JDAM e SDB para o Super Tucano atacar a concorrência, via Boeing

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A partir de acordo com a Boeing, Super Tucano passa a ser oferecido no mercado internacional com equipamentos de tecnologia avançada – integração amplia proposta apresentada à Força Aérea americana em negócio envolvendo 20 aeronaves destinadas à aviação do Afeganistão

Roberto Godoy

O caça de ataque leve Super Tucano, da Embraer, vai receber sistemas de armas de avançada tecnologia da Boeing Defesa, Espaço e Segurança. A empresa americana fornecerá equipamentos de ponta como o Joint Direct Attack Munition (JDAM), espécie de kit que transforma bombas ‘burras’ em versões ‘inteligentes’, para ataques de precisão.

Cotado a US$ 25 mil a unidade, o conjunto será acompanhado do JDAM Laser, um acessório que permite expandir o raio de ação e reduzir a margem de erro. O pacote inclui as Small Diameter Bombs (SDB), modelos menores, mais leves, de última geração. Sem perda de poder de destruição, mas com maior alcance: 50 a 110 quilômetros. Cada uma sai por US$ 40 mil.

O acordo de parceria será formalizado hoje, no Salão Aeronáutico de Farnborough, nos arredores de Londres. A Boeing foi selecionada pela Embraer para participar do plano destinado a adicionar novas capacidades ao turboélice A-29 Super Tucano. Os recursos passarão a ser oferecidos em todas as ações de vendas internacionais do avião.

Ontem à noite, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, destacou que a integração de sistemas vai influenciar a disputa para fornecimento de 20 aviões da classe do A-29, no valor de US$ 599 milhões, para a Força Aérea dos Estados Unidos, que os repassará à aviação do Afeganistão. A empresa brasileira venceu a disputa do programa da aeronave de Suporte Aéreo Leve, (LAS, na sigla em inglês) em dezembro de 2011. Finalista derrotada, a Hawker Beechcraft, iniciou um processo judicial contestando o resultado.

Em fevereiro, antes da decisão da Justiça, a aviação dos EUA decidiu cancelar o contrato. Houve grande repercussão negativa. Pouco depois, um novo procedimento foi iniciado habilitando as duas corporações, solicitando novas informações.

O produto da Hawker ainda está em desenvolvimento e não se enquadra nos requisitos da LAS. O Super Tucano é usado por forças de sete países e acumula pouco mais de 130 mil horas de voo, das quais cerca de 18,5 mil cumprindo missões de combate. Toda a frota em atividade soma 150 turboélices de ataque e treino. A decisão do Pentágono só será conhecida no final do ano.

Para Donna Hrinak, presidente da Boeing do Brasil, o acordo “é uma consequência natural do bom relacionamento entre as empresas – quando falamos com a Embraer é como se falássemos com nós mesmos”. Hrinak, a ex-embaixadora dos EUA no Brasil, a cooperação evidência o efeito do compromisso bilateral no setor da Defesa assinado em 2010. “A visita do secretário de Defesa Leon Panetta ao País confirmou essa posição favorável”, disse.

Justiça. Nos EUA, a Sierra Nevada, associada da Embraer no programa LAS, foi à Justiça, para receber “explicações e justificativas pela rescisão do contrato, pela reabertura da concorrência e sobretudo pela readmissão de nossa concorrente no pleito”.

Taco Gilbert, vice-presidente da empresa, sustenta a necessidade de “litígio transparente, e leal, em que as condições sejam iguais e que escolha o melhor, como exige a proposta”. Ele revela preocupação: “com base em informações de que dispomos, tememos que esta licitação não atenda aos objetivos”. Sierra Nevada e Embraer vão produzir o A-29 localmente, na Flórida.

FONTE: Estadão

IMAGENS DO MEIO: Boeing (bombas JDAM e  SDB)

NOTA DO EDITOR: o título e o subtítulo originais foram mudados para enfatizar, para o leitor do Poder Aéreo, os armamentos referidos no texto da matéria do Estadão

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marciomacedo

E ainda há quem diga que o Super Hornet não está mais próximo de nós. Talvez esta parceria foi firmada porque a adoção do caça da Boeing já foi decidida.

Observador

Hummmmm…

Coitada da Hawker. Virou uma pedra no sapato da Boeing, ao forçar o cancelamento do LAS e prejudicar o F-18 no FX.

Agora, tome o troco.

É, “usamericanu” não jogam para perder. Se o FX estivesse definido com o Rafale, faltando apenas acertar o preço, como acreditam alguns, a Boeing não faria este esforço todo para paparicar a Embraer. Não iam gastar antibiótico com defunto.

Será que não está surgindo um “Supertucano Block II” com aviônicos e armamento da Boeing?

Ozawa

Bem a MB poderia ter uns 10 desses para apoio aéreo aproximado dos Fuzileiros Navais. Um ST com a inscrição ‘Fuzileiros’ na fuselagem… Um sonho inatingível para uma Força Aeronaval no papel que mal tem seu próprio CDF…

Mas voltando ao post, boa notícia, e espero que as esperanças de um FX 2 tendendo ao SH se confirmem.

Mauricio R.

