A polêmica continua na Suécia: avião russo espionou exercício no sábado

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Il-20 - imagem via Svenska DagbladeSegundo notícia na edição sueca do jornal The Local, no último sábado um avião de espionagem russo sobrevoou o pequeno trech0 de espaço aéreo entre as ilhas suecas de Öland e Gotland, no Mar Báltico. A origem da informação é o jornal Svenska Dagbladet (SvD), para o qual fontes militares disseram que a aeronave passou pelo estreito durante a realização de um grande exercício de treinamento militar envolvendo a Suécia, os Países Bálticos, Finlândia e Estados Unidos.

Algumas fontes militares, que não se identificaram, disseram ao jornal que caças Gripen decolaram para interceptar a aeronave, que o Svenska Dagbladet informou ser um Ilyushin Il-20. Outras disseram que foram aeronaves de outro país que acompanharam o avião russo, que permaneceu no limite das águas internacionais. Há também quem diga que os caças Gripen decolaram, porém tarde demais. Já oficialmente, os militares suecos não comentaram o incidente.

O exercício internacional em curso no final de semana envolvia 1.400 pessoas, e é focado em Comando e Controle (sem grandes movimentações de tropas e equipamentos), gerando uma grande quantidade de trocas de informações entre bases em Karlskrona, Enköping e Uppsala. Não é incomum que aeronaves SIGINT (Signals Intelligence) atuem no Báltico, mas a rota do avião-espião russo no Sábado não deixa dúvidas de que estaria espionando o exercício internacional.

Vale lembrar que o sobrevoo desse avião espião foi feito antes de vir à tona para a imprensa, na segunda-feira, o incidente da Páscoa, quando bombardeiros e caças russos se aproximaram da fronteira com a Suécia realizando simulações de ataque ao país, conforme divulgado pelo Svenska Dagbladet. Na ocasião, não houve acionamento de caças suecos para acompanhar a formação de aviões russos, tarefa que foi feita por caças dinamarqueses estacionados na Lituânia, a serviço da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Mapa ilhas Oland e Gotland - imagem via Svenska DagbladetHoje, a Comissão Parlamentar de Defesa e Relações Exteriores vai se reunir com autoridades das Forças Armadas para discutir o estado de prontidão da Suécia, devido à polêmica causada pelo incidente da Páscoa, ao qual se soma este do último sábado. A comissão é encabeçada pelo político de oposição Peter Hultqvist, social-democrata.

Os incidentes ocorrem em meio a um debate acalorado na Suécia, a respeito das Forças Armadas estarem ou não bem-equipadas ou recebendo recursos suficientes para defender o país em caso de ataque. O Comandante das Forças Armadas, Sverker Göransson, disse há alguns meses que a Suécia só conseguiria se defender de ataques pelo período de uma semana. O país, que não é um membro da OTAN, acompanha de perto o desenvolvimento militar da vizinha Rússia.

FONTES: The Local e Svenska Dagbladet (também imagens)

Compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês e sueco.

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Edgar

Chamar essa aeronave de espiã é uma ofensa ao legado deixado pelo SR-71. Garanto que os Blackbirds se reviraram nos pátios e hangares dos museus USA afora.

Meu cachorro detectaria essa aeronave a 200 km de distância num vôo de cruzeiro, o que me daria tempo de preparar meu SAB (Surface-to-Air Balloon) de hélio com meia dúzia de pregos pendurados, o suficiente para interceptar o Il-20.

Realmente, como disse o Soyuz em outro post, já passou da hora da Rússia melhorar qualitativamente sua Defesa. Hoje acredito que no mínimo 75% dos equipamentos estratégicos são resquícios dos tempos vermelhos.

Edgar

Interessante em Nunão, isto eu desconhecia. Para mim, os espiões aéreos deveriam ser, primeiramente, silenciosos e ocultos, uma vez que imaginava que a “espionagem aérea” só teria a modalidade de invasão ao espaço aéreo alheio sem convite para aquisição de informações. Uma pergunta: Neste tipo de aplicação SIGINT em espaço aéreo internacional, tendo como base a área de jurisdição de nossa costa, uma aeronave com configuração semelhante, sobrevoando nossa costa “colado” na linha internacional, conseguiria coletar que tipos de dados de inteligência a tal distância de alvos estratégicos? Seria este o caso apenas de regiões menores como o Báltico e… Read more »

Edgar

Nunão, neste exemplo do Atlântico Sul, seria o caso de se reforçar a aviação naval da Marinha ou é e sempre será jurisdição da própria FAB este tipo de patrulhamento/interceptação? Caso for jurisdição da Marinha, seria o caso de se criarem mais bases aeronavais em terra, por ex., em Salvador?

