EUA e China em nova corrida espacial com lançamento de foguete lunar Artemis

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Washington e Pequim buscam bases lunares concorrentes, próxima parada em Marte

PALO ALTO, EUA/PEQUIM/TÓQUIO – Meio século depois de colocar o primeiro homem na Lua, os EUA iniciaram um novo programa de exploração espacial, pois não concorrem com Moscou, mas com Pequim para novas fronteiras no espaço.

O primeiro foguete do programa Artemis foi lançado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, na quarta-feira, enviando a cápsula Orion em uma viagem ao redor da Lua e de volta. A cápsula, que não é tripulada para esta missão, mas pode acomodar quatro pessoas, deve estar mais próxima da Lua no sexto dia antes de retornar à Terra no 26º dia.

Artemis é um sucessor do programa Apollo, que conseguiu seis pousos lunares tripulados no auge da corrida espacial com a União Soviética nas décadas de 1960 e 1970. Os EUA planejam ir ainda mais longe com Artemis à medida que a crescente rivalidade com a China se espalha pelo espaço, visando construir uma base lunar para realizar uma missão tripulada a Marte até a década de 2040.

O programa Artemis consiste em três fases. Se a missão atual for bem-sucedida, uma espaçonave tripulada será lançada em 2024 para realizar um sobrevoo lunar. A terceira missão será lançada já em 2025 para pousar astronautas, incluindo a primeira mulher, na Lua.

Os parceiros da NASA no programa Artemis incluem agências espaciais do Japão e da Europa. A Orion carrega dois microssatélites desenvolvidos pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, um dos quais – Omotenashi – será a primeira espaçonave japonesa a tentar um pouso na Lua.

A NASA também está de olho na crescente experiência no setor privado. Encorajou a competição entre a SpaceX de Elon Musk e a Blue Origin de Jeff Bezos, escolhendo a SpaceX em 2021 para desenvolver o módulo de pouso humano para trazer astronautas à superfície lunar.

O impulso ocorre quando a China persegue suas próprias ambições espaciais com a ajuda de seu complexo industrial de defesa estatal. Concordou em construir uma base lunar conjunta com a Rússia em 2021, aproveitando a vasta experiência deste último no espaço para competir com os EUA.

A empresa estatal de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China anunciou em agosto planos para atualizar seus foguetes Longa Marcha, que já foram usados ​​para lançar sondas lunares não tripuladas, para que tenham capacidade de carga útil para lidar com uma missão humana à lua. Ela disse que imaginou botas chinesas na Lua por volta de 2030.

Desde que se tornou o líder da China em 2012, o presidente Xi Jinping espera transformar o país em uma superpotência espacial ao lado dos EUA e da Rússia. A China conseguiu pousar seu primeiro rover lunar em 2013 e se tornou a primeira do mundo a pousar uma sonda no outro lado da lua em 2019. Recuperou amostras de solo da lua em 2020. Começou a construir sua própria estação espacial em 2021, que pretende concluir até o final deste ano.

Os EUA veem os avanços da China como uma ameaça potencial à segurança nacional. Em agosto, o Departamento de Comércio colocou sete organizações relacionadas ao espaço na China na Lista de Entidades, restringindo seu acesso à tecnologia dos EUA.

“As tecnologias dos EUA que apoiam as atividades espaciais e aeroespaciais não devem ser usadas para apoiar a modernização militar [da China]”, disse o subsecretário de Comércio para Indústria e Segurança, Alan Estevez, em um comunicado.

Embora a Apollo tenha sido uma importante fonte de orgulho americano durante a Guerra Fria, seu custo – estimado em US$ 150 bilhões em dólares de hoje – colocou uma pressão significativa nos cofres do país.

Em contraste, a Artemis deverá custar US$ 93 bilhões de 2012 a 2025. O foguete Space Launch System usado no lançamento e a cápsula Orion foram desenvolvidos pela Boeing e Lockheed Martin, respectivamente. As empresas recorreram à tecnologia existente, como os motores do ônibus espacial aposentado, para manter os custos baixos.

FONTE: Nikkei Asia

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Willber Rodrigues

Não nascí na época da Apollo, mas espero realmente presenciar a volta do homem pra Lua e, principalmente, ver o primeiro ser humano em Marte.

Rogerio

Vcs acreditam nos anos 70 os americanos consegue ir na lua, depois 50 anos com tantos avançam os tecnologias como hj, esquece o caminho ou perdei a mapa 🙃🙃

RPiletti

Reescreve que tá difícil de entender o que tu quer expor.

Sensato

Pra quê? Foi ruim na primeira tentativa e continuará sendo nas subsequentes.

Leandro Costa

O que torna o fato de ele não acreditar que o homem pisou na lua algo que faz sentido total.

