Na sexta-feira, dia 22 de agosto de 2003, às 13:26h, vinte e um engenheiros e técnicos do CTA (Centro de Tecnologia Aeroespacial), sediado em São José dos Campos, SP, morreram em um incêndio no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no Estado do Maranhão.

O acidente ocorreu quando preparavam o lançamento de um protótipo do foguete de fabricação nacional, o VLS (Veículo Lançador de Satélites), previsto dentro das atividades do Programa Nacional de Atividades Espaciais.

O grupo de 21 engenheiros e técnicos trabalhava nas instalações do CLA, preparando o protótipo do VLS para o lançamento, quando a ignição prematura de um dos motores do foguete, supostamente ocasionada por uma faísca elétrica, provocou o incêndio e as mortes. Devido às chamas e ao calor resultante, pouca coisa restou dos 21 corpos e a estrutura da plataforma de lançamento e o protótipo do VLS transformaram-se em um amontoado de material retorcido.

O VLS era um foguete considerado de pequeno porte, com 19,5 metros, e peso aproximado de 50 toneladas. A sua principal missão era colocar em órbita, a uma distância média de 750 km da superfície terrestre, satélites de até 350 kg. O projeto original do VLS previa o uso de combustível sólido nos seus propulsores.

Em ordem alfabética são os seguintes os nomes dos 21 engenheiros e técnicos perdidos na tragédia: Amintas Rocha Brito, Antonio Sérgio Cezarini, Carlos Alberto Pedrini, César Augusto Varejão, Daniel Faria Gonçalves, Eliseu Reinaldo Vieira, Gil César Marques, Gines Ananias Garcia, Jonas Barbosa Filho, José Aparecido Pinheiro, José Eduardo de Almeida, José Eduardo Pereira, José Pedro Peres da Silva, Luís Primon de Araújo, Mário César Levy, Massanobu Shimabukuro, Maurício Biella Valle, Roberto Tadashi Seguchi, Rodolfo Donizetti de Oliveira, Sidney Aparecido de Moraes, Walter Pereira Júnior. Um monumento aos mortos foi construído nos amplos jardins do Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB), localizado no CTA, em São José dos Campos.

A investigação oficial do acidente concluiu que o incêndio da plataforma foi causado pela ignição antecipada de um dos propulsores do foguete, mas não indica exatamente o que provocou esta ignição. Textualmente, o relatório da investigação afirma que, “não foi identificada nenhuma falha ativa, ou seja, provocada por erro ou violação acidental ou intencional que tenham gerado resultados imediatos, dando início ao incêndio”. Apontou também o relatório para problemas de ordem material tais como cabos elétricos sem blindagem na torre de lançamento e a falta de dispositivos mecânicos de segurança para controlar os mecanismos de acionamento dos motores do foguete.

Um relatório elaborado por uma comissão externa e independente, mostrou que havia no local da explosão no CLA um “ambiente de descuido” e também que o órgão responsável pelo lançamento do protótipo do VLS, tinha “uma cultura de segurança pouco sedimentada”.

O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) anunciaram, em audiência pública realizada no Senado Federal em 16 de fevereiro de 2016, o fim do Projeto Veículo Lançador de Satélite-1.

Em seguida, em uma reunião ocorrida no dia 29 de fevereiro de 2016 no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), ficou implícito o fim do projeto VLS-1, sendo a prioridade deslocada para o VLM-1. Os componentes e subsistemas pertencentes ao VLS-1 poderiam ser utilizados no foguete de sondagem VS-43.

NOTA DA REDAÇÃO: Clique aqui para baixar o relatório final do acidente.

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Willber Rodrigues

“(…) Apontou também o relatório para problemas de ordem material tais como cabos elétricos sem blindagem na torre de lançamento e a falta de dispositivos mecânicos de segurança para controlar os mecanismos de acionamento dos motores do foguete. Um relatório elaborado por uma comissão externa e independente, mostrou que havia no local da explosão no CLA um “ambiente de descuido” e também que o órgão responsável pelo lançamento do protótipo do VLS, tinha “uma cultura de segurança pouco sedimentada”.” Pra galera que acredita em teoria conspiratória de “sabotagem externa”, quem precisa de sabotagem externa quando se tem isso? Só lamento… Read more »

Maurício.

“quem precisa de sabotagem externa quando se tem isso?” Só uns pequenos detalhes… Todo mundo sabe dos erros do próprio Brasil nesse acidente, alguns até relatados na matéria, ou seja, o principal erro é nosso. E depois erramos em tentar uma parceria com a Ucrânia, que de acordo com documentos do Wikileaks, aceitava pressão americana para não transferência de tecnologia, ou seja, fomos buscar uma parceria em um país que aceitava pressão externa. Mas, tem também o alto número de estrangeiros, principalmente americanos hospedados em hotéis de São Luís na época do acidente, e as bóias francesas. Esses fatos, no… Read more »

Underground

Os ucranianos utilizavam componentes americanos, os quais, para ter acesso, assinaram acordo de uso específico dos foguetes. O Brasil não foi signatário do acordo, assim havia restrições de transferência tecnológica.

