Desenvolvimento do software do F-35 avança, mas alguns problemas persistem

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F-35 AF-7 - primeiro de produção aceito pela USAF - chegada a Edwards - foto Lockheed Martin

Com a proximidade do final da primeira parte dos testes com o software Bloco 2B do F-35, um piloto de ensaios da Força Aérea dos EUA (USAF) disse esta semana ter viso avanços significativos na maturidade na capacidade de combate do programa, apesar de alguns problemas persistirem.

O software Bloco 2B foi eleito pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) como a peça chave para que seja declarada a IOC (Initial Operational Capability) no próximo ano, e a Força Aérea planeja alcançar sua própria IOC com a versão Bloco 3i , que é quase idêntica ao Bloco 2B , mas com diferentes hardwares. Isso fez do desenvolvimento e do nível de capacidade do Bloco 2B uma questão crítica, sendo monitorado de perto pelo programa Joint Strike Fighter.

Em entrevista realizada no dia 5 de fevereiro com o piloto de testes e Diretor de de Operações  do 461st Flight Test Squadron, o tenente coronel Mark Massaro, foi dito que a unidade está pronta para testar uma versão do software chamada Bloco 2BS4.1 . Esta é a antepenúltima versão, sendo que a Bloco 2BS4.2 virá em breve, seguida da 2BS5. Os voos de ensaios são feitos a partir da Base Aérea de Edwards, na Califórnia.

Massaro apresentou um quadro bastante positivo sobre o desempenho do 2BS4.1 nos ensaios realizados até agora, citando a funcionalidade de vários sistemas de missão que, essencialmente, dará ao F-35 suas capacidades modernas e multifunção.

“Nós estamos avaliando e olhando para todas as diferentes capacidades”, disse ele. “[O Multifunction Advanced Data Link] está funcionando, temos Link 16 também, somos capazes de usá-lo. Estamos vendo coisas boas além disso, mas nós também estamos vendo algumas questões que precisamos trabalhar mais.” Ele mencionou sistema de formato de mensagem de voz da aeronave , necessário para missões de apoio aéreo aproximado, como um componente que foi claramente melhorado ao longo do tempo.

Um segmento dos ensaios que tem se mostrado desafiante relaciona-se com uma das capacidades mais esperadas do F- 35 : a fusão de sensores. Massaro disse que testar a fusão requer testar cada componente e cada sensor que alimenta as informações para o avião, incluindo links de dados, radar, equipamentos de comunicação e outros. A amplitude desse tipo de avaliação “aumenta o escopo do esforço de teste.”

Massaro disse que versões mais recentes do software têm melhorado uma tarefa central, mas fundamental: fazer os cheques de pré-voo da aeronave e liberá-la para voar. Ele disse que as versões anteriores do Bloco 2B não eram tão confiáveis ​​e, por vezes, indicadores ou luzes de advertência acendiam no cockpit e exigiam soluções alternativas, “e nestes casos era necessário realizar uma manobra especial com alguns botões para apagar a falha e fazê-lo funcionar.” Em Edwards os engenheiros de ensaios e as salas de controle estavam ao lado para auxiliar, mas em locais operacionais como a Base Aérea de Eglin, na Flórida, esse tipo de alerta levaria ao cancelamento de voos, derrubando a disponibilidade de aeronaves e reduzindo o avanço do programa.

A interação atual do software 2BS4.1 é melhor a esse respeito. Massaro disse que agora o processo de pré-voo demora entre 15 e 20 minutos, tempo comparável ao check pré-voo do F-16. E isso inclui alguns procedimentos de teste que são únicos do avião, indicando que o processo levará menos tempo ainda em um ambiente operacional.

O software também é mais estável, a ponto de algumas missões serem liberadas sem o monitoramento das salas de controle. Isso agrega valor ao programa em vários níveis , de acordo com o piloto.

“Quando conseguimos colocar pelo menos um avião no ar sem auxílio da sala de controle , isso libera uma grande quantidade de pessoas para planejar outras missões e obter outros dados para o progresso dos ensaios em voo…. A estabilidade do avião é tal que agora não precisamos mais lidar com esses tipos de problemas”, disse Massaro . “Estamos mais confiantes neste software em particular, pois podemos ser eficazes sem todo o apoio de bastidores”.

Estas salas de controle e engenheiros também se beneficiam do programa de teste do F-35 porque o seu acesso à aeronave ainda durante o voo lhes permite identificar problemas e começar a corrigi-los mais cedo, tornando a aeronave disponível para outra missão antecipadamente. Massaro disse que os operadores em Eglin AFB ou em outros locais precisam confiar em procedimentos de manutenção mais tradicionais, como o download de cartuchos de dados com códigos de erro que precisam ser identificados e analisados​​, que levam mais tempo.