Impressionante como um simples negócio entre 2 empresas, se torna algo absolutamente desproporcional.
Ao intergrar a JDAM e a SDB no ST, a Boeing está é trabalhando pelos seus próprios interesses, junto a concorrência.
Nada mais, nada menos.
Qnto a Le Jaca, vcs se recordam de como o EC-725, foi “selecionado” pelo MD; não???
Então…

ivanildotavares

Desculpem-me o nível da pergunta:

Sei que o Super Tucano é mais moderno do que o Tucano, com modificações em várias partes, mas, na função estritamente de treinamento, o Tucano não é melhor do que o Super Tucano não?
Pergunto isso porque a FAB (me parece) não tem a preocupação de trocar os velhos Tucanos pelos novos Super Tucanos na função de treinamento e eu estou intrigado com os recentes acidentes envolvendo estes últimos, inclusive causando mortes de pilotos.

Ivanildotavares é GUPPY

Abs

Nick

A integração dos JDAM torna o ST cada vez mais atraente, especialmente entre os aliados do Tio Sam. 🙂

E claro, é mais um ponto de aproximação de entre a Boeing e Embraer. No FX-2, é mais um pontinho a favor da Boeing. Mas vencer o lobby francês não é fácil não.

[]’s

Observador

Caro Maurício R: Mas é óbvio que a Boeing está agindo apenas e tão somente norteada pelos seus interesses. E estes se resumem a ganhar dinheiro, muito dinheiro, que é a única função de qualquer empresa digna deste nome. E, para ganhar uma montanha de dinheiro, não acho que seja um grande caminho para a Boeing integrar seu armamento no ST, já que há atualmente tem em torno de 180 ST voando no mundo, a maioria em países sem grandes recursos para adquirir os produtos da Boeing em quantidade relevante para esta empresa. Este não parece ser um objetivo digno… Read more »

G-LOC

Para disparar a sob é necessário um lançador com quatro bombas que pesa mais de 600kg. A jdam até que nao é problema. O cara soube do contrato e generalizou a informação

ivanildotavares

Caro Nunão,

Muito obrigado pelo excelente comentário em resposta a minha pergunta. Realmente eu não sabia das diferentes funções dos dois aviões (Tucano e Super Tucano), embora tenha conhecimento do emprego dos últimos pela Força Aérea da Colômbia naquele memorável ataque às FARCS em território equatoriano, das recentes encomendas por outras forças aéreas inclusive para a função “Contrainsurgência”.

Abraços do GUPPY

joseboscojr

Pra mim, caso a informação seja verdadeira, é um contra senso armar um ST com uma bomba SDB. Se há necessidade de uma arma stand-off o ST não seria o vetor ideal.
Sem falar que uma bomba planadora é subutilizada quando lançada de uma aeronave de baixa velocidade.
Querem armas menores, menos propensas à danos colaterais? Existem um monte de opções, inclusive a GBU-58 de 250 lb, passando por mísseis Hellfire, Griffin. APKWS, DAGR, Viper Strike, SCALPEL, etc.

Fabio ASC

Além do LAS, não existe uma outra possibilidade de compra de cerca de 200 ST por parte dos EUA?

Neste caso, esta integração já vale à pena.

Será que Boeing sabe algo que a Embraer ainda não sabe?!?!?!?!?!

mateus018

Maurício,

“Qnto a Le Jaca, vcs se recordam de como o EC-725, foi “selecionado” pelo MD; não???”

Não acompanhei muito esse processo do helicóptero. O que foi que houve de extraordinário lá?

Muito obrigado

Giordani RS

O Futuro substituto do T-27 Tucano por outro treinador primário mais moderno será o T-27″M”…podem anotar…

Mauricio R.

O LAS poderia ser expandido e envolver o AFRICON, a nova “guerra” americana, que por enquanto está sendo conduzida a base de forças especiais, a duplinha caipira “Predator & Reaper”, o treinamento de tropas locais e o seu emprego no lugar de soldados americanos. Uganda e Quênia, devido a proximidade c/ a ex-Somália, a insurgeição do Al Shabab e a pirataria no “Chifre d’África”. Nigéria devido aos interesses petrolíferos americanos, terrorismo, banditismo e a relativa proximidade do Golfo da Guiné, outro foco de pirataria neste continente. Mauritânia, devido a proximidade c/ o Malí e a insurgência tuareg inspirada pela Al… Read more »

joseboscojr

No caso, me referi é claro às armas standoff Himads e não às standoff Shorads.
Não vejo razão para armar o ST com a primeira classe de armas já que não faz parte do perfil da aeronave operar em um conflito de alta intensidade.

Mauricio R.

mateus018 disse: 11 de julho de 2012 às 7:20 “O que foi que houve de extraordinário lá?” Bem rapidamente, os franceses fizeram uma oferta por fora, em uma concorrência da FAB, p/ a compra de helicópteros médios. Concorrentes europeus e americanos entendiam haver certo dirigismo em favor dos russos, devido aos valores envolvídos serem á época considerados mto baixos e a necessidades do comércio exterior entre Brasil e Rússia. Nenhum outro concorrente fez e nem lhes foi solicitada, oferta similar e no mercado achava-se que esta concorrência daria em nada. Aí o apedeuta anúnciou a aquisição de 50 EC-725, na… Read more »

Corsario137

Finish Him