Super Hornet e Rafale podem concorrer com o F-35 no Canadá

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Se houver uma competição internacional, é possível que Eurofighter e Saab também apresentem propostas, embora fontes dentro da indústria de defesa canadense apostem numa competição dos caças da Boeing e da Dassault contra o da Lockheed Martin

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Segundo o site Canada.com,  o Governo Canadense provavelmente tem a intenção de se manter num compasso de espera a respeito do controverso projeto de aquisição do F-35, num momento em que é esperado um relatório da auditoria geral bastante crítico sobre esse processo. O Governo esperaria novos desenvolvimentos nos EUA e em outros países antes de tomar uma decisão final sobre a compra, que poderia ser anunciada a qualquer tempo, entre seis meses e um ano a partir de hoje.

Enquanto isso, os “players” da indústria de defesa em Ottawa estão, discretamente, preparando o cenário para o que muitos esperam ser uma mudança em relação ao programa que hoje é de um único fornecedor – programa que vem passando por atrasos, problemas técnicos e estouros orçamentários – para uma competição internacional.  Os competidores mais prováveis, caso haja uma concorrência, são a norte-americana Boeing, fabricante do F-18 Super Hornet, e a francesa Dassault, que produz o Rafale.

Ambos são bimotores, o que acrescenta um elemento de segurança, no extremo norte do país, que o F-35 não oferece. O Rafale, como o F-35, possui tecnologia furtiva aos radares e, conforme pessoas dentro do processo canadense, poderia ser praticamente construído por inteiro no Canadá. Já o Super Hornet tem a vantagem de estar em largo uso pelo mundo, e seria mais “interoperável” tanto com forças aéreas da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e com a frota existente, embora envelhecida, de caças CF-18 Hornet do país.

Os proponentes de uma concorrência dizem que ambos os fabricantes poderiam oferecer maior acesso aos “códigos-fonte” de suas aeronaves, em comparação ao que a Lockheed Martin estaria disposta a oferecer para o F-35. Segundo uma fonte ligada à indústria, “no nosso mundo, já estamos numa competição. O próprio (ministro associado da Defesa) Fantino disse que estamos basicamente procurando por nossas opções. Já existe uma equipe (no Departamento de Defesa) olhando para o mercado. Então já começou.”

Nos últimos seis meses, o Governo Harper vem se mostrando cada vez mais perplexo internamente, apesar de mostrar uma face mais confiante externamente, na medida em que se torna claro que a estimativa de custo original para a compra de 65 caças F-35 – 9 bilhões de dólares – não é mais realista. Quando computados também os gastos no serviço, a estimativa de custo original se aproximava de 16 milhões. Mas Kevin Page, autoridade de orçamento do Parlamento Canadense, já prevê que as aeronaves custarão perto de 30 bilhões de dólares, com tudo incluído.

Mas a realidade hoje é que ninguém sabe quanto os 65 caças F-35 vão custar, porque a quantidade de aeronaves a serem construídas e o cronograma estão sendo questionados, e o custo unitário em qualquer ano de produção depende dos dois fatores. O Pentágono espera comprar 2.443 aeronaves do tipo e parceiros internacionais (Canadá, Austrália, Dinamarca, Itália, Holanda, Noruega, Turquia e Reino Unido) deverão comprar outros 700. Mas atrasos e cancelamentos levaram a um preço em ascenção espiral, gerando pressões para mais cancelamentos. O próprio Pentágono recentemente deixou de comprar 13 dos caças em seu orçamento de 2013, e adiou a compra de 179 unidades entre o próximo ano e 2017.

Na última semana, após reuniões do consórcio de países em Washington e Sidney, o Pentágono reforçou a seus parceiros (aos quais se juntou recentemente o Japão, que pretende comprar 42 F-35 se o custo não subir mais), que não haverá mais atrasos. Aparentemente não muito convencido disso, Faustino pela primeira vez levantou a possibilidade de deixar o programa, reiterando que o orçamento básico para a aquisição dos novos caças (9 bilhões de dólares) é fixo. As implicações são de que um custo unitário em ascenção significará menos aeronaves, ou talvez um outro caça.

Isso levanta outras complicações, porém, porque os parâmetros de missão da Força Aérea Real do Canadá, na defesa do espaço aéreo do país, requerem um mínimo de 65 aeronaves. O planejamento da atual frota de  CF-18, incluindo modernizações, é de que possa servir até 2017 ou 2018. E na semana passada, Fantino pela primeira vez levantou a possibilidade de estender a vida dos CF-18 para 2020-2023.

Voar uma quantidade reduzida de F-35 junto com os CF-18 pode ser uma opção. Além disso, o Governo está considerando a compra de meia dúzia de drones armados Reaper, que embora não sejam um substituto para aeronaves pilotadas, poderiam ser usadas em missões expedicionárias.