“Para nos ajudar a executar o teste no ritmo que o executamos, nós meio que ignoramos esse processo … para ajudar com a disponibilidade aqui “, disse ele . “Eu não quero dizer que é uma confiabilidade artificial dos dados do avião, mas temos meios aqui que a frota não dispõe para nos ajudar a aumentar a disponibilidade”.

O diretor de teste operacional e avaliação do Pentágono, em um relatório anual lançado recentemente, foi crítico sobre os índices de disponibilidade do F-35, embora também tenha informando que a comunidade que participa dos testes da aeronave tinha sido bem sucedida na geração de tantas missões como planejado no ano fiscal de 2013. Mas um problema persistente que é o fato dessas missões não elevarem o número de pontos de teste conforme o planejado – o que significa , em essência, que os voos não foram tão produtivos quanto os funcionários do programa esperavam que seria.

Massaro disse que uma razão por trás disso é o ritmo em que a Lockheed Martin pode inserir correções de software em suas múltiplas cargas de software. O mesmo problema existe nas aeronaves de produção, e agora leva um pouco mais de um ano para que um problema de hardware identificado nos testes do campo seja inserido na linha de produção da Lockheed no Texas. O tempo é mais rápido no lado do software , mas pode levar dois ciclos de desenvolvimento para que as correções sejam incorporadas, disse ele.

Os trabalhos em Edwards AFB estão fortemente focados no Bloco 2B, mas já deram início a testes limitados em solo do software Bloco 3i (versão do software para a USAF) em um único avião, essencialmente para garantir que o software seja carregado corretamente , de acordo com Massaro . Ensaios de voo reais com o Bloco 3i começarão em março ou abril, quando o esquadrão estará testando o 2B e o 3i simultaneamente.

FONTE: Insidedefense.com (tradução e adaptaçao do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

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Vader

Bem, dizer o quê? A coisa é complicada mesmo. Como alguém bem definiu outro dia, o F-35 são 3 supercomputadores com asas, turbina e armas.

Mas a coisa vai caminhando. O hardware está pronto; o firmware está praticamente pronto. Falta o software, que vai evoluindo a passos largos.

Essa aeronave será uma revolução no modo de se construir e operar uma estação de batalha.

Nick

“Algumas questões que precisamos trabalhar mais” = Não está funcionando. 🙂

No meu entender o F-35 deverá ficar full operacional só depois de uns 10 anos já voando na USAF/Marines/Navy. Por volta de 2025.

Até lá vão voando as versões Beta…. 🙂

[]’s

jairo boppre sobrinho

Vader
Se até p os EUA(que já estão nisto a mais de 20 anos), imagine o que será p a Russia e China!
Abs

Grievous

“Um segmento dos ensaios que tem se mostrado desafiante relaciona-se com uma das capacidades mais esperadas do F- 35 : a fusão de sensores”
Esse é o ponto que mais me chamou a atenção, pois nossos Gripens também tem previsão para uma “fusão de dados”.
Sei que são programas muito distintos, mas isso não poderia ser um problema para o desenvolvimento dos nossos caças? Não poderia atrasar e gerar aumento de custos?

Oganza

Olá Grievous,

não seria um problema não meu caro, pois uma comparação entre os 2 é mesmo que comparar um Windows XP com o MAC OS-X 10.8 Mount Lion. Não é só outro mundo, é outro universo.

Sds.

Oganza

Caros colegas, como disse anteriormente, o F-35 ainda terá que provar muita coisa e entregar tudo o que promete, mas também é MUIIIIITO difícil argumentar que não o fará em vista ao que já foi gasto e a INCRÍVEL DISPOSIÇÃO DO PENTÁGONO junto ao projeto. É impressionante a quantidade de recursos disponíveis para o cumprimento das metas: Só da equipe da equipe de software Nível 6 e 7 foram contratados ou integrados ao programa nos últimos 2 anos; 832 – LM 421 – Northrop 287 – Northrop Electronic Systems 253 – Green Hills Softwares 321 – Lockheed Martin-Elbit Systems VSI… Read more »

Marcos

Alguém ai falou que faltou gestão no F-35. Vou explicar melhor o que é falta de gestão: falta de gestão é construir uma refinaria em lugar nenhum e depois, quando chegam os equipamentos pesados, descobrir que não há estradas que comportem em peso ou em tamanho, para que possa transportá-los. Ai a solução é construir um porto. Certa empresa nacional barnabé é especialista em má gestão.
Isso ai do F-35 é parte do processo. Só!
A hora que essa aeronave estiver plenamente operacional, será imbatível. E ai, certos países ficarão com o polegar na boca, literalmente chupando.

