Rafale: ‘Temos uma capacidade operacional à frente dos concorrentes’

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Apontado como preferido pelo governo brasileiro até 2010, caça francês é estimado o mais caro

“Se quiser ter uma ideia do custo, tem que colocar custo em relação ao benefício. Senão, não significa nada”. A afirmação é do coronel da aviação do exército francês Jean-Marc Merialdo, diretor do consórcio Rafale no Brasil sobre as críticas de que o caça oferecido pelo grupo é o mais caro na disputa: o pacote é estimado em US$ 6,2 bilhões.

“O nosso pacote de transferência de tecnologia não tem preço. É total, completo, de toda a tecnologia do avião de combate”, afirma Merialdo.

Os franceses afirmam que sua proposta oferece um “pacote amplo e completo de cooperação tecnológica e industrial, incluindo know how, softwares, hardware, processos e a entrega de todas as ferramentas e códigos-fonte necessários sem nenhum tipo de restrição”.

Propõem “transferência de 100% dos recursos de desenvolvimento da aeronave no Brasil” e asseguram que a indústria brasileira estará “diretamente envolvida no programa de desenvolvimento”, tonando-se “fornecedora direta”.

Saiba mais sobre o que diz Jean-Marc Merialdo sobre a proposta do Rafale:

iG: O ex-presidente Lula, quando estava à frente do governo, foi claro sobre sua preferência pelo Rafale. O senhor está otimista com a presidente Dilma em relação à escolha para o F-X2?
Jean-Marc Merialdo: Somos muito otimistas. Primeiro porque o governo mudou, mas as propostas não mudaram. O posicionamento das três empresas não mudou e, portanto, a avaliação que pode ser feita de cada uma delas. Segundo, confiamos na nossa proposta de transferência de tecnologia. Isso não tem preço. É garantida pelo governo francês e se baseia num leque de parcerias com a indústria brasileira e universidades, e se enquadra no âmbito de uma parceria estratégica firmada entre os presidentes Lula e Sarkozy no final de 2008.

iG: Qual diferencial do Rafale em comparação com as duas outras propostas?
Jean-Marc: Somos três competidores e os três não são da mesma classe. Temos dois aviões bimotores, o F-18 e o Rafale, que são aproximadamente da mesma classe, têm capacidade operacional parecida, embora o Rafale leve pequena vantagem e seja mais moderno. O outro avião (Gripen) é de classe diferente. Pelo tamanho e por sua capacidade operacional, se compara mais ao nosso Mirage 2000, geração anterior ao Rafale. Então, eu diria primeiramente que o Rafale tem uma capacidade operacional à frente dos concorrentes.

iG: A Boeing afirma que o Rafale experimenta situações de combate pela primeira vez agora, na Líbia; a Saab, que a configuração do caça francês foi congelada na década de 1990. O que o senhor diz?
Jean-Marc: Ao contrário de muitos outros caças, o Rafale foi desenvolvido desde o início como polivalente, ou seja, é capaz de conduzir várias missões num mesmo voo. Isso foi comprovado na Líbia. Essa polivalência se deve a um dispositivo que chamamos de fusão de dados: permite reunir todas as informações de sensores internos e externos numa única tela. Ele começou a ser projetado em 86 e entrou em operação em 2004, mas a tecnologia não é congelada, é um a arquitetura aberta. Isso permite integrar novas funções e equipamentos o tempo todo. Mais uma vez: o Gripen é da classe do nosso Mirage 2000. O Rafale é duas vezes mais potente, eficiente e capacitado.

iG: Estima-se que o Rafale seja mais caro: tanto no valor da venda e quanto na despesa para fazê-lo voar.
Jean-Marc: Numa competição você não divulga seu valor sob o risco de dar vantagem aos concorrentes. Sobre o custo de operação, não posso lhe dar figura por enquanto, porque elas estão sendo refinadas a cada vez mais, sobretudo nesta operação na Líbia. Posso dizer que ficam cada vez mais baixas. Se quiser ter uma ideia do custo tem que coloca-lo em relação ao benefício. Senão, não significa nada. Há dois aviões diferentes, é lógico que o custo de operação é diferente.

iG: E como o governo brasileiro poderá pagar pela compra do Rafale, caso o escolha?
Jean-Marc: Uma vez escolhido vendedor haverá uma negociação que vai entrar em detalhes na parte técnica, da transferência de tecnologia e da forma de pagamento. A proposta inclui um esquema de pagamento que depende estritamente do esquema de entrega dos aviões. Agora não se sabe se o Brasil vai pagar diretamente do Tesouro ou se vai recorrer a um empréstimo a bancos. Isso irá influir na forma de pagamento.

iG: O consórcio francês afirma que se o Rafale for escolhido irá gerar parcerias no Brasil que poderão cobrir 160% do valor do contrato de compra. Porém, já existem acordos fechados, inclusive com universidades. Essa iniciativa pode levar os parceiros a fazerem um coro a favor da Rafale?
Jean-Marc: É possível.

FONTE: iG / FOTO: Isabela Kassow

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Marco Antônio

É o Jobim na foto? 🙂 (soh pra descontrair)

tplayer

“Uma vez escolhido vendedor haverá uma negociação que vai entrar em detalhes na parte técnica, da transferência de tecnologia e da forma de pagamento.”

Como assim detalhes da transferência de tecnologia? Ela não era irrestrita?

DrCockroach

“transferência de 100% dos recursos de desenvolvimento da aeronave no Brasil”

???? o que isto significa exatamente, a Snecma, por exemplo, jah disse que soh inclui MRO.

“Sobre o custo de operação, não posso lhe dar figura por enquanto, porque elas estão sendo refinadas a cada vez mais…”

???? mas nao garantiam, em contrato, que seria de US$ 12,400, ou irao colocar um valor mais baixo agora, ou por custo de operacao ele se refere a algo diferente do custo hora de voo, ou…. 8)

Marco Antônio disse:
28 de julho de 2011 às 11:42

Muito boa esta!

[]s!

asbueno

Nosso governo questiona o americano por querer que o Congresso daquele país garanta a transferência de tecnologia numa eventual compra do SH. O texto diz que o governo francês garante a tal TT irrestrita. Lá o governo faz o que quer com equipo sensível semdar satisfação ou o parlamento já chancelou tal operação?

Nick

Novamente o blá-blá-blá da ToT infinita.

E agora ele mesmo se entrega nas entrelinhas. Se houver ToT infinita , que fique claro que queremos as patentes, planos, ferramental, licença de produção eterna, treinamento de técnicos e engenheiros, do SNECMA M-88E4, do SPECTRA, do radar RBE2 AESA, inclusive com suas futuras evoluções. Além de claro de todo os processos de manufatura do Rafale.

E se eles não repassarem isso, uma multa contratual de 2X o valor da aquisição dos caças 🙂

[]’s

Vader

Já entendi!!!

Nosso “General-Genérico” é irmão do Merialdo!!! 🙂