F-5EM: difusores ‘embutidos’, entre outros detalhes interessantes

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Continuando esta série de matérias que mostra detalhes do avião que é a espinha dorsal da Aviação de Caça da FAB, o F-5EM, mostraremos uma característica que nem sempre é percebida: os difusores do bocal de exaustão dos motores.

Em boa parte dos caças supersônicos, tanto atuais quanto contemporâneos do F-5, as saídas dos gases dos motores têm dispositivos que aumentam ou diminuem o diâmetro do jato, conforme a potência (alguns chegam a ter vetoração de empuxo, mas isso já é um outro assunto). Mas, como se pode ver na foto acima, as partes externas dos bocais de exaustão dos dois motores do F-5 não mostram esse tipo de difusor. De fato, são estruturas cilíndricas “fixas”, como se pode atestar até pelos seus rebites.

O segredo está dentro dessa parte cilíndrica externa, como mostram as duas fotos logo abaixo. Na primeira delas, vemos os dois bocais de saída. O fato de que as duas aeronaves expostas no evento “Portões Abertos” comemorativo dos 70 anos da Base Aérea de São Paulo (BASP) estavam, cada uma delas, sem um dos motores, ajuda a perceber que os pequenos motores do F-5 ficam totalmente “embutidos”, sem que qualquer difusor variável fique para fora da fuselagem. Clicando na foto, você poderá perceber que o motor esquerdo está instalado, enquanto que o direito foi retirado.

Já a foto abaixo, tirada dentro do bocal, mostra que há sim um difusor variável dos gases de exaustão, formado por diversas placas de metal articuladas. A diferença em relação a outros caças é que ele abre e fecha (variando o diâmetro) dentro do bocal externo cilíndrico, de modo que, olhando-se apenas pelo lado de fora, não dá para perceber se está mais aberto ou mais fechado. Está, digamos assim, embutido.

E por que diabos os dois caças expostos estavam sem um de seus motores? É porque suas células atingiram o limite de horas de voo entre ciclos de grandes revisões (normalmente, 1.200 horas) e deverão ser inspecionadas e reparadas (se necessário) no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), organização que há décadas faz esse trabalho nos F-5. Como a pista do PAMA-SP é curta e apresenta obstáculos próximos, prejudicando a operação segura de um caça que precisa de pistas mais extensas (o Parque fica no Campo de Marte, Aeródromo na Zona Norte de São Paulo dedicado à aviação geral, executiva e helicópteros), os caças destinados ao PAMA-SP chegam voando à BASP. De lá, são mandados em carretas para o Parque. Normalmente, os tempos de revisão das células não coincidem exatamente com os de revisão dos motores. De fato, os dois motores retirados estavam com muitas horas disponíveis, segundo o pessoal do PAMA presente à BASP. Enquanto os caças aguardam o momento de serem levados para a revisão, aproveitou-se para retirar esses motores para instalação em células já revisadas, que em breve serão recebidas por seus esquadrões.

Na última foto desta matéria, podemos reparar em outros detalhes relacionados aos motores dos F-5EM. Estes são bastante curtos, posicionados bem na parte posterior da fuselagem, como a maior parte dos caças modernos. A família F-5 foi uma das pioneiras nesse sentido, pois em projetos contemporâneos (anos 1950) ainda era bastante comum o posicionamento dos motores mais para o centro da fuselagem, o que criava a necessidade de longas tubeiras.

Os motores chegam até praticamente o início da deriva vertical na foto do caça abaixo. É fácil perceber essa posição pela presença de uma coluna de entradas de ar horizontais extras na lateral da fuselagem (formada por várias estreitas aberturas horizontais, que na foto estão fechadas). Essas entradas (uma de cada lado, posicionadas logo atrás do bordo de fuga da asa) fornecem mais ar para os motores a baixas velocidades ou no solo.

Outra referência de comprimento é o aviso do gancho de parada escrito na parte inferior da lateral da fuselagem. Esse gancho (para operação em pistas em terra) é preso a uma caverna reforçada da fuselagem, estrutura que marca exatamente a parte anterior do motor. Em uma das próximas matérias, que mostrará detalhes do berço vazio do motor, essa caverna poderá ser vista claramente.

Aproveite também para reparar, na foto lá do alto, a diferença no formato das derivas verticais, que denunciam aeronaves do primeiro lote de aeronaves novas adquiridas pela FAB (com uma “barbatana”) e do segundo lote, de aviões ex-USAF (Força Aérea dos EUA – saiba mais sobre essa história clicando nos links abaixo.

Pode-se ver também que os profundores formam uma peça inteiriça e que são presos a uma parte destacável da fuselagem posterior, que é retirada para melhor acesso aos motores – percebe-se claramente uma linha diagonal que marca o local onde essa parte é destacada. Você também pode reparar as antenas traseiras do RWR (receptor de alerta radar), posicionadas bem na lateral dessa parte destacável, junto aos bocais. Mas isso já é assunto para outra matéria.

