Leonardo Senna, irmão do falecido piloto de F1, relembrou do voo

Em 1989, a Força Aérea Brasileira (FAB) e o ídolo Ayrton Senna se encontraram. Em Anápolis (GO), o Esquadrão Jaguar (1º GDA) fez uma simulação de interceptação da aeronave PT-ASN e, em seguida, recebeu Senna para um voo de demonstração a bordo do supersônico Mirage III. Nesta sexta-feira (03/05), a lembrança do herói brasileiro esteve presente na Ala 2 como há 30 anos. A mesma unidade aérea, que celebra 40 anos em 2019, recebeu a visita do irmão do tricampeão, Leonardo Senna, para homenagear os 25 anos de legado de Ayrton e rememorar o voo inesquecível nos céus de Anápolis.

O Comandante da Ala 2, Coronel Aviador Antonio Marcos Godoy Soares Mioni Rodrigues, falou sobre a relação da organização militar com a velocidade, que eternizou Ayrton Senna no esporte mundial. “Em minha mente, não teria outro lugar melhor para se fazer essa homenagem da FAB para Ayrton Senna. Ele voou aqui e é uma casa da caça, da velocidade, e ele se sentiu muito emocionado em seu voo, o que foi demonstrado também hoje, por Leonardo”, disse o Coronel Mioni.

Leonardo Senna chegou pouco antes das 10h na sede do Esquadrão Jaguar. Lá, ele conheceu as instalações do grupo e recebeu as instruções e equipamentos para voar a bordo do caça F-5, aeronave operada pelo 1º GDA atualmente. No briefing anterior à decolagem, ele foi questionado da mesma forma que Ayrton foi pelo piloto daquele voo, Tenente-Coronel Alberto de Paiva Cortes, há 30 anos: “O que você espera desse voo?”

Em 1989, o tricampeão mundial foi direto, queria sentir a velocidade supersônica, a diferença entre pilotar um caça e pilotar um carro de Fórmula 1. Já Leonardo foi mais contido, como disse ao embarcar na aeronave de matrícula FAB 4812. “Vou ser bem mais comedido: vou querer emoção, mas bem menos que Ayrton. Estou bem tenso, depois de todos esses procedimentos de segurança, do assento ejetável… Mas temos que ir, seja o que Deus quiser”, brincou.

E assim começou a experiência do voo de Leonardo Senna. Às 11h, o Major Aviador Cristiano Peixoto pedia autorização à torre de controle e decolava nos céus de Anápolis. De acordo com o piloto, o início foi cauteloso, mas depois Leonardo mostrou coragem. “Durante o voo, nós permanecemos no circuito de tráfego e fizemos aproximações e arremetidas no ar, atingindo cerca de 800 km/h a 300, 400 pés do solo. No início, ficamos cautelosos com a possibilidade de enjoo, mas depois ele esteve bem e até pediu para experimentar a força G de forma mais intensa. Para mim, foi uma honra participar dessa homenagem a Ayrton Senna, um ídolo que inspira a todos e que elevou a bandeira do Brasil a um ponto mais alto”, disse o Major Peixoto.

Após 20 minutos e diversos voos rasantes, o caça aterrissou novamente na Ala 2 e sua tripulação foi recebida com a tradicional festa do champanhe, tão presente nas celebrações de Ayrton Senna nos pódios da maior categoria do automobilismo mundial.

“Estava muito apreensivo no começo, mas me acostumei rápido e cheguei a pedir mais velocidade, e chegamos a 4.2 G. Fizemos manobras próximas ao solo e foi muito gostoso. Estou feliz por essa homenagem da Força Aérea. Fui bem mais modesto, Ayrton já iria querer passar o mais próximo do chão. Estou tendo uma semana de emoção, Ayrton sempre foi muito patriota e fico muito feliz com essa homenagem”, disse Leonardo após a aterrissagem.

Após a adrenalina do voo, outra emoção tomou conta da área operacional da Ala 2. Em celebração ao voo do ídolo nacional e aos 40 anos do Esquadrão Jaguar, a aeronave Mirage FAB4940 recebeu uma pintura alusiva ao tradicional capacete do automobilista, desenvolvida por Raí Caldato e Alan Mosca, este filho do designer Sid Mosca, que assinava a arte nos capacetes de Senna. “A pintura incorporou Senna e a história da Base Aérea, ficou perfeito. Fico muito orgulhoso, eu e meu pai sempre fomos muito fãs da FAB e foi uma grande honra poder participar dessa homenagem, me sinto privilegiado. Foi uma realização profissional, me orgulho como brasileiro e patriota, principalmente sendo uma homenagem para Ayrton, que agora está imortalizada”, afirmou Alan.

Para aqueles que quiserem conhecer de perto a aeronave em que Ayrton Senna voou em 1989, o Mirage III matrícula FAB 4904 está exposto para visitação no Museu Aeroespacial (MUSAL), unidade vinculada ao Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), localizada no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro (RJ). Na fuselagem do supersônico, estão eternizados os nomes dos tripulantes e a data daquele voo, 29 de março de 1989.

