais esses 22 Growler sim. Até porque os S-500 da vida já estão entrando em operação.

O F-35 pode ser o futuro, mas os EUA vivem no presente. Como disse o Bosco, é como canja de galinha, mal não faz.

Almeida

Corrigindo alguns pequenos detalhes nos posts do colegas:

Bosco, o programa mais secreto da história militar foi o da bomba atômica, tanto a americana quanto a soviética. Pegou todos de surpresa, em ambos os casos as previsões de quem por ventura soubesse da possibilidade desses programas era de uma ou duas décadas pra frente. Em ambos os casos foram surpreendidos.

E os Growler podem sim realizar missões DEAD, com sensores ativos ou passivos.

E Vader, o custo dos B-2 ficou em U$ 2.1 bilhões cada, dá pra por um motor de dobra em cada um deles! Rsrsrs

Vader

Ou isso Almeida, rsrs. Uma coisa é certa: o preço do B-2 não é à toa.

Só um detalhe no seu comment: o F-15 não será subsituído pelo F-35, a princípio. Deverá ser substituído por outro engenho voador (provavelmente um UCAV).

Sds.

joseboscojr

Caio, Não creio que o incremento na temperatura usando o plasma stealth possa fazer diferença tendo em vista que a assinatura térmica é de qualquer forma difícil de ser reduzida. Se o caça for detectado por um IRST a 50 ou 60 km, o pequeno incremento na temperatura por conta do uso do sistema não deve fazer grande diferença. O material RAM também teoricamente absorve e transforma a energia do radar em calor e nem por isso deixa de ser usado. Por outro lado há as tintas que reduzem a assinatura térmica, mudando a banda da frequência IR em outra… Read more »

joseboscojr

Almeida,
Bem lembrado!
Quando citei a capacidade do EA-18G de fazer SEAD não exclui sua capacidade de fazer DEAD, mesmo porque ele usa o AARGM (que atinge alvos não irradiantes) e a JSOW.
Na verdade qualquer caça é bem capaz de DEAD, mas só alguns são especializados em SEAD, como por exemplo o EA-18G.
Um abraço.

Baschera

In Bosco we thrust !

Sds.

Almeida

Isso mesmo Vader, o F-15E ainda não tem substituto. Acho que nem mesmo boa parte dos C e D.

Esses seriam substituídos pelo F-22A em menores números, mas como o programa foi cortado até o mínimo do mínimo, os Eagle vão ter que voar por um bommmm tempo!

caio

obrigado Bosco pela atenção

Nautilus

Parabéns pelo alto nível dos comentários. Trazendo um pouco o assunto para a nossa realidade, acredito que a FAB deveria considerar a possibilidade de aumentar o número de células de Gripen F na aquisição dos Gripen NG. Considerando que sejam adquiridos mesmo 3 lotes de 36 aeronaves cada, ou 108 aeronaves, deveriam ser pelo menos 32 Gripen F (além de 76 Gripen E). Se forem 36 mais 50, deveriam ser ao menos 24 Gripen F na equação. Digo isso pois com a desativação do A-1M, nossa plataforma SEAD por excelência, notadamente após sua modernização, precisaremos de uma aeronave capaz de… Read more »