Maurício.

O Cyclone 4 tinha tecnologia americana? E se tinha, qual a porcentagem dessa tecnologia? No demais, se realmente o Cyclone tinha tecnologia americana, é apenas mais um erro do Brasil, afinal, é notório que os EUA nunca gostaram do programa espacial brasileiro. Alguns trechos do Wikileaks: “não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil.” Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil.” Ou seja, o Brasil não tem que depender… Read more »

Ciclope

E isso não foi visto por nenhum dos lados durante a negociação Ou foi omitido por uma das partes?
Fato é que pagamos e não recebemos nem o produto e nem o dinheiro de volta da Ucrânia.

sub urbano

Os ucranianos utilizavam componentes americanos

cumá? kkkk

Carlos Crispim

Exatamente. O Brasil ainda é considerado pirata de tecnologia ocidental, então por que os que criticam os EUA não pedem para o Brasil roubar tecnologia da Rússia? Ou melhor, o que a Rússia nos deu de tecnologia até hoje? NADA.

EDUARTE

Controle inercial de guiagem e inserção orbital!

Nativo

E foi feito algum pedido a Rússia? Os indianos e chineses se pediram ok se só copiaram mais ok ainda e hoje o nível técnico espacial deles é muito superior ao nosso.

Diego Lima

Lembro da polêmica na época, chamaram técnicos russos e chineses para fazer as pericias nos destroços porque diziam que foi sabotagem dos EUA. A conclusão foi que o acidente foi em decorrência da incompetência e negligência do brasileiro mesmo, é vergonhoso, mas é a verdade!
A música “Inútil” do Ultrage a Rigor sempre vai ser o hino do brasileiro.

Willber Rodrigues

Ou seja, até os chineses e russos constataram que a culpa foi, única e exclusivamente nossa.
Nosso programa espacial ( em minúsculo mesmo ) recebe menos verba que o gasto da Space-X em cafézinho pra estagiário, vocês esperavam o quê?

Carlos Crispim

Se o governo não gastasse tanto dinheiro na folha de pagamento e nas dezenas de estatais INÚTEIS, teria dinheiro sobrando, mas…

Charle

Isso também vale para os gastos com militares? Afinal de contas, eles também são estatais. Quem sustenta as forças é o Estado, através da arrecadação de impostos…

Underground

Mas como, Crispim?!
Você é mais um desses libertários que quer ver a população em situação melhor? Não! Precisamos manter nossas estatais deficitárias sustentar a Corte brasileira, garantir aposentadorias perpétuas….
Acaba aqui o modo irônico.

EDUARTE

esperávamos competência dos militares

Machado

Isso é ilusão. Kkkkkkk Tem muitos incompetentes nas Forças Armadas. Se vc pudesse ver as coisas no AMRJ. Enfim

Richard Stallman

(…A conclusão foi que o acidente foi em decorrência da incompetência…).
Não não foi:
(…mas não indica exatamente o que provocou esta ignição…)
Se não sabe o que causou a ignição todo o resto é irrelevante. O mínimo o relatório não diz.

EDUARTE

VLS tinha um histórico nos lançamentos de falha de ignição dos motores, ou seja sempre que subia, um sempre falhava, no VO 01, falhou um dos boosters, no VO 02 falhou o acionamento do segundo estágio, e um booster ficou preso ao segundo estágio, causando um movimento em espiral e teledestruição, ou seja, os motores eram de difícil ignição o que gerou especulação de acionamento espontâneo justamente dentro da torre de lançamento.

SmokingSnake 🐍

Pela teoria da conspiração da esquerda, um agente da CIA entrou lá, ligou o foguete e se matou junto.

Charle

Ou ligou remotamente. Por mais que possa ter havido falha técnica, a grande quantidade de norte-americanos na região à época do incidente até hoje não foi bem explicada. Será que era turismo que o que faziam?

