Engenheiros brasileiros recebem autorização para testes de voo do Gripen

Os engenheiros de ensaios em voo da Embraer, que atuam no Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC), em Gavião Peixoto (SP), conquistaram a autorização de ensaios em voo Nível 1, ganhando maior autonomia nos testes do Gripen.
Os engenheiros Orion Sofia Demarchi, Roberto Zanasi Junior e Paulo Cesar Romera Junior passaram por um treinamento especializado nas instalações da Saab na Suécia em 2019, adquirindo experiência nas metodologias e tecnologias do caça e garantindo o alinhamento com os padrões de qualidade e segurança. Em 2020, eles começaram a trabalhar no GFTC sob a supervisão dos engenheiros de teste de voo da Saab.
Para obter a autorização deste ano, eles concluíram um treinamento teórico, uma experiência prática e avaliações específicas que comprovam sua proficiência em processos, protocolos de segurança e práticas de engenharia. Os critérios incluíram experiência em sistemas de aeronaves, análise de dados, planejamento de testes de voo, comunicação com aeronaves de teste e avaliação de riscos.
“Desde minha viagem à Suécia, foram cinco anos de dedicação, aprendizado e colaboração para estar no ambiente de testes de voo da Saab. Tenho muito orgulho de fazer parte de um projeto que visa ampliar a defesa do nosso país, especialmente em um programa de desenvolvimento de caças de alta tecnologia”, disse Zanasi.
“Essa iniciativa de transferência de tecnologia vai além do simples compartilhamento de conhecimento. Ela representa um compromisso de longo prazo para fortalecer nossa colaboração e construir uma base sólida para o sucesso futuro”, disse Jonas Petzén, chefe de testes de voo do GFTC.
A autorização de testes de voo da Saab é estruturada em níveis, cada um definindo o escopo das responsabilidades e da autonomia. No nível inicial, os engenheiros executam tarefas de baixo risco. À medida que progridem, eles adquirem a capacidade de conduzir testes mais difíceis e lidar com tarefas mais complexas. No nível mais alto, os engenheiros são autorizados a gerenciar operações de teste altamente complexas e de alto risco de forma independente. Geralmente, são necessários três anos ou mais para atingir cada estágio.
Os engenheiros recém-autorizados estarão envolvidos em vários aspectos dos testes de voo, como planejamento e realização de testes de voo e análise de dados, com o apoio dos engenheiros de testes de voo da Saab. Espera-se que mais engenheiros da Embraer sejam certificados durante 2025, garantindo o crescimento e o desenvolvimento da expertise nacional.
FONTE: Saab
LEIA TAMBÉM:
Gripen no Brasil: visitamos o centro de testes de voo e perguntamos sobre os novos elevons
Do futuro do Gripen ao caça do futuro: para onde aponta a ToT ao Brasil
Será que se tivéssemos comprado F-18 ou Rafale teríamos adquirido esse conhecimento? Claro que não.
Nao mesmo. Agora foco em prosseguir com os testes e assegurar que toda a documentaco de processos e procedimentos estah completa para assegurar o compartilhamento do conhecimento.
Esses conhecimentos já não estão disponíveis na divisão de ensaio de voos do DCTA e na própria Embraer?
Talvez algumas coisas não.
ToT, conhecimento…
Mas estamos no Brasil, no final das contas em que resulta esse conhecimento?
Teoria 100% prática???
20 anos de FX e o que temos hj….
Já postei aqui, e vou postar de novo: a EMBRAER não possui (possuía) conhecimentos para vôo supersônico. Isso inclui aerodinâmica, comandos de vôo e uso de materiais compostos, dentre outros. Esse conhecimento será aplicado em.TODOS os produtos EMBRAER. O conhecimento adquirido no projeto AMX permitiu a fabricação do E145.
Infelizmente esse conhecimento sera bom para Orion, Roberto e Paulo – não para o país. Não há aqui escala suficiente (e portanto dinheiro) que os prenda a novos projetos nacionais. A chance deles depois irem embora para EUA, Europa ou Ásia são quase de 100%
Poxa, legal que os engenheiros vão poder pilotar o Gripen em voos de testes também. Uma coisa é você receber o feedback do piloto, outra coisa é poder voar o caça e sentir por si mesmo.
Obs.: C. I.
Engenheiro de Ensaios em Vôo não pilota o avião.
Mas o Gripen F ainda não esta disponivel. Então eles vão ter que desenvolver o sistemas destinados ao Gripen E/F voando no Gripen D? Ou estão sendo preparados para colaborar nos primieros voos do Gripen F?
