Operação AIRLIFT COMAO 2025 na Base Aérea de Anápolis demonstra capacidade de prontidão da Força Aérea Brasileira

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Grandes operações e exercícios militares da Força Aérea Brasileira (FAB), como uma Operação Aérea Composta (COMAO), são caracterizados por um planejamento meticuloso e uma execução dinâmica de missões. Para ilustrar a complexidade e a intensidade de tais mobilizações, apresentamos um exemplo baseado em uma escala de voo da Base Aérea de Anápolis (BAAN), conduzida sob a supervisão do Comando de Preparo (COMPREP).

Em um dia de operação como o analisado, todas as missões podem ser designadas com “Nível de Risco Alto” e operar sob um nível de ameaça de Defesa Contra Aeronaves (DCA) previamente definido. É comum que uma aeronave H-60 Black Hawk do 2°/10° GAV permaneça em alerta, pronta para possíveis missões de resgate.

Início das Atividades: Precisão e Vigilância Estratégica

Um dia operacional pode começar com missões de treinamento especializado. Por exemplo, as atividades aéreas em uma determinada área de operações, como a “COMAO NORTE”, podem iniciar às 10:00Z (Horário Zulu) com um KC-390 Millennium do 1º Grupo de Transporte de Tropa (1GTT), sob o código CASCAVEL 55, realizando um voo de TREINAMENTO focado em precisão e lançamento de paraquedistas, com um tempo de voo de 1 hora e 30 minutos.

A vigilância estratégica é outro componente essencial. Conforme o cronograma exemplificativo, às 12:20Z, uma aeronave E-99M do 2º/6º Grupo de Aviação (2GAV6), o Indicativo ARGUS, decola para uma missão de Alerta Aéreo Antecipado (AEW). Essa função é fundamental para o comando e controle das operações e para a coordenação da defesa contra aeronaves.

Foco em Assalto Aeroterrestre e Apoio Aéreo Aproximado

Operações de assalto aeroterrestre frequentemente constituem um ponto central em exercícios COMAO. No dia tomado como exemplo, a partir das 12:40Z, uma significativa operação de lançamento de paraquedistas (AIRLIFT) ocorre na Zona de Lançamento (DZ) Villa Lobos. Esta fase envolve:

  • Aeronaves C-105 Amazonas dos esquadrões 1º/15º GAV (Indicativo ONÇA) e 1º/9º GAV (Indicativo ARARA), lançando paraquedistas do Comando de Operações Especiais (COPESP) – 20 e 15 operadores, respectivamente.
  • Múltiplos KC-390 Millennium dos esquadrões 1ºGTT e 1ºGT (sob indicativos como CASCAVEL e GORDO), executando o lançamento de um grande contingente de paraquedistas da Brigada de Infantaria Paraquedista (BDA), com cada aeronave transportando 64 militares, e a quantidade total de paraquedistas seguindo o previsto na escala de voo.

Para garantir a segurança e o sucesso de inserções complexas como esta, um pacote de caça e ataque é tipicamente acionado. No exemplo analisado, às 13:00Z, quatro caças F-39 Gripen do 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), Indicativo JAGUAR, realizam Patrulha Aérea de Combate (CAP) para defesa aérea.

Simultaneamente, às 13:05Z, duas aeronaves A-1M AMX do 1º/10º GAV (Indicativo POKER) partem para missões de Ataque (STK) a alvos designados.

Complementando, às 13:10Z, quatro caças F-5M Tiger II dos esquadrões 1ºGAVCA e 1º/14º GAV (Indicativos JAMBOCK e PAMPA) conduzem missões de Varredura (SWP), incluindo Contra-Ataque Ofensivo e Escolta.

Operações Contínuas: Transporte Logístico e Presença Aérea Sustentada

 

A dinâmica de um COMAO se estende ao longo do dia. No exemplo, a tarde segue com alta intensidade:

  • Às 17:20Z, uma nova missão AEW é lançada com outra aeronave E-99M (ARGUS).
  • A partir das 17:40Z, o foco pode se voltar para operações de Transporte Aéreo Logístico (AIRLAND), com aeronaves C-105 (ONÇA, ARARA) e KC-390 (CASCAVEL, GORDO) realizando pousos para transporte de Força de Ação Rápida (FAS), Evacuação Aeromédica (CASEVAC) e Exfiltração Aeroterrestre (EXF AER).
  • Um segundo pacote de caça e ataque pode ser acionado a partir das 18:00Z, com F-39 Gripen (JAGUAR) novamente em CAP, A-1M (POKER) em missões de Ataque, e F-5M (JAMBOCK, PAMPA) em missões de Varredura.

