Por Alexandre Galante*

A tarde de sexta-feira (26/8) foi reservada para palestras na sede da Saab em Estocolmo.

A primeira foi do Presidente e CEO da empresa, Micael Johansson, que apresentou um panorama da situação e as perspectivas.

Johansson mostrou os números da empresa, que melhoraram muito em relação ao ano de 2021. O conflito na Ucrânia também aumentou o interesse em muitas áreas do portfólio da Saab.

Segundo ele, um dos passos mais importantes foi o grande investimento em capacidade de produção. No setor terrestre e mísseis em um ano, a produção foi dobrada nas principais instalações, e agora vão dobrar novamente investindo em novas linhas e contratação de mão de obra.

Com a decisão da Suécia de aderir à OTAN, o CEO da Saab disse que novas oportunidades serão criadas. De acordo com Johansson, elas superarão as vantagens de ser um país não alinhado, algo que era visto com um diferencial no passado.

A adesão à OTAN também deverá permitir que a Saab forneça mais sensores, sistemas de guerra eletrônica e equipamentos de comando e controle aos países da Aliança Atlântica.

Com relação ao programa FCAS/Typhoon, Johansson disse que a participação é menor que se pensava no início: “Nós não estamos fora do programa, mas houve um período de hibernação para a Suécia enquanto definimos como o Reino Unido, Itália e Japão estabelecem o programa. Não tenho certeza de como isso vai se desenrolar”.

Com relação ao desempenho do caça Gripen E nas últimas concorrências, o CEO da Saab disse que o resultado final foi frustrante, mas que ele se deveu mais às questões políticas do que pelas qualidades da aeronave.

O CEO da Saab disse que continua otimista: “Ainda acho que temos muito boas oportunidades para capturar uma parcela substancial do mercado, e estou falando de centenas de aeronaves”. Ele disse também que um maior apoio do Estado sueco nas campanhas de exportação seria muito bem-vindo para enfrentar os “players” maiores dos Estados Unidos e da França.

Segundo Johansson, a estratégia da Saab para o futuro é chamada “multidoméstica”, criando hubs nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália e potencialmente no Brasil. A ideia é diversificar e fazer parte das capacidades da defesa desses países, através de P&D, eventualmente produção e transferência de tecnologia, como no caso do Brasil.

O investimento em futuras capacidades incluirá os Sistemas Autônomos, Sistemas de Sensores Distribuídos, Segurança Cibernética e Computação nas Nuvens para Defesa.

O objetivo é chegar aos anos 2030 com a Saab se transformando em uma empresa multidoméstica, com produtos de alta tecnologia, digitalizada, com o dobro de volume de negócios e aumento da lucratividade.


*O editor viajou à Suécia a convite da Saab.

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Adriano Madureira

“Ele disse também que um maior apoio do Estado sueco nas campanhas de exportação seria muito bem-vindo para enfrentar os “players” maiores dos Estados Unidos e da França”.

Aí está o calcanhar de Aquiles da Saab, seu marketing parece não ser muito agressivo como o de outros países, principalmente se comparado as potências como França, eua, Inglaterra,e uma ajuda governamental seria bastante oportuna…

Last edited 1 ano atrás by Adriano Madureira