‘Scooters portenhos’: Os A-4 Skyhawk da Argentina nas Malvinas e mais além

Por Luiz Reis, especial para o “Poder Aéreo”
O Douglas A-4 Skyhawk (mais tarde McDonnell Douglas A-4 Skyhawk), cujo nome pode ser traduzido como “Falcão do Céu”, é uma aeronave de ataque subsônico projetada para operar a partir de porta-aviões. Desenvolvido no início dos anos 1950 para atender às necessidades da Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC), o Skyhawk destacou-se por seu projeto compacto e eficiente.
A aeronave foi concebida pela equipe liderada pelo renomado engenheiro aeronáutico Edward “Ed” Heinemann (1908–1991), da Douglas Aircraft Company — empresa que mais tarde se fundiria com a McDonnell Aircraft, dando origem à McDonnell Douglas. O Skyhawk era movido por um único turbojato, simples, porém potente para a época, e possuía uma asa em delta de pequena envergadura, o que dispensava a necessidade de dobrá-la para armazenamento em porta-aviões, algo comum em outras aeronaves navais. Essa característica era uma das chaves do seu sucesso operacional embarcado. Inicialmente designado A4D, conforme o sistema de nomenclatura então adotado pela Marinha, o caça passou a se chamar A-4 a partir de 1962, quando foi implementado o sistema unificado de designação de aeronaves para todas as forças armadas dos Estados Unidos (US Navy, USMC, USAF e US Army).

O A-4 Skyhawk, carinhosamente (ou sarcasticamente) apelidado por seus pilotos de “Bantam” (Galo-de-Briga), “Tinker Toy Bomber” (Bombardeiro de Brinquedo) e “Scooter” (Patinete, em referência ao seu trem de pouso alto e esguio), é uma aeronave de ataque leve, ágil e versátil. Com um peso máximo de decolagem de aproximadamente 24.100 libras (11.100 kg), o Skyhawk atinge uma velocidade máxima superior a 1.080 km/h (Mach 0.9), mantendo um desempenho notável mesmo com sua simplicidade estrutural e tamanho compacto.
A aeronave possui cinco pontos fixos de armamento (originalmente três nas primeiras versões), capazes de transportar uma ampla gama de mísseis, bombas e tanques externos.
Um de seus feitos mais impressionantes é a capacidade de transportar uma carga de bombas comparável à de um Boeing B-17 Flying Fortress, bombardeiro pesado da Segunda Guerra Mundial — mas em uma célula muito menor e com custos operacionais significativamente reduzidos. As versões iniciais do Skyhawk foram inclusive capazes de empregar armamento nuclear, sendo parte do arsenal estratégico e dissuasório da Marinha dos EUA durante a Guerra Fria. Inicialmente, o A-4 era equipado com o motor turbojato Wright J65, de origem britânica (derivado do Armstrong Siddeley Sapphire). A partir da versão A-4E, foi introduzido o mais potente e confiável Pratt & Whitney J52, motor que seria utilizado nas variantes posteriores e exportadas, incluindo os modelos operados pela Argentina.

Os Skyhawks desempenharam papéis fundamentais em diversos conflitos ao longo do século XX, incluindo a Guerra do Vietnã, a Guerra do Yom Kippur e a Guerra das Malvinas, além de terem sido utilizados até mesmo na Guerra do Golfo, em 1991. Exportados pelos Estados Unidos, os A-4 foram operados por vários países, entre eles: Argentina, Austrália, Indonésia, Israel, Kuwait, Malásia, Nova Zelândia e Singapura. Cada nação implementou modificações e atualizações específicas, adaptando a aeronave às suas necessidades operacionais.
Mais de 2.960 unidades foram produzidas entre 1954 e 1979. Mesmo após mais de seis décadas do seu primeiro voo, alguns Skyhawks ainda permanecem em operação. Destacam-se:
- A Força Aérea Argentina, com o modelo Lockheed Martin OA/A-4AR Fightinghawk, atualmente com a frota paralisada desde 2024;
- A Aviação Naval Brasileira, com o modelo AF-1 Falcão (versão navalizada baseada no A-4KU do Kuwait), que passou por um programa de modernização conduzido pela Embraer;
- Empresas privadas especializadas em simulação de combate aéreo, como a Draken International, AeroGroup e LLC, que empregam o A-4 como aeronave agressora em treinamentos de combate.
