p47-fab

O dia 22 de abril de 1945 é uma data emblemática para a Força Aérea Brasileira, pois marcou o ápice da campanha do 1º Grupo de Aviação de Caça no Teatro de Operações europeu.

Em abril de 1945, a forte ofensiva aliada contra as tropas alemãs contou com a contundente participação do Esquadrão Senta a Púa. Em um único dia, essa valorosa unidade aérea realizou 44 surtidas, mesmo contando com um número reduzido de pilotos, que se revezavam incansavelmente para alcançar seus objetivos e cumprir suas missões.

Não obstante a oposição da pesadíssima flak germânica, os heróicos Jamboks interditaram pontes, destruíram instalações militares e arrasaram as linhas de suprimentos do Exército alemão. Naquele dia 22 de abril, o 1º Grupo de Aviação de Caça contribuiu, decisivamente, para o rompimento das linhas inimigas, acelerando o final do conflito no Mediterrâneo.

Foi, sem sombra de dúvida, uma grande proeza para os oficiais, sargentos e praças que compunham, então, aquela destemida Unidade Aérea. Mas, acima de tudo, essa foi uma façanha sem igual para a mais jovem das nossas Forças Armadas: a Força Aérea Brasileira.

Cabe-nos recordar, neste momento de exultação, que a arma aérea como Força independente era, à época, um conceito de vanguarda que contrariava a doutrina então estabelecida.

Criar o Ministério da Aeronáutica, em 1941, foi uma batalha ideológica e um arrojado esforço para os pioneiros da aviação militar nacional, que dispunham de poucas aeronaves de treinamento e muito entusiasmo.

Mais do que isso, instituir a nova Força e igualmente preparar uma unidade de caça para combater um inimigo desconhecido em terras distantes, em apenas nove meses, foi um feito fora do comum.

A criação do 1º Grupo de Aviação de Caça, em 18 dezembro de 1943, foi o prólogo de uma narrativa coberta de determinação e glória. A recém criada unidade de caça, liderada pelo Major Aviador Nero Moura, partiu para a América do Norte, logo em janeiro de 44, com 20 oficiais e 12 sargentos para o treinamento inicial de táticas e técnicas de guerra aérea.

Primeiramente, em Aguadulce com as aeronaves P-40; depois, em Suffolk, veio o primeiro contato com o “Trator Voador”. Ritmo acelerado; trabalho duro. Alguns meses mais tarde, em outubro, os Jambocks chegam à Tarquínia e iniciam o seu batismo de fogo. Dessa feita, 398 homens e mulheres – aviadores, mecânicos, intendentes, médicos, enfermeiras e cozinheiros – todos unidos pelo mesmo ideal de defender a democracia e honrar a Pátria amada.

Depois da estada em Tarquínia, os Jambocks foram para Pisa experimentar a maturidade operacional. Bem mais próxima da linha de frente, a operação a partir desse estratégico aeródromo proporcionava aos pilotos das esquadrilhas Vermelha, Amarela, Azul e Verde maior tempo sobre território hostil e engajamentos mais acirrados contra “a flak de 40 dos tedescos”.

Ao longo dos últimos meses da guerra, o tricentésimo qüinquagésimo Grupo de Caça norte-americano (350th Fighter Group), do qual fazia parte o “Senta a Púa”, impulsionado pelo lema “Audácia e Vigor”, atuou de forma marcante para a derrocada do Exército alemão no Norte da Itália. Tais feitos exigiram, entre outros atributos, coragem para enfrentar a antiaérea inimiga e perseverança para atacar por diversas vezes os mesmos alvos até que a vitória fosse assegurada.

Maio de 1945 foi o epílogo dessa memorável biografia de 2.550 missões de guerra, e o início de um novo episódio na vida da Força Aérea Brasileira, porquanto chegara o momento de organizar e desenvolver a nossa Aviação de Caça. De volta ao Brasil, os veteranos promoveram uma verdadeira transformação doutrinária na Força Aérea e implantaram o Estágio de Seleção de Pilotos de Caça, gênese dos Esquadrões Pacau e Joker que, mais tarde, tornaram-se os berços de nossos pilotos de combate.

Desde o retorno do velho Avestruz que foi à guerra até a ativação da mais jovem unidade aérea de caça – o Esquadrão Flecha – a Aviação de Caça cresceu e hoje emprega vetores modernos e sofisticados com o mesmo profissionalismo e dedicação demonstrados nos céus da Itália.

O sangue derramado pelos pilotos naquela Guerra, representado pelo fundo vermelho da célebre bolacha do 1º Grupo de Aviação de Caça, não foi em vão. Na verdade, o legado e os ensinamentos desses heróis produziram inúmeras gerações de pilotos de combate e ajudaram a moldar a identidade da Força Aérea Brasileira.

Agora, quando discutimos o futuro do Poder Militar Aeroespacial, devemos nos espelhar nos exemplos de bravura e determinação do então Tenente Coronel Nero Moura e de seus comandados para escrever a mesma história de sucesso obtida pelo 1º Grupo de Aviação de Caça nos céus da Itália.

Senta a Púa, Jambock!

Ten Brig Ar JOÃO MANOEL SANDIM DE REZENDE
Comandante do Comando-Geral de Operações Aéreas

FONTE: COMGAR

p47-fab-pintura-musal

Subscribe
Notify of
guest

16 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Ulisses

Parabéns a FAB e a todos aqueles que a ela serve!