Se houver uma concorrência, outros caças além do F-35, Rafale e Super Hornet poderiam competir, como o Eurofighter Typhoon e o Saab JAS 39 Gripen. Mas o primeiro talvez não possa fazer uma proposta agressiva, já que um de seus desenvolvedores parceiros, a britânica BAE Systems, já está envolvida a fundo no programa F-35. Já o fabricante sueco é prejudicado pelo fato da Suécia não ser um país membro da OTAN.

FONTE: Canada.com (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

FOTOS: Marinha dos EUA (USN), Força Aérea Francesa (Armée de l’air), jsf.mil

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Marcelo

não acredito que o Canadá vá sair do programa F-35, apesar de todos os muitos problemas desse avião. Pelo menos o Canadá pretende operar a versão F-35A convencional, que parece ser a que tem menos “defeitos”, e a que vai ficar pronta primeiro…apesar dos US Marines quererem a versão F-35B para ontem, esta está com muitos “bugs” ainda…vamos ver.

edcreek

OLá,

Tambem não creio em abandono mas que o caça americano vem sofrendo duros golpes no ultimos dias, vem e com força…Vamos ver quem vai ser o primeiro a realmente abandonar o barco, digo o caça.

Abraços,

uitinaxavier

Rossano Botelho

kkkkkkkkkkkkk concordo com Vc.

Giordani RS

E cada dia mais se prova o quanto o F-20G(ripen) é para países como a Tchecoslováquia…

Vader

“O Rafale, como o F-35, possui tecnologia furtiva aos radares”

Gostei do humor do site canadense, rsrsrsrs… 🙂

Agora conta aquela do papagaio…

Clésio Luiz

Do ponto de vista orçamentário é mais negócio para eles irem de Super Hornet. Embora qualquer caça que ele comprarem vai custar mais para operar que os Hornets antigos.

Baschera

O que está assustando os Canadenses e Japoneses, quanto ao F-35, eu já escrevi aqui, mas não custa repetir: Seu custo médio, atualizado (com base na LRIP-5) é de Us$ 203.4 milhões por unidade !! Ou por tipo / versão (também segundo a atualização LRIP-5): – F-35A: 172 milhões dólares por aeronave; – F-35B: 291,7 milhões dólares por aeronave; – F-35C: 235,8 milhões dólares por aeronave; Embora seja um valor oriundo do rateio de baixa cadência inicial de produção (LRIP) o custo só vem subindo e ninguém ainda pode prever o quanto custará a hora/vôo deste vetor. Isto também vem… Read more »

Almeida

“O Rafale, como o F-35, possui tecnologia furtiva aos radares…”

AHAM, CLARO, SENTA LÁ CLÁUDIA…

Observador

Giordani RS disse: 21 de março de 2012 às 18:04 Mode Ironic On… Caro Giordani RS: Você tem toda a razão. O Gripen é para países pobres, com orçamento apertado para a defesa, países militarmente irrelevantes e que precisam de uma aeronave com custo de aquisição e manutenção baixo. Pena que o Brasil é um destes países, não? E o Gripen, tadinho, é tão ruim, mas tão ruim, que deu um belo chápeu nos dois poderosos caças europeus biturbinados na concorrência da Suíça. Mas não devemos acreditar na análise dos suíços, gente que só sabe fazer chocolate e relógio. Bom… Read more »

Grifo

Senhores, acho que podemos abrir o bolão do próximo cancelamento/redução de compras do F-35, depois da Itália. Minha aposta era o Reino Unido seguido da Holanda, mas o Canadá parece que vem forte.

Se o Canadá reduzir a sua encomenda, a opção natural é o Super Hornet. Duvido que um país membro dos “Five Eyes” compre um caça francês, ainda mais sendo um que é ainda mais caro que o F-35.

ricardo_recife

Não acredito que os canadenses simplesmente abandonem o F-35. O que eles devem estar querendo é dar um tranco nos custos, e ameaçar sair parece ser um estratégia muito crível. Mas reduzir o número de vetores comprados é muito mais provável e vai fazer um belo estrago na relação empresas produtoras (que vão ter de procurar baixar os custos) e países financiadores (especialmente o Tio Samuel). Para fazer um mix é bem mais provável o F-18 Super Hornet. MODO IRONIA ATIVADO: “Os principais elementos da tecnologia furtiva do Rafale são: probes de reabastecimento fixo e somente poder carregar armas externas”.… Read more »

Nick

Os canadenses poderiam partir para um solução semelhante à australiana: F-18E e F-35A. Ou se quiserem algo ainda mais barato, Gripen NG e F-35A.

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