UM POUCO DE TIGRE

O planejamento original da USAF para o Programa Skoshi Tiger previa a execução de três fases. Na primeira delas as missões ficariam circunscritas ao entorno da base aérea de Bien Hoa. Os caças F-5C do Esquadrão 4503 atuariam principalmente na função de apoio aéreo aproximado, auxiliando as ações do Exército Sul-vietnamita contra guerrilheiros vietcongs dentro do Vietnã do Sul.

Grande parte das missões distava até 40 milhas da base de operação. Mas sem reabastecimento os F-5C podiam executar missões a 180 milhas da base transportando três tanques externos e duas bombas.

O F-5 era capaz de transportar praticamente qualquer armamento empregado pela USAF no Vietnã, mas raramente eles empregavam algo mais sofisticado do que bombas de queda livre, foguetes não guiados e bombas incendiárias tipo Napalm. Em determinadas situações foram empregadas bombas de fragmentação.

O lançamento das bombas ocorria de forma convencional e em mergulho suave. Quanto aos tanques de napalm eles eram lançados de alturas que variavam entre 50 e 10 metros.

AGENTE LARANJA

A partir do ano de 1961 os Estados Unidos começaram a empregar desfolhantes e herbicidas pra evitar que os guerrilheiros Vietcongs usassem a cobertura florestal como proteção.

Esses produtos químicos eram comumente conhecidos como “agente laranja” e uma das principais aeronaves utilizadas para espalhar o produto a baixa altura era o lento e vulnerável C-123 Provider. Por esse motivo ele era escoltado por aeronaves de ataque.
Em algumas oportunidades os F-5 forneceram cobertura aérea aos C-123 e só atuavam quando os transportes recebiam fogo antiaéreo. Em outras situações os caças “limpavam’’ o terreno antes da passagem do C-123 utilizando bombas de fragmentação.
Numa dessas oportunidades o então capitão Billy Rippy sentiu uma forte explosão abaixo do seu F-5 após lançar a bomba. Rapidamente ele declarou emergência e subiu para um nível mais seguro. O painel de luzes de alerta não parava de piscar. Combustível jorrava do tanque da ponta da asa e da fuselagem.

Rippy conseguiu levar o F-5 de volta a base e a investigação posterior mostrou que as submunições explodiram assim que foram lançadas. A aeronave foi perfurada por estilhaços em 100 diferentes pontos. A resistência do projeto do F-5 permitiu que ele retornasse à base. Era possível recuperar a aeronave, mas isso levaria muito tempo e ele não participaria mais do Programa Skoshi Tiger.

Mas nem todos tiveram a mesma sorte de Rippy. No início de dezembro o F-5 do major Baggett incendiou-se durante uma missão de ataque. Sem controle da aeronave o oficial da USAF teve que se ejetar. Pouco tempo depois um helicóptero apareceu para resgatá-lo. Mas era tarde. Baggett faleceu vítima dos ferimentos que recebeu. A perda da aeronave, ocorrida no dia 16 de dezembro, foi atribuída ao fogo de terra.

Ao final da fase um o esquadrão atingiu uma média de duas missões por dia e se houvesse um aumento de demanda esse número poderia ser dobrado sem maiores dificuldades. Após nove semanas a fase um do Programa foi encerrada.

RUMO NORTE

Logo no início do ano de 1966 o esquadrão foi transferido para o norte. A base aérea de Da Nang distava apenas 100 milhas da Zona Desmilitarizada. A proximidade com o Vietnã do Norte tornava a região muito mais complexa e perigosa. Além de uma defesa terrestre mais robusta, os F-5 poderiam enfrentar ameaças aéreas. Começava a fase dois do Projeto “Skoshi Tiger”.

Porém, a política mudou o rumo do projeto. Pouco antes do ano novo o presidente norte-americano Lyndon Johnson anunciou a suspensão dos bombardeios aéreos contra o Vietnã do Norte.

Em função das restrições de voo sobre o Vietnã do Norte, as missões foram direcionadas para o país vizinho, o Laos, onde as rotas de suprimentos dos vietcongs foram atacadas.
As distâncias envolvidas até os alvos nesta fase do programa eram muito maiores e a baixa autonomia da aeronave se tornou um problema. Reabastecimentos em voo foram usados constantemente.

Depois de passar o mês de janeiro em Da Nang o Esquadrão 4503 retornou para Bien Hoa. Foi um período curto (apenas dez dias), mas de muita atividade para o esquadrão.

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