Andre

Não só nós, que passamos da quarta série, mas a agência espacial russa, a agência espacial chinesa, a universidade de havana, o centro de desenvolvimento de foguetes da Coréia do Norte, e todos com mais de 3 neurônios sabem que os americanos pousaram na Lua em 1969.

E fica comprovado a ausências dessas células ao afirmar que “esqueceu ou perdeu o mapa”.

Henrique

Não cara o homem não foi pra Lua não… EUA maquiaram todas as 6 viagem e os Russo/URSS sabiam tudo e não refutaram pq era um ato de boa vontade do comunismo com o capitalismo…
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70 anos depois do evento PROVADO cara me pega teoria de terraplanista fumada quer ser levado a serio

Last edited 1 ano atrás by Henrique
Victor Filipe

Não é uma questão de tecnologia. é uma questão de custo. É extremamente caro mandar qualquer coisa para o espaço e quanto mais peso mais caro fica. Missões tripuladas são as mais caras de todas por causa de tudo oque é preciso levar para sustentar uma tripulação no espaço durante a ida e volta + os módulos de pouso lunar, combustível extra e etc. Então para a NASA que teve seu orçamento ferozmente cortado após a guerra fria ficou mais barato mandar sondas espacias. Some tudo isso ao fato de que não tem muita coisa acontecendo na lua e que… Read more »

André Macedo

Know how se perde com o tempo por diversas razões, o próprio Brasil já teve know how industrial que hoje não tem mais, não “esqueceram” o caminho, a tecnologia que ficou obsoleta e se perdeu com o tempo, o SLS foi construído pra levar seres humanos pra Marte, o Saturn V não. Fora que depois de 6 missões tripuladas pra lua e o fim da Guerra Fria a prioridade dada pro assunto diminuiu muito. Por fim: A URSS tinha inúmeros satélites capazes de provar que o pouso na Lua foi uma falácia, a própria China já tem um robô por… Read more »

Last edited 1 ano atrás by André Macedo
Camargoer.

Caro Rogério. As exigências de segurança hoje são muito mais rigorosas que aquelas usadas durante o programa Apollo. O acidente da Apollo 1 é um bom exemplo de como as questões de segurança eram subestimadas. O programa do Õnibus Espacial é outro exemplo de como o progresso tecnológico elevou os custos e também as exigência de segurança e mesmo assim aconteceram os desastres da Challenger e da Columbia. O sucesso do programa Apollo deve muito á sorte. De modo aproximado, é como comparar a segurança dos veículos hoje (airbag, colunas, ABS, cinto trẽs pontas) com os carros de 40 ou… Read more »

Mazzeo

Caro Camargo e colegas. Know how se perde muito facilmente. Um caso interessante para analisar e o do aerogel chamado dogbane usado nas ogivas W76, W78 e W88. Foi fabricado em Oak Ridge entre 75 e 89, e com o fim da fabricação das ogivas eles colocaram a planta em suspensão, depois desativaram e destruíram o prédio, deixando só uma planta piloto ativa. Em 2000 começou o plano de remontagem e upgrade das W76 e eles simplesmente não conseguiram fazer novos batches do material até 2009, depois de um tremendo investimento. Motivo, apenas especulação, mas os processos atuais são muito… Read more »

Camargoer.

Olá Mazzeo. Vocẽ tem razão. O programa Manhatam custou US% 5 bilhões em poucos anos (hoje seriam cerca de de US$ 50 bilhões). Os cálculos eram feitos na mão por que não existiam computadores. Os laboratórios em Los Alamos eram de madeira. As instalções em Hanford (hoje desativadas) deixaram um local contaminado e um passivo ambiental que custará milhões (ou bilhoes) para ser remediado. Desconhecemos os problemas de saúde decorrentes de procedimentos inseguros de manipulação de material nuclear, algo que seria inaceitável hoje. Sobre a dificuldade de reproduzir procedimentos complexos antigos, uma parte do problema é a dificuldade de documentar… Read more »

IvanF

Não sei se convence, mas vi um vídeo que tenta explicar do porque não construírem mais os motores F1 do Saturn V: https://youtu.be/ovD0aLdRUs0

Em resumo, o argumento é que tudo era meio artesanal, mas os artesãos não existem mais, e não existe documentação suficiente pra construir com técnicas novas.
Isso falando dos motores apenas, mas creio que dê pra abranger essa lógica pra outras coisas.

Mas claro, a questão custo deve bater qualquer outro argumento 😀

Gastar bilhões pra ir buscar umas rochas, que já temos aos montes por aqui, não deve agradar muito ao contribuinte que paga por isso.

Jmgboston

Ìiiiii. Terraplanista por aqui?

