Ataque francês ao EI - caças Rafale - foto 3 Min Def França

ClippingNEWS-PAA venda de 24 Rafales ao Egito, primeiro país estrangeiro a adquirir o avião de caça fabricado na França, é analisada pelos jornais franceses neste sábado (14). Enquanto governo e fabricantes de materiais que compõe o avião comemoram os impactos econômico e estratégico, partidos de esquerda lamentam a entrega de aviões militares a um governo ditador.

“O Rafale começa pelo Egito sua carreira internacional”, foi o título escolhido pelo Le Figaro para celebrar a primeira venda ao exterior do caça francês. A compra dos 24 Rafale, de uma fragata e de mísseis por um valor estimado em € 5,2 bilhões, é um boa notícia para a indústria bélica francesa, prossegue o jornal. “A negociação vai garantir um novo fôlego a vários setores da cadeia de produção, o que vai gerar empregos e manter programas de alta tecnologia”, estima o jornal.

A próxima segunda-feira, dia 16, será uma data histórica para o calendário da indústria aeronáutica do país, afirma Le Figaro, ao se referir ao dia fixado para a assinatura do contrato, no Cairo, entre autoridades francesas e egípcias.

Le Figaro explica que o acordo integra uma parceira estratégica entre França e Egito, reforçada por um programa intensivo de formação de pilotos e marinheiros egípcios. Três Rafale e a fragata deverão ser entregues em breve, afirma o diário, ao relatar a pressa do Egito em mostrar o reforço de sua Força Aérea e Naval antes da inauguração da extensão do Canal de Suez, prevista para 5 de agosto.

Le Figaro destaca as diversas reações positivas do governo e dos industriais franceses com o início da “carreira internacional” do Rafale. O jornal cita a declaração de François Hollande de que este primeiro contrato será um “elemento crucial para futuras exportações”.

O presidente da Dassault, fabricante do avião, Eric Trappier, considera que a venda do caça a um grande país árabe terá o “efeito de uma bola de neve”. O ministério da Defesa afirma que outros países do Oriente Médio “já demonstram interesse pelo caça francês”, citando como exemplo o Catar.

Arquitetura financeira

Le Figaro informa que para adquirir os Rafale e outros armamentos, o Egito vai fazer uma verdadeira montagem financeira que inclui 50% de recursos próprios e empréstimos de um pool de bancos franceses. A primeira parcela será efetuada nas próximas duas semanas para que o primeiro avião possa ser entregue rapidamente aos egípcios, afirma Le Figaro.

Depois de mais de uma década de fracassos, o modelo mais vistoso da indústria bélica francesa encontrou, sob pressão, um comprador, informa o diário Libération. Enquanto as negociações com a Índia para a venda do Rafale patinam há três anos, as discussões com o Egito aconteceram a passos largos e acelerados, escreve o jornal.

Os primeiros contatos, lembra Libé, foram feitos em setembro do ano passado, durante a visita do ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, ao Cairo. A negociação avançou com a vinda do presidente egípcio Abdel Fattah Al Sissi à Paris, no final de novembro.

Um analista político explicou ao Libération que o Egito quer mostrar durante a inauguração da extensão do Canal de Suez, que é uma potência militar dominante na região. Ao mesmo tempo, egípcios e franceses também se sentem satisfeitos em demonstrar independência em relação aos americanos, constata o jornal.

Libération traz um retrospecto dos fracassos de venda do Rafale ao exterior, incluindo a mal sucedida negociação com o Brasil. O jornal lembra que o ex-chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, chegou a prometer a transferência de tecnologia ao ex-presidente Lula, o que gerou a expectativa de uma venda certa. Mas os generais brasileiros preferiram o Grippen da Saab, mais barato e com um tamanho mais adequado às ambições do Brasil, lembra o jornal.

Críticas dos partidos de esquerda

Le Monde informa que a venda dos Rafale ao Egito provoca satisfação e, ao mesmo tempo, embaraço. O anúncio da compra pelas autoridades egípcias é uma grande vitória para François Hollande e para seu governo, já que em 25 anos a França e o fabricante Dassault nunca tinham conseguido conquistar nenhum cliente fora do país.

No entanto, a identidade do comprador, o presidente Al-Sissi, gerou reticências em parte da classe política francesa. Se por um lado, o Partido Socialista não fez nenhum comentário oficial, por outro, diversos partidos de esquerda criticaram abertamente a negociação.

Em comunicado, “o Europa Ecologia denunciou a venda de armas de guerra a uma ditadura militar que viola os direitos humanos e atira balas de verdade contra manifestantes”, lembra Le Monde.

O Partido Comunista, informa o vespertino francês, estima que o Rafale é um instrumento de defesa nacional de independência da França diante do armamento americano. O PC francês também acredita que a entrega dos 24 Rafale ao Egito irá contribuir de maneira significativa para a escalada armamentista na região, escreve Le Monde.