Carlos Crispim

Vergonha no débito e no crédito. ,mas não critico a escolha da Ucrânia, eles são bons em tecnologia aeroespacial sim, vide os aviões que eles fazem que são usados até pela Rússia.

leonidas

A MECB é a cara do tamanho da nossa seriedade enquanto nação.
Não importa o regime, seja militar, civil, de direita ou esquerda inexiste compromisso com a soberania nacional.
Não é a toa que hoje estamos passando o pires lá fora em busca de “recursos” para salvar o meio ambiente.
Nesse estado absolutista brasileiro onde os primeiros e segundos estados são a classe politica e jurídica/assemelhados jamais haverá democracia ou uma nação que consiga andas sobre as suas próprias pernas.
A tragédia disso tudo é que o tempo em que dava para correr atrás já esta por assim dizer encerrado…

Charle

Sim, o tempo passou. Teria que haver um projeto de nação totalmente novo.

Mas como você disse, as castas dominantes das alas políticas, empresariais, jurídicas e militares jamais irão “largar o osso” para remexer o lodaçal em que se encontra a nação.

Dividir do patrimônio público com quem nada tem ou pelo menos distribuir equitativamente é um sonho não realizável no Brasil.

E dá-lhe filhas de militares “solteiras” aos 100 anos de idade com direito a pensão integral e outros benefícios mais.

Marcelo M

Nenhum programa espacial no mundo se sedimentou sem erros ou tragédias. É demasiadamente arriscado. O maior problema é a falta de pensamento a longo prazo e continuidade. Faltou isso, ao invés de buscar o caminho “mais fácil” de uma parceria internacional, que acabou por afundar os sonhos brasileiros pelo espaço.

Leandro Costa

A falta de continuidade infelizmente é parte da cultura Brasileira. Não há pensamento de longo prazo em absolutamente nada. Caso tivéssemos insistido no projeto, talvez hoje estivéssemos lançando nossos satélites e estaríamos mais avançados em tecnologia autóctone em um monte de áreas.

Mas não… projeto que explode não é boa propaganda para político, então vai pro lixo.

Renato

O limite temporal de pensamento dos nossos governantes se estende a dois anos, da metade de seus respectivos mandatos até a próxima eleição.
E não espere que nessa “linha de pensamento” haja projetos em prol do Brasil..

bit_lascado

Nessas horas podiam fazer como os programas sociais do governo, muda o mandatário, muda-se o nome e vende-se como algo novo.

Henrique

sim, e ninguém disse que programa espacial seria simples. todo programa matou gente e explodiu coisas …

problema maior são dois pontos: pais explodir todo mundo e simplesmente abandonar o negocio fazendo aquele pessoal praticamente morrer de graça (que é a falta de continuidade)

e o outro é brasileiro achar que se não for perfeito em tudo então não tem que fazer… Brasil nunca colocou nada em orbita e mesmo assim o BR quer um Sea Dragon no primeiro lançamento. BR adora desistir de tudo podia desistir de ser um pais fracassado

Renato B.

Sim, eu também acho que foi um erro ter desistido. Eu inclusive ligaria essa falta de cultura de seguranças às incertezas orçamentárias.

Sulamericano

Caro Marcelo,
Nós brasileiros nunca aprendemos que não existe nenhum atalho para acumular conhecimento e desenvolver tecnologia.
Só existe um caminho e ele é longo e árduo.

Tem que investir em educação, formação de profissionais, em pesquisa e desenvolvimento de uma série de tecnologias e áreas de conhecimentos.

Realmente nenhum programa espacial escapou de alguma tragédia, mas a nossa deve ter sido a pior de todas, pois a lamentável morte dos 21 engenheiros também trouxe a perda de capital intelectual que esse projeto tinha e foi a pá de cal no programa espacial brasileiro.

Heli

Infelizmente, para o Brasil, o trem já passou. Já era. Perdemos essa oportunidade enquanto outros como China e India (e Spacex) seguiram com seus programas e colherão sua fatia da exploração espacial. O VLS era um foguete limitado em termos de carga, porem, era um começo.

Pedro

20 anos é tempo demais!

O mundo mudou completamente em 20 anos. E nós não saímos do lugar no que se refere a espaço.

bit_lascado

Saímos do lugar sim, demos alguns, quiçá muitos, passos atrás no nosso programa espacial.

LucianoSR71

“…cabos elétricos sem blindagem na torre de lançamento…” só isso já seria um enorme absurdo, nenhuma planta industrial que trabalhe com produtos inflamáveis, nas chamadas áreas classificadas, pode ter cabos que não tenham blindagem, pois esta evita que haja indução elétrica que poderia levar a um aumento da tensão potencializando arcos elétricos em situações de mau contato, levando a geração de faíscas ou por aumento da temperatura, a queima de materiais como revestimento do cabo, conectores plásticos, etc fechando o ‘triângulo do fogo’ uma vez que os outros 2 elementos já estão presentes: combustível e O2. O fato dos propulsores… Read more »

DanielJr

É um programa do governo, obvio que não vai funcionar. Uma ponte que não passa de uma placa de concreto e asfalto apoiada em 4 pilares de concreto geralmente é construída com problemas ou erros de variados tipos, imagine um foguete de vários estágios.

EduardoSP

Não é só governo não. As concessionárias privadas de rodovias também tem muita dificuldade em construir uma estrada com asfalto decente. As empresas de telefonia então, nem se fala. Tentar resolver um problema com a Claro, Vivo etc. é um calvário demorado e custoso.

DanielJr

Você tem razão, mas eu geralmente não ligo muito para empresas privadas em que eu posso não comprar delas. O meu problema com o governo é que eu sou obrigado a pagar para manter sua ineficiência.

Renato B.

Num capitalismo cartelizado e cheio de subsídios para empresas privadas como o brasileiro você paga do mesmo jeito.

Charle

Ué??? Mas não são as engenharias e outras ciências exatas tão exaltadas como suprasumo da ciência posta em prática, do racionalismo e da precisão com os cálculos? Das pessas mais inteligentes e capazes? O que ocorre, então?

EDUARTE

Não foi isso, ele foi acionado de uma forma que não estava prevista, tanto é que a torre hj, possui uma espécie de gaiola para proteger, sinais externos

LucianoSR71

Amigo vc não leu direito o que escrevi, eu disse que só por esse ponto (algo tão básico como cabo blindado ser obrigatório em áreas explosivas) já mostra como as coisas estavam absurdamente erradas, estando presente várias condições p/ que um acidente ocorresse, não disse que essa foi a causa, entendeu agora?

glasquis7

Qualquer esforço pra se aceder a novas tecnologias é louvável.

Não se pode condenar por isso.

Já os erros na parte de segurança, Uma questão protocolar e que neste caso não foi observada, Isso sim é condenável.

Toda carreira espacial tem um histórico de acidentes, alguns deles muito trágicos mas, este acidente significou praticamente, o encerramento da carreira espacial Brasileira.

Agora tem que recomeçar.

BraZil

Bom dia a todos. Acredito sim em sabotagem, não só neste caso, em muitos outros ao longo dos últimos 50 anos, em que nos aventuramos a desenvolver certas capacidades “que não são para nós” ou “das quais não precisamos”, vide as declarações recentes de um Congressista dos EUA, quando anunciamos interesse no javelin, só para citar um exemplo. Já tivemos cientista (militar) morto por agentes estrangeiros, em solo nacional, para citar outro. É ingenuidade descartar essa possibilidade (de sabotagem). Nosso senhorio, mestre e capataz está sempre atento a puxar nossa rédea…

Leandro Costa

Não faz sentido. Se todas as salvaguardas estivessem implementadas, se todas as regras e protocolos tivessem sido cumpridos, a explosão ou não teria ocorrido, ou não teríamos incorrido nas perdas humanas que tivemos.

O maior sabotador dos sonhos e aspirações do Brasil é o próprio Brasileiro. Quer prova disso? O programa espacial Brasileiro não foi adiante.

Sabe quantas falhas, explosões e mortes o programa espacial Americano e Soviético tiveram? Isso os deteu? Aprenderam com seus erros e continuaram em frente até os dias de hoje.

Henrique

sabotador entrou na base e descascou todos os fios da parte elétrica, depois sabotou todas a infro de emergência depois sabotou o orçamento pra comprar novas medidas de segurança e depois sabotou as pessoas por brainwash pra elas não verem que ta tudo sabotado…

Brasil foi sabotado pelo próprio Deus da Sabotagem, ele mesmo.

Magaren

Se tinha sabotador eles tiveram pouco trabalho devido ao tamanho amadorismo brasileiro.

DanielJr

O sabotador deve ter entrado na torre de lançamento e consertado várias coisas pra não ficar muito feio para o próprio Brasil nas investigações posteriores.

Marcelo

O VLS explodiu em solo, o Foguete VS-40 com Sara suborbital (satélite de reentrada atmosferica) explodiu em solo.
É muita coincidências que projetos (estratégicos) dessa envergadura explodindo em solo nao tenha a mao de estrangeiros.

LucianoSR71

O acidente que matou queimados 3 astronautas da Apollo 1 acontaceu onde? Em terra, não no espaço, e a culpa não foi imputada a URSS, foi investigado e se levantou várias falhas graves de concepção da cápsula e falhas de segurança. Entre investigação, reprojeto e mudança de medidas p/ aumentar a segurança demorou 20 meses até que se tivesse uma missão tripulada na Apollo.