Algumas versões do A-4 Skyhawk:
A-4E Skyhawk
- Usuário principal: Marinha dos EUA
- Período de operação: 1962–1980s
Destaques:
- Capacidade ampliada de armamento (5 pontos fixos)
- Radar de navegação AN/APG-53
- Motor Pratt & Whitney J52-P-6A
- Participou intensamente na Guerra do Vietnã
A-4M Skyhawk II
- Usuário principal: USMC
- Período de operação: 1970–1990s
Destaques:
- Cockpit modernizado com HUD e ECM integrados
- Motor J52-P-408, mais potente
- Última versão de produção da linha Skyhawk
- Base do A-4AR Fightinghawk argentino
A-4KU Skyhawk
- Usuário principal: Kuwait (depois Brasil)
- Período de operação: 1977–atualmente (Brasil)
Destaques:
- Versão de exportação baseada no A-4M
- Entregue ao Kuwait e usados na Guerra do Golfo
- Vendidos ao Brasil e redesignados como AF-1 Falcão
AF-1 Falcão (A-4KU modernizado)
- Usuário: Marinha do Brasil (MB)
- Período de operação: 1998–presente (modernização parcial)
Destaques:
- Aviônicos atualizados pela Embraer
- Novo radar Elta EL/M-2032
- Capaz de operar mísseis BVR (Beyond Visual Range)
- Limitado pela ausência de porta-aviões nacional ativo
OA/A-4AR Fightinghawk
- Usuário: Força Aérea Argentina
- Período de operação: 1997–2024 (atualmente inativo)
Destaques:
- Baseado no A-4M com aviônicos do F-16 (radar ARG-1)
- Cockpit digitalizado e HUD moderno
- Operado com limitações logísticas e de manutenção
- Último voo operacional registrado em 2024
O A-4 SKYHAWK NA ARGENTINA

A Argentina foi o primeiro usuário estrangeiro do Skyhawk e operou um total de quase 130 A-4 entregues desde 1965. A Força Aérea Argentina (Fuerza Aerea Argentina – FAA) recebeu 25 A-4Bs em 1966 (sendo matriculados na FAA de C-201* a C-225) e outros 25 em 1970 (sendo matriculados na FAA de C-226 a C-250), todos revisados e reformados nos Estados Unidos pela Lockheed Service Co. antes de sua entrega na nova designação A-4P, apesar de ainda serem localmente conhecidos como A-4B.
Essas aeronaves, que substituíram os veteranos bombardeiros Avro Lancaster e Avro Lincoln, da época da Segunda Guerra Mundial, tinham três pontos fixos para armas e foram servir na recém-criada V Brigada Aérea. Em 1976, 25 A-4C (sendo matriculados na FAA de C-301 a C-325) foram adquiridos para substituir os veteranos North American F-86 Sabres ainda em serviço na IV Brigada Aérea. Eles foram recebidos como estavam e colocados em condições de voo por técnicos da Força Aérea em Río Cuarto, Córdoba. O modelo C tinha cinco pontos duros para armas e poderia usar mísseis ar-ar AIM-9B Sidewinder.
A Aviação Naval Argentina (Comando de la Aviación Naval Argentina – COAN) também comprou o Skyhawk, na forma de 16 A-4B (que foram reformados nos EUA e designados como A-4Q) mais três células para peças de reposição, sendo os A-4Q modificados com cinco pontos duros para armas e capacidade de transportar mísseis AIM-9B.

Eles foram recebidos em 1971 para substituir os veteranos Grumman F9F Panther e Grumman F9F Cougar em uso no porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo (V-2) e distribuídos ao 3º Esquadrão de Caça e Ataque, recebendo as matrículas (códigos) de 0657 (3-A-301) a 0669 (3-A-316). Todas as aeronaves argentinas, tanto da FAA quanto do COAN tinham capacidade de reabastecimento em voo (REVO), o que seria muito importante no Conflito das Malvinas.