Grievous

Oganza 10 de fevereiro de 2014 at 10:04 Pô, até entendi a mensagem, mas que exemplo, heim? Não gosto de nada da Maçã. Tudo muito fechado. Ao menos o Ruindows é mais flexível e democrático. Ah, já sei, o F-35 vem pra dominar o mundo, então tem mais a ver com o produto do tio Gates (rs). Aliás, do jeito que estão apontando buracos, está mesmo com cara de XP. Brincadeira gente. Bom, apesar dos pesares, ainda não teve ninguém que pulou fora do programa, tem? A Noruega era o mais próximo disso, mas ainda não saiu. E se não… Read more »

Oganza

Grievous,

rsrsrsrs foi mal… kkkk

Sds

Tadeu Mendes

Vader, eu fiz esse comentario sobre o software do F-35, porque na realidade e um software voador.

A capacidade computacional do F-35….nao tem paralelo.

Tadeu Mendes

Marcos,

A gestado do programa F-35 e muito boa, Mas dada a enorme complexidade de todo o projeto, nao ha como evitar as variaveis desconhecidas…que so comecam a aparecer durante a fase de desenvolvimento.

Conforme voce bem o disse…o F-35 vai estar operacional e muita gente vai ficar chupando o polegar….kkkkk.

Mauricio Silva

Olá. “Com a proximidade do final da primeira parte dos testes com o software Bloco 2B do F-35, um piloto de ensaios da Força Aérea dos EUA (USAF) disse esta semana ter viso avanços significativos na maturidade na capacidade de combate do programa, apesar de alguns problemas persistirem. O software Bloco 2B foi eleito pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) como a peça chave para que seja declarada a IOC (Initial Operational Capability) no próximo ano…” A versão 2B do programa é destinada ao modelo F-35A ou F-35B? Pelo que entendi, a versão B é destinada ao USMC… Read more »

Mauricio Silva

Olá Tadeu. “A gestado do programa F-35 e muito boa, Mas dada a enorme complexidade de todo o projeto, nao ha como evitar as variaveis desconhecidas…que so comecam a aparecer durante a fase de desenvolvimento.” Não concordo (tá, nenhuma novidade até ai…). Por que não? Nada pessoal, mas essa história da “complexidade sem precedentes” está virando desculpa para tudo. O modelo de gestão “vai voando que a gente vai consertando”, que foi permitido a Lockheed Martin, deixa aos compradores a “responsabilidade” de testar e descobrir eventuais falhas (ou “características indesejáveis”) de modelos de “série” (que não são de “série” coisa… Read more »

Oganza

Mauricio Silva, O texto fala em 2 softwares meu caro. o Block 2B e o Block 3i, sendo que os Block 2BS4.1 e 2BS4.2 são as atuais evoluções/atualizações do Block 2B. Já o Block 3i, segundo o texto, é essencialmente(+ou-) o Block 2B com NOVO HARDWARE, que aparentemente deve ser hardware definitivo. O que acontece, é que eles estão testando em solo a primeira célula (em solo por enquanto) já com o Block 3i, o que deve ser na verdade a validação do hardware, pois a validação das versões do Block 2B já estão ocorrendo e o que deve acontecer… Read more »

Mauricio Silva

Olá Oganza “Bloco 2B foi eleito pelo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (USMC) como a peça chave para que seja declarada a IOC (Initial Operational Capability)” O UFMC vai operar a versão F-35B. Então, o IOC deve ser o do F-35B, que será conseguido (espera-se…) com a versão 2B4.2. É o que eu entendi. “Força Aérea planeja alcançar sua própria IOC com a versão Bloco 3i , que é quase idêntica ao Bloco 2B , mas com diferentes hardwares.” A USAF vai operar o F-35A. Assim, a dita “diferança de hardwares” se deve ao fato de se tratarem de… Read more »

Oganza

Mauricio Silva, Exatamente, o USMC tomou essa decisão de declarar o IOC com o Block 2B e provavelmente com o hardware “antigo”, mas isso é uma decisão administrativa/política/logística/orçamentária…. vai saber, o texto não esclarece. A USAF já tinha declarado que iria declarar seu IOC com o Block 3i, teve matéria sobre isso aqui no PA, mas é quase certeza que o USMC irá adotar o Block 3i posteriormente. Já o F-35C deverá entrar já no final mesmo, com o Block 3i homologado, pois das 3 forças a US NAVY é a que talvez esteja menos no limite e a única… Read more »

Mauricio Silva

Olá

“…mas é quase certeza que o USMC irá adotar o Block 3i posteriormente.”