Se alguém tem mais desenhos ou fotos da FEB ou FAB da Segunda Guerra Mundial,por favor me mande um link ou algo assim,pois as vezes é difícil achar isso.Obrigado.

Abraços a Todos.

Erich Hartmann

Grande matéria e sem sombra de dúvida é um dos grandes dias para comemorar uma das mmelhores e maiores atuações de nossas forças armadas.

Quem leu (e conhece pessoalmente parentes) “Senta Pua” acerca das extremas dificuldades que enfrentavam os pilotos(abates atrás das linhas inimigas etc) em suas sortidas,a todo momento fica a impressão real de que heróis estavam por tráz dos manches dos P-47D Thunderbolts.

Luciano Baqueiro

O desempenho dos nossos pilotos na 2ª Guerra foi verdadeiramente notável, superior em nº de missões por piloto e de eficiência aos de todas as outras unidades americanas no teatro italiano ( creio até que em toda Europa ), chegando ao ponto de tropas do Exército americano dar preferência ao solicitar apoio de bombardeio tático de brasileiros, pois sua precisão e destemor ( p/ ser preciso tinha que se aproximar ao máximo dos alvos expondo-se ao fogo AA ) evitam vítimas por fogo amigo e os alvos eram aniquilados. SENTA A PUA !

Robson Dantas

Parabéns a todos nós brasileiros por este dia glorioso que é cada 22 de Abril, aproveito para relembrar também o nosso célebre criador da primeira aeronave 14 Bis, nosso amado Santos Dumont, talvez sem ele esta glória de nossos heróis da 2ª Guerra tivesse de esperar mais um pouco para acontecer ou jamais tivesse acontecido.
Abraços a todos.

Ricardo Miguel

SENTA A PÚA GUERREIROS ALADOS…
TRES VIVAS…,
QUE NOSSA FAB SEJA O ESPELHO DE VCS, QUE AS SOMBRAS DE NOSSAS ASAS PROTEJAM NOSSAS MURALHAS ATÉ O SEMPRE… AMEM !!!

RICARDO MIGUEL
curitiba – Pr

Mauricio R.

Err..tecnicamente deveria ser o “dia a aviação de interdição” ou de ataque ao solo, ou de apoio tático.
Pq caçar, não caçamos boche nenhum voando, mas atacamos alvos alemães em terra.

Zero Uno

Por acaso quem faz interdição, ataque ao solo e apoio tático? A aviação de transporte?

Cada uma…

Motorhead

Há muitos anos eu venho acompanhado boatos sobre a FAB na segunda guerra mundial, e sobre os aviões da FAB B-25 Michel,P-47 thunderbolt, P-40 curtss.
E é sempre bom ver mais uma matéria tanto sei sobre a FAB na segunda guerra que ensino até prá professora.

Ulisses

Parabéns a FAB e a todos aqueles que a ela serve!

Se alguém tem mais desenhos ou fotos da FEB ou FAB da Segunda Guerra Mundial,por favor me mande um link ou algo assim,pois as vezes é difícil achar isso.Obrigado.

Abraços a Todos.

Erich Hartmann

Grande matéria e sem sombra de dúvida é um dos grandes dias para comemorar uma das mmelhores e maiores atuações de nossas forças armadas.

Quem leu (e conhece pessoalmente parentes) “Senta Pua” acerca das extremas dificuldades que enfrentavam os pilotos(abates atrás das linhas inimigas etc) em suas sortidas,a todo momento fica a impressão real de que heróis estavam por tráz dos manches dos P-47D Thunderbolts.

Luciano Baqueiro

O desempenho dos nossos pilotos na 2ª Guerra foi verdadeiramente notável, superior em nº de missões por piloto e de eficiência aos de todas as outras unidades americanas no teatro italiano ( creio até que em toda Europa ), chegando ao ponto de tropas do Exército americano dar preferência ao solicitar apoio de bombardeio tático de brasileiros, pois sua precisão e destemor ( p/ ser preciso tinha que se aproximar ao máximo dos alvos expondo-se ao fogo AA ) evitam vítimas por fogo amigo e os alvos eram aniquilados. SENTA A PUA !

Robson Dantas

Parabéns a todos nós brasileiros por este dia glorioso que é cada 22 de Abril, aproveito para relembrar também o nosso célebre criador da primeira aeronave 14 Bis, nosso amado Santos Dumont, talvez sem ele esta glória de nossos heróis da 2ª Guerra tivesse de esperar mais um pouco para acontecer ou jamais tivesse acontecido.
Abraços a todos.

Ricardo Miguel

SENTA A PÚA GUERREIROS ALADOS…
TRES VIVAS…,
QUE NOSSA FAB SEJA O ESPELHO DE VCS, QUE AS SOMBRAS DE NOSSAS ASAS PROTEJAM NOSSAS MURALHAS ATÉ O SEMPRE… AMEM !!!

RICARDO MIGUEL
curitiba – Pr

Mauricio R.

Err..tecnicamente deveria ser o “dia a aviação de interdição” ou de ataque ao solo, ou de apoio tático.
Pq caçar, não caçamos boche nenhum voando, mas atacamos alvos alemães em terra.

Zero Uno

Por acaso quem faz interdição, ataque ao solo e apoio tático? A aviação de transporte?

Cada uma…

Motorhead

Há muitos anos eu venho acompanhado boatos sobre a FAB na segunda guerra mundial, e sobre os aviões da FAB B-25 Michel,P-47 thunderbolt, P-40 curtss.
E é sempre bom ver mais uma matéria tanto sei sobre a FAB na segunda guerra que ensino até prá professora.