Capacitação Noturna: Treinamento Especializado

As atividades podem se estender noite adentro, focando em treinamento especializado em outras áreas, como a “COMAO SUL”. No exemplo, a partir das 21:30Z:

  • Um KC-390 (Indicativo BARÃO) do 1ºGT conduz treinamento de Reabastecimento em Voo (AAR) com três caças F-5M (Indicativo PAMPA VERMELHO) do 1º/14º GAV.
  • Encerrando a programação, às 22:00Z, dois F-5M do 1ºGAVCA (Indicativo PIF PAF OUROS) realizam um voo de treinamento, possivelmente focado em combate aéreo simulado.

A Importância de um Dia de COMAO

Um dia de operações como o exemplificado pela escala de voo analisada demonstra a capacidade da Força Aérea Brasileira de planejar e executar missões aéreas complexas e altamente coordenadas. Envolvendo uma diversidade de aeronaves e unidades em cenários desafiadores – com risco elevado e ameaças simuladas – esses exercícios são fundamentais para aprimorar a interoperabilidade, testar doutrinas e garantir a prontidão operacional da FAB para a defesa dos interesses nacionais. Cada fase, desde o alerta para resgate até o reabastecimento noturno, compõe o intrincado quebra-cabeça da supremacia aérea e da projeção de poder.


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Rogério Loureiro Dhiério

Entra ano, passa ano não lemos muita coisa diferente.
Já não aguento mais ler F-5M, AMX-M, Senhor.

Era para estarmos lendo somente Gripen, KC390 e por ai vai, seguindo a evolução natural da vida.

Pelo andar da carruagem, daqui uma década estaremos lendo as mesmas siglas.

Rodrigo Maçolla

Pelo andar da carruagem (com os cortes e mais cortes na defesa) sim e reze para que pelo menos ainda termos estes meios disponíveis para poder ler estas mesmas siglas, porque pior que ler as mesmas é não ler nenhuma outra no lugar destas….

Rogério Loureiro Dhiério

Pior que é verdade.

Leandro Costa

Carruagem? Que carruagem? Roubaram a grana do conserto do eixo. Se fosse Oregon Trail já estaríamos com disenteria.

Jagder

Ó céus! Ó vida!

Rogério Loureiro Dhiério

Esqueceu do “Ó azar!!!!”

Camargoer.

Isso não vai dar certo..

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Fabio Araujo

Se temos esses caças e estão operacionais temos que usá-los até serem substituídos ou simplesmente tirados de serviço. No Chile houve a pouco o exercício Estrela Austral onde participaram F-16 chilenos e americanos e os F-5 III chilenos!

Fabio Araujo

Uma correção não tinha F-16 americanos dos americanos tinham C-5M Super Galaxy, C-17 Globemaster III, C-130 Hércules, C-146A Wolfhound, MC-130J Commando II y U-28A Draco e dos chilenos da FACh F-16 Block 50, F-16 MLU, F-5 Tigre III, A-29B Super Tucano, helicópteros UH-412 e MH-60M Black Hawk, e aviões de transporte C-130 Hércules e da Brigada de Aviação do Exército do Chile fornece as aeronaves CN-235, C-212, C-208 e Cougar e MD-530F Defender, enquanto da Naval Aviation P-3ACH, C-295ACH, Super Puma e HH-50.

Fabio Araujo

Esse tipo de mobilização de diversos meios para operarem em conjunto é muito bom e quando o link BR2 tiver em operação vai facilitar ainda mais essas operações em conjunto!

BVR

Salve Fábio Araújo!! Concordo com a sua observação. Certamente permitirá aos elaboradores do exercício aumentar o nível de desafio as unidades envolvidas. Pensei também o quanto seria interessante se pudéssemos dispor de uma força oponente, semelhante ao EB, que possibilitasse treinar as unidades aéreas de combate. Claro que as limitações orçamentárias exterminam qualquer possibilidade nesse sentido. Mas imagine a FAB – já com uma considerável quantidade de F-39 – podendo dispor de uma força opositora formada pelos F-5M e A-1’s ; mas para dificultar para os Gripen’s somente a força opositora poderia dispor do link Br. Enfim, acho importante que… Read more »

juggerbr

A prontidão atual deve ser uma das menores em muitos anos, a quantidade de aeronaves operacionais só diminui, F-5 e A-1 aposentando, sem que os Gripen reponham em quantidades significativas.
Depender dos A-29, dos poucos F-5 e Gripen é muito escassez de prontidão.

Carlos Pietro

Boa noite, a quarta foto, de cima para baixo, ficou linda. Parabéns FAB.

Rodrigo Maçolla

Essa ?
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Realmente o que é bom tem que ser valorizado todas as fotos que a FAB divulga são realmente muito bem feitas, muito boas, (Sgt Müller Marin),

Carlos Pietro

Exatamente. Linda foto.

GBento

Poderiam explicar pra um leigo o que é missão de Varredura (SWP)?

Fernando Vieira

É um golpe de caratê com a perna, espécie de uma banda. A maioria dos caras de torneios de caratê cai nesse golpe e ele é bem simples. Só não peça para um senhor japonês mestre de caratê te ensinar isso senão ele vai te sacanear pegando uma vassoura e te ensinando a varrer o chão.