Em 1977 os EUA impuseram um pesado embargo militar à Argentina devido a violenta Ditadura Militar e a infame Guerra Suja; o governo do presidente norte-americano Jimmy Carter ratificou a emenda de Humphrey-Kennedy e a agregou à Lei de Assistência Externa de 1976, iniciando no ano seguinte a proibição de venda de armas, peças de reposição para equipamentos de origem norte-americana e o treinamento de seu pessoal militar (que foi levantado na década de 1990 sob a presidência de Carlos Menem quando a Argentina se tornou um grande aliado não pertencente à OTAN).
Como efeitos do embargo os Skyhawks sofreram com a falta de peças e de assistência dos norte-americanos, tendo a IV e a V Brigada Aérea a ter canibalizado algumas unidades para manter a maior parte voando. Mesmo assim, houve casos de assentos ejetáveis que não funcionavam, além de várias outros problemas, durante o fim dos anos 70 e o início dos anos 80. A Argentina conseguiu algumas peças de reposição e uma bem discreta assistência técnica de Israel para manter as células voando, pois havia a possibilidade do início de um conflito com o Chile pelo Canal de Beagle em 1979, que felizmente não aconteceu.
A AÇÃO DOS A-4 SKYHAWK NA GUERRA DAS MALVINAS (1982)

Quando a surpreendente Guerra das Malvinas entre Argentina e Reino Unido teve início em 1982, pela disputa das Ilhas Malvinas/Falklands, a Argentina dispunha de 48 caças A-4 Skyhawk operacionais. Desse total, 26 eram A-4B e 12 A-4C, ambos pertencentes à Fuerza Aérea Argentina (FAA), e 10 eram A-4Q da Aviación Naval Argentina (COAN).
As aeronaves da FAA foram reunidas na chamada Fuerza Aérea Sur (FAS), unidade criada para coordenar as operações aéreas contra o Reino Unido, operando principalmente a partir da Base Aérea Militar (BAM) de Río Gallegos, na Província de Santa Cruz, localizada a cerca de 806 km das ilhas. Além da BAM, também foram utilizados aeroportos civis adaptados para uso militar, como Puerto San Julián (787 km das ilhas) e Puerto Santa Cruz (aproximadamente 800 km), todos situados na mesma província.
Os A-4 Skyhawk da FAA realizavam ataques com bombas convencionais não guiadas (chamadas localmente de bombas burras), sem qualquer tipo de contramedida eletrônica ou sistema de autodefesa contra mísseis. Apesar dessas limitações severas, os pilotos argentinos conseguiram infligir danos significativos à Marinha Real Britânica, incluindo o afundamento do destróier Tipo 42 HMS Coventry e da fragata HMS Antelope, da classe Tipo 21.

Outros navios britânicos que sofreram danos causados por ataques de Skyhawks incluem:
- o navio de apoio logístico RFA Sir Galahad (posteriormente afundado após ser evacuado),
- o HMS Glasgow, destróier da classe Tipo 42,
- a fragata HMS Argonaut, da classe Leander,
- a fragata HMS Broadsword, da classe Tipo 22,
- e o navio de apoio RFA Sir Tristan.
Os A-4Q do COAN, por sua vez, voavam a partir da base aeronaval de Río Grande, na Província da Terra do Fogo, a cerca de 700 km das ilhas, e também participaram ativamente dos ataques contra a frota britânica. Seu feito mais notável foi o afundamento da fragata HMS Ardent, da classe Tipo 21, utilizando bombas de fragmentação Mark 81 “Snakeye” com espoletas de retardo.
Missões e Limitações Logísticas:
Durante a campanha, a FAA/FAS conduziu:
- 133 missões com A-4B,
- 86 missões com A-4C,
- enquanto a COAN realizou 12 missões com A-4Q.

Devido ao curto raio de ação dos Skyhawk, as missões de ataque eram altamente dependentes do reabastecimento em voo, efetuado por dois aviões-tanque Lockheed KC-130H Hercules da FAA. Isso limitava severamente o número de aeronaves que podiam operar simultaneamente e tornava as missões vulneráveis a cancelamento caso o encontro (“rendez-vous”) com o reabastecedor falhasse. Diversas aeronaves retornaram ao continente com combustível crítico, e em alguns casos, aviões danificados e vazando combustível tiveram que ser “rebocados” pelos KC-130H até áreas mais próximas da base aérea.