Baschera

Parece que os militares suecos aprenderam a jogar o jogo…..

Sds.

Nick

A Guerra-fria acabou faz tempo. E com ela o $$$ infinito para a Defesa. Mas a memória das guerras passadas ainda rondam por lá, e nada melhor que uma visita desses TU-22M para aumentar a $$ para as FAs Suecas.

[]’s

Alfredo Araujo

Mesma coisa q comparar um Super Tucano com um F-22…

Soyuz

Um exercício de comando e controle. Varias mensagem sendo trocadas. Frequências militares sendo utilizadas, técnicas de modulação, protocolos, doutrinas tudo ali sendo irradiado. Vocês acham que uma aeronave SIGINT poderia ficar de fora desta “festa”? : )

Bobinhos somos nós que quando os Tu-160 vieram a Venezuela e voaram mais de 6000 Km ao longo da costa Brasileira não colocamos os R-99 em pontos do litoral para dar uma “olhadinha” nos aviões russos.

Treinamento pura e simplesmente. Como uma partida amistosa. Bom para os dois lados.

Blind Man's Bluff

Não há nada de polemico na reportagem. Há décadas ambos os lados observam de perto os exercícios dos rivais; às vezes até perto demais.

ricardo_recife

Video simples, mas legal da Força Aérea da Suécia.

The Swedish Airforce Flying School

http://vimeo.com/62472017

Abs,

Ricardo

champs

Fernando “Nunão” De Martini disse: 25 de abril de 2013 às 17:02 Penso muito parecido Nunão. Pra quem não tem condições de ter grandes quantidades de caças a lógica deveria ser essa, no mínimo ter um esquadrão multifuncional em cada Cindacta com elementos desdobrados em suas respectivas áreas de cobertura. Natal deveria ter um esquadrão de caça, pela localização estratégica e para cobrir o Cindacta III, desdobrando um elemento em Salvador. O Esquadrão Pacau deveria ter no mínimo 18 aeronaves para poder desdobrar elementos em Boa Vista e Porto Velho, e 36 se quisesse também um elemento em Eirunepé e… Read more »

Rafael M. F.

Fernando “Nunão” De Martini disse: 25 de abril de 2013 às 18:56 “E, no caso do Brasil, há exemplos das duas situações, como a chamada Esquadra de 1910, que mesmo pequena quando comparada às das grandes potências era muita coisa para nossa capacidade econômica e política real (e acabou sendo mal-mantida pela falta de infraestrutura e até de pessoal).” Para se ter uma idéia do surreal da situação, é só lembrar que os encouraçados foram comprados primeiro e a doca para acomodá-los só foi ser construída depois… O link abaixo é um relatório do Almirante Alexandrino apresentado ao presidente Venceslau… Read more »

Rafael M. F.

Fernando,

A aula magna foi em 1906.

Em 1915 foi apenas o relatório anual.

Sugestão: O relatório valeria um post em separado no PN, pela riqueza de detalhes.

Rafael M. F.

Sem querer me estender para não fugir do tema principal, mas essa do contrato para a Baía da Ilha Grande eu desconhecia.

Rafael M. F.

“Para voltar ao tema, poderíamos novamente voltar a discutir a passagem de aviões-espiões de outros países pelo Brasil. Além dos relatos no Sul, há também relatos interessantes no Norte do País.”

Não houve um Tu-144 que andou dando uns passeios na fronteira com a Venezuela?

Rafael M. F.

(…) sempre lembrando que o Brasil e suas potencialidades eram muito diferentes no início do século XX, colocando em todo esse caldo a linha seguida por Rio Branco nas Relações Exteriores, os rearmamentos navais de Argentina e Chile, a busca de uma relação mais próxima aos EUA para contrapor o peso da Europa (lembrar das Conferências Panamericanas promovidas pelos EUA à época) e um monte de outras coisas. Só para finalizar o assunto, algumas leituras interessantes: – “Comércio e Canhoneiras – Brasil e Estados Unidos na Era dos Impérios (1889-97)” – Steven C. Topik (Ed. Cia. das Letras) – “Política… Read more »

Wagner

A história ta meio confusa, nem sabem direito se os Gripens decolaram ou não.

Se não, estarei decepcionado com os suecos. Devem estar fingindo para angariar verba do Parlamento , chamado localmente de RVIKINGANKJGUURVÄÄRGENOORDLAAMM kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk !!!

🙂