Deficiências do F-35C podem levar ao aumento de UCLASS nos conveses

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F-35C - primeiro exemplar de produção para a USN chega à Base de Eglin da USAF - foto 4 Lockheed Martin

Desenvolvimento de radares de baixa frequência acabará com a vantagem dos atuais aviões furtivos, alimentando assim o desenvolvimento de aeronaves não tripuladas. Pelo menos esta é a conclusão de um oficial da reserva da USN

Uma tendência crescente nos sistemas de radar de origem russa e chinesa poderia fazer com que caças furtivos dos EUA sejam mais fáceis de serem detectados e, o mais importante, mais fáceis de serem rastreados por sistemas de controle de fogo, informou um militar da reserva da Marinha dos EUA de alta patente ao USNI News.

Caças americanos – como o Lockheed Martin F-22 Raptor e F-35 Lighting II Joint Strike Fighter (JSF) – são protegidos por tecnologia stealth otimizada para radares de frequência mais elevada, mas não para os radares de baixa frequência.

Até agora um foco em frequências mais altas não foi um problema porque os radares de baixa frequência são tradicionalmente incapazes de orientar armas com competência.

O JSF e o F-22 apresentam boa furtividade em frequências mais altas como as bandas Ku, X, C e partes da banda S. Mas ambos os jatos podem ser detectados por radares inimigos que operam em comprimentos de onda mais longos, como L, UHF e VHF.

Em outras palavras, os radares russos e chineses geralmente podem detectar uma aeronave furtiva, mas não claramente o suficiente para dar uma localização precisa para orientar um míssil. Mas isso está começando a mudar.

“Radares de controle de fogo e aquisição estão começando a rastrear em bandas mais baixas do espectro de frequência,” informou um militar da reserva da Marinha dos EUA de alta patente ao USNI News na segunda-feira.

Com maior poder computacional, os radares de baixa frequência estão cada vez melhores e identificando o alvo de forma mais precisa.

“Eu não vejo como sobreviver por muito tempo no mundo do 2020 ou 2030 quando se lida com esses sistemas, se você não tem a cobertura de frequência mais baixa”, disse o ex-funcionário.

Além disso, novos navios de guerra de marinhas rivais estão cada vez mais sendo construídos com radares de frequência alta e baixa.

“Adversários em potencial estão colocando radares de baixa frequência em seus combatentes de superfície, juntamente com os sistemas de frequência mais alta”, disse o ex-oficial.

Navios de guerra chineses, como o Tipo 52C Luyang II e tipo 52D Luyang III, já possuem ambos os radares de alta e baixa frequência, disse o ex-funcionário.

52D Luyang III

“Se você não tem a assinatura apropriada para determinado radar, você não vai sobreviver muito tempo”, disse ele.

Nem mesmo o Naval Integrated Fire Control-Counter Air (NIFC-CA) pode fazer muito para ajudar a situação. Em primeiro lugar, dada a proliferação de radares de baixa frequência há sérias dúvidas sobre a capacidade de sobrevivência do F-35C contra as defesas aéreas mais difíceis, disse que o ex-funcionário.

“‘All-aspect’ é algo altamente desejável contra este tipo de ambiente [antiaéreo] em rede”, disse ele.

Em segundo lugar, os chineses e os russos estão seguros em usar as capacidades cibernéticas e ataque eletrônico para interromper o NIFC-CA, que é quase totalmente dependente de enlace de dados.

“Eu tenho dúvidas de como todos esses enlaces de dados funcionarão em um ambiente fortemente disputado e saturado por emissões de ‘jamming'”, disse o ex-oficial.

Além disso, em certas partes do mundo, principalmente na China e na Rússia, estão desenvolvendo mísseis anti-radiação de longo alcance que poderiam visar o ponto central da rede, ou seja, os Northrop Grumman E-2D Hawkeye.

“Eu acho que as armas anti-radiação de longo alcance são muito, muito difíceis para o conceito NIFC-CA enfrentar”, disse o ex-funcionário.

Fundamentalmente, a falta de um jato furtivo que atenda a todas as bandas do espectro no convés de voo dos porta-aviões da Marinha está dando combustível para os defensores de aeronaves UCLASS (Unmanned Carrier Launched Airborne Surveillance and Strike), que poderia enfrentar as mais difíceis defesas aéreas inimigas.

Sem essa capacidade, a frota de porta-aviões da Marinha será irrelevante, disse o ex-funcionário.

FONTE: USNI (tradução e adaptação do Poder Aéreo a partir do original em inglês)

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joseboscojr

Nada de novo. Só mais um a dar pitaco. Todo mundo sabe disso e é exatamente por isso que estão fazendo o UCLASS, desenvolvendo os pods NGJ para os EA-18G e desenvolvendo mísseis cruise furtivos com o dobro do alcance. Depois que inventaram mísseis sup-ar com direção autônoma e que recebem atualização via datalink, é claro que mesmo radares de baixa frequência representam um perigo já que nesse caso não é necessário que o radar faça o refinamento da trajetória do míssil em relação ao alvo, ficando essa função ao próprio míssil. Mas como disse uma vez um general israelense… Read more »

joseboscojr

Para atacar essa fragata chinesa dotado de radar de baixa frequência basta o atacante, furtivo ou não, se manter abaixo do horizonte radar. O radar de baixa frequência pouca coisa agrega á fragata. E até que alguma fonte minimamente confiável demonstre que radares de baixa frequência podem detectar aeronaves furtivas a distâncias maiores do que as citadas pelo site “ausairpower”, no mundo inteiro ele é considerado a fonte mais segura sobre o tema e lá a tática americana de atacar radares com armas stand-off partindo de caças furtivos é considerado pertinente. E o dia que isso for provado insatisfatório, aeronaves… Read more »

Gilberto Rezende

Como eu estava dizendo o conceito de aeronave de 5ª geração não está provado e por esta ótica evolutiva do TO naval onde as novas unidades navais tem sistemas radar ALL BAND, os furtivos high band F-22 e F-35 terão dificuldades de se manter escondidos com a evolução dos sensores e diretores de tiro Low Band que estão a caminho…

Êta vida difícil… LM…

Iväny Junior

O problema é que os atrasos no programa são tão grandes que se um dia o f-35 for operacional, já chegará defasado ao campo de batalha.

Acredito que os stealth encontrarão outros problemas além deste (emissão de calor por exemplo) que tornarão a 6ª geração novamente parecida com a 4++. Vejamos adiante.

joseboscojr

Pessoal,
Os radares já existem há mais de 70 anos e não condenaram os aviões militares à extinção.
Não será uma tecnologia específica de radar que irá condenar os aviões stealths. Eles irão sobreviver, irão se reinventar, irão se virar, e o sistema antiaéreo, passivo, continuará em desvantagem, na defensiva, esperando a hora de levar um teco no meio da testa.
“Quem determina a hora e o lugar do combate tem maiores chances da vitória.”
Sun Tzu?
Não! Meu mesmo. rsrsss

Iväny Junior

Pois é Bosco. Mas veja que dinamicamente, os caças de 4ª geração são melhores. Se der pra conciliar a tecnologia stealth com a capacidade dinâmica, ótimo. Mas eu, por enquanto não acredito que seja possível, a não ser no caso do Berkut…

Nick

Quem pode TER(comprar e operar) caças de 5ª geração deve optar por essa opção. Sua furtividade especialmente nas bandas operadas por radares embarcados em caças ainda dá uma vantagem considerável na hora de conseguir a supremacia no campo de batalha. Quem não pode TER uma frota completa pode optar por uma mescla com caças de 4ª geração. E o mais importante pensar nos drones de 6ª geração para entrarem em operação na década de 30. Esses drones hoje são usados somente para recon/vigilância e ataque, mas vejo a AI se desenvolvendo o suficiente para assumir todas as tarefas inclusive defesa… Read more »

Renato.B

Eu queria entender como o UCLASS vai ser opção num ambiente com interferência eletrônica e cibernética suficiente para prejudicar um avião pilotado. Já estão fazendo a versão Exterminador do Futuro?

joseboscojr

Esses comentários de um ex- qualquer coisa da USN são coisa antiga. Pra cada um da reserva tem 100 na ativa que pensa diferente. E vale salientar que a capacidade americana de interferência na rede inimiga é maior que a capacidade combinada de seus prováveis inimigos. Renato, A degradação da comunicação e a interferência cibernética pode não afetar tanto os novos UCAVs já que eles têm um nível de IA bem superior que deverá lhes permitir ter maior autonomia. Eles não serão pilotados remotamente e sim, sem pilotos. Nick, Na verdade não há “drones” de 6ªG, já que essa classificação… Read more »

carvalho2008

Para mim, o futuro estara´destinado ao caça que possa abater misseis lançados contra si.

Ganhará quem dispor de maior arsenal e capacidade deinterceptar misseis ar-ar e superf.-ar.

Eu imagino uma categoria de misseis pequenos e curtissimo alcance especialmente desenhados para isto, com uns 3 km de alcance no máximo, com um direcionamento parecido com o RBS-70, a questão é como dispor estruturalmente isto para dar cobertura de 360o. ao avião.

joseboscojr

Carvalho2008, Com os novos mísseis ficando cada vez mais imunes à interferência e a manobras, há previsão mesmo de que a solução será usar “hard kill” contra mísseis ar-ar. A solução pode vir tanto na forma de laser de alta energia quanto na forma de minimísseis, associados a sistemas como o DAS do F-35 ou o DDM-NG do Rafale, ou a algum outro sistema de alerta de mísseis que use radar. Não acho que a disposição deles na fuselagem seja um problema tendo em vista a alta capacidade de manobra possível aos novos mísseis, graças ao TVC e a avançados… Read more »

Nick

Caro Bosco,

Realmente um drone como o X-47B, não se encaixa como um 6ª geração. Mas….. uma evolução do mesmo, com uma AI muito superior(praticamente um Cylon Raider 🙂 ), seria um caça multifunção como o é hoje um… Rafale, ou o F-35.

A única limitação é desenvolver os algoritmos necessários.

Por exemplo, os próprios propagandas para um FA-XX da Boeing mostram caças tripulado lado à lado com versões drones.

[]’s

Victor Matheus

Caro Carvalho2008
Concordo com o seu comentário.
Como vimos até mesmo nesta matéria, acredito que os sistemas de defesa aéreo evoluirão a ponto de ameaçarem as aeronaves furtivas, portanto, acho que no fim terão que apelar para métodos de interceptação de misseis anti-aéreos.
E talvez, até quem sabe, diminuam os gastos com tecnologia furtiva.
Só fico me perguntando qual seria a cabeça de busca mais apropriada para detecção de mísseis ar-ar? IR ou AR?
Principalmente porque mísseis ar-ar tem dimensões menores que os sup-ar.
Att.

carvalho2008

Acredito que seja IR. Pois a energia despendida por um missil e sua velocidade o fazem ser uma lanterna voadora, é muita energia despendida. Eu vou contra a maré sem medo…para mim a 6a. geração nunca foi ou será UCAV´s ou outra coisa qualquer…Serão caças com uma enorme capacidade de carga de misseis ofensivos Ar-Ar, Ar-Sup (tal como hoje), mas tambem com enorme carga de misseis de custíssimo alcance defensivos ( cobertura da faixa de 100m a 2km). Com uma capacidade de cobertura 360o. Acredito que será uma geração de aviões grandes e pesados, tanto quanto um SU-34 ou 35… Read more »

Victor Matheus

Caro carvalho2008 Acho que você quis dizer IRST (sensor) não? Acredito que se o que você diz sobre a próxima geração de caças for projetada para emprego de grande quantidade de armamento, o conceito stealth cairia por terra. Não vejo como conciliar espaço para dispositivos eletrônicos, combustível e armamento em grande quantidade, tudo dentro da fuselagem de um caça. Sinceramente eu também acho melhor começarem a investir em sistemas de mísseis de defesa de aeronaves, como você bem citou. E tenho quase certeza de que se isso der certo os projetos furtivos seriam deixados de lado. Além do mais, pra… Read more »

joseboscojr

Os sistemas de proteção ativa de veículos blindados conseguem interceptar até pequenos projéteis lançados por lança-rojão, então, tamanho não é problema. Aliás, o conceito de proteção ativa já está sendo desenvolvido para helicópteros, que logo conseguirão interceptar e destruir um míssil antes que ele o atinja. O conceito de proteção ativa para veículos de combate usa sistemas não guiadas, mas para aeronaves de alto desempenho um sistema antimíssil deverá ser guiado. Não há porque não desenvolver os atuais mísseis de curto alcance de 5ªG para a missão antimíssil, tanto contra mísseis sup-ar e até ar-ar. Bastaria algumas alterações de software… Read more »

carvalho2008

Exatamente isto…stealth sempre poderá ser um quesito mas será bem secundario e arrastara a 5a. geração a uma morte prematura…

joseboscojr

Nick,
Mas pra ser caça acredito que deverá continuar a ter que ser supersônico, pelo menos num futuro previsível.
Os futuros UCAVs são subsônicos e mesmo que tenham alguma capacidade ar-ar, será limitada, e mesmo com um incremento da IA, não será um caça.
Agora, quanto aos caças não tripulados de 6ªG, como os que você citou da Boeing, aí sim, serão “caças” e entrarão na classificação como provavelmente de 6ªG.
Um abraço.

carvalho2008

Imaginem um caça grande e pesado. Qualquer coisa perecida com um SU-34 ou SU-35 talvez até ligeiramente maior, nem precisa ser tanto… Sabemos que ele próprio possui sensores de alerta a misseis em todas as extremidades, aloque agora o sensor IRIS-T que além da dianteira, estará conjugado a estes mesmos sensores de alerta nas extremidades junto a um designador laser. Não se assuste, sabemos que são equipamento pequenos na atualidade e ainda mais diminutos quando comparados a dimensão de um SU-35 (apenas como exemplo)… Agora, pense no míssil…tomemos como referencia um manpad ou melhor um bólide…ambos tem alcance de 3km… Read more »

carvalho2008

o problema do uso do laser para destruir misseis tal como coloquei é a quantidade de energia que precisa ser criada…para se ter uma idéia o melhor que conseguiram até hoje é do tamanho de um Boeing…é inclusive o proprio boeing… Já o uso de misseis e demais sensores são todos de tecnologia já acessiveis. Não consigo entender o porque de ainda não ser empregado, somente o compromissos os custosos projetos atuais podem justificar isto,afinal é pessimo para a propria industria divulgar para o mercado e admitir ao cliente que aquele seu produto caríssimo e quase impagavel em 30 anos,… Read more »

carvalho2008

Poggio, a manobrabilidade sempre será importante sim…mas devemos lembrar que ela acaba sendo efetiva somente no limite da NEZ…

de qualquer forma, manobrabilidade sempre será importante….nem que a coisa acabe sendo resolvida no canhão o que acho que tambem tenderá em maior ou menor grau…

Agora, no dia que for laser não tem jeito…acabou…salvou alguem criar escudo defletor kkk…

Victor Matheus

Caro josebosco
Por enquanto eu também acho os caças furtivos essenciais. Quando eu falei sobre o fim deste conceito, estava me referindo à um futuro onde possíveis radares possam detectar esses tipos de aeronaves. Até lá, precisaremos desta tecnologia.

Victor Matheus

Olá Eu não sei se lasers podem ser muito úteis contra mísseis, por conta de seu ângulo de ataque, eu acho que pra conseguir máxima eficácia precisaria ser acoplado em várias partes da aeronave atacada, sem falar no gasto de energia. E sobre os mísseis, acredito que eles não precisem de bases giratórias. Os atuais de 5ª geração podem manobrar e atingir um atacante atrás da aeronave lançadora. E como são mísseis, eu acredito que sejam ágeis o suficiente para conseguir manobrar a tempo de interceptar um míssil. E como eu havia dito antes, o uso deste sistema de defesa… Read more »

joseboscojr

Há vários artigos na web sobre lasers de alta energia de estado sólido que caberão dentro de caças e que poderão ser usados tanto de forma defensiva quanto ofensiva. O ABL montado num 747 era um laser químico que deveria ter alcance de 600 km, daí precisava ser grandinho. Estamos falando de lasers com alcance de centenas de metros no modo defensivo e alguns quilômetros no modo ofensivo. Não precisará ser grande. O veículo antiaéreo Avenger, montado num Hummer, tem opção de usar um laser sólido, já operacional, que pode destruir UAVs e explosivos improvisados no solo. O mesmo pode… Read more »

joseboscojr

Victor, “Nessas horas será preciso muita manobrabilidade.” Mas no cenário que você coloca onde entra a manobrabilidade? O caça tem abrangência em 360ª sem precisar se mover. Ele usa mísseis antimísseis para se defender em 360º. Onde entra a manobrabilidade? O combate entre esses dois caças será mais parecido com o combate entre cavaleiros da Idade Média. Eles irão passar um pelo outro, provavelmente em supercruise e ambos de modo furtivo. Quando um detectar o outro devido à proximidade, será feito o ataque que será respondido com um contra ataque e simultaneamente haverá a defesa com mísseis antimísseis. Provavelmente vai… Read more »

joseboscojr

Poggio,
Mas nos estamos falando de caças tipo TIE, imperial. Você está falando de cacinha F-16, da Federação. Esses têm mesmo que ser manobráveis. rsrssss

Victor Matheus

Haha, verdade caro Bosco, portanto, como você mesmo especificou, será um combate de “bate e rebate”. Mas quando acabar os mísseis…
E obrigado pelas informações sobre os Lasers, mas ainda acho que pra ser totalmente efetivo, será preciso um conjunto de 3 à 4 destes dispositivos acoplados em distintas partes aeronave para obter uma defesa de 360°.
Att.

carvalho2008

JoseBoscojr, A manobrabilidade ser necessária exatamente pelo fato do canhão ser o mais efetivos na presença dos misseis. Os misseis não conseguiriam bloquear as rajadas de canhão…. Seria um Dogfight bonito de se ver….arrastando-se desde a arena BVR até o corpo a corpo… Bem, é isto….é por isto que nunca gostei da 5a. geração…nunca apostei minhas fichas nela….quando ela estiver em franca operação, aparecerá um avião com cara mais desengonçada, tecnologia muito mais barata e mais rapida de entrar em operação que poderá coloca-los em check… Obvio que não será barato, será recheado de sensores e eletronica de ponta….mas destes,… Read more »