Rodolfo

Esses sabotadores estrangeiros esqueceram de sabotar o lançamento do Irã em 2020 e 2022

Charle

Mas lá a capacidade de contra-espionagem e vigilância está a luz de distância desse país da América do Sul. O que quer que realmente tenha acontecido, houve facilidades…

Gabriel

O estadão está fazendo um podcast além de uma série de matérias para elucidar a tragédia em Alcântara, já possuiu dois episódios do podcast e estão excelentes. Além do relatório já divulgado eles analisaram documentos que não foram pra imprensa, entrevistas e acesso a acervo pessoal.

Pedro

Perfeito exemplo do que são as FFAA.

deadeye

Alternativamente, alguém sabe quando o VLM-1 será lançado? o último teste foi em 2021…

L G1

Top secret. Top secret. Informações não oficial dizem que tinham vários americanos e franceses em comunidades próximas do local no Brasil,antes do ocorrido. Top secret. Top secret.

DanielJr

Foi bem aí que eu larguei mão de acreditar nos famosos “projetos estratégicos da nação”. Estava tudo lá, bastava reconstruir a torre de lançamento e achar outra mão de obra, mesmo que estrangeira e continuar o programa. Em vez disso enterraram tudo e hj tudo aquilo é uma estação de retransmissão de rádio e lançador de maquetes.

PS. Foi nessa época que o diplomata brasileiro morreu no Iraque, lembro que foi 1 KC-137 apoiar cada evento (ou o mesmo foi nos dois lugares, algo assim.)

Frederick

A continuidade foi dada através do acordo com a Agência Espacial Estatal da Ucrânia. Nossa parte foi reconstruir o CLA. Foi reconstruído. A parte deles foi desenvolver o programa Cyclone. Não foi feito. Em 2015 o acordo foi cancelado. Voltamos a realizar lançamentos no CLA – e não são maquetes.

Sérgio Vieira de Melo não faria parte do corpo diplomático brasileiro .Era alto funcionário da UNU, sem qualquer vínculo com o Ministério das Relações Exteriores.

DanielJr

diplomata brasileiro no sentido de ele ser nascido aqui no Brasil, ser brasileiro. Ele trabalhava para o ONU na época, você está certo.

Rogerio Schneider

À revelia do que aconteceu o fato é que o Brasil se acovardou e não fez a lição de casa. Está deitado eternamente no berço esplêndido do atraso. Programas espaciais existem em vários outros países como EUA, Russia, UAE, China Israel, França, Ucrânia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Ìndia, Japão… Enquanto isto, os brazucas só fazem alguma coisa com transferência de tecnologia. Chama-se a isso uma elite acomodada que não tem vergonha na cara.

DanielJr

O que a elite tem a ver com o programa de foguetes do governo? Não era só a Dilma (ou lula) ter continuado o programa? Eu me lembro vagamente de pedirem US$ 500 milhões para a reconstrução de tudo e a contratação de nova mão de obra, acho que nem responderam a mensagem da FAB/AEB.

Rodolfo

Pior que desde a explosão do VLS em 2003, Irã e Coréia do Sul já lançaram satélites com seus próprios lançadores e Coréia do Norte vai tentar de novo logo. Nigéria também tem um programa espacial… não duvido que até eles nos ultrapassem. A grande verdade é que hoje talvez tenha perdido o sentido de ter um programa de lançadores nacionais com o custo de lançamento da spacex tão baixo. E com o Falcon 9 reutilizável podendo ser lançado diversas vezes e o custo do combustível sendo irrisório se comparado ao do foguete, a vantagem de lançamentos próximos do equador… Read more »

Dr. Mundico

Segundo relatórios e testemunhos da época, reinava um clima de amadorismo no local, sendo negligenciadas as mais elementares noções de segurança e de procedimentos organizacionais. Ao que parece, não eram seguidos padrões de integridade, determinando uma ausência de métodos e hábitos de segurança. Infelizmente esse tipo de comportamento iria se repetir em 2012, no incêndio da estação Comandante Ferraz na Antartida, quando foi comprovada negligência operacional que causou a destruição total da estação e morte de dois ocupantes. O que nos leva a concluir que nossos meios científicos padecem de uma indisciplina organizacional e de um nefasta desídia, onde normas… Read more »

Frederick

Conheço muito bem os documentos investigativos desse acidente, bem como muitas de suas vítimas. Não havia amadores e muito menos negligentes envolvidos no programa. Não há fundamento algum, em nenhum lugar, que aponte o contrário. Amintas Rocha Brito, Antonio Sergio Cezarini, Carlos Alberto Pedrini, Cesar Augusto Costalonga Varejão, Daniel Faria Gonçalves, Eliseu Reinaldo Moraes Vieira, Gil Cesar Baptista Marques, Gines Ananias Garcia, Jonas Barbosa Filho, José Aparecido Pinheiro, José Eduardo de Almeida, José Eduardo Pereira II, José Pedro Claro Peres da Silva, Luis Primon de Araújo, Mario Cesar de Freitas Levy, Massanobu Shimabukuro, Mauricio Biella de Souza Valle, Roberto Tadashi… Read more »

Dr. Mundico

Por favor releia com mais atenção meu comentário.
Em nenhum momento me refiro a competência e dedicação dos profissionais vitimados, mas sim a negligência aos procedimentos de segurança que foram comprovados em inquérito.
Relatórios oficiais afirmam que houve negligência e pouco apreço a condutas/normas de segurança.
Não são teorias nem sofismas. São, infelizmente, fatos.