Carlos Campos

US$ 150 bilhões em dólares de hoje – caramba, muita grana, mas ainda menos do que a invasão do afeganistão

Leandro Costa

Coisas estranhas, mas curiosas esses custos. O segundo programa militar mais caro dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial foi o Projeto Manhattan, que desenvolveu a energia atômica e a bomba atômica. Mas pouca gente lembra que o projeto militar mais caro da Segunda Guerra Mundial foi o desenvolvimento e fabricação do B-29, que parece algo bem mais fácil de se desenvolver do que tecnologia nuclear.

Camargoer.

Olá Leandro. O B29 foi na época o avião mais caro e sofisticado em produção, mas o que o tornou tão caro foi uma produção de quase 4 mil unidades em um período de 3~4 anos. No mesmo período, foram construídas 3 bombas (Trinity, LiittleBoy e FatMan). Segundo o Gen. Groves, eles teriam condição de entregar uma quarta bomba de plutonio em cerca de um mẽs e manter uma cadência de uma nova a cada semanas. De fato, os EUA continuaram produzindo mais bombas (creio que os EUA chegou a ter um arsenal de mais de 30 mil dispositos na… Read more »

Nonato

Estranho terem parado 50 anos no tempo.
Hoje já estariamos fora do sistema solar…

Rafael

Esse foguete deveria ter uma Comissão de Inquérito no Congresso. Mas os responsáveis pelos desmandos foram os próprios congressistas…

Henrique

O mais viável seria pegar dinheiro do programa Artemis e repassar paras empresas privadas (Spacex e o grupo que foram a ULA) para eles tocarem a logística e a NASA entra só com os astronautas e a agenda do que vai ser explorado, maaaaaassssssssss nããããããããão se não for apenas a NASA e o Governo dos EUA ai não pode… imagine o apocalipse que seria se uma empresa privada fizesse isso antes do governo kkkkkk

André Macedo

Só com os astronautas e a agenda? O próprio Falcon 9 e a cápsula Dragon começaram com investimento da NASA por meio de programas como COTS e CCDev, essa história de “indústria privada x estatal” é uma falácia.
Além disso a própria NASA está basicamente esperando o Starship ficar pronto.

Last edited 1 ano atrás by André Macedo
Henrique

“O próprio Falcon 9 e a cápsula Dragon começaram com investimento da NASA”
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é mesmo… é pq diabos então a NASA ta fabricando um foguete próprio e torrando um dinheiro infernal nisso sendo ela pagou pra Spacex existir? pq ela ta pagando pra ter um foguete porcamente eficiente?
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se for pra fazer lavagem de dinheiro ou torrar imposto então pode corta as assas da NASA. deixa a Spacex assumir que o filho ta melhor que o pai maluco

IvanF

Pq lá as empresas que mandam no governo, então elas arrancam tudo que podem, como podem e se fazem poder! Investem milhões pra eleger “seus” deputados e senadores (Aqui não é muito diferente), arrumam uma desculpa e tome dinheiro pra fora!

Não é lavagem de dinheiro, isso é lobby das empresas! Eles torram o dinheiro do contribuinte, até a galera começar a achar ruim, aí arrumam outra forma de tirar dinheiro do governo… e assim vai indo.

Carlos Campos

pq a SpaceX é do Elon Musk, e o outro é de outras pessoas, cada um com sua teta, todo mundo mama e o pagador de impostos se …….

Last edited 1 ano atrás by Carlos Campos
Camargoer.

Olá Henrique, Ora, os “empreenderes” que coloquem o seu próprio dinheiro, que busquem investidores privados interessados. Nada garante que repassar dinheiro público para uma empresa privada resolva, basta lembrar que a PerkinElmer, responsável pelo espelho do Hubble foi incapaz de fazer o trabalho, quase inviabilizando o programa do telescópio espacial. O módulo de comando da Apollo 1 (que pegou fogo e matou os astrounautas) também foi construido por uma empresa privada contratada pela Nasa (North Americam Rockwell).

Andre

Se compararmos com o desenvolvimento exclusivamente estatal, fica claro que a união dos esforços privados com os estatais é muito melhor, afinal, com esforços exclusivos do estado ninguém chegou na Lua.

Camargoer.

Olá Andre. O programa Apollo empregou mais de 500 mil técnicos e engenheiros da Nasa, de empresas privadas e de universidades. O programa foi tão gigantesco que nenhuma instituição privada ou pública teria conseguido realiza-lo no prazo de uma década. Ocorreu o mesmo com a construção de Itaipu, que custou US$ 17 bilhões e envolveu empreiteiras privadas, universidades e a própria Itaipu Binacional, uma empresa pública que pertence a dois países. Para comparação, o programa Apollo custou US$ 27 bilhões em 1973. Isso dá uma dimensão do que foi Itaipu.

