A missão tem como foco verificar a integração de todos os subsistemas e a robustez do novo cargueiro da FAB em ambiente hostil, com condições de temperatura extremamente baixas

A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer iniciaram, no dia 08 de fevereiro, os ensaios de frio extremo, Cold Soak, da aeronave KC-390 Millennium nos Estados Unidos (EUA). A missão tem como foco verificar a integração de todos os subsistemas e a robustez do novo cargueiro da FAB em ambiente hostil, com condições de temperatura extremamente baixas.

A atividade é gerenciada pela Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) e conta com representantes do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), engenheiros de ensaio do Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo (IPEV) e integrantes da Embraer. Já a operação da aeronave teve o apoio de tripulação do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1° GTT) – Esquadrão Zeus.

Diferentemente de uma qualificação ambiental quanto a componente, o ensaio de Cold Soak tem por objetivo investigar, no quesito sistema, o efeito da exposição da aeronave a temperaturas extremamente baixas, por um intervalo de tempo considerável em solo, situação na qual a falha de sistemas pode levar a eventos de Dificuldades em Serviço, nas quais a aeronave fique sem condições de operação.

O início da atividade se deu com a chegada do KC-390 à cidade de Jacksonville (FL), no dia 08 de fevereiro, onde a equipe especializada da Embraer e da FAB, entre engenheiros, técnicos e tripulantes se reuniram. No mesmo dia, a aeronave decolou para Moses Lake (WA) para realizar o primeiro trajeto do traslado para Fairbanks (AK). Vale notar que essa etapa teve duração de 6h28min, que representa o maior tempo de voo operacional do KC-390, em percurso único, já realizado e explicita a autonomia e o alcance da aeronave, fatores essenciais para o cumprimento da missão de transporte aéreo logístico.

Já em Fairbanks, a aeronave foi exposta, por um longo período, a um ambiente climático favorável aos testes, atingindo um pico de -37,8°C com sensação térmica de – 47,8°C. Após o tempo de exposição requisitado, foram conduzidos cheques operacionais da aeronave para verificar a correta funcionalidade de diversos sistemas, tais como: aviônicos, elétrico, hidráulico, controles de voo, combustível, motores, Auxiliary Power Unit (APU) e radar.

O Tenente-Coronel Aviador Carlos Vagner Ottone Veiga, do Esquadrão Zeus, está na missão e destacou a importância dos testes. “Os resultados dos testes serão importantes para seguir com a certificação da aeronave nesta condição, um grande passo para que as missões do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) com o KC-390 possam ocorrer em um futuro próximo. Cabe ressaltar que o Esquadrão alcançou a marca de voo mais longo com essa aeronave, no trecho entre Jacksonville e Moses Lake, evidenciando a enorme capacidade desse vetor”, explicou.

Para o Tenente-Coronel Engenheiro Emerson Gonçalves de Souza, da COPAC, que também faz parte da equipe, o ensaio Cold Soak é mais um passo na certificação da aeronave. “A realização do ensaio representa um marco importante no processo de desenvolvimento e certificação militar da aeronave KC-390, que visa garantir que esse importante vetor da Força Aérea estará apto a operar eficientemente em condições de baixa temperatura, atendendo aos requisitos estabelecidos pela Força Aérea para seu emprego”, disse.

Devido à exposição ao extremo frio, os cheques ocorreram de forma cadenciada e minuciosa, a fim de garantir a segurança da equipe de ensaios e a qualidade dos resultados obtidos. A longa jornada de testes permitiu a coleta de dados diversos que serão utilizados para comprovar a robustez da aeronave, bem como para o aprimoramento e maturação dos sistemas avaliados.

“Foi uma grande alegria para o time de engenheiros e mecânicos da Embraer observar o resultado de anos de desenvolvimento. A aeronave operou muito bem e, com o resultado do ensaio, poderemos aumentar a segurança e a eficiência quando o KC-390 operar em baixas temperaturas”, comentou o engenheiro da Embraer Guilherme Moreschi Valente dos Santos.

O sucesso da missão foi um passo fundamental para prosseguir na certificação da aeronave KC-390 Millennium, garantindo a integração dos sistemas, a robustez e a segurança em todo o envelope operacional. Destaca-se, ainda, que tais características auxiliarão no cumprimento das missões estratégicas do PROANTAR.

 

FONTE: Força Aérea Brasileira

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João Adaime

Antigamente, no inverno aqui no Sul, a primeira providência antes de ligar o trator para o trabalho na lavoura, era acendido um fogo embaixo do motor. Sem isso ele não pegava.
No caso do KC, qual a primeira providência? É feito um pré-aquecimento no sistema hidráulico? Se sim, com as baterias ou é ligada a APU? Ou outra ação?
Pergunta de quem nunca enfrentou quase 40 graus negativos. No máximo 18 negativos numa câmara fria de um frigorífico. E por poucos minutos. KKKKK

João Adaime

Obrigado pela aula Roberto
Abraço

Rinaldo Nery

Acredito que há uma bomba elétrica para um dos sistemas hidráulicos, como nos A320/321/330.

Rinaldo Nery

Àqueles que criticaram a ida da aeronave aos EUA para a o Exercício Culminating, afirmando que a mesma deveria ter permanecido aqui por conta da pandemia, tá aí o motivo no NÃO cancelamento. O avião TINHA que ir ao Alasca após o Exercício, e não haveria outra oportunidade para esse ensaio OBRIGATÓRIO.

Nilo

Em um momento oportuno em um dos invernos mais rigorosos do Alasca, de resto esperamos ansiosos o primeiro pouso na Antartida. Países como Chile e Suécia estão de olho.

Last edited 3 anos atrás by Nilo
Helio

Gostaria que alguem esclarecesse do porque desse teste de frio não poder ser realizado diretamente na Antartida?

Mayuan

Amigo, não vou afirmar pois não sei mas creio que seja muito mais fácil resolver qualquer pane, receber peças, receber pessoal especializado ou o que for necessário em caso de pane no Alaska que na Antartida. A logística deve ser muito mais simples, rápida e barata.

Helio

Sera? Se for por isso, as peças sairiam da fabrica da Embraer, ou de fornecedoras proximas, que ficam mais perto da Antartida.

Talvez o Alaska seja o local convencionado para os tramites da certificação, onde eles ja tem uma referencia de outras medições . Seila!…

Leandro Costa

Helio, A Antartica NÃO é um ambiente controlado. É o operacional. Se alguma coisa acontecer lá não tem como resolver em tempo hábil. Dependendo da época, demora meses até. O local em que estão fazendo os testes no Alaska é um ambiente controlado, onde se pode medir a performance da aeronave e ainda há infra-estrutura de apoio de sobra.