Perdas:
Ao final das seis semanas de conflito, 22 Skyhawks foram perdidos:
- 10 A-4B,
- 9 A-4C,
- 3 A-4Q.
As causas das perdas foram:
- 8 abatidos por caças Sea Harrier da Royal Navy (Fleet Air Arm), armados com mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinder;
- 7 atingidos por mísseis terra-ar lançados por navios britânicos, como os Sea Dart e Sea Wolf;
- 4 destruídos por mísseis portáteis e sistemas antiaéreos britânicos em terra, como Blowpipe e Rapier, além de fogo antiaéreo convencional (incluindo um caso de fogo amigo);
- 3 perdidos por falhas mecânicas após sofrerem danos em combate.
Apesar das perdas, os ataques dos Skyhawks argentinos se tornaram emblemáticos pela coragem dos pilotos, que enfrentaram modernos sistemas defensivos com aeronaves datadas, sem proteção eletrônica, e com armamento básico. Seu desempenho é lembrado até hoje como um exemplo de determinação e bravura em desvantagem tecnológica.
Perdas de A-4 B/C/Q em combate durante a Guerra das Malvinas | ||||
BuNo | c/n | FAA/COAN | Entregue | Fato |
142126 | 11380 | A-4B C-204 | OUT/1966 | Abatido por AAM AIM-9L lançado do Sea Harrier XZ499 no dia 08/06/82. Piloto morto. (Cap Bolzan) |
142762 | 11824 | A-4B C-206 | OUT/1966 | Colidiu com o mar tentando evitar destroços de outras aeronaves abatidas pelo HMS Brilliant em 12/05/82. Piloto morto. (1º Ten Nivoli) |
142139 | 11443 | A-4B C-208 | MAR/1967 | Abatido por SAM Sea Wolf lançado do HMS Brilliant no dia 12/05/82. Piloto morto. (1º Ten Ibarlucea) |
142102 | 11356 | A-4B C-215 | OUT/1966 | Abatido por AAA de 40 mm do HMS Fearless no dia 27/05/82. Piloto ejetou com sucesso. (Ten Velasco) |
142090 | 11344 | A-4B C-226 | JUN/1969 | Abatido por AAM AIM-9L lançado do Sea Harrier ZA177 no dia 08/06/82. Piloto morto. (1º Ten Arraras) |
142728 | 11790 | A-4B C-228 | JUN/1969 | Abatido por AAM AIM-9L lançado do Sea Harrier ZA177 no dia 08/06/82. Piloto ejetou, mas morreu. (Ten Vazquez) |
142862 | 11924 | A-4B C-242 | ABR/1970 | Abatido por múltiplas armas (AAM, SAM, AAA) no dia 23/05/1982. Piloto morto. (Cap Guadagnini) |
142883 | 11945 | A-4B C-244 | ABR/1970 | Abatido por SAM Sea Dart lançado do HMS Coventry no dia 25/05/82. Piloto morto. (Maj Palaver) |
142901 | 11963 | A-4B C-246 | ABR/1970 | Abatido por SAM Sea Wolf lançado do HMS Brilliant no dia 12/05/82. Piloto morto. (Cap Bustos) |
142910 | 11972 | A-4B C-248 | ABR/1970 | Abatido por AAA 35 mm argentina (“fogo amigo”) no dia 12/05/82. Piloto morto. (Cap Gavazzi) |
147714 | 12478 | A-4C C-301 | ABR/1976 | Abatido por SAM Sea Dart lançado do HMS Exeter no dia 30/05/82. Piloto morto. (Cap Vazquez) |
149526 | 12851 | A-4C C-303 | ABR/1976 | Provavelmente danificado colidiu com o mar a NO da ilha Gran Malvina no dia 09/05/82. Piloto morto. (Cap Farias) |
149618 | 12946 | A-4C C-304 | ABR/1976 | Abatido por SAM Sea Dart lançado do HMS Coventry no dia 25/05/82. Piloto ejetou, não foi resgatado. Corpo encontrado 1983. (Maj Garcia) |
148562 | 12755 | A-4C C-305 | 1976 | Danificado por AAA e estilhaços de SAM na Baía de San Carlos, caiu na ilha Rei George no dia 24/05/82. Piloto morto. (1º Ten Bono) |