Frederick

As palavras fortes em “Segundo relatórios e testemunhos da época, reinava um clima de amadorismo no local, sendo negligenciadas as mais elementares noções de segurança e de procedimentos organizacionais.” e “O que nos leva a concluir que nossos meios científicos padecem de uma indisciplina organizacional e de um nefasta desídia” me levaram a entender o que entendi. Se não era o que quis escrever, relerei com maior esforço e no espírito que sugere, sem dúvidas. Sobre os fatos; nem o relatório do COMAER nem os independentes apontaram negligência. Muito menos apontam que o trânsito na área da Torre foi fator… Read more »

LucianoSR71

Outra coisa absurda é ter 21 engenheiros e técnicos na plataforma de lançamento de um foguete c/ vários motores de combustível sólido, ou seja que estão prontos p/ ignitar, bastando apenas uma fonte de energia p/ isso acontecer, demonstra um desconhecer os riscos envolvidos que chega a ser surreal, parece que a crença que nada de ruim vai ocorrer venceu a racionalidade. De certa forma a situação lembra o acidente do submarino que visitava o naufrágio do Titanic, as pessoas de fora viam o absurdo, o perigo, mas os envolvidos pareciam cegos ou não queriam enxergar. Triste, muito triste.

Frederick

Tarefas sensíveis foram desempenhadas, concomitantemente, com outras de menor risco. A gestão desses trabalhos poderia ter sido melhor planejada sim. Num acaso de o acidente ser inevitável, salvaria mais vidas, pelo menos.

LucianoSR71

Lembro de já ter lido que as normas de segurança limitavam ao máximo de 6 pessoas na torre, tinham 21! E isso já c/ os ignitores instalados, que deveria ser a última coisa a ser feita. Não tem anjo da guarda que dê conta do recado quando quando tantos resolvem se dirigir ao precipício em alta velocidade. É inacreditável o que ocorreu.

Frederick

Não lembro se a norma de segurança determinava o número de técnicos, mas acho difícil pensar em quantidade sem saber a natureza da atividade técnica. Tenho a impressão de que o número não era expresso. Também não me recordo quantos membros eram necessários para cada etapa de trabalho na São Luiz.

LucianoSR71

Demorei, mas encontrei um artigo que relata isso no Brazilian Space, como não sei se o pitbull vai deixar passar o link segue o trecho:
“Apesar de extenso e detalhista, o relatório não explica porque havia tantos funcionários trabalhando na Torre Móvel de Integração (TMI) no momento do acidente, quando as normas de segurança determinavam que o número máximo deveria ser seis.”

Frederick

Ótimo, Luciano. Agradeço-o pela info!

LucianoSR71

Tentei lhe responder, mas o comentário ficou retido.

AVISO DOS EDITORES: O COMENTÁRIO JÁ FOI LIBERADO.

LucianoSR71

Obrigado.

Rinaldo Nery

Nesse ano eu era o S-3 do 2°/6°. Um E-99 estava operando lá em missão de Reconhecimento Eletrônico. Eu estava de sobreaviso e fui acionado para encontrar um navio norte americano (civil) que estava próximo à nossa costa. Supeitava-se que interferia nas frequência (VHF) de controle do VLS. O último contato foi a 84 NM de Natal, por um P-95 do 1°/7°. Eu decolei de Anápolis ao fim da tarde com um R-99, direto pra esse ponto. Por meio de Rec Eletrônico e do OIS encontramos o navio no través de Parnaíba, por volta das 21:00h. Recolhi em Fortaleza e… Read more »

DanielJr

Nessa época muito se falava nesses barcos, americanos, russos, franceses, até a própria estação de lançamento na guiana francesa (diziam que havia antenas lá que tentavam capturar dados de telemetria). Depois apareceu em alguns jornais as famosas boias de pesca adaptadas.

É uma história recheada de detalhes.

Frederick

Desconheço a presença de tais navios.
Kourou sempre monitorou nossos lançamentos e nós os deles, através de acordos de cooperação técnica. Sem mistério.

