A-29 Super Tucano do Mali

A-29 Super Tucano do Mali

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo

A capacidade de combate da Aviação Militar da República do Mali ficou, ontem, grandemente diminuída, após a queda de um dos seus quatro monomotores A-29 Super Tucano, de ataque leve ao solo e treinamento de pilotos de combate.

De acordo com as primeiras informações divulgadas pela imprensa africana, os dois tripulantes da aeronave morreram.

O acidente aconteceu quando o avião, de matrícula TZ04C, precipitou-se em terra, nas cercanias da cidade de Sévaré, região de Mopti, no centro-sul do território maliano, quando se preparava para aterrisar no aeroporto local, que abriga a Base Aerienne 102 do Exército do Ar local (Armée de L’Air du Mali).

A máquina sinistrada se encontrava em procedimento de descida acompanhada de um outro Super Tucano – o TZ02C – e, de acordo com relatos não oficiais, “voou invertida” (de cabeça para baixo) até encontrar o chão.

Bourget – O Mali mantém um relacionamento tenso com a vizinha Burkina Faso – nação somente algumas dezenas de quilômetros ao sul de Sévaré – e enfrenta sérios problemas de banditismo e terrorismo em sua fronteira do Norte.

A 15 de junho de 2015, durante a Mostra Aeronáutica de Le Bourget, em Paris, a Força Aérea do Mali contratou meia dúzia de Super Tucanos à brasileira Embraer, numa operação comercial que incluía, por parte da companhia de São José dos Campos, o fornecimento de suporte técnico e treinamento. Contudo, três anos mais tarde, apenas quatro foram entregues.

Segundo rumores não confirmados, os dois últimos seriam configurados numa versão ISR, para cumprir missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento – uma necessidade estratégica do Mali que diz respeito, especificamente, à segurança das suas fronteiras. Entretanto, o governo de Bamako teria ficado sem dinheiro para confirmar a encomenda dessas últimas aeronaves.

Os quatro A-29 recebidos pelo Exército do Ar maliano eram empregados rotineiramente em voos armados, de bombardeio leve a objetivos em terra e close air support – missões que compartilhavam com o adestramento de jovens aviadores militares.

Analistas africanos levantam a hipótese de que os A-29 foram entregues sem sistemas de mira sofisticados, por causa de um veto político do governo dos Estados Unidos.

O poderio da Aviação maliana se resume, agora, a três Super Tucanos, um pequeno número de helicópteros de ataque russos Mi-35 e dois ou três caça-bombardeiros Mig-21MF (Fishbed-J), modernizados, que realizam sobrevoos na capital Bamako, por ocasião das cerimônias oficiais, mas já não estariam mais aptos ao combate aéreo.

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Victor Filipe

Não sei oque aconteceu mas pelo visto os pilotos não tiveram muito oque fazer, meus pêsames a família e amigos dos falecidos.

DOUGLAS TARGINO

Foi tão rápido e uma pressão tão grande que não deu tempo nem de pensar!

Alfredo Araujo

Nem da pra saber o que aconteceu… e o cara está fazendo afirmações a respeito da situação ! rsrsrs

Tomcat4,2

Pareceu uma tentativa de looping pelo arco feito pela aeronave mas… aguardemos. Deus conforte os familiares.

Luiz Antonio

Aparentemente estava voando de dorso, controles invertidos portanto. A aeronave não estolou e o movimento pareceu o início de saída de um looping. As causas só as investigações poderão evidenciar. Lamento pelas vidas perdidas.

Rafael Cordeiro

A impressão que se dá, ao assistir o vídeo, é essa mesmo. Tenho a impressão também que se tivesse um pouco mais de distância em relação ao solo, teria sido possível completar o looping e recuperar a aeronave, mas isso é apenas achismo. Infelizmente nem mesmo a ejeção ocorreu e duas vidas foram perdidas.

Clésio Luiz

A resolução do vídeo não ajuda, mas parece que estava voando de dorso sim. A princípio eu pensei que o voo de dorso tinha sido resultado de um estol, mas parece que ele já vinha voando assim a algum tempo. Interessante que a lista de acidentes com o ST continua. Acho que está na hora de reforçar o treinamento de pilotos e botar na cabeça deles que, apesar das aparências, o ST não é tão acrobático quanto os treinadores voados antes (PC-7, PC-9, EMB-312) e que a alta carga alar da aeronave deve ser respeitada, afinal, não tem FBW para… Read more »

Clésio Luiz

E outra: nos últimos anos tem havido um bom número de incidentes com pilotos militares tentando fazer looping de chão à chão e morrendo no processo, o mais recente sendo aquele no Paquistão.

Rodrigo Martins Ferreira

O ST tem fdr ?

LAERTE MAGLIONI JUNIOR

Sim.

Chesterton

Esse tucano, quando está baixo e com pouca velocidade ele vira um tijolo sem controle. Aeronave muito mais crítica que o t27, exige bem mais cautela na pilotagem.

Clésio Luiz

Exato.

ZamZam Pampa

Falou tudo.Dobraram o peso da aeronave e mantiveram praticamente a mesma asa do T-27 que recebeu apenas reforços.Uma bomba.
Percebe-se tudo isso nas demonstrações da fumaça:as manobras passaram a ser executadas a grande altitude; o manche é pesado e cobra muito do piloto.
O short Tucano dá de lavada no A-29, pois respeitou o projeto original não deformando a aeronave que se tornou grosseiras e de linhas desarmônicas.

Fernando EMB

Uma bomba que voa em inúmeras forças aéreas, que cumpre sua missão muito bem.

Marcelo Andrade

Nossa , como a Embraer é uma empresa de fundo de quintal! esse sabe tudo!!!

Chesterton

Isso se não for mais um disparo de trim do profundor

Antunes 1980

Mali é um dos principais centros do terrorismo no continente africano.
Não duvido que não tenha sido algum tipo de sabotagem.

Rinaldo Nery

Tá com cara de¨manicacada¨, ¨presepada¨, e outros adjetivos aeronáuticos… Voando de dorso no tráfego antes do pouso.

ZamZam Pampa

Há uma nova filmagem, em outro ângulo, dando conta do que se passou.
Vinha no dorso em linha reta, confundiu-se ao tentar sair da manobra: comandou o avião na direção errada(solo).Ato contínuo tentou uma correção muito similar a essa feita pela fumaça(vídeo abaixo), mas faltou altura para realizar a manobra com sucesso; a falta de agilidade da aeronave se comparada ao T-27 deve ter influído para o insucesso.
https://www.youtube.com/watch?v=2G8Y4vwghqA

Rinaldo Nery

Falta de experiência no avião.

Maurízio Souza e Souza

Não duvido que houve erro humano nesse processo. Não lembro de nenhuma matéria dando conta de que esses pilotos treinaram aqui no Brasil…