Detalhes sobre a interceptação ‘perigosa’ de uma aeronave P-8A da RAAF por caça J-16 da China

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A Austrália acusou a China de realizar uma interceptação perigosa de uma aeronave multimissão P-8A Poseidon da Força Aérea Real Australiana (RAAF) no final de maio, com o ministro da Defesa da Austrália dizendo posteriormente que o jato chinês lançou chaffs que foram ingeridos pelo motor do P-8A

O Ministério da Defesa divulgou um comunicado no início do domingo (5/6) dizendo que o incidente ocorreu no espaço aéreo internacional sobre o Mar da China Meridional em 26 de maio, acrescentando que o P-8A foi interceptado por um Shenyang J-16 chinês enquanto realizava “atividade de vigilância marítima de rotina”.

Acrescentou que a interceptação “resultou em uma manobra perigosa que representava uma ameaça à segurança” para a aeronave e a tripulação da RAAF e que o governo australiano levantou suas preocupações com seu colega chinês sobre esse incidente.

O ministro da Defesa, Richard Marles, mais tarde forneceu mais detalhes sobre a interceptação quando questionado sobre isso na TV, dizendo que o J-16 voou ao lado do P-8 e lançou flares antes de acelerar e cortar a frente da aeronave da RAAF e ficou na frente dela a “distância muito próxima”. Em seguida, liberou “chaffs que continham pequenos pedaços de alumínio, alguns dos quais foram ingeridos pelo motor da aeronave P-8”.

Ele acrescentou que “obviamente, isso foi muito perigoso”, mas que a tripulação da RAAF estava toda ilesa e os elogiou por responder profissionalmente durante o incidente.

Dados publicamente acessíveis do site de rastreamento de voos Planefinder mostraram que a aeronave envolvida era quase certamente o P-8A A47-008. Foi um dos dois P-8 da RAAF operando na base aérea de Clark nas Filipinas na data, e os dados de rastreamento de voo mostraram que ele decolou e retornou do sudoeste do aeródromo no dia 26 de maio.

O P-8, operando sob o indicativo AUSSIE189 (ASY189), decolou por volta das 01:00 GMT (11:00 Canberra) naquela manhã antes de pousar pouco antes das 0540 GMT (15:40 hora de Canberra) naquela tarde, depois de circular sobre a cidade vizinha de Angeles por cerca de um hora.

O A47-008 então não voou novamente até 3 de junho, quando realizou outro voo seguindo um perfil semelhante ao Mar da China Meridional. Entretanto os voos de Clark foram efetuados pela outra aeronave, A47-007 que voou nos dias 27 e 30 de Maio e novamente no dia 2 de Junho.

Estes incluíram outro voo para o Mar da China Meridional no dia 27 de maio.

No entanto, os P-8 da RAAF não voaram apenas para o Mar da China Meridional durante esse desdobramento de Clark, com dados mostrando que eles também realizaram voos para o leste em direção ao Mar das Filipinas e ao sul para o Estreito de Makassar em várias ocasiões.

J-16

A origem dos J-16, que são operados apenas pela PLAAF, é desconhecida. As unidades de caça permanentes mais próximas do Mar da China Meridional estão baseadas na província insular de Hainan, embora sejam aeronaves da Marinha do PLA e não sejam conhecidas por operar J-16s.

Em vez disso, o caça provavelmente seria de um destacamento temporário operando a partir de um dos aeródromos da China nas ilhas do Mar da China Meridional, como o de Woody Island nas Paracels, para onde a China enviou destacamentos de caça rotativos no passado.

O J-16 é um desenvolvimento chinês do avião de combate multifuncional russo Su-30MK equipado com aviônicos e motores nativos.

A notícia dessa interceptação veio depois que o Canadá acusou a China de interceptações igualmente perigosas de sua aeronave de patrulha marítima CP-140 Aurora, com reportagens no Global News do Canadá acusando os interceptadores militares chineses de se aproximarem o suficiente para mostrar o dedo do meio aos canadenses.

O CP-140, que é a designação canadense para o Lockheed P-3 Orion, está atualmente monitorando os esforços norte-coreanos para quebrar as sanções no mar sob a Operação Neon.

A RAAF também desdobrou seus P-8 para essa missão sob a Operação Argos, e a ADM – Australian Defence Magazine está atualmente aguardando uma resposta da Defesa sobre se suas aeronaves também foram interceptadas de maneira perigosa durante essa missão.

