A Rostec anunciou que um segundo protótipo do jato comercial de médio alcance MS-21 (ou MC-21 em russo), equipado exclusivamente com sistemas e motores nacionais PD-14, realizou com sucesso seu voo inaugural no dia 24 de outubro. A decolagem ocorreu nas instalações da Yakovlev, parte da United Aircraft Corporation, em Irkutsk.

O voo, que durou cerca de uma hora, atingiu altitude máxima de 3.500 metros e velocidade de 500 km/h. A tripulação — composta pelos pilotos de teste Andrei Voropaev e Oleg Mutovin e pelos engenheiros de voo Anton Kuznetsov e Grigory Kudryashov — confirmou que todos os sistemas nacionais funcionaram conforme o esperado.

“Esta conquista representa um enorme volume de trabalho realizado por engenheiros, projetistas e equipes de testes de nossas empresas”, afirmou Vadim Badekha, CEO da UAC. “A produção em série já ocorre em paralelo ao processo de certificação para que os novos aviões entrem em operação o quanto antes.”

Substituição total de componentes importados

O novo protótipo marca um avanço significativo no programa de substituição de importações da aviação civil russa. Foram trocados sistemas críticos, incluindo comandos de cabine, atuadores de controle, sistemas de sustentação da asa, mecanismos de estabilizador, aviônicos, sistema de ar-condicionado, sistema de freios, unidades de potência, sistema de combustível, rodas e pneus, entre outros.

O avião também é o primeiro da linha MS-21 a utilizar asas produzidas com materiais compostos fabricados integralmente na Rússia, após o país perder acesso a fornecedores estrangeiros devido a sanções.

Motores PD-14: pilar da autonomia tecnológica russa

Equipado com motores PD-14 — desenvolvidos pela United Engine Corporation —, o MS-21 torna-se símbolo da busca russa por soberania tecnológica na aviação civil. O PD-14, certificado em 2018, é o primeiro motor de nova geração desenvolvido na Rússia pós-soviética, com 16 tecnologias críticas e materiais avançados.

“Os motores PD-14 garantem confiabilidade operacional e segurança de voo. A conclusão deste voo demonstra claramente o progresso no caminho da independência tecnológica”, destacou Alexander Grachev, CEO da UEC.

Estratégia e mercado

O MS-21 foi concebido para disputar o segmento mais competitivo da aviação comercial global, hoje dominado pelos modelos Airbus A320neo e Boeing 737 MAX. Com aerodinâmica avançada e desempenho otimizado, Moscou pretende posicionar a aeronave como alternativa doméstica e de exportação para mercados aliados.

O programa de certificação avança em ritmo acelerado, e as primeiras entregas para companhias aéreas russas estão previstas após a conclusão dos testes e a aprovação pela agência de aviação civil do país.■


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Macgarem

Vão é suprir demanda interna porque ninguém fora da russia, talvez Bielorrússia, compre.

Juggerbr

Na Africa, cada vez mais sob influência deles, ainda vende. A China tem avançado também, Boeing e Airbus tem mais a perder aqui.

Last edited 20 dias atrás by Juggerbr
Rodrigo

Boeing a Airbus tem encomendados para os próximos 15 anos no mínimo…

Mirade1969

mas não pode se dar ao luxo de perder mercados onde antes elas reinavam possivelmente vão perder além do mercado russo alguns da Asia para os chineses e da Africa. Não pense que isso não fará falta para eles siguinifica menos empregos e menos faturamento qualquer empresa gosta de dinheiro e não perder dinheiro e encomendas. Raciocine não com a emoção e achismo.

Hamom

Não sendo dono de empresa aérea e raciocinando como consumidor/passageiro, torço para que mais empresas fabricantes de aviões de passageiros disputem mercado com o monopólio da Boeing e Airbus.

Heli

Mais provável os africanos comprarem o Comac C919

Mirade1969

Ai tem que conversar com os executivos das empresas que fazem os pedidos, os russos têm muita simpatia na África já que diferente dos ocidentais eles não foram imperialistas no continente além de não fazer muitas exigências.

Vinicius Momesso

Acredito que o recheio eletrônico deve ser “made in china”, já que a Rússia, assim como o Brasil, não é auto suficiente em componentes eletrônicos.

Carlos Campos

mesmo que seja, é incrível, só de projetar uma turbina que é confiável e economica já é um passo enorme

EduardoSP

Será que é confiável e econômica como as turbinas ocidentais?
A aeronave é cerca de seis toneladas mais pesada do que a versão com equipamentos ocidentais.

Mirade1969

Esta é a primeira versão ainda esta em desenvolvimento futuramente haverá outras versões. Achei exagerado ser 6 toneladas a mais a menos que seja um avião maior que talvez seja o caso.

Mirade1969

Mas esta montando a infraestrutura para fabricar componentes críticos como os chips no proprio país.

Hcosta

é sempre o mesmo ciclo. Querem fazer tudo sozinhos, não conseguem ser competitivos no mercado internacional, estagnam tecnologicamente e depois têm de começar tudo outra vez…

Mirade1969

Então eles deveriam parar de desenvolver e ficar sancionados? Raciocínio ridículo, a Rússia tem uma indústria própria que produz do parafuso à nave espacial e tem que comprar dos ocidentais que fecharam as portas para eles? Ela tem mais que valorizar a indústria local e o mercado local sendo que ja há em torno 200 pedidos que fariam a festa da Boeing ou Airbus que não gostam de concorrência

Pestana

Produz do parafuso…

Nunca vi tanta besteira, pode produzir tudo, porém não parafusos de superliga. Nem a China fábrica todos, pois importam 800 milhões de dólares do EUA.
Para não falar besteira, consultar os dados antes e não falar como papagaio de pirata, antes do tempo.