Creio que você está fazendo confusão. No Gripen E eles testam no solo, ou por meio da estação de telemetria. Nem sempre o engenheiro de ensaio tem que estar a bordo.
Engenheiro de voo apenas voa no avião. Ele não pilota o avião.
Seria uma boa esse projeto receber algum tipo de atenção em matéria de recursos (Dããããããã, como se já não precisasse antes), porque eu suspeito que esses cérebros podem simplesmente não ficarem no Brasil…
E isso pode acabar acontecendo,Leandro. O programa, por um lado, anda … como vimos nessa matéria. Mas, por outro, está “empacado”, com entregas a conta-gotas. Eu já tive boas expectativas e esperanças nesse programa, mas hoje já não tenho mais.
Estamos na mesma, meu caro.
Tive essa mesma expectativa, durante os 40 anos que acompanho o PEB. Vi diversos projetos do Governo começarem com toda pompa e, por fim, falharem. Atualmente, com o Estado se limitando apenas ao fomento e não mais ao projeto, voltei a ter expectativas quanto programa. Me entristece e surpreende ver o IAE tentar tirarar vantagem das empresas envolvidas no MLBR em prol do finado VLM. Quanto ao contrato do Gripen, não consigo entender a falta de comprometimento que os administradores do Estado (tanto atual gestão quanto anterior) conseguem ter com o programa. Vemos bilhões e bilhões indo para o ralo… Read more »
É exatamente isso, meu caro. Não temos, nem nunca tivemos, políticas de Estado nesse país. Para nada! Nada de bom, quero dizer … Defesa nunca foi prioridade e nem ficou entre os interesses mais prementes. E isso independe de governo…qualquer um deles…uns mais, outros menos, mas todos de maneira superficial, insuficiente e sem compromisso em manter os programas em funcionamento.
Na teoria e segundo alguns, as FA já tem se movimentado para diminuir seus custos com pessoal. Mas isto vai fazer efeito no longo prazo. Precisaria ser feita uma reforma administrativa. E precisa chegar em um nível de microgerenciamento. Mas este trabalho pode afetar o ego (bolso e regalias) de alguns oficiais de alto escalão. E, sinceramente, acho difícil ocorrer. Então, para não deixarmos estes pontos (que precisam realmente ser trabalhado) negativos continuarem atrapalhando o andamento de programas tão essenciais, poderia ser decretada uma verba específica para tal fim. Algo que garantisse uma verba adicional de 1% do PIB (exemplo)… Read more »
Exato, nao ficarão! Imagina vc ser certificado a projetar e construir navios num país sem mar, é quase o mesmo. Não terão escala de novos projetos
Chance bastante alta.
Vários engenheiros e técnicos do AEB saíram do órgão, motivados pelo ostracismo, para irem trabalhar lá fora.
O mesmo já ocorreu com outros engenheiros e técnicos do PROSUB.
Tá testando ainda?
Uma das principais questões relacionadas ao programa do Gripen no Brasil consiste em que, entre outros, seus sofwares tem código fonte aberto. Assim qualquer novo armamento ou sistemas de comunicação, defesa, radar etc necessitam ser integrados e testados. Imagino que só considerando as atualizações previstas já justificam o treinamento destes, entre outros, profissionais.
Entre os outros falta treinar aqueles que cuidam dos pagamentos para a SAAB…
Parabéns aos engenheiros Orion Sofia Demarchi, Roberto Zanasi Junior e Paulo Cesar Romera Junior! Entendo que estas atividades são aquelas com as quais o engenheiro mais consegue se desenvolver e obter satisfação profissional. E para os pilotos “não engenheiros” – e outros abelhudos (rsrsrsr) -, quem que disse que um engenheiro de testes não pode pilotar?
Sem brevet não pode. Se tiver a CHT de piloto, daí pode.
Sim, meu caro Nery, entendo ser necessário possuir a CHT de piloto. Na realidade eu quis apenas brincar um pouco… Como sabemos, pilotar e testar são duas atividades muito amplas e especializadas. Em outras atividades encontramos paralelos similares. Um exemplo bem aplicável consiste nas atividades da formula um, em que a especialização pilotagem é distinta da de desenvolvimento do veiculo; logicamente isso não impede que haja alguns exemplos de pilotos/testadores tal como o Bruce McLaren. Forte abraço!
Sim.Pontes, piloto de ensaios, é também engenheiro formado pelo ITA.