FONTE: Australian Defence Magazine

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JuggerBR

Olha aí os chineses, homenageando Pete Maverick e seu ousado voo sobre o Mig-28 em 1986…

Renato B.

Se bem me lembro, teve um incidente similar com um EP-3 americano anos atrás que não terminou nada bem para o piloto chinês.

Jorge F

Nem para os americanos que tiveram que pousar na China e comer papel para não entregar documentação secreta

Cheng

E os chineses desmontou tudo peça por peca, fizeram uma engenharia reversa, e ainda devolver e mandou peça por peça pela DHL aos EUA 🤣

Renato B.

Peças de P-3 teriam mais uso para nós do que para eles. O equipamento eletronico deve ter chegado espalhado pelo chão.

Renato B.

Eles voltaram para casa vivos, o chinês não. E papel, em 2022 num avião espião americano? Improvável. Esses caras tem protocolo até para ir ao banheiro, aposto que tem algo preparado para isso usando imãs e martelos. Desse até ter sido bom para relaxar.

Luis Carlos

Conselho para a Austrália: Melhor colocar as barbas de molho.

Leandro Costa

Boa noite Kings. Tudo bem? Pode me explicar qual o sistema que usa para escolher novos nicks? São listas de nomes comuns de onde escolhe o primeiro e o segundo nome? É interessante. Me lembra muito de como escolhem (ou escolhiam) nomes para operações militares durante a Segunda Guerra Mundial.

Alexandre Cardoso

Que sistema de escolha de nomes, nada. Até parece que o Kings usa algum sistema de escolha de nomes.

Last edited 1 ano atrás by Alexandre Cardoso
Sensato

Poderíamos fazer um “bolão”?
por exemplo:

A) Luis Carlos, de Luis Carlos Prestes
B) Luis Carlos, de Luis Inácio e Carlos Marighela
C) Nenhuma das anteriores

Matheus

Cuidado pra não acontecer o incidente da ilha da Hainan, onde um J-8B colidiu com um EP-3 da US Navy.

Marcos10

O chinês, ao passar por baixo do P-3, colidiu contras as pás de um dos motores. Parece que o chinês perdeu a cabeça, literalmente.

Red Pill - 红色药丸

Vem tentar a sorte vem

Alberto

China, Rússia, Irã, Coréia do Norte, etc fazem oque bem entende e pronto, ninguém vai chegar e impedir, a Rússia invadiu a Ucrânia e já anexou o leste e sul , pronto. O Ocidente não tem poder militar pra impedir.

Guilherme Leite

Disserta sobre o poder militar do ocidente x esses países ?

O que ambos os lados tem são nukes, o que os tornam perigosos igualmente.

Armas convencionais só servem para o resto do mundo, o seleto grupo de potenciais nucleares só se enfrentam por procuração e se um dia fossem se enfrentar tão somente na forma convencional, o único que detém poder o suficiente para projetar força em qualquer lugar do mundo é o EUA(porta aviões, LHDs, a maior marinha do mundo), em breve, também a China (a segunda melhor marinha do mundo e a futura melhor).

Leandro Costa

Alberto, há algumas coisas que merecem ser debatidas nessa sua frase. Uma coisa é poder militar, outra coisa é poder político. O poder militar, não para impedir, até porque é difícil impedir algo que já aconteceu, como você diz, mas sim para dissuadir. Não é por que determinado Estado tem armamento nuclear que podem simplesmente fazer o que quiserem. E existem muitos exemplos claros disso ao longo da História. O grande problema do armamento nuclear é que, uma vez que você decida usá-lo nos dias atuais, você provavelmente irá causar sua própria ruína, e também muito provavelmente, a de nós… Read more »

Alberto

Eu vou te dizer oque vai acontecer, daqui há 20 anos os EUA não existem mais, e China e Rússia controlaram o mundo totalmente, a população de origem européia do meio-oeste americano não aceita a mudança demográfica nos EUA para um país com maioria da população de origem hispânica e afrodescendente, e os EUA entrarão em guerra civil e desintegração territorial, os especialistas são unânimes nessa projeção, o Brasil e América Latina serão área chinesa.

César

Estou curioso. Quais ¨especialistas¨ são unânimes nessa projeção que vc diz aí?