Leo neves

Recheio eletrônico d aviões ocidentais é boa parte made in china também ou você acha que alguém fábrica tudo?
A Rússia no máximo importa pequenas peças para montar equipamentos maiores e mais complexos e isso não tira o mérito.
A china importa maior parte da matéria prima dela e não tira o mérito da produção de equipamentos deles.

Miguel Carvalho

A necessisade estimula o engenho.

José 001

Lá na Rússia, China, Turquia, Coreia do Sul, Israel, Japão, até na Coreia do Norte e Irã sim, mas aqui…

Alexandre Costa

Pelo jeito as sanções são benéficas a longo prazo.

José 001

Não são.

Olhe Cuba e Venezuela por exemplo.

Agora imagine o Brasil sofrendo sanções, você acha que vamos nos beneficiar como outros países ou virar outra Cuba ou Venezuela?

Cultura do povo influencia muito.

MMerlin

Existe a necessidade do Estado e do mercado. Mas só a necessidade não traz o resultado. É preciso que o país tenha capacidade técnica para tal. Um dos cursos mais buscados por cidadãos russos é engenharia. Um país pode facilmente ficar limitado no seu desenvolvimento se não conseguir suprir a demanda nessa especialidade. Peguemos como exemplo o Brasil. Devido a falta de qualidade educacional, existem uma séria deficiência na área de cálculos e exatas. O maior impacto disto que é por mais de uma geração os brasileiros tem fugido de cursos relacionados, principalmente engenharia, devido a dificuldade. Os cursos mais… Read more »

Last edited 19 dias atrás by MMerlin
BlackRiver

India signs pact with sanctioned Russian firm to build civil aircraft By Shivam Patel October 28, 20255:43 AM GMT-3Updated 11 hours ago Summary Companies India’s HAL signs memorandum of understanding with Russia’s UAC HAL to produce SJ-100 for the Indian market Would be the first passenger aircraft made in India NEW DELHI, Oct 28 (Reuters) – Indian state-owned warplane maker Hindustan Aeronautics Ltd (HIAE.NS), opens new tab said on Tuesday it had signed an initial agreement to build civil commuter aircraft with a Russian aerospace firm subject to Western sanctions. The agreement with United Aircraft Corporation marks a step towards… Read more »

sub urbano

Esse motor foi um trabalho de engenharia monumental. Esse jato utilizaria o motor americano PW1000 (mesmo do A320 e Embraer 190). Os americanos sancionaram a Russia q foi lá e fez o motor dela. Na realidade o projeto já era tocado desde 2010 nos laboratórios da Aviadvigatel na fabrica de motores de Perm. Os americanos, sem querer, ao sancionar a Russia, ressuscitaram uma fábrica monstro da era soviética, q produziu motores para diversos jatos civis e bombardeiros da Tupolev, Yakovlev e Iliushin e Beriev. O MC21 já é sucesso antes de ficar pronto, a fabrica já tem encomendas para mais… Read more »

Cassini

Só o mercado russo já garantirá a produção do MS-21 por uns bons anos. A pressa em substituir as aeronaves ocidentais elevará a escala produtiva, custos serão reduzidos e a aeronave será mais atraente aos clientes estrangeiros.

EduardoSP

Vai vender não. É menos eficiente que aeronaves ocidentais e ainda conta com a famosa “assistência técnica” russa.

BlackRiver

Só por curiosidade, você teria algum estudo que embase sua afirmação “É menos eficiente que aeronaves ocidentais”
Talvez algum comparativo técnico, pergunto pois gostaria de aprender mais sobre essa aeronave russa.
Em 1985, 86, 87… o mercado era dominado pela Boeing, e hoje?

Mirade1969

Ele se baseou no ITDC.

Last edited 19 dias atrás by Mirade1969
Nei

Foi na IA possivelmente. O jato russo MC-21 é mais pesado que o Boeing 737 em sua versão nacionalizada mais recente. Inicialmente projetado para ser mais leve que seus concorrentes ocidentais, o MC-21 teve um aumento significativo de peso após as sanções internacionais.  Diferença de peso e motivo Aumento de peso no MC-21: Para substituir componentes ocidentais por peças fabricadas na Rússia, o projeto precisou fazer alterações que resultaram em um acréscimo de quase 6 toneladas à estrutura da aeronave.Peso original e meta: O projeto original do MC-21 utilizava materiais compostos avançados e sistemas ocidentais que visavam uma maior eficiência… Read more »

Last edited 19 dias atrás by Nei
Rinaldo Nery

Interessante isso. Pensei que a Rússia dominasse o conhecimento de materiais compostos. 6 toneladas para um avião é peso demais. O peso máximo do A320neo, com motor LEAP 1A-26 também é 79 ton. Com motor PW 1000 é um pouco menos.

Rinaldo Nery

Airbus.

Mirade1969

Falou o especialista em vários nadas.

Nei

Mérito do avião e do motor sim, mas não sei a durabilidade e consumo. Até lá, parabéns.

Cassini

Vai vender bastante na Ásia, um pouco na África e na Rússia e adjacências. Por aqui, duvido vender bem.

Carlos Campos

Nem pra FINEP ajudar em turbofan civil nacional, isso colocaria o Brasil em outro patamar pq teríamos a EMBRAER pra dar vazão na venda desse produto

SteelWing

Um turbofan nacional é essencial para não termos que pedir benção ao tio sam em toda venda, como no caso dos supertucanos, só podemos vender aos amiguinhos do tio sam…