DanielJr

Dias antes do acidente já se tinha toda essa temática de espionagem, reportagens em grandes jornais e relatos de internet. “gringos” andando pela região, navios espiões etc. As fotos das boias encontradas na praia saíram em um jornal grande, tipo folha de SP ou Estadão. Os Fóruns de discussão sobre o assunto pipocavam kkkkkk.

Frederick

Muito comum explorarem nesse nível o assunto. Normal. Mas vejo pouquíssima aderência com a realidade.

LucianoSR71

Cel. Nery, o sr. relata uma missão de reconhecimento eletrônico, por isso gostaria aproveitar seu conhecimento e tirar uma dúvida: muitos que defendem que foi sabotagem, falam que foi feito ataque eletromagnético vindo de alguma potência (EUA, França, etc.), mas supondo que fosse vindo de navio como esse, uma poderosa onda eletromagnética que vencesse quilômetros de distância (nem sei se isso é possível vindo do mar, talvez se viesse de cima fosse mais plausível) até chegar na Base de Lançamento não deixaria um ‘rastro’ de forte interferência em um grande raio em torno da fonte emissora? Não vi em nenhum… Read more »

Rinaldo Nery

Minha missão foi na noite anterior. Não me recordo se o E-99 operando em São Luiz captou algo proveniente desse navio. Acho que não, pois todos os relatórios pós missão passaram pelas minhas mãos.

LucianoSR71

Na verdade a minha pergunta é se o sr. acha possível essa situação que descrevi, pela distância, pela fonte estar ao nível do mar e conseguir uma atuação forte o suficiente p/ causar a ignição, sem que se detectasse essa intensa onda, que para mim acabaria causando danos em muitos equipamentos sensíveis da Base, não apenas atuaria no foguete.

Frederick

Esse “poderosa onda” afetaria diversos outros sistemas e não há qualquer prova de que isso tenha ocorrido. Ademais, somente um ignitor acionou precocemente. Tal carga, precisa em milimetros, vinda de quilômetros de distância, afetando nenhum outro sistema salvo o de ignição do VLS, sem qualquer leitura nos instrumentos instalados no CLA que medem precisamente as cargas magnéticas da região, teria acionado todos os ignitores simultaneamente. Não é uma teoria plausível.

Também não há indícios de que o número de técnicos na torre foi determinante para o acidente. Foi seguramente determinante para o número de vítimas que poderiam ser poupadas.

LucianoSR71

Essa é minha opinião também, mas gostaria de saber a opinião de alguém c/ muito mais conhecimento que eu, por isso perguntei ao Cel. Nery, temos que aproveitar oportunidades como essa, concorda?

Frederick

Definitivamente.
E, por favor, não tome minha resposta como uma atravessada. Foi de boa vontade. Espero não ter lhe passado a impressão errada.

LucianoSR71

Fique tranquilo, abraço.

Rodrigo Maçolla

Pode nos contar mais Cel Nery sobre este caso?, Os sensores do E-99 seriam capazes de confirmar essa capacidade de interferência nas frequência (VHF) do referido navio.. Provavelmente foi tirado fotos deste navio não ? e de suas antenas?

Rinaldo Nery

Sim, seríamos capazes de verificar, sabendo as frequências de controle do VLS. Sim, o P-95 tirou várias fotos. Antes de decolar de Anápolis eu recebi uma foto.

Rodrigo Maçolla

obrigado pela resposta, Então penso que era possivelmente um Navio de Inteligência de alguma agência, porque não da CIA por exemplo, mais dizer que interferiram para causar um acidente é por de mais leviano.. Ainda mais com essa capacidade do E-99 de identificar a tal interferência. Uma pena esse desastre foi um dia muito triste para o Brasil e de enorme prejuízo para o futuro

Rinaldo Nery

Ninguém afirmou que interferiram pra causar qualquer acidente. Cuidado com as conclusões.

Rodolfo

Poderia haver sim barcos de outras nações monitorando o lançamento além das águas territoriais (22km da costa) o que seria perfeitamente legal dentro das leis internacionais. Os americanos monitoram todo tipo de lançamento de mísseis e foguetes até de nações aliadas, assim podem determinar a capacidade do artefato. Os americanos não auxiliaram os israelenses no desenvolvimento da família de lançadores jericho e com os mísseis cruzeiro Popeye turbo, mas observando lançamentos por exemplo determinaram que o Popeye turbo tem alcance de pelo menos 1000 milhas. Toda nação que se preze deveria saber sobre a capacidade militar das outras, mesmo que… Read more »

Rinaldo Nery

Não discordo. A informação sobre interferência era a que recebi antes de decolar. Se houvesse interferência iríamos descobrir. Mas era uma navio SIGINT, com certeza.