IvanF

Mas… o dinheiro foi repassado pra uma empresa privada, a Boeing! Acho que a Nasa entrou aí só com um projeto básico, ou conceitual. Deve também fiscalizar. O problema aí talvez tenha sido alguns requisitos equivocados, como a obrigação de usar os motores do ônibus espacial, e da Boeing ter sido contratada diretamente. Achei várias questões que foram levantadas que colocavam o conceito da NASA em cheque, muitos levantados pela concorrência da contratada. Difícil avaliar sem ser especialista na área. Provavelmente só mais um capítulo dos lobbys que comem solto lá nos EUA. Vale lembrar que, apesar de tudo, esse… Read more »

Henrique

“Acho que a Nasa entrou aí só com um projeto básico, ou conceitual. Deve também fiscalizar.”
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exatamente isso que NASA não ta fazendo… o Administration foi comprar cigarro e não volto kkkkk
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Provavelmente só mais um capítulo dos lobbys
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não tenha duvidas.. é isso.

Ai eu digo que o Estado tem que ser limitado e não pode ter poder demasiado e sem controle da população o e pessoal acha que eu to loco que “Não é o Estado que entende de economia… pq sem o estado que faria os buracos nas rodovias pra justificar outra rodovia”

Camargoer.

Olá Henrique. Concordo com você que a sociedade deve controlar o Estado em diversas esferas o que nada tem a ver com adotar um Estado mínimo ou qualquer ideia baseada na eficiência do setor privado. Aliás, a sociedade também deve controlar o setor privado. Todas as grandes crises financeiras dos últimos 100 anos foram causadas por bolhas especulativas nascidas da desregulamentação do setor financeiro. O tamanho do Eatado é uma consequência das necessidades da sociedade. È interessante lembrar que as democracias escandinavas possuem uma elevada carga tributárias (acima de 40% do PIB) e focada principalmente na renda, cabendo ao Estado… Read more »

wainer

Ainda será mais barato que o desenvolvimento do caça F35 que custou mais de 1 trilhão de dólares. Correto ?

Zezão

O valor é altíssimo, mas esse custo se refere ao desenvolvimento, aquisição, manutenção/operação de toda a frota ao longo de sua vida útil… Os EUA irão comprar mais de 2.500 aeronaves e muitos estarão operando até 2070, se você fizer uma estimativa que cada caça custará por volta de +/-100 milhões de dólares com custo de operação em torno de 30 mil dólares (por hora de voo), em 40 anos voando 20 horas por mês, o valor total atingirá 1 trilhão de dólares. É caro, mas pra efeito de comparação, atualmente um caça F-15C gasta mais de US$ 41 mil… Read more »

Carlos Campos

errado, cerca de 100 bi, 1 tri é previsão do programa inteiro, desenvolvimento, compra e manutenção

OJFL

Na verdade não existe uma corrida espacial mas sim a China tentando alcançar os Estados Unidos e como ferramenta de propaganda. A China não consegue fazer vários lançamentos por semana como os Estados Unidos e seus foguetes não são da mesma qualidade dos Americanos. Se os Estados Unidos continuar investindo a China vai ter que acelerar muito para alcançar.

Flávio

A China atualmente é o único pais com sua própria estação espacial….

IvanF

Então… é uma corrida! Você só falou que os EUA estão na frente, mas não deixa de ser uma corrida! E se os EUA pararem, a China vai passar!

Morgoth

Em um mundo perfeito, EUA, China, Rússia, Japão, UE, Índia e outros juntariam-se para explorar o espaço de forma combinada.

No mundo perfeito, é claro…

Zorann

“O foguete Space Launch System usado no lançamento e a cápsula Orion foram desenvolvidos pela Boeing e Lockheed Martin, respectivamente. As empresas recorreram à tecnologia existente, como os motores do ônibus espacial aposentado, para manter os custos baixos.” Custos baixos onde? O SLS é um monstro caríssimo de US$ 4 bilhões por lançamento, fora o valor gasto em seu desenvolvimento e sem contar a Orion!! Um foguete sem propósito, com custos exorbitantes, inviavel economicamente. A Starship seria a solução correta não só para o HLS, como para o lançamento dos astronautas, a um custo infinitamente menor. A Nasa gastou fácil… Read more »

Billy

KKK …poxa e eu, bobinho, contente pela Humanidade mais uma vez estar transcendendo sua lastimável condição de escravidão, miséria, opressão, fome, violência, presos pela gravidade nessa rocha ! Mal sabia que era tudo só pra provocar a pobre china, da mesma maneira que esses perdidos Yankees torturaram a URSS.