Por Djallal Malti

Paris (AFP) – Há cinquenta anos no Salão de Paris, o ministro dos transportes da França e da Alemanha assinaram um acordo que mudaria a história da aviação.

O ano era 1969 e a Europa precisava de um avião de passageiros menor, mais leve e mais econômico que os rivais americanos. Cinco anos depois, nasceu o A300B2, um avião de curto a médio alcance com dois motores, apesar das preocupações de segurança em uma época em que três motores eram o padrão mínimo.

Avançando para 2019, a Airbus é celebrada como um sucesso da cooperação europeia, um dos dois reis da aviação civil global, juntamente com a Boeing. Em todo o mundo, um Airbus decola ou pousa a cada dois segundos.

Agora, produz aviões de passageiros que variam em tamanho até o jato jumbo A380, helicópteros, jatos de combate e até mesmo a exploração espacial.

Sua história foi marcada por contratempos, turbulência política e problemas de produção, mas a administração da Airbus acredita que pode aguardar ansiosamente o próximo meio século.

“A Airbus produz metade das grandes aeronaves comerciais do mundo e tem negócios prósperos em helicópteros, defesa e espaço”, disse o CEO Guillaume Faury, que substituiu Tom Enders em abril, que ocupou o cargo por cinco anos.

“Empregamos 130.000 pessoas altamente qualificadas globalmente e somos um poderoso motor de produtividade, exportação e inovação para a Europa”.

A empresa entregou seus últimos mil aviões em apenas 30 meses. Mas nos primeiros dias, levou quase vinte anos para produzir mil aeronaves.

Ela enfrentou críticas por desenvolvimentos como controles fly-by-wire, que melhoram o manuseio e a proteção do envelope de voo, que impedem o avião de realizar manobras fora de seus limites de desempenho.

Além dos avanços tecnológicos, vender na América foi um ingrediente-chave na criação do gigante global. O A300 causou uma forte impressão em Frank Borman, o ex-astronauta da Apollo que dirigiu a Eastern Air Lines e defendeu a ideia de comprar aviões mais econômicos.

O backbone da Airbus, o A320

Em 1984, a Airbus lançou o A320, uma aeronave de corredor único e médio alcance, para desafiar a Boeing, que até então dominava o maior segmento do mercado de aviação civil.

A aeronave preparou o caminho para o A320neo, mais econômico em combustível, que se tornou a espinha dorsal da empresa, reforçando sua participação no principal segmento de mercado depois que os aviões 737 MAX da Boeing foram aterrados depois de duas quedas letais em março e outubro.

Apesar de um acordo fracassado com a empresa de defesa britânica BAE Systems em 2012, a parceria da Airbus com o programa canadense C-Series da Bombardier em 2018 reforçou sua posição como uma força global.

A França e a Alemanha ainda detêm 11% das ações da Airbus por meio de holdings com participação de 4% detida pelo governo espanhol. O restante das ações é negociado na bolsa de valores.

Mas a produção nem sempre correu bem. A empresa anunciou em janeiro que iria descartar a produção de seu gigante de passageiros A380 até 2021 devido à falta de pedidos.

O jato de dois andares ganhou aplausos dos passageiros, mas não conseguiu conquistar companhias aéreas suficientes para justificar seus enormes custos.

Os principais clientes também enfrentaram problemas, já que algumas companhias aéreas enfrentaram dificuldades financeiras com a terceira maior companhia aérea de baixo custo da Europa, a Norwegian, dizendo que estava atrasando ainda mais as entregas dos aviões Airbus e Boeing 737 MAX que havia encomendado.

A empresa divulgou em abril uma queda no lucro líquido do primeiro trimestre, que caiu 86% em relação ao mesmo período de 2018, para 40 milhões de euros (US$ 45 milhões).

A Airbus também está sendo investigada na França, Grã-Bretanha e Estados Unidos após divulgar irregularidades em transações em 2016, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a União Europeia com novas tarifas se não acabar com os subsídios à Airbus.

Mas analistas veem a Airbus como uma oportunidade de lucrar com o mercado de aviões, especialmente na Ásia, e com o aterramento global do avião da série 737 MAX da Boeing, depois de duas recentes e mortais quedas envolvendo o popular novo avião comercial.

O chefe da Airbus, Guillaume Faury, disse que a empresa pretende continuar sendo líder em inovação na aviação.

“A indústria aeroespacial está à beira de uma revolução tecnológica diferente de tudo o que ocorreu em sua história”, disse ele.

“O setor aeroespacial europeu deve aspirar a liderar esta próxima revolução em inovação e a transição para um setor de aviação mais sustentável”.

FONTE: AFP

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Nilton L Junior

Aviação mais sustentável? por enquanto só markting né.

Antoniokings

E a celebração é dobrada, visto que a Airbus assumiu o posto de maior empresa de aviação civil do Mundo.
Eu já previsto isto aqui mesmo no blog, mas não podia prever que seria tão rápido.
E vou mais adiante.
A situação da Boeing, principalmente nos mercados chinês e euro-asiático vai se deteriorar bastante com as chegadas do COMAC e do MC-21.
Além disso, contribui a atitude insana de Trump nessa guerra comercial.

Nilton L Junior

As companhia que você citou ainda vai ter percorrer muito chão para se aproximar da Boeing e Airbus.

