Depois de fábricas em Portugal, Embraer descarta expansão europeia

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Linha de produção Legacy 500 - foto Embraer

vinheta-clipping-aereo Fabricante brasileira de aviões encerra participação no Fórum Econômico Mundial em posição de destaque. Apesar da crise na Europa, bons negócios no setor de defesa e desempenho da economia asiática embalam a Embraer.

O Fórum Econômico Mundial foi bom para a Embraer. Depois de participar pela primeira vez como co-presidente do encontro em Davos, a empresa ainda anunciou durante o evento um contrato de 4 bilhões de dólares assinado com a Republic Airways, que atua no mercado regional norte-americano. A fabricante de aviões deve entregar 47 jatos Embraer 175.

O otimismo de Jackson Schneider, vice-presidente de Relações Institucionais, não é abalado nem pelas más notícias sobre a economia de Portugal, onde a Embraer inaugurou recentemente duas fábricas. “Não nos arrependemos”, garantiu à DW Brasil. Mas planos de expansão para outras regiões da Europa estão fora de cogitação neste momento.

DW Brasil: A participação da Embraer como co-chair do Fórum seria um reflexo do desempenho da economia brasileira ou mais um mérito da empresa?

Jackson Schneider: São três fatores. Acho que isso se deve especificamente ao próprio Frederico Curado [presidente da Embraer], que tem tido um papel ativo no cenário internacional nas grandes discussões de tendência econômica. Também tem a ver com a Embraer, porque ela é uma empresa extremamente internacional e cada vez mais voltada para o mundo – sem perder suas raízes brasileiras.

E, um terceiro fator, se deve à nova dimensão do Brasil no debate internacional. A Embraer foi convidada a participar desse fórum como co-chair também em razão da estatura brasileira no cenário internacional, principalmente nos últimos anos.

O Brasil tem hoje uma indústria que pouco inova e pouco cresce. Vocês se enxergam como uma exceção neste cenário?

O produto da Embraer é internacional. Nós vendemos aviões para o mundo inteiro, então sempre tivemos que competir com empresas internacionais, que investem muito em inovação e que levam muito a sério a questão do cuidado com o talento. E isso foi a história da Embraer, construída em cima desses pilares: o cuidado com o talento, a educação e a busca da inovação.

A empresa tem mais de 4 mil engenheiros, dos quais 3.500 estão única e exclusivamente dedicados à pesquisa e ao desenvolvimento. Então, há um esforço sério para inovação por trás disso.

Eu não sei especificamente se estamos falando de uma exceção, porque há outras indústrias brasileiras que buscam isso. Ainda existe um caminho a ser percorrido em outros setores, mas sempre acreditamos que um investimento sério em educação, pesquisa e inovação são uma necessidade para o nosso negócio.

Diante da concorrência extrema e da perspectiva de baixo crescimento do setor da aviação neste ano, qual a estratégia por trás desse otimismo?

Temos boas perspectivas. A empresa tem diversificado sua atuação. Temos três unidades de negócios fortes e temos anunciado outros negócios. Nosso principal ainda é a aviação comercial. Temos uma unidade de jatos executivos que tem crescido de maneira consistente, e temos uma unidade de negócios de defesa que também tem crescido fortemente.

Estamos desenvolvendo um cargueiro militar que deve estar disponível por volta de 2015 e que será um competidor importante em seu seguimento de mercado. Anunciamos uma joint venture que está avaliando a produção de helicópteros no Brasil. Então as nossas perspectivas são otimistas, tanto para o mercado brasileiro, quanto para o internacional.

Esse otimismo se deve também a uma atuação mais forte da Embraer no setor da defesa?

Acho que é um conjunto de fatores. Entendemos que existirão dificuldades nesses próximos anos na Europa. Por outro lado, a Ásia está apresentando um crescimento forte e a gente não vê nenhuma grande incerteza para esse crescimento deixar de acontecer. Os Estados Unidos estão retomando um crescimento econômico. Então tudo isso faz com que o nosso otimismo não venha apenas da área de defesa.

Também por questões específicas sobre o mercado de aviação comercial norte-americana, que deve adquir novos aviões regionais – justamente o segmento em que nós somos líderes na aviação comercial.

Vocês inauguraram duas fábricas em Portugal, país que sofre cada vez mais os impactos da crise. Ainda há outros planos de expansão para a Europa?

As fábricas foram inauguradas recentemente e começam a entrar em produção agora, de uma maneira mais regular. As perspectivas são positivas, não estamos em nada arrependidos do investimento que fizemos. E está dentro do cronograma do planejamento que foi feito. O projeto vai cumprir o ritmo de crescimento de acordo com aquilo que foi planejado.

Temos escritórios comerciais na Europa e outras representações. Mas, como produção, neste momento, é disso que falamos [as fábricas em Portugal].

Entrevista: Nádia Pontes
Revisão: Mariana Santos
FONTE: DW.DE

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