Produtos chineses também foram encontrados em caças F-16 e bombardeiros B-1B

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Depois de descobrir que componentes do caça F-35 foram fabricados na China, uma investigação do Pentágono descobriu materiais chineses em outros grandes sistemas armas dos EUA, incluindo o bombardeiro B-1B e certos modelos de caças Lockheed Martin F-16, informou o Departamento de Defesa dos EUA (US DoD).

Titânio extraído na China também pode ter sido usado para construir parte do novo míssil Standard-3 IIA, em desenvolvimento pela Raytheon com parceria japonesa disse um alto funcionário da Defesa dos EUA, que informou que os incidentes levantaram novas preocupações sobre os controles frouxos dos contratantes norte-americanos.

A legislação dos EUA proíbe que fabricantes de armas utilizem matérias-primas da China e uma série de outros países, em meio a preocupações de que a dependência de fornecedores estrangeiros poderia deixar os militares dos EUA vulneráveis ​​em algum conflito futuro.

O Pentágono investigou os incidentes em 2012 e em 2013, e dispensou leis que proíbem o uso de componentes produzidos na China depois de concluir que os materiais não-conformes não representavam riscos, disse a porta-voz do Departamento de Defesa Maureen Schumann à Reuters.

Frank Kendall, chefe do departamento de compras de armas do Pentágono, emitiu cinco dispensas após uma alteração na lei dos EUA em 2009, que ampliou as restrições em metais especiais para incluir magnetos de alta performance, disse Schumann. A mudança afetou o sistema de radar construído pela Northrop Grumman para o F-35, que utiliza uma série de magnetos de alta performance.

A Reuters informou em janeiro que o Pentágono permitiu que a Lockheed utilizasse magnetos de alta performance chineses para manter o programa do F-35 dentro do cronograma, mesmo que autoridades norte-americanas tenham expressado preocupação com espionagem da China e aumento do poderio militar do país asiático.

A outra envolve dispensas reservadas para o bombardeiro B-1, aviões de combate F-16 para o Egito, equipados com um sistema de radar específico, e o míssil SM-3 IIA, disse Schumann em resposta a uma consulta da Reuters.

O GAO (Government Accountability Office) dos EUA deve informar o Congresso em abril sobre a sua auditoria global da questão de metais especiais chineses empregados em sistemas de armas norte-americanas.

Magnetos de dois dólares

A China é o maior fornecedor de metais especiais e materiais necessários para construir magnetos de alta performance que funcionam até mesmo em temperaturas muito altas, embora assessores do Congresso dizem que progressos foram feitos no desenvolvimento de fontes alternativas nos Estados Unidos.

Kendall deu início a uma revisão mais ampla no Pentágono após a descoberta inicial com o F-35 relatada no final de 2012, mas em última instância concedeu as dispensas porque não havia nenhum risco envolvido com as partes, disse o ele.

Em alguns casos teria sido caro trocar equipamentos complexos como os magnetos de alta performance feitos com terras raras chinesas. Em outros casos as peças serão trocadas durante manutenção de rotina futura.

“Não vale a pena abrir um radar multimilionário para substituir magnetos de vinte dólares. Não houve risco técnico”, disse o funcionário, que acrescentou que a questão envolvia apenas matérias-primas. Não foram enviadas especificações de sistemas de armas foram para a China, disse o funcionário.

As dispensas para o F-35 incluem uma gama de equipamentos como os magnetos de alta performance de dois dólares usados nos radares de 115 caças F-35. A dispensa também envolveu magnetos de alta performance chineses para os bombardeiros B-1B e caças F-16, disse o funcionário.

Uma questão à parte envolvendo sensores térmicos construídos para o F-35 por uma subsidiária chinesa da Honeywell International não exigia uma dispensa formal porque envolveu uma unidade de uma empresa estabelecida nos EUA, disse o funcionário. A Honeywell agora fabrica esta peças em Michigan.

A Honeywell admitiu em janeiro que o Departamento de Justiça dos EUA está investigando os procedimentos de importação e exportação da empresa após o incidente.