Antoniokings

Não é isso.
É a possibilidade da China e de outros países poderem ter três fornecedores e poderem prescindir dos aviões da Boeing.
É só os americanos puxarem mais a corda dessa guerra comercial que isso certamente acontecerá.

kevinbuenuu

Sinto cheiro de sansão economica sobre quem adquirir essas aeronaves, é o estado sempre querendo meter o dedo no meio.

Antoniokings

Quem começou a brincadeira foi Trump.
Que venham as consequências.

Fábio

Ainda não foi chamado para trabalhar na praça é nossa Kings?

Rui Chapéu

Pra quem odeia a fusão da Embraer com Boeing, a Airbus é um exemplo de como são as coisas. Juntaram trocentas fábricas pela Europa que acabaram se unindo e virando esse conglomerado de hoje. Entre elas: Aérospatiale Matra DaimlerChrysler Aerospace AG Daimler-Benz’s aerospace interests MTU München Dornier Flugzeugwerke Messerschmitt-Bölkow-Blohm Construcciones Aeronáuticas SA Além de que muitas dessas já eram fusão de outras empresas. Exemplo da Aéropatiale: Sud Aviation, Nord Aviation and Société d’études et de réalisation d’engins balistiques (SEREB)  Deve ter mais empresas no meio que faltou, mas é só pra demonstrar que a Airbus é um conglemerado de várias… Read more »

kevinbuenuu

Essa fusão Boeing-Embraer não poupou nem o setor militar,que foi tão falado que seria preservado. Além de que a Saab está passando todo o know how dos Gripens para a Embraer, dando assim de presente para a Boeing. A Embraer é a lider mundial de vendas no seu setor, nunca caí nesse papinho de “falência”. Fora as questões de empregos da empresa, sendo transferidos para lá ao longo dos anos. Na minha opinião, essa fusão não foi justa.

jagderband#44

Taí um exemplo de comentário lúcido e baseado no conhecimento. Ao contrário do comentário anterior, feito por um cara sem capacidade alguma.

Antoniokings

O que não quer dizer muito, visto que Boeing e LM também absorveram um monte de empresas e estão perdendo terreno na aviação comercial.
A LM, inclusive, foi apagada do segmento.
Insta esclarecer que há menos de 50 anos o mercado era praticamente monopolizado pelos americanos com três empresas: Boeing, Lockheed e MD Douglas.
Hoje, não têm nem mais 50% do mercado.
E vai piorar.
Estou aceitando apostas.

Thiago

“Insta esclarecer que há menos de 50 anos o mercado era praticamente monopolizado pelos americanos com três empresas: Boeing, Lockheed e MD Douglas.” Meu Antônio, sei que muitos negativam seus comentários pelas suas escolhas políticas, mas quando você tem razão é bom reconhecer. Quem imaginária que um país de terceiro mundo , com tantos aí mais capacitados e sérios , iria conseguir criar o terceiro fabricante da aviação comercial do mundo? Foi um feito e tanto. Agora decidem se desfazer de tudo e entrgar de mão beijadas para o primo do Norte em troca de que ? É cada absurdo,… Read more »

Antoniokings

Valeu Thiago!

Thiago

Comparare a aquisição da embraer por parte da Boeing com o Airbus é forçar a barra. A airbus é muito além que uma empresa, atrás dela há uma visão, um projeto político ambicioso e audaz. Ali dois países tocam a música é os outros dançam. Na Boeing Brasil commercial qual é a finalidade? Fortalecer o Sistema Brasil, criar empregos altamente qualificados , ser o polo e o motor de uma nova era para a industria brasileira? Fortalecer a exportação e e inovação? Quem vai tocar a Musica ? A Embraer( que já não existe) ou a Boeing? “Empregamos 130.000 pessoas… Read more »

Hélio

Qual fusão entre a Boeing e a Embraer? Está delirando ou só sendo desonesto? A Boieng absorveu a Embraer e só, não houve fusão alguma, fusão é outra coisa completamente diferente. Além do mais, a criação da Airbus foi uma ação de governos, de Estados, que injetaram dinheiro e mantiveram participação na nova empresa, o exato oposto do que foi feito com a Embraer, onde o governo brasileiro abriu mão da soberania para entregar a sua parte ao controle de uma companhia estrangeira. Essa comparação sua só pode vir de quem está recebendo dinheiro para defender o acordo da Boieng,… Read more »

kevinbuenuu

Interessante, Airbus e Embraer foram criadas no mesmo ano (1969). Baita ano para a aviação.

Marcelo

e tambem o Boeing 747 ! Fez o 1o voo em 1969. E a chegada da Apollo a lua.

Jota Ká

Sem querer puxar a sardinha para A ou B, Isto é relativo !
A Embraer foi criada “do zero”.
A Airbus foi criada a partir de industrias que remontam aos primórdios da aviação (exemplos: Sud Aviation, Nord Aviation, depois Aerospatiale, tiveram origem em oficinas militares (Pames?) da época da WWI.

Clésio Luiz

E pensar que Hitler queria um bombardeiro para atacar os EUA a partir da Europa. Agora eles fabricam algo que pode ir fundo em território americano e voltar, sem escalas. Só demorou 70 anos…

Wellington Góes

E ninguém vê nos governos europeus, gente querendo se desfazer da empresa “para salvá-la”.

Brasileiro é muito ixperto!!! Rsrsrsrs