FONTE: FAB

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Daniel

Desculpe aos falecidos e familiares dos morreram pilotando “um desses aí”, mas tais pilotos eram tão famosos quanto ao que morreu pilotando um F1, e que deu tantas emoções e alegrias aos brasileiros?

RODRIGO LAMONATO

Pacheco detected.

Vinicius Momesso

Sobre o abate de um Mirage f1 pilotado por um “mercenário” português pelo governo libio, ninguém vai comentar?

Guizmo

Rai Caldato, mencionado na reportagem, foi meu colega de faculdade. Desde aquela época, 1994 (ano que o Senna morreu), já desenhava capacetes alusivos ao Senna.

Quanto ao caça Mirage 2000, achei interessante a pintura, que simulou no nariz até as entradas de ar, o Mirage 3

Rui chapéu

Pq não pintaram um f-5 com aquela cor? Ia ficar mais legal a homenagem.

Observador

Coisas de séries humanos meu caro… Até hoje não intendi por que no dia 25 de dezembro, ensinam seus filhos a chamarem Noel (personagem ficticio) de papai, sendo que Jesus , que morreu em nosso lugar, para perdão dos nossos pecados e supostaménte faz aniversário nesta data, muitas vezes nem é lembrado muito menós citado. No caso do Airton, ainda é compreensível, por ser um patriota mesmo com o Brasil que nós temos. Brasileiro de se tirar o chapéu. Como também os camaradas das forças armadas e outros.

Willber Rodrigues

Uma pena que esse Mirage não voa. Seria espetacular ver essa aeronave voando com essa pintura.

Sagaz

Os heróis anônimos estão presentes em todos os nossos dias e compõem os devidos lugares de apreço entre seus familiares, amigos e intituições. Ou o prezado acredita que não há nenhuma cerimônia destinada àqueles que graduam-se pilotos, médicos, advogados, bombeiros,…? A repercussão é proporcional ao interesse da sociedade via mídias, as quais vendem o que a sociedade consome. Agora se a hora de vôo de um caça envolve filantropia, propaganda, homenagens ou o que mais o nobre cidadão tenha a achar em desacordo com a legislação sugiro entrar com alguma ação no ministério público a fim de que, sem preconceitos,… Read more »

Ricardo da Silva

Ficou desconectado. O Mirage 2000 chegou na FAB bem depois da morte do piloto, que voou no F-5E (quem não era o mais veloz da FAB).

Acredito que a idéia tenha sido de “o caça mais veloz” com a do “piloto da F-1”, forçado.
Não ficou lindo, mas bonito.

Agora é esperar se vão lançar os decais ou o modelo pra comprar.

PODER AÉREO, por favor nos avisem, já vou separar um lugar na estante!

Wellington F. R.

Caro, o Senna voou num Mirage III, não num F-5.

Rodrigo Maçolla

Na verdade amigo ele voou os dois tipos o Mirage III e também o F-5 Tiger II

Flanker

Senna voou em um F-5B em 1987 e em um F-103D em 1989.

Rodrigo Maçolla

ok

Wellington Góes

irão levar este caça (digo, o que restou dele) para o MUSAL, também, ou irão espetá-lo em alguma base?!

Até para homenagear, a FAB está meio barata tonta. rsrsrs
“Ah, mas isto é birra do Wellington”. Putz!!!

Renato de Mello Machado

Prezada FAB,eu sempre me preocupo com vocês,já critiquei muito nos sites pedindo mais e mais,material novo.Quando cai algo da FAB,dói meu coração.Por favor me chama para um voo desses,num F-5.Pode ser também de AMX ou A-29.

GFC_RJ

Se tiver com grana, pode ir de MIG-29…
Quase 15K Merkels com direito a supersônico…

https://migflug.com/flights-prices/fly-mig-29-in-russia/

Vai?

Renato de Mello Machado

Quem dera amigo.

André Marques de Almeida Viana

Esse espécime deve ser preservado para sempre!

Flanker

Essa aeronave, o F-2000C 4940 (o primeiro da FAB), muito provavelmente (arrisco dizer que, certamente) será mantida na Ala 2, preservada do mesmo modo que o F-103E 4910 (o primeiro da FAB) está preservado no mesmo local, pintado nas cores e marcas com que entrou em servico na FAB. No MUSAL há o F-2000C 4948, o F-103E 4913 e o F-103D 4904 (exatamente o exemplar que foi voado por Senna).

Grozelha Vitaminada Milani

São grandes heróis das 3 Forças Armadas os pilotos e todo staff que poem nos céus brasileiros a KOMBI voadora! Pilotos e todos os co-passageiros que voam sem saber se irão voltar vivos ao seu lar ou a sua família.

Abençoados são aqueles que sobreviveram ao piscar ou ao acender a luz âmbar amarelada no painel e conseguiram, esses bravos guerreiros, sobreviver a um dos maiores lobbys da tríade Airbus-Governo de MG-Apertaparafusobrás!

Esses são os verdadeiros heróis das Forças Armadas!