Não acredito, Oganza. As versões “A” e “B” do F-35 são muito distintas (índice de compatibilidade é de cerca de 20%). Então é natural que tenham versões diferentes de software (como para operação VTOL do F-35B, que seria “inútil” num F-35A).
Tenho como certo que cada modelo terá um software de comando/controle/operação distinto, pois tem caracaterísticas próprias e baixa comutabilidade de peças (hardware).
SDS.

Mauricio Silva

Lembrando que o IOC não garante plena capacidade operacional.
SDS.

Carlos Alberto Soares

Mais quantas dezenas de U$$ Bi ??

Sabem quem vai resolver essa p….a toda ?

Toda mesmo ?

Barba, cabelo, bigode, manicure, pedicure, limpeza de pele, massagem linfática etc ….?

Tio David e meu Primo Jacob.

Podem apostar, o tempo dirá !

Vai receber um monte no 0800 ou bem baratinho.

Carlos Alberto Soares

Vai ser o F 35I/Ra’am-Sufa,

quem viver verá !

Vader

Carlos Alberto, pode indicar por favor onde viu esse número de 20% de comunalidade entre as versões A e B do F-35 e o que ela significa exatamente, ou seja, quem “mediu” isso? Imagino que decerto o camarada não está a se referir ao hardware, posto que até onde me lembro a comunalidade entre as versões é bem maior… Jamais havia lido esse número, exceto do amigo. Por outro lado lembro ao caro que os softwares de todas as versões vem em blocos de programas, blocos estes que podem SIM ter seu desenvolvimento e consolidação aproveitados de uma para outra… Read more »

Antonio M

E deve ser muito “triste” para essas FAs que terão de esperar pela consolidação do F35 enquanto operam F15, F16, F18, Harrier AV-8B, A10 …..

Carlos Alberto Soares

Caro Lord Vader Há matérias em que nos “alinhamos” em opinião. Mas sobre essa insanidade de mais de U$$ 1 Tri, descordamos totalmente. Peço licença colega, mas vou provoca-lo: “Gilberto Rezende 19 de outubro de 2013 at 16:13 # Mais uma peça interessantíssima, um aspecto do JSF que me causava estranheza é porque uma estrutura industrial-militar tão bem sucedida no século passado em manter na linha e nos objetivos seus programas de desenvolvimento aparentemente falhara completamente no programa do F-35. As revelações de Charlie corroboram o meu sentimento que este programa FOI DIFERENTE e uma empresa de alto conceito anterior… Read more »

Vader

Respeito sua opinião meu caro, mas discordo. O futuro dirá quem tem razão.

Na minha opinião o F-35, especialmente o B, vale cada mísero centavo investido. Muuuito ao revés do Rafale, por exemplo.

Sds.

Vader

Caro Poggio, sobre a matéria da Vanity Fair, criticada à época, a Lockheed Martin diz coisas bem diferentes sobre a comunalidade.

Até que se PROVE o contrário, fico com ela. Até pq ninguém largou o JSF até agora. Bem ao contrário, aliás.

Sds.

joseboscojr

Em sendo verdade que o A e B têm apenas 25% de comunalidade, cai por terra o argumento que os problemas do F-35 são oriundos da tentativa de fazer 3 versões de um único avião.
Na verdade, nunca acreditei nisso nem em relação ao F-35 e nem ao vetusto F-4.

joseboscojr

Maurício, A desculpa da “complexidade sem precedentes” é bem razoável. Desenvolver um software que congregue todas as informações na viseira e nos fones de ouvido do capacete de um caça ou numa tela única sensível ao toque e que atenda comando de voz é sim algo jamais feito. Obs: eu sei que outros caças aceitam comando de voz. Fundir as informações próprias (radar, DAS, RWR, EOTS, etc) e de outros meios externos via datalink de modo a prover uma consciência situacional em 360°, controlar as comunicações, sistemas ofensivos e defensivos, operar mais de 20 opções de armas, etc, no nível… Read more »

Tadeu Mendes

Amigos, Conforme eu disse, o F35 e um super computador que voa…rsrsrsrsrs. Vejam bem; toda essa complexidade no hardwares, software e firmware, com o unico proposito de poder permitir varias decisoes (inputs) originadas na mente do piloto (Man in the loop), ja da para imaginar como sera no futuro. Fico imaginando um F-35B , totalmente autonomo (AI), sem piloto(Man in the loop); um autentico UCAV/Robot. Ja imaginaram ver um desses “aterrisando” sozinho, sem ninguem…somente os sistemas de bordo..comandando todas as funcoes aerodinamicas do jato??? Verdadeiro produto de Si-Fi…..E quem sabe nao veremos algo como um F-35B em uma versao robotica,… Read more »

Tadeu Mendes