FONTE: RFI

Subscribe
Notify of
guest

38 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Iväny Junior

Todos os jogadores em seus lugares. Interessante. Parece mesmo que agora o rafale vai ganhar escala.

HMS_TIRELESS

Ivany, 24 aparelhos não garantem escala alguma!

Delmo Almeida

Realmente, mas se sair os prometidos contratos com a Índia, o Catar e os EAU (o que é MUITA coisa) acontecem duas coisas:

– O Eric Trappier infarta
– Eles ganham escala

Marcos F.

Espero que haja mais contratos de venda, é uma linda aeronave, merece um futuro brilhante!

Space Jockey

Quem ?!

Robsonmkt

Partidos de esquerda ocidentais costumam reclamar de exportação de produtos de defesa, pouco importa para quem. Uma hora reclamam porque o país não é uma democracia. Outra hora reclamam que é porque o país comprador é pobre e deveria investir nas áeas sociais. Se o país é democrático e com PIB robusto – ou seja – europeu ou de origem anglo-saxônica – vão dizer que essas exportações serão utilizadas em aventuras imperialistas em outros países. Seja para uso interno ou para exportação, vão reclamar de qualquer jeito. A impressão que dão é que sonham romanticamente que estão colaborando com a… Read more »

Iväny Junior

Tirelles

Não estou contando apenas os 24 aparelhos. Veja o grande quadro.

Wolfgangus Mozart

Mimimi de vermelhucho que não tem o que fazer. Falam tanto em defender empregos, quando surge a oportunidade vem a presepada. Ninguém merece.

bonerges

olá srs. sou um leigo a comentar ,mas como acampanho vossos comentarios diarimante; e sofri meses e meses torcendo contra os rafaletes no o FX2. mas hoje feliz com os grippens. pergunto? esta aquisição pode gerar alguma desconfiança dos vizinhos e um futuro cenario de conflitos na região?

Tamandaré

Por quê será não estou surpreso em ver a esquerda fazendo barulho??? Ah, já sei: deve ser porquê eles só sabem fazer isso!!! Que diabos cara…. acho que se os egípcios tivessem assinado agora um contrato do PAKFA ninguém dizia nada… –” Chega a ser deprimente ver um Partido Comunista falar em “repressão”, “violação dos direitos humanos”, “tiros reais contra manifestantes” e “escalada armamentista”, uma vez que a adorada Mãe Rússia, em tempos de outrora, inundou o mundo com armamento vendido a longo prazo e usado para promover a mesma repressão, a mesma escalada armamentista, a mesma violação…. Eles acham… Read more »

Oganza

Não sejam ingênuos. Não confundam o que é “esquerda” aki com o que é “esquerda” lá.

Ps.: Mas são todos uns malas, tanto aki quanto lá. 😀

Grande Abraço.

Oganza

“O PC francês também acredita que a entrega dos 24 Rafale ao Egito irá contribuir de maneira significativa para a escalada armamentista na região, escreve Le Monde.”

– Quando foi que a Região não esteve em uma Escalada Armamentista nos últimos 60 anos?

Como eu disse: Malas. 😀

Grande Abraço.

Pangloss

A resistência da esquerda francesa à venda dos Rafales ao Egito é mais um motivo a garantir a minha simpatia ao negócio.

Pangloss

Se fosse o Mursi a governar (?) o Egito, os coprófagos da esquerda estariam todos molhadinhos nas entranhas.

Iväny Junior

Sobre o Oriente Médio, a capa desse livro é didática.

https://mlb-s2-p.mlstatic.com/oriente-medio-uma-regio-de-conflitos-nelson-bacic-olic-18488-MLB20154870455_082014-F.jpg

E o livro é muito bom, aconselho.

Iväny Junior
Theo Gatos

No fundo essa exportação, como sabido por todos, dá um fôlego para as Dassault e garante alguns empregos por mais um tempo para os franceses (o que geralmente está na agenda da esquerda e no momento atual da Europa não deve sair de pauta tão facilmente), portanto esse tipo reclamação (não julgando o mérito) deve diminuir em pouco tempo… Se de alguma maneira o Rafale avançar como via alternativa para países que não têm acesso à tecnologia americana (por diversos motivos) e quer algum produto de maior excelência do que os asiáticos (e pode pagar por isso), a Dassault pode… Read more »

Felipe

O pessoal da esquerda poderia ir morar com o pessoal da irmandade mulçumana.
Outro dia, a PresidentA disse que queria dialogar com o Estado Islâmico. Poderia ter ido…

Delfim

Esquerdistas são chatos.

helio

A discussão aqui quando sobre tecnologias é agradável. Quando porém resvala para os preconceitos ou mal conceitos políticos, é terrível. Alguns se dividem entre americanófilos e russófilos e conduzem a discussão com conceitos oriundos da 2ª GM. Alguns ainda acreditam que a Rússia é comunistas e que comunista come criancinha. Bobagem! Países não tem amigos, têm interesses (máxima nas relações internacionais ou geopolítica). No Brasil precisamos de governo que busque o desenvolvimento local de ciência e tecