Detalhes interessantes dos lançamentos de Meteor pelo Rafale, neste mês

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Recebemos ontem (24 de outubro) o “release” em português sobre os testes de lançamento de mísseis Meteor realizados, nos dias 4 e 10 de outubro,  por um Rafale biposto de testes. O texto complementa as informações que publicamos aqui no dia 16 (veja matéria na lista abaixo), editadas a partir da nota original em inglês da Dassault.

O “release” foi acompanhado de imagens em tamanho maior das que havíamos publicado anteriormente. São essas  imagens que , quando bem ampliadas,  nos chamaram a atenção por trazerem alguns detalhes interessantes para o olhar mais atento e que aprecie esse tipo de teste de voo. Por isso, estamos compartilhando com os leitores as ampliações de alguns detalhes que selecionamos (clique nas imagens para ver em tamanho maior do que o formato de largura 580 pixels padrão).

Percebe-se claramente o sistema de molas para ejeção do míssil Meteor pelos pilones sob a fuselagem que foram utilizados no teste (ao invés dos pilones com trilhos de lançamento, que são instalados sob as asas). Também pode ser visto o “serrilhado” do contorno de uma das portas ventrais do caça,  junto ao pilone. E, logo abaixo do tanque de combustível externo, aparece a aeronave “paquera” do teste, aparentemente outro Rafale biposto.

Pode-se perceber também onde provavelmente foram instaladas as câmeras que captaram a imagem da separação do míssil, na superfície lateral do tanque central externo. Duas outras carenagens de equipamentos sob as asas da aeronave de testes, próximas ao “cocar” da Força Aérea Francesa, também chamam a atenção.

Ampliando ainda mais uma das imagens também podemos ver que,  diferentemente das fotos do Rafale monoposto de produção com o primeiro radar RBE-2 AESA (divulgado no início do mês – veja matéria na lista abaixo), esse modelo biposto de testes não está equipado com o sensor DDM NG (de formato semi-esférico para ampliar a cobertura) no alto do leme. Ele ainda traz  a versão anterior desse equipamento que capta o de lançamento de mísseis inimigos (de perfil retangular arredondado).

Segue abaixo o texto do release em português que complementa a matéria já publicada aqui em 16 de outubro:

Caça Omnirole RAFALE avança com novos recursos ar-ar

O caça Rafale atingiu duas etapas importantes em outubro de 2012: a entrega da primeira aeronave equipada com o radar RBE2 AESA e o primeiro teste bem-sucedido do míssil ar-ar de longo alcance e última geração, o METEOR. Com novos recursos ar-ar, o Rafale B301 foi testado no Centro de Testes de Voo de Cazaux, no sudoeste da França, e concluiu com êxito dois testes com o míssil de longo alcance e além da gama visual (BVRAAM) Meteor, realizados nos dias 4 e 10 de outubro.

Em 22 de dezembro de 2010, o Departamento de Armamentos do Ministério da Defesa da França (DGA) encomendou 200 mísseis Meteor. Uma semana depois, foi assinado o contrato de integração do míssil Meteor com o sistema do Rafale. Este míssil moderno, fabricado pela MBDA, tem motor a jato e é visado para missões de defesa aérea. Ele intercepta alvos a distâncias muito longas e será um complemento perfeito para o míssil MICA, que é usado atualmente em interceptações ar-ar, perseguições e ataques de autodefesa de curto alcance.

O primeiro caça Rafale F3 (C137 monolugar), equipado com a primeira versão do radar Thales RBE2 AESA, foi entregue ao DGA francês em 2 de outubro de 2012, introduzindo o funcionamento operacional do primeiro avião de combate europeu a explorar plenamente a tecnologia do radar de ponta AESA. Capacidades de alcance estendido dadas ao Rafale pelo radar AESA RBE2 (entre uma série de outros importantes benefícios operacionais) possibilitam a plena utilização da mais recente geração de mísseis de longo alcance ar-ar, como é o caso do Meteor.

O Rafale já é um caça omnirole tático extremamente eficaz, testado em combate no Afeganistão e na Líbia, mas o seu desenvolvimento continua em ritmo acelerado para explorar cada vez mais as diversas capacidades da aeronave e adicionar novos atributos de forma transparente. Como resultado, o Rafale está destinado a tornar-se ainda melhor em um futuro próximo.

SOBRE O CAÇA OMNIROLE RAFALE:

1. A França definiu seus requisitos operacionais em 286 Rafales. A Força Aérea receberá 228 aeronaves (em duas versões: Rafale C monolugar e Rafale B de dois lugares), enquanto a Marinha vai operar 58 caças Rafale M (monolugar).

2. Até o momento, 180 aeronaves foram encomendadas para as duas forças de defesa. De acordo com o cronograma atual, os caças estarão em produção até o ano de 2025.

3. Até 15 de outubro de 2012, 111 aeronaves foram entregues às forças de defesa francesas (36 Rafales M para a Marinha; 37 Rafales C e 38 Rafales B para a Força Aérea).

4. Uma década antes do lançamento do Lockheed Martin F-35 Joint Strike Fighter, o Rafale foi a primeira aeronave a ser projetada, desde o início, para decolar e pousar tanto em pistas terrestres quanto em porta-aviões. Eventualmente, o Rafale substituirá todas as aeronaves de caça em uso pela Força Aérea e a Marinha francesas.

5. Missões do caça Rafale omnirole:

  • defesa e domínio aéreos;
  • apoio aproximado;
  • Ataque a alvos de superfície (com bombas guiadas a laser, armas resistentes a todos os tipos de climas ou mísseis de cruzeiro); além de possuir capacidades SEAD/DEAD;
  • Ataque anti-navios;
  • Ataque nuclear;
  • Reconhecimento em tempo real e reconhecimento estratégico (alvos terrestres e navais);
  • Abastecimento em voo.

SOBRE O MÍSSIL METEOR

1. O míssil Meteor está sendo desenvolvido pela empresa MBDA atendendo aos requisitos operacionais de seis nações europeias (França, Alemanha, Itália, Espanha, Suécia e Reino Unido).

2. A proliferação de ameaças ar-ar de alta tecnologia é um desafio crítico para as forças aéreas modernas e suprido pelo Meteor.

3. O BVRAAM Meteor e suas vantagens:

  • A mais ampla “zona sem fuga” (No-Escape Zone – NEZ) de qualquer armamento ar-ar, o que possibilita um maior alcance e alta probabilidade de acerto, garantindo superioridade aérea e sobrevivência da tripulação.
  • Um sistema de orientação propiciado por um radar ativo, beneficiando-se das tecnologias desenvolvidas pela MBDA para os Programas de Mísseis ASTER e MICA.
  • Uma arma ar-ar altamente manobrável, que atinge alvos além do alcance visual.
  • A capacidade de engajar alvos aéreos autonomamente, dia e noite, em qualquer clima e em ambientes com alta interferência eletromagnética.
  • Míssil equipado com espoleta de proximidade e impacto para destruição total do alvo em todas as circunstâncias.

DIVULGAÇÃO (Fotos e versão do release em português): CDN Comunicação Corporativa

VEJA TAMBÉM:

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Nick

Fotos interessantes, o que seria aquele sensor próximo ao trilho de lançamento nas pontas das asas (bem do lado do cocar em uma das fotos)?? Sobre a matéria, algumas observações:apesar de já terem entregue o C-137, operacional, operacional mesmo, só em 2014. Vai demorar um pouco. E andei lendo que a antena AESA já está em um caça biposto, e talvez eles sejam mais usados nesses modelos em um primeiro momento. O motivo, as novas capacidades são tantas que precisem de um oficial dedicado enquanto não atualizam o Spectra, que deve acontecer somente em 2018 na versão R do Rafale.… Read more »

Justin Case

Nick, boa noite.

Acho que aquele equipamento contém uma câmera de alta velocidade para filmar a separação míssil/avião. Não creio que seja um sensor operacional, mas apenas um FTE (Flight Test Equipment) para ensaio em voo.
Abraço,

Justin

Groo

Molas no separador do míssil. No Tornado se utiliza um sistema pirotécnico. Alguém sabe como é no Typhoon?

ricardo_recife

OFF TOPIC:

Mais um EC225 apresentou problemas no mar do norte. Acho que com este são três este ano.

http://www.thetelegram.com/Business/2012-10-23/article-3105180/Helicopter-crash-lands-in-North-Sea19-people-rescued-British-coast-guard/1

Abs,

Ricardo

Mauricio R.

Para uma aeronave que apanhou no pau e na bola, de um quarentão (o F-15E em Cingapura), essa insistência em se mostrar, se exibir frente ao F-35, vai terminar em outro cacete.
É só aguardar.

Justin Case

Groo, boa noite. Interessante o ponto que você levantou. Não é mesmo comum forçar a separação por molas. O mais tradicional é o sistema pirotécnico, mas o uso de cargas explosivas é bastante restritivo para as operações no solo. As cargas vencem pelo tempo e tem índice de falha que não é desprezível. Um outro sistema para alijamento é o que utiliza nitrogênio ou ar comprimido sob pressão. Esse não tem as restrições características das cargas explosivas, mas também está sujeito a falhas. O sistema mecânico parece mais confiável, principalmente para alijar um míssil transportado na parte traseira da aeronave,… Read more »

Mauricio R.

OFF TOPIC…

…mas nem tanto, afinal são detalhes a respeito dos seguidos acidentes c/ helicópteros EC-225:

“The three main operators of helicopters in the North Sea – CHC, Bond and Bristow – all grounded their EC225 and AS332L fleets following the incident. As of 25 October the flight restriction was still in place.”