Charle

Mas o que o sr. diz sobre essa situação que acabou de relatar? Pessoalmente achou algo estranho na cadeia de eventos relacionada à essa embarcação?

Rinaldo Nery

É óbvio que era um navio SIGINT para monitorar (ou outra ação qualquer) o lançanento do VLS. Nenhum navio SIGINT de nenhum país vem pra nossa costa.

sub urbano

Hoteis e pousadinhas da região lotados de americanos no mesmo periodo. “solta um fusivelzinho lá my friend, só um, quantos zeros vc quer nesse cheque? …” naquele momento acabou o programa espacial brasileiro e nasceu um novo milionário kk. Lembram daquele cientista iraniano q fuzilaram o carro dele? No paquistao prenderam o chefe do programa nuclear. Ironicamente fizeram o mesmo com o brasil, almirante Othon.

Felipe

Pois é, e tem gente que não desconfia ainda dus americanu bonzinhu

Charle

Sim, há coisas estranhas nesse caso que não foram explicadas. A verdade deve estar com poucos… mas como alguém conseguiria desfrutar do que quer que seja com tantas pessoas indo a óbito?

Sei lá, mas na hipótese de isso realmente ter acontecido, fico a imaginar essa(s) pessoa(s) nas longas horas da noite já no fim de suas vidas.

Haverá contas a acertar. Nem que seja em outras paragens…

koppa

A decisão de construir um foguete com 4 estágios de combustível sólido para carregar satélites é algo cujas motivações até hoje não consigo compreender bem. Foguetes com a configuração do VLS são relativamente raros justamente porque além de mais estágios é mais difícil ter controle sobre o empuxo do foguete. Se o Brasil tinha ambições espaciais e se o VLS devia ser o ponto de partida para uma família de lançadores, então a decisão mais óbvia para mim seria empregar combustível líquido, uma tecnologia mais complexa mas que traria mais ganhos a longo prazo e mais razoável para a aplicação… Read more »

Nilton L Junior

Lamentável.

bit_lascado

O que mais me entristece nesse acidente é o abandono do projeto. Tempo, dinheiro gastos, vidas perdidas pra nada, em vez de aprendermos com os erros e prosseguirmos em frente.

EDUARTE

Existia um material, documento oficial, há alguns anos atrás, que estava exposto para baixar e ler referente ao relatório final do acidente, na época baixei, imprimi e li na integra, mas não me recordo onde eu o encontrei. mas digo que foi pesquisando na internet e achei algo oficial sobre este acidente. quem conseguir achar, recomendo que leia antes de falar qualquer tipos de especulação. uma coisa digo, tinha boi na linha! vou ver se na impressão que fiz há o endereço de onde baixei.

Charle

O que realmente significa “Boi na Linha”? Seria que a história contada ao grande público não corresponde bem a verdade?

Dragonov

Ainda acredito, que se tivessem continuado o foguete, ele teria grande Vália. Assim como os Sondas, que poderiam se transformar em mísseis fácil fácil

Luiz Machado

Pessoal, o Dr. Valdemar, ex pesquisador do IAE, considerado o maior especialista do Brasil em sistemas inerciais( ele foi o responsável por trazer “escondido” em sua bagagem a plataforma inercial russa destinada ao VLS em um voo comercial de Moscou para cá), criou um blog aonde conta detalhes do programa espacial.

https://memo-pesquisador.blogspot.com/

Frederick

O professor Waldemar é um gênio.
E genioso.

Sou um grande fã.

Renato B.

Triste, mas é uma atividade arriscada que demanda muito cuidado. A Apolo 1 terminou ainda nos teste com 3 astronautas mortos. A Soyuz 1 também matou seu cosmonauta. A perda de técnicos especializados foi um baque do qual o país não se recuperou.

Rogerio Schneider

A Índia pousou hoje (23 de agosto) o seu módulo espacial na lua. Quando as pessoas vão ter coragem de reconhecer que há algo muito errado com o atraso tecnológico brasileiro? Montanhas de dinheiro destinadas à manutenção de altos salários na máquina pública, enquanto educação, tecnologia e o povo agonizam e o país permanece no atraso.

Saldanha da Gama

” No creo en brujas, pero que las hay, las hay “

Charle

Prezado, o senhor acreditaria se eu lhe dissesse que também pensei nesse ditado?
Mas já que o sr. se expressou primeiro, deixo esse aqui: “Dentro desse angu tem caroço”

GRAXAIN

Para os vencedores, o fracasso não é o oposto do sucesso, é parte do sucesso. A FAB e a AEB são perdedores!!! “Só falha quem desiste.” – Albert Einstein

Bispo

20 anos se passaram e continuamos 20 anos atrasados na área … se bobear o Paraguai manda saudações da lua …😁