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Roberto F Santana

Caro Nunão, Com relação à extensão dorsal na deriva, foi comentato no post anterior que a mesma seria uma antena ADF. As antenas ADF no F-5 ficam na parte inferior. Penso que seja uma antena de rádio HF.Isso era oferecido como item opcional para países de grande extensão territorial e que na época tinham pouco cobertura VHF, que era o caso do Brasil e Chile. A antena de HF geralmente precisa ser longa e na maioria dos casos é um longo cabo de aço fino.No caso do F-5 esse cabo ficava no bordo de ataque da extensão deriva e o… Read more »

Guilherme Poggio

Caro Roberto,

Pelo que eu sei aquela continuação da deriva sempre abrigou o radiogoniômetro (ADF). A antena do UHF fica lá na frente.

Mas eu concordo que em alguns modelos norte-americanos a antena do ADF ficava na parte inferior. E até mesmo nos F a posição desta mesma antena é diferente.

Os F-5 do México também tem.

Roberto F Santana

Caro Guilherme, As antenas UHF originalmente eram três. Uma delas, na frente na parte inferior, bem abaixo dos canhões, fazia parceria com a antena IFF, a segunda antena UHF, inferior logo atrás da bequilha, já servia também como antena do equipamento ADF (AN/ARA-50) e finalmente a terceira ficava na ponta da deriva, logo abaixo daquele pequeno “T”, este também sendo opcional, pois se tratava de antena VOR/ILS, raridade em países do “terceiro mundo” na época. Mas o equipamento à que me referi não é o UHF, rádio padrão da aviação militar no ocidente, mas sim o HF, que como disse,… Read more »

Clésio Luiz

Os Mirage III da FAB tambem tinha a antena HF na base da deriva, e era um dos poucos operadores do IIIE a telas, junto com o radar de navegação doppler abaixo do nariz.

Roberto F Santana

Prezados de Martini e Guilherme Poggio

Finalmente consultei o “World Air Power Journal” Volume 25.
Lá diz que essa continuação ou extensão da deriva era um opcional projetado e oferecido pela Northrop, foi feito para dar maior estabilidade direcional proporcionado pelo aumento da area da deriva.
Assim sendo, quero crer que não aloje nenhuma antena de HF muito menos de ADF.
Seja como for, esses F-5 da FAB pertencem à uma classe de avis rara, pois essa opção foi aceita somente pelo Brasil, Chile e o Kenia.

Guilherme Poggio

Caro Roberto F Santana,

Esta informação do WAPJ me surpreende, pois todas as outras publicações que eu consultei falam que ali ficava o ADF.

Como eu havia dito antes, o México também adotou.

Roberto F Santana

Sim Guilherme, O México também tem, assim como Indonésia, Marrocos, e Tunisia. Parece que não é tão raro assim. Além do livro que citei o “in Detail & Scale” de Bert Kinzey, só fala da da da extensão e não fala sobre nenhuma antena. De qualquer forma, acbei encontrando uma informação bem interessante: Durante os anos setenta e oitenta,os F-5s da Us Navy e dos Marines que eram usados como agressores, tinham seus equipamentos de radar totalmente retirados, inclusive os scopes do radar no painel de instrumentos. Isso para quem gosta de um dogfight puro, que é o meu caso… Read more »

Roberto F Santana

O da da da não foi gaguejo nem ensaio de alguma música do The Police, foi erro mesmo.

Guilherme Poggio

Eu concordo que o prolongamento da deriva represente uma melhora da estabilidade lateral (como citado pelo WAPJ), mas não seria isso uma consequência? Como dois projetos distintos (F-5E e Mirage IIIE) e adquiridos pela FAB na mesma época pudussem ser tão parecidos neste detalhe?

Bom, partindo desta dúvida fui consultar também as informações técnicas que tenho aqui e no Mirage este prolongamento possui tanto a antena do ADF como do HF. Não seria o mesmo caso do F-5?

Clésio Luiz

O site Global Security e o do Rudnei Dias da Cunha dizem que tem uma antena ADF nessa aleta. O site do Joe Baugher diz que é apenas uma aleta para aumentar a estabilidade direcional, sem antena. O Livro Warbird Tech nº 44 eu trata do F-5, diz que tem “antenas” mas não diz quais.

Na imagem em raio-x do F-5EM que a Revista Força Aérea publicou a alguns anos, a aleta dorsal não abriga mais uma antena, mas na junção dela com a deriva está uma caixa do sistema de RWR da aeronave.

Justin Case

Amigos,

Pelo meu conhecimento, F-5M não teria nem HF nem ADF.
Abraços,

Justin

Justin Case

Nunão, bom dia. Os nossos aviões originais tinham ADF, com antena naquela posição. Os aviões ex-agressor não tinham. Na modernização, foi julgado que a configuração única poderia desconsiderá-los. Esses equipamentos praticamente não são mais utilizados. No brasil, os NDB marcam algumas posições de procedimentos de descida, mas quase não são mais utilizados para navegação. Embora o GPS não seja absolutamente preciso, é muito mais adequado para essas tarefas do que o ADF, podendo ser combinado com os equipamentos INS/VOR/ILS/DME/Marker Beacon. Ou seja: F-5M não deveria ter ADF, a não ser que algum saudosista tenha exigido mantê-los, como mais um equipamento… Read more »

Clésio Luiz

Achei uma imagem em Raio-X do F-5E, onde mostra uma antena embutida dentro da aleta na base da deriva:

http://img828.imageshack.us/img828/2442/northropf5etiger2upgrad.jpg