(http://www.flightglobal.com/news/articles/Gearbox-component-failure-to-blame-for-latest-EC225-ditching-378077/)

eduardo pereira

MAURICIO R ” Para uma aeronave que apanhou no pau e na bola, de um quarentão (o F-15E em Cingapura) Existem dois pontos, um o fato de o F15 ser um vetor de ataque e por ser quarentao devia ter outro ,muito experiente , na cabine o que faltou no Rafale, pois em exercicios de combate contra os Hornets alem de vencer a maior parte dos combates foi reconhecido pelos pilotos pelo fato de que quando menos esperavam ele ja estava em cima c/ eles engajados em sua mira sem que eles soubessem de onde havia saido, talvez isso seja… Read more »

Ivan

Justin,

Cargas pirotécnicas ficam vencidas ou tem problema com umidade, ar comprimido vaza e molas eventualmente perdem a elasticidade (‘ficam cansadas’). Mas acredito (apenas ‘achismo’ mesmo) que este último recurso, as molas, são os mais confiáveis e rusticos.

Entretanto ficar com as molas soltas após o lançamento é um pouco estranho, não apenas pelo eventual aumento do RCS como também pelo risco de acidente.

Será que vc poderia escrever um pouco mais sobre este sistema de molas?

Grato,
Ivan.

Ivan

F-4 Phantom, F-15 Eagle, F-18 Hornet, Tornado ADV e Typhoons transportam e lançam mísseis BVR (Sparrow, AMRAAM e Meteor) a partir de estações semi-embutidas ou conformais junto à fuselagem.

Como se dá a ejeção dos mísseis nestas aeronaves?

Abç,
Ivan.

Vader

Mauricio R. disse: 25 de outubro de 2012 às 22:49 “essa insistência em se mostrar, se exibir frente ao F-35” O quê, não vi isso, jura que tem gente dizendo que essa jaca podre é melhor que o F-35??? 🙂 _______________________ eduardo pereira disse: 26 de outubro de 2012 às 5:42 MAURICIO R ” “Existem dois pontos, um o fato de o F15 ser um vetor de ataque e por ser quarentao devia ter outro ,muito experiente , na cabine o que faltou no Rafale” O F-15 não é uma aeronave de ataque, é um CAÇA de superioridade aérea. Aliás,… Read more »

eduardo pereira

VADER meu caro, nao sou anti-americano, pudera eu ver no Brasil um mínimo de modelos das belíssimas e mortais maquinas norte-americanas de combate em quaisquer das forças do Brasil,mas nao sou eu quem decide, sobre os americanos é sabido que basta qualquer probleminha minimo que lhes encomode que eles vetam tudo, peças, mao-de-obra etc., se rolar um acordo real entre os dois paises sobre o que eles disseram em ter no Brasil o controlador(mediador) da paz aqui nas américas enquanto eles cuidam do resto do mundo ótimo, melhor ainda se vier com este acordo, navios classe Arleigh Burk, aerodromos ,… Read more »

joseboscojr

Independente do caça ser americano ou não, no caso de um hipotético mal estar entre o Brasil e os EUA estaríamos impossibilitados de adquirir peças de reposição e armas de qualquer país do globo. Só se comprarmos dos Klingons ou dos Romulanos para ficarmos livres de um “boicote”, e assim mesmo porque eles têm teletransporte e dispostivo de camuflagem (invisibilidade). Rsrsss Só tem um problema, nesses planetas não fabricam peças para o Rafale. Rsrsss E não nos iludamos, se um dia houver um movimento para internacionalizar a Amazônia, pode até ser encabeçada pelos americanos mas os chineses e russos (e… Read more »

Vader

joseboscojr disse:
26 de outubro de 2012 às 20:54

Tem uns camaradas que realmente não tem a menor noção do que seja a dependência DO MUNDO da tecnologia americana.

Os caras vivem usando a internet e parecem que não sabem de onde ela veio, quem a criou, etc.

É inacreditável, rsrs…

eduardo pereira

joseboscojr- concordo com voce pois ninguem quer ter atrito com o IMPÉRIO brigar com DARTH VADER,e o exército de clones hipermega armados com o que ha de melhor ,sem chances, qualquer pais veta as exportaçoes só para nao ter atrito com o titio San, nos resta investir em tecnologia e demore o que for construirmos desde a menor pecinha nossos meios aereos,terrestres e navais, pois mentes brilhantes para desenvolver nós temos só faltava o incentivo que começou a vir agora, espero eu ver os frutos desta nova era da industria de defesa no Brasil.

joseboscojr

Eduardo, Concordo com você, mas outros países bem mais capacitados não conseguiram e se nós conseguirmos será num futuro tão distante que é completamente irrelevante ser discutido já que literalmente tudo e todo o mundo pode estar completamente mudado e a discussão não ter a mínima aplicação. Antes de mais nada, antes de pensarmos em peitar qualquer superpotência, temos que mudar o que o Brasil tem de pior, que somos nós. Esse processo é mais complexo e mais demorado que construir peças de reposição para caças ou construir um caça inteiro. Sem mudar a parte ativa do país,ou seja, o… Read more »

glaison

É também inacreditável achar que todos fabricantes de armas são dependentes dos chineses porque inventaram a pólvora. Ou que todo o mundo paga para os alemães ao comprarem automóveis.

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