‘Apenas desleixo’

Funcionários da Defesa dizem que os incidentes ressaltam a necessidade de uma maior vigilância sobre os fabricantes de armas e a sua cadeia de fornecedores para garantir que estejam em conformidade com as leis norte-americanas.

“É realmente apenas desleixo, francamente, quando isso acontece”, disse o funcionário do DoD. “Não basta dizer: ‘eu tenho certeza que não veio da China’, Isso não funciona para nós. Estamos à procura de documentos”.

Funcionários da Lockheed, Northrop, Boeing e Raytheon direcionaram todas as perguntas para o governo dos EUA. Sem as dispensas, as empresas poderiam ter enfrentado severas penas por violar as leis norte-americanas, em vez disso o Pentágono busca prováveis compensações por parte das empresas.

O funcionário da Defesa disse que as dispensas foram concedidas com a expectativa de que as empresas tivessem a intenção de reforçar os seus procedimentos de compra para refletir mudanças nas regras dos contratos.

“Não é um ‘passe livre’. Isso é algo em que deveríamos ser bons. Nós não devíamos ser pego desta maneira”, disse o oficial. “Centenas de regulamentos mudam anualmente e há todo um grupo de pessoas cujo trabalho é ter certeza de que elas (as mudanças) são devidamente implementadas nos contratos”.

Kendall iniciou uma revisão de todos os sistemas de programas de aeronaves da Lockheed após a Northrop Grumman, que constrói o radar de varredura eletrônica ativa (AESA) para o F-35, ter usado magnetos de alta performance japoneses não conformes.

A Agência de Gerenciamento de Contratos do Pentágono posteriormente ampliou sua análise para incluir produtos eletrônicos de alto desempenho em toda a indústria. “Nós olhamos muito duro e de forma sistemática para sinalizar estas (questões)”, disse o funcionário.

Um membro da indústria se recusou a estimar os custos envolvidos, mas disse que o departamento estava claramente tendo uma abordagem mais agressiva sobre os problemas da cadeia de suprimentos.

O Pentágono compartilhou o custo de tais incidentes no passado, mas autoridades dos EUA estavam insistindo que as empresas deveriam pagar pelo custo das retrofits com recursos próprios.

O caso dos mísseis SM-3 que Raytheon está desenvolvendo em conjunto com o Japão que possuem titânio produzido na China foi auto-relatado. Mas os mísseis foram produzidos para testes e os materiais chineses não seriam utilizados em quaisquer mísseis posteriores, disse o oficial de defesa.

FONTE: Reuters (tradução e adaptaçaõ do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

FOTO: USAF (meramente ilustrativa)

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Clésio Luiz

Do ponto de vista deles deve ser preocupante ter a China como fornecedor de matéria prima. Mudar o fornecedor para os lotes seguintes é uma coisa lógica, agora querer substituir componentes simples como imãs e parafusos já instalados nas aeronaves é ridículo. Se o componente obedece à especificação não há razão para tirá-lo de lá.

O único componente que poderia trazer preocupações para os americanos são determinados tipos de circuitos integrados e processadores (CPU), que numa remota possibilidade abririam as portas para interferência externa (hackear).

Aldo Ghisolfi

Dizer o quê? Estrategicamente é de rir…

Vader

A China Vermelha extrai 95% da produção mundial de terras raras. Pra eles é um imenso negócio.

Mas outros países como Brasil e EUA possuem imensas e quase inexploradas reservas. Enquanto os chineses esgotam as suas a preço baixo com exportação, outros países economizam tais recursos para uso futuro.

Sinceramente não vejo problemas em se adquirir magnetos chineses, por exemplo, desde que funcionem e tenham baixo custo. Os EUA não fazem seus próprios componentes do gênero porque não compensa: os chineses são muito mais baratos.

Baschera

Achei umas pecinhas ching-ling na minha HDTV também….

Sds.

Rafael M. F.

Os duendes dos aviões agora têm olhinhos puxados.