Jatos 737 MAX em uma fábrica da Boeing - Foto: Reuters

Jatos 737 MAX em uma fábrica da Boeing – Foto: Reuters

Por Dominic Gates

A carteira de pedidos da Boeing para o 737 MAX, ainda sem poder voar, continuava encolhendo em abril, com a nova pandemia de coronavírus reduzindo o tráfego de passageiros aéreos em cerca de 90% e levando as companhias aéreas ao redor do mundo a problemas financeiros.

E com a produção interrompida durante a maior parte do mês para tentar proteger suas fábricas dos jatos contra o coronavírus, a Boeing entregou apenas cinco aviões comerciais em abril e um derivado militar.

Os clientes cancelaram pedidos para 108 aviões Boeing 737 MAX no mês passado. Além disso, a Boeing removeu mais 99 pedidos de MAX que haviam sido previamente reservados da carteira de pedidos oficial. Isso deixa a carteira de pedidos da empresa em mais de 500 no vermelho para o ano.

A unidade de leasing de aeronaves da GE, GECAS, cancelou 69 MAXs. Outro arrendador, o China Development Bank Financing, cancelou 29 unidades. Os 10 cancelamentos formais restantes foram feitos por clientes não identificados.

Os 99 pedidos de MAX que a Boeing excluiu da carteira de pedidos em abril foram anteriormente colocados pelas companhias aéreas que agora enfrentam um estresse financeiro tão grave que seus compromissos não são mais considerados sólidos o suficiente para atender aos padrões contábeis dos EUA.

Dois pedidos para o 787 Dreamliners também foram removidos da lista de pendências pelo mesmo motivo. A Boeing se recusou a nomear o cliente, mas é provável que esses sejam os dois pedidos restantes do 787 não cumpridos da Avianca da Colômbia, uma companhia aérea que acabou de declarar falência.

Sem surpresa, com as companhias aéreas sobrecarregadas pela falta de demanda, a Boeing não ganhou novos pedidos no mês. Com os cancelamentos e remoções adicionais, isso deixa a encomenda líquida do ano negativa em menos 516 aviões.

Em abril, a rival europeia Airbus ganhou nove pedidos líquidos: oito A320neos e um A321neo. E entregou 14 jatos: uma dúzia de A320neos, um A350 e um A330ceo.

Durante o ano até o final de abril, a Airbus registrou 66 cancelamentos de pedidos de jatos, resultando em pedidos líquidos para 299 aviões.

As fábricas da área de Puget Sound da Boeing reabriram após um fechamento de quatro semanas em 21 de abril e as linhas de montagem de North Charleston, Carolina do Sul fecharam em 8 de abril pelo resto do mês.

Em abril, North Charleston entregou três 787 Dreamliners, enquanto a Everett entregou um 787 Dreamliner e um jato de carga 777. A fábrica da Renton 737 entregou à Marinha um caçador de submarinos P-8.

Omitindo um total de 427 compromissos para o MAX que agora são duvidosos demais para serem contados, a carteira de pedidos oficiais do Boeing 737 agora é de 3.871 aeronaves, dos quais cerca de 50 são derivadas militares e o restante são MAXs.

O estoque atual oficial de pedidos da Boeing em todos os programas é de 4.834 aeronaves, queda de 215 aeronaves em relação ao mês anterior.

A Airbus disse que sua carteira de pedidos é de 7.645 jatos.

No entanto, é provável que os pedidos em atraso de ambos os fabricantes diminuam significativamente no próximo ano, à medida que os problemas financeiros das companhias aéreas aumentam o ritmo, algumas companhias aéreas falham e projeções realistas são feitas sobre a demanda futura.

FONTE: The Seattle Times

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Rui Chapéu

Pensem na enxurrada de aviões que estarão disponíveis no mercado devido a várias companhias aéreas que faliram ou vão falir.

Pensem na queda absurda de demanda de passageiros….

E além de que não vai ter tanta vantagem trocar aviões antigos por mais novos que consomem menos combustível pq o preço do petróleo está bem baixo…

Então vai demorar pras fabricantes de aviões recuperarem as vendas….

Claudio Moreno

Bom dia Rui e demais amigos e camaradas da Trilogia.

Volto a dizer que agora também é o momento para ser criado uma EPP 100% nacional com ações na bolsa, com encomendas somente de aeronaves da EMB.
As vantagens são inúmeras tanto para a Embraer como a mobilidade estratégica um exemplo foi a dificuldade que foi a repatriação de brasileiros na China.

CM

Rui Chapéu

Qual a parte da falta de demanda que vc não entendeu?

Vc quer que, em vez da iniciativa privada utilizando dinheiro próprio perder dinheiro, vc quer que todos os contribuintes brasileiros percam dinheiro???

Vc quer que todos paguem a conta de uma empresa que não precisa existir pq não existe mercado pra mesma?

Já não basta o exemplo do correios que é uma estatal deficitária e agora vc quer um “correios” para pessoa física?

Claudio Moreno

Isto é temporário Rui. Compreendi que não há demanda, mas nem por isso não haverá recuperação e digo mais não será lenta. Nas cidades aonde a quarentena foi relaxada, o comercio no varejo está crescendo (Florianópolis por exemplo, pesquise no jornal da câmara do comercio de lá, ou busque Paulo Sergio Moreno meu irmão mais novo, presidente da câmara). A oportunidade faz a ocasião. Insisto que esse é o momento. Reservas o Brasil tem. O problema sempre foi a transparência e aonde elas estão sendo investidas (bolso de alguns políticos) veja o caso dos respiradores no Rio de Janeiro e… Read more »

Claudio Moreno

Rui,

Veja um exemplo de aproveitar a oportunidade e diversificar:
“Azul inicia voos 100% cargueiros em aeronaves de passageiros”

Se a EPP já estivesse aí, mercado ela teria…

Não pode ficar na cadeira esperando, tem que partir e inovar, inventar, investir (eu invisto na Bovespa tá osso mas não vendo, pelo contrário peguei meu FGTS e investi em quem antes estava em alta e agora caiu “dica setor de beleza” vai atrás). A retração é temporária, se ficar no pensamento atual, alguns voltarão a andar de carroça, bigas, botes…

CM

Antoniokings

Claudio Moreno

E para a piorar a situação, a Delta anunciou hoje, 14/05, que vai aterrar toda sua frota de 777 até o final do ano para ‘deixar de queimar dinheiro’
Hoje, as ações dessa empresa apresentaram a pior performance em 7 anos.
Está bastante complicado.

Antoniokings

Corrigindo a notícia:
A Delta vai aposentar sua frota de 777 e trocar por Airbus.

Marcos10

A Azul acaba de renegociar a entrega de 59 aeronaves da Embraer para 2024.

Space Jockey

CM –
A padaria aqui perto de casa (SC) ja está em 70% do movimento normal.

Claudio Moreno

Rui meu camarada,

Os correios são um caso à parte Rui…quem escreve cartas hoje? Quem compra na internet, busca preços módicos na hora da entrega, assim os Correios encontraram uma concorrência brutal e não foram engenhosos suficientes para coexistir com as demais empresas. Mas ainda assim estão aí por serem estratégicas ao Estado já que existem lugares que empresas privadas não querem fazer entregas. Daí a necessidade de uma empresa aérea no modelo EPP, pois até mesmo os Correios neste modelo, encontraram parceiros privados dispostos a investir o dinheiro e entregar em lugarejos no fim do brejo.

Rui Chapéu

Na boa, vc poderia abrir essa empresa com seu capital.

Ou já que vc investe em Bovespa, pegue toda sua grana e coloque em EMBR3

Mas acredito que vc não quer perder seu dinheiro né, vc quer que todos os outros percam dinheiro.

Pare de fazer os outros pagarem as contas que vc quer fazer.

E não se esqueça que a Embraer já foi estatal e foi privatizada justamente pq era uma fogueira de dinheiro, só rendeu depois de privatizada.

Claudio Moreno

Amigo Rui, Não tenho grana suficiente para isso, mas já invisto na Bovesp. Eu só penso que a EPP é um bom negócio de oportunidade. Lucrei com a paridade do dólar na era Sarney, Plano Collor, no Plano Bresser, me fodí geral com o FHC e as URV’s mas não me acorvadei… Continuei investindo, movimentando dinheiro, rolando dívida, me orgulho de ter o que tenho. Se o país como um todo tivesse meu arrojo tenhi certeza que teríamos acertado mais. Respeito teu medo, teu raciocínio mas não significa que você está certo. O mundo capitalista vive de oportunidades e arrojo.… Read more »

Antonio Palhares

Moreno. Realmente. Agora não entendo o critério de alguns não concirdarem com um comentário desse. Digo o mesmo para o do Rui Chapéu.

Marcos10

“a carteira de pedidos oficiais do Boeing 737 agora é de 3.871 aeronaves”.
Se a Embraer tivesse 1/3 disso, estava dando risada.

Antoniokings

Só que há um pequeno problema.
Para a estrutura da Boeing isso é muito pouco e deve aproximar a empresa de uma situação falimentar.
Sem contar que essa carteira de pedidos deve diminuir mais ainda.
A EMBRAER pode sobreviver com muito menos que isso.
A Boeing está em péssimos lençóis.

Willber Rodrigues

A Boeing tem 2 abacaxis gigantescos nas mãos:
A crise na aviaçáo ( o que ocasiona o cancelamento de pedidos ) e o 737 MAX.
O Tio Sam vai ter que socorrê-la, não tem jeito.

Claudio Moreno

Eles sim tem com que se preocupar. Pois a credibilidade da marca foi danificada.