147747 | 12511 | A-4C C-309 | 1976 | Abatido por AAM AIM-9L lançado do Sea Harrier (XZ492 ou XZ 496) no dia 21/05/82. Piloto ejetou, mas morreu. (1º Ten Lopez) |
148450 | 12643 | A-4C C-310 | 1976 | Abatido por SAM Sea Dart lançado do HMS Exeter no dia 30/05/82. Piloto morto. (Cap Castillo) |
150595 | 13006 | A-4C C-313 | 1977 | Colidiu com o solo próximo a Noroeste da ilha Jason no dia 09/05/82. Piloto morto. (1º Ten Casco) |
148533 | 12726 | A-4C C-319 | 1977 | Abatido por múltiplas armas (AAM, SAM, AAA) na Baía de San Carlos no dia 25/05/1982. Piloto ejetou com sucesso. (Ten Lucero) |
149585 | 12910 | A-4C C-325 | 1978 | Abatido por AAM AIM-9L lançado do Sea Harrier (XZ492 ou XZ 496) no dia 21/05/82. Piloto morto. (Cap Manzotti) |
144983 | 12229 | A-4Q 0660 | 1971 | Código 3-A-307. Abatido por AAM AIM-9L lançado pelo Sea Harrier XZ457 no dia 21/05/82. Piloto ejetou com sucesso. (CC Philippi) |
145010 | 12256 | A-4Q 0665 | 1971 | Código 3-A-312. Danificado por canhão do Sea Harrier XZ457 no dia 21/05/82, abatido por AAA argentina. Piloto morto. (Ten Nv Arca) |
145050 | 12296 | A-4Q 0667 | 1971 | Código 3-A-314. Abatido por canhão 25 mm do Sea Harrier XZ500 no dia 21/05/82. Piloto morto. (Ten Fr Marquez) |
APÓS A GUERRA DAS MALVINAS
Após o fim da Guerra das Malvinas em 1982, os caças Douglas A-4B e A-4C Skyhawk sobreviventes da Força Aérea Argentina passaram por um processo de modernização conhecido como Programa Halcón (“Falcão”). Essa iniciativa visava estender a vida útil das aeronaves e melhorar sua capacidade de combate. As modificações incluíram:
- Substituição dos canhões Colt Mk 12 de 20 mm por canhões DEFA 553 de 30 mm;
- Integração de mísseis ar-ar, como o AIM-9 Sidewinder, e novos sistemas eletrônicos;
- Padronização das aeronaves na V Brigada Aérea, com base em Villa Reynolds.

Essas aeronaves permaneceram em serviço até 1999, quando foram substituídas por 36 unidades do Lockheed Martim A-4AR Fightinghawk, uma versão profundamente modernizada do McDonnell Douglas A-4M Skyhawk II, adquirida dos estoques da Marinha dos Estados Unidos.
O programa A-4AR incluiu:
- Instalação do radar ARG-1, uma variante simplificada do AN/APG-66V2 (o mesmo usado nos F-16A/B);
- Novos sistemas de navegação, guerra eletrônica e mira;
- Utilização de células de A-4M, TA-4J e A-4E ex-Marinha e ex-Marines dos EUA, muitas delas usadas como fontes de peças de reposição.

O A-4AR Fightinghawk representou, durante os anos 2000, o vetor de combate mais moderno da FAA. No entanto, problemas crônicos de manutenção, falta de investimentos e o desgaste estrutural das células levaram à progressiva paralisação da frota. A partir de 2016, a maioria dos caças foi retirada de operação ativa, com apenas quatro a seis aeronaves permanecendo em uso limitado.
Pelo menos seis A-4AR foram perdidos em acidentes operacionais. O mais recente e fatal ocorreu em julho de 2024, o que resultou na suspensão completa das operações da frota. Em 2025, foi noticiado que os A-4AR estariam retornando às operações.
Transição para o F-16:
Como substituição dos Skyhawk, a Argentina assinou um contrato para adquirir 24 caças Lockheed Martin F-16AM/BM Fighting Falcon de segunda mão, provenientes da Força Aérea Real da Dinamarca (RDAF). A entrega das primeiras unidades está prevista para iniciar ainda em 2025, encerrando os quase 60 anos de operação do Skyhawk nas forças armadas argentinas.
O Caso da Aviação Naval Argentina:
Em paralelo, a Aviación Naval Argentina (COAN) também operou 16 A-4Q, uma variante do Skyhawk modernizada de velhos A-4B ex-US Navy, sendo que três foram perdidos durante a Guerra das Malvinas e mais oito células perdidas antes e depois do conflito no Atlântico Sul. Em 1983, a tentativa de adquirir 24 A-4H ex-Força Aérea de Israel (IDF/AF) foi vetada pelos Estados Unidos devido ao embargo militar vigente. Sem perspectivas de substituição e enfrentando problemas de falta de peças de reposição, com apenas cinco unidades operacionais, os A-4Q foram estocados em 1986 e definitivamente aposentados dois anos depois, levando à desativação de sua unidade aeronaval de ataque embarcado.
OBSERVAÇÃO: *Apesar do A-4 Skykawk ser uma aeronave de ataque, eles foram matriculados na Força Aérea Argentina como caças (C = Caza).
FONTES: Wikipédia, Blog “Poder Naval” e Canal “Tudo Sobre Defesa”.
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O MTOW da materia precisa ser ajustado….
Obrigado, corrigimos. Abs!
o velho libras vs kg….rzrzrzr
Pois é rs
É umavião formidavel…altamente manobravel e por conta disto, um bom dogfighter….
Detalhe aos A-4KU (hoje brasileiros) em que sua versão de motor é 25% superior aos demais….
Mesmo ainda hoje quando atualizado, é superior a LIFTs modernos…mas um dia…acabam as peças….
Mesmo nas antigas filmagens TOP GUN, podia se ver a absurda diferença de agilidade dele para com um F-14 quando no envelope de voo dele…
Tempo agora passou e bola para a frente….
https://www.youtube.com/shorts/dUMKKXq9_fI
Sem dúvida esses pilotos argentinos foram corajosos.
Meu coração quase saiu pela boca só de ver essa filmagem, imagine sendo o piloto na hora da ação?
Desculpe pelo erro de pontuação, só percebi agora.
Isso é uma imagem de simulador…DCS…
Só pra constar, a cena do vídeo é do simulador DCS, não é real.
Mas é bom lembrar que os A-4 usados como adversários eram ‘tunados’ heheheheh
Eles tinham o motor mais potente, e toda a parafernália eletrônica desnecessária era retirada. Sem canhões também, se não me engano. Eram mais rápidos que os A-4 padrão. Salvo engano tinham quase todas as modificações dos A-4 dos Blue Angels.
Pois é. Quando se fala em desempenho dos A-4 em dogfight, a maioria confunde os A-4 usado nos esquadrões “Agressor”, com as variantes usadas em linha de frente, que não tinham o desempenho de curva sustentada, aceleração e razão de subida desses A-4 “hot rod”.
A relação peso/potência deles ia a quase 1. Eram basicamente motores com asas, um rádio e um assento ejetável.
E espancavam os Tomcat, Phantom e F/A-18 nos treinamentos.
“Detalhe aos A-4KU (hoje brasileiros) em que sua versão de motor é 25% superior aos demais….”
Além dos A-4KU, hoje AF-1 na MB, os A-4M da US Navy, dos quais foram modernizados 36 exemplares para a FAA, também utilizam a mesma variante do J52.
Uma bela aeronave, que deveria estar descansando nos melhores museus aereos do mundo, e não ainda operacional numa Marinha sem Porta Aviões.
Não precisa desativar, já que ele foi modernizado, é só atualizar para lançar mísseis anti-navio e ser baseado em terra. Daria mais uma camada de defesa para nosso litoral.
Na CRUZEX 2004, na fase FAM/FIT, participei de uma missão controlando um combate dissimilar dois Mirage 2000/C franceses contra um A-4AR argentino. Os franceses eram um capitão liderando um Tenente em instrução. O argentino deu um pau nos dois. Após a missão o capitão francês apareceu na nossa sala pra reclamar.
Por curiosidade….como se “controla” um combate?
O controlador fornece informações acerca do bandido ao amigo (formatura empregada, quantidade de aviões, antena, distância e altitude).
Reclamar do quê? Não sabe perder?? E ainda bem que estavam em treinamento e não era real. Caso contrário não poderia sequer reclamar.
Exato. Foi o que falamos. E ainda estava errado, porque na CRUZEX não é permitido ministrar instrução. Todos os pilotos devem ser operacionais.
Excelente matéria e excelente vetor, na sua época! Não vejo a hora de vê-los no Musal ou outro similar!
Fiquei com uma duvida. Os AF1 são capazes de disparar mísseis BVR? Tem o barramento necessário? Quais modelos de mísseis?
Quando foi realizada a modernização dos AF-1 da MB, foi incluída a capacidade de operar mísseis BVR. Quanto ao modelo do míssil, depende da integração dele à aeronave. A hora disso, se fosse para fazer, já passou. Deveria ter ocorrido quando o projeto de modernização estava em curso. Mas, o Derby seria uma escolha lógica, visto os aviônicos, sensores e radar dos AF-1 modernizados serem de origem israelense.
Não importa a amplitude do conflito, sempre haverá o tal “fogo amigo”.
Os argentinos conseguiram espremer o A-4 até que entregasse todas as suas qualidades. Um feito notável.
Me chamou a atenção a quantidade de pilotos que conseguiram ejetar mas mesmo assim faleceram. Seria falta de manutenção ou o assento ejetor não era dos mais eficientes mesmo?
O Skyhawk usou muitos variantes da mesma família de assentos ejetáveis Escapac, da norte-americana Douglas, que foram sendo aperfeiçoadas com o tempo. As versões A-4B, C e E do Skyhawk usavam o Escapac IA-1. As versões A-4F e TA-4F usavam o Escapac IC-3 e SE-3. Versões mais modernas do Skyhawk, como o A-4KU, hoje AF-1 na MB, usavam (usam) a versão Escapac IG-3. São considerados assentos confiáveis e eficazes. A questão das ejeções no teatro operacional das Malvinas podem ter tido vários outros fatores que influenciaram e colaboraram para a morte dos pilotos.
Foram quase todas ejeções fora do envelope. Houve lançamento de bombas a mais de 500 kt. Ejeções a 600 kt.
Pois é. O equipamento funcionou, só foi usado de maneira errada.
Obrigado pelos esclarecimentos.
👍👍
Muito boa matéria. Mas, algumas considerações: No texto, está assim: “A partir da versão A-4E, foi introduzido o mais potente e confiável Pratt & Whitney J52, motor que seria utilizado nas variantes posteriores e exportadas, incluindo os modelos operados pela Argentina.” As versões B e C operadas pela FAA, apesar de terem passado por revisão e reforma nos EUA antes da entrega, acredito que não receberam o motor J52 e mantiveram o antigo J65. Na 8ª foto da matéria, o A-4B que aparece é o C-226, não C-266. O 226 foi abatido naquela exata missão em que a foto foi… Read more »
Bela nave e com qualidade e história fantásticos (experiência em combate), parabéns pela reportagem. Mas chegado o momento de comparar, hoje nossa MB opera Skyhawk (que sempre alerto e me deixa preocupante alto risco de operação) vejo que se for para ter uma aviação de caça na força naval tem que pensar na segurança dos pilotos, qualidade do caça e custos para manter a “Famosa Doutrina”, espero que a MB tenha um plano urgente (Mas como diz Mike Tyson (pugilista) ” Todo mundo tem um plano até levar um soco na cara” e esse soco na cara chamamos de Brasil),… Read more »
“Pegue o melhor motor, coloque asas e esqueça o resto”
Essa foi a filosofia do Ed Heinemann para o A-4. Curta e eficaz.
Os A-4 da nossa marinha estavam aqui em Natal/RN esta semana. Muito legal. Algumas “aceleradas” e passagens em Ponta Negra. O ronco do bicho é feroz kkkk