Leandro Costa

A quase vinte anos atrás foi publicada uma teoria que dizia quase a mesma coisa, de que os EUA se fragmentariam em diversos países menores. A previsão era mais ou menos de que isso poderia ocorrer por agora mesmo. Mas foi só um cara que publicou isso e acho que era um Russo. Preciso tentar achar esse paper. Eu ainda estava na faculdade de Relações Internacionais quando isso surgiu. E na época foi beeeeeem longe de ser unanimidade. O problema dessa teoria é que os EUA de 1776 é diferente daquele de 1790, que é diferente daquele de 1850, que… Read more »

JuggerBR

Sem querer parecer um russófilo ou coisa similar, mas EUA sempre fizeram o que quiseram, não pediu licença a ninguém antes de invadir Vietnã, Iraque, Afeganistão, Iraque…
Argentina tbm não quis saber e tomou as Malvinas… Mas como não tinha poderio militar suficiente, apanhou da Inglaterra. Tivessem se preparado direito, e teriam uma bandeira portenha em Port Stanley até hj…
Não tem gentilezas entre países, tem a lei do mais forte…

Peter Nine Nine

Isso não é bem assim. Com o Iraque houve dois confrontos, o primeiro perfeitamente legal e justificado em defesa do Kuwait, o segundo, quer queiramos quer não, veio muito à boleia do primeiro, mas bem menos justificado. O Afeganistão era uma terra de ninguém, onde assassinatos estilo genocídio eram coisa padrão, tivessem os Estados Unidos se portado melhor em outras áreas que não a militar e em ambos os teatros teria havido completo sucesso. O Vietname pode-se considerar jogo justo também, no contexto da luta por influência no teatro da guerra fria, numa tentativa de bloquear áreas de influência aos… Read more »

Elio

Oque os Australianos estavam fazendo ali, todos iguais, esses povos de origem britânica fomentando conflitos pelo mundo.

Sagaz

“ocorreu no espaço aéreo internacional sobre o Mar da China Meridional” leia o texto, internacional não é invasão de território, ninguém pode passar na rua enfrente a tua casa que será uma provocação?

Leandro Costa

A Austrália é uma ilha. Sua sobrevivência depende de vias de comércio marítimo abertas e livres.

Claudio

Quantas ações perigosas os Estados Unidos e seus “puxadinhos” já cometeram? São muitas e muitas ações perigosas. Inclusive, ações de invasões, guerras e destruição de outros países. O que o piloto com o j-16 fez, foi algo sensacional e profissional, o qual deixou muita inveja na falida Austrália.

WSilva

A manchete deveria ser:

”Avião espião australiano, longe de casa, tentando invadir o espaço aéreo chinês é interceptado por caça chinês e convidado a voltar pra casa.

A boa e velha cara de pau dos anglo-saxões de sempre bancar o mocinho.

Sagaz

“ocorreu no espaço aéreo internacional sobre o Mar da China Meridional” leia o texto, internacional não é invasão de território, ninguém pode passar na rua enfrente a tua casa que será uma provocação?

WSilva

“ocorreu no espaço aéreo internacional sobre o Mar da China Meridional”

Isso quem diz é a Austrália, o agressor.

A versão chinesa é que o avião ESPIÃO tentava invadir o espaço aéreo chinês.

Por ser um avião espião, estar longe de casa, estar no Mar da CHINA Meridional, estou muito propenso a acreditar na versão chinesa.

Esse é o problema da maioria das pessoas, elas consomem apenas material ocidental e automaticamente acham que é a verdade absoluta.

Leandro Costa

O nome “Mar da China Meridional” é uma referência geográfica e não jurídica.

E a China jamais vai conseguir dizer que aquilo tudo são águas territoriais. Pode escrever aí no seu caderninho de desgostos.

WSilva

Tenho plena certeza que a China irá cuidar muito bem do seu quintal como já está fazendo ao ”atroplear” um avião espião que novamente, estava longe de casa e por boa causa não estava lá.

Minha preocupação é mesmo com o Brasil, pois se o mesmo acontecer por aqui no nosso quintal, pouco poderemos fazer dado o cenário atual.

Luiz Trindade

Se fosse ministro da defesa da Austrália, próxima vez fazia esses vôos com uma dupla de caças australianos! Mas como não sou, vou receber um monte de deslikes… kkkkkkkkkkkkkkk