CM

Junior

Com uma dívida de 54 bilhões de dólares, valor de mercado por volta de 75 bilhões, tendo que pagar quase 2 bilhões de juros anualmente depois da última captação no mercado, fica claro que essa conta não vai fechar para a Boeing, e olha que só estamos no começo de sentir os efeitos da pandemia na economia. Levando em conta que o setor aéreo será um dos últimos a sair da crise, creio que um socorro do governo americano seja apenas uma questão de tempo. O Warren Buffet já deu a deixa, ao vender todas as ações que tinha nas… Read more »

Willber Rodrigues

A Boeing só não está ainda pior porque conseguiu vender o SH pra Alemanha, e talvez consiga vendê-lo pra Suíça, Finlândia ou Canadá. Mas mesmo assim, pelo tamanho do rombo que você mostrou, só o Tio Sam pra socorrê-la. A área militar da Boeing não vai conseguir segurar tudo isso sozinha.

Claudio Moreno

Wilber boa noite!

Já foi anunciado a assinatura de contrato entre as partes (Alemanha e Boeing) ? Acho que a mim, passou desapercebido isso. Já Finlândia e Suíça sei não… Ainda mais no caso desta última, uma vez que protelou novamente a concorrência

CM

Antoniokings

Wilber Rodrigues

A parte de aviação civil da Boeing é consideravelmente maior que o setor militar.
A empresa não sobreviveria sem o faturamento da parte civil.

Augusto L

Não vejo um grande resgate da Boeing não, o governo vai dar somente um fluxo de caixa para crise.

A Boeing tera que vender seus ativos, simples assim.

Prevejo que a parte espacial deles e de defesa vá a ser vendida para salvar a parte comercial.

Willber Rodrigues

Discordo. Acho que é justamente as áreas de defesa e aeroespacial que vão receber a atenção do Governo Norte-americano, ja que são áreas estratégicas.
Além do mais…quem compraria essas áreas?

Adriano Luchiari

Concordo, são as áreas mais lucrativas. Quando a Chrysler pediu concordata nos anos 80, seu então presidente Lee Iacocca cogitou vender os ativos menos a fábrica de tanques de guerra, a única divisão estava gerando lucros…

Augusto L

Mas ela acabou vendendo tanto que quem produz, o Abrams hoje é General Dynamics. Você vende seus ativos lucrativos para sair da crise, o que se não vende é a sua função principal, no caso da Boeing a parte comercial que no longo prazo da mais retorno que o setor de defesa e espacial. Quanto a potências compradores eu posso falar vários aqui LM, Northrop Grumman, Raytheon, BAE, Elbit, General Dynamics, Thales e etc. O uma variedade de empresas americanas e outras de aliados que poderiam comprar o setor de defesa da Boeing, acredito que ninguém tenha grana para comprar… Read more »

Junior

Até um fundo de privite equaty pode comprar a área espacial, para mim, se eles tiverem que vender alguma área será a espacial, que nos últimos anos tem sido um fracasso total, aliás eles acabaram de ficar de fora da missão para lua, outro fragoroso fracasso da Boeing, depois que o modulo que eles levariam astronautas para a estação internacional falhou. Essa é a área que traz menos grana para a empresa além de ser um dos setores mais arriscados, e com demanda menor que o setor de defesa e comercial

Claudio Moreno

Falou e disse Junior.
Por isso que até de certo modo não foi de todo ruim a não concretização do acordo Boeing / EMB.

CM

Antoniokings

Junior

E tem outro componente, político, nessa história.
Se não me engano, de 25% a 30% dos pedidos da Boeing são de empresas chinesas.
Se Trump continuar enchendo a paciência dos chineses e eles cortarem esses pedidos, a situação entorna de vez para a Boeing.

Ricardo Bigliazzi

A grande questão é que a pandemia restringiu a movimentação global. Certamente para todas as empresas aéreas do mundo a saída não será encontrada em praticas ortodoxas que regulam o mercado. Como exemplo é fácil citar a Alitália que irá sobreviver graças a uma intervenção estatal. Muita coisa irá acontecer num curto espaço de tempo, como ficarão as empresas no Brasil, EUA, Inglaterra, Russia (Aeroflot Russian Airlines, S7 Airlines, Pobeda Airline, Ural Airlines, UTair Aviation, Nordwind Airlines, Azimuth, RusLine entre outras) e no resto do mundo? Temos um problema e a solução definitivamente não será ortodoxa. Nessas horas o espirito… Read more »

Renato

A vida dá muitas voltas. Venderam ou se venderam a EMBRAER para a BOEING com olho grande em maiores lucros. Eu como Presidente não permitiria abrir mão de uma empresa estratégica nacional. Se os EUA não abrem de suas empresas estratégicas, porque o Brasil tem que arriar as calças? Alguém já viu os EUA venderem alguma estratégica para outra nação? A grande verdade é que a pernada foi maior que o passo. Hoje a EMBRAER reconhece publicamente que quem está segurando a empresa é a sua divisão de.defesa. Se não fosse essa divisão, a posdibilidade da EMBRAER estar perto de… Read more »