Omnisys, do Grupo Thales, quer abrir nova fábrica de radares em SBC

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Informação sobre nova unidade em São Bernardo do Campo, dedicada à produção do radar Ground Master 400 de defesa aérea, foi dada na coletiva de imprensa de apresentação do novo diretor da Omnisys, Luciano Lampi

 

A atual fábrica em São Bernardo do Campo (SP) está ficando pequena para os planos de crescimento da Omnisys, empresa nascida na vizinha São Caetano do Sul em 1997, e que desde 2006 está associada ao grupo francês Thales. Atualmente fabricando radares Banda L para controle de tráfego aéreo a longa distância, além de componentes para satélites da série sino-brasileira CBERS e outros sistemas, a Omnisys está escolhendo uma nova área na mesma cidade para instalar a linha de produção do Ground Master 400 (GM400), um radar 3D de defesa aérea.

O Poder Aéreo esteve presente à coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira para apresentação do novo diretor geral da empresa, Luciano Lampi, e colheu essa e outras informações sobre os planos da Omnisys, que é o braço industrial de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Thales no Brasil.

O espaço das atuais instalações já está bastante ocupado com a produção de 25 radares Banda L em carteira (5 dos quais já instalados, sendo 4 no Brasil e 1 em Cingapura), além dos serviços de manutenção e modernização que incluem outros modelos operando no Brasil e até radares franceses da Banda S. Durante visita que realizamos às instalações da Omnisys, pudemos ver radares Banda L no final da linha de produção, destinados aos aeroportos brasileiros de Teresina e Palmas, além de uma unidade destinada a Cingapura.

Segundo o novo diretor geral, Luciano Lampi, a nova área está em processo de escolha entre opções apresentadas pela prefeitura de São Bernardo. O ex-diretor e um dos fundadores da Omnisys, Luiz Henriques, que deixou a direção para assumir a área de desenvolvimento de novos negócios da Thales para a América Latina, acrescentou que é necessário instalar uma torre para testes do radar, numa área com pelo menos 700 metros livres de interferências, com uma baliza instalada a 500 metros da torre.

Novo radar deverá disputar contrato do DECEA ainda em 2011

O radar GM400 deverá ser produzido no Brasil a partir do início de 2012, e vai disputar, ainda neste ano, um contrato do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) para o fornecimento de 5 radares de defesa aérea, em substituição a modelos que estão em operação desde a primeira fase CINDACTA. Espera-se que a licitação seja aberta em setembro, com divulgação do resultado antes do final do ano.

Mas, segundo o diretor da Thales no Brasil, Laurent Mourre, a produção do GM400 pela Omnisys não depende do resultado desse contrato: “A expectativa de curto prazo, até 2015, é de fornecer 14 desses radares na América Latina.” De qualquer forma, a empresa tem confiança em vencer o contrato do DECEA pelo histórico do GM400 em concorrências internacionais, como afirmou Luiz Henriques: “das 9 concorrências que a Thales disputou , esse radar ganhou todas”. O custo de cada unidade varia entre 15 e 18 milhões de euros (34,5 a 41,4 milhões de reais), conforme a configuração e o pacote logístico.

Transferência de tecnologia

Diferentemente dos radares Banda L, que foram projetados em conjunto no Brasil, os GM400 são produtos já desenvolvidos, então o foco estará inicialmente na produção local, com transferência de tecnologia. Mas, segundo Luiz Henriques, essa diferença em relação ao desenvolvimento de novos produtos, que são os pontos fortes da Omnisys, não diminuem o desafio para a equipe de engenheiros da empresa: “o desenvolvimento e a pesquisa tecnológica são permanentes, para o produto não ficar obsoleto e esse desenvolvimento será feito aqui. Hoje o radar Banda L tem suas partes produzidas por diversos parceiros nacionais, e o GM400 vai seguir esse caminho. ”

O quadro de 300 funcionários da empresa deverá crescer com a nova instalação. Segundo Laurent, atualmente 70 desses funcionários são engenheiros de alta tecnologia, de seniores a jovens, e a taxa de turn over (necessidade de contratações para substituir quem sai) é baixa, devido à motivação no desenvolvimento de novas tecnologias. Um dos exemplos de produtos em desenvolvimento é a cabeça de busca (seeker) do novo míssil antinavio da Marinha do Brasil.

É para possibilidades de crescimento nessa e em outras áreas que a atuação do novo diretor geral Luciano Lampi, que começou a trabalhar desde abril, está ligada. A partir do aporte significativo de investimentos que a Thales realizou na empresa no final do ano passado, de modo a incluí-la na estratégia global do grupo, novas áreas estão sendo captadas pelo “radar” da Omnisys: desenvolvimento e integração soluções tecnológicas oferecidas para áreas de transportes ferroviários, segurança urbana e de aeroportos, segurança de plataformas de petróleo e de refinarias, segurança de comunicações, entre outras. Luciano, que é engenheiro formado pelo ITA, trabalhou por 17 anos na Embraer, participando do desenvolvimento do Xingu, Brasília, Tucano e AMX, além de ter trabalhado em empresas de  informática, consultoria e de manutenção aeronáutica.

Segundo Luciano, a Omnisys se destaca pela quantidade de “dólares por quilo” do que produz: “Há uma quantidade enorme de conhecimento colocada em cada produto. E o foco da Omnisys é o desenvolvimento de tecnologia. Mais do que volumes de produção, o que importa são os critérios de confiabilidade dessa tecnologia”.

F-X2: se o Rafale vencer, radar do caça deverá ser produzidos pela Omnisys

Assim como o novo radar de defesa aérea, o radar que equipa o caça Rafale poderá ser produzido também pela Omnisys. Mas, diferentemente do GM400, que independe do resultado da licitação do DECEA para ser fabricado no Brasil, a produção do radar do caça francês pela Omnisys está atrelada a uma vitória do Rafale no programa F-X2, da FAB. Segundo Laurent, se o caça francês ganhar a disputa, “a segunda fonte de fabricação do radar do Rafale será aqui, na Omnisys.”

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Soyuz

O resumo disto ai é o seguinte. Existem dezenas de radares do CINDACTA que estão com mais de 30 anos de operação e cuja substituição se faz necessária no horizonte de 10 – 15 anos. Os franceses tem interesse na manutenção deste contrato em suas mãos e tudo o que querem evitar é uma licitação que envolva outros proponentes. A Omnisys é a parceira de montagem final do Brasil para dar a estes produtos ares de “made in Brasil” ou de transferência de tecnologia para a industria nacional. A cerca de 25 anos outra empresa brasileira chamada ELEBRA também foi… Read more »

Mauricio R.

Forçada de barra igual aquela que levou a “seleção” do EC-725, nem demanda têm e já vão falando em “fabricar” no Brasil.
Vai virar outra Elbit, só se poderá comprar algum radar, se for produto da Thales; fabricado pela Omnisys.
E incrível como nossas ffaa, aceitam esse trancamento, do nosso próprio mercado de defesa.

Wagner

Bom, o maior orgulho de nossas FFas é usar equipamento velho norte americano e britânico…

Soyuz

Este seu comentário, me faz lembrar uma historia contada pelo escritor Domingos Pellegrini. Na década de 60 a seleção brasileira de futebol jogava contra um time do leste europeu, Tchecoslováquia se não me trai a memória, Pellegrini e alguns amigos estudantes, em um bar, torciam para a equipe da Tchecoslováquia. Ao ser questionado pelo dono do bar sobre o porque da preferência, eles deixaram claro o motivo; “O Brasil era governado por uma ditadura de direita, eles eram de esquerda e torciam por um pais governado por uma ditadura de esquerda” Trazendo isto pro nosso contexto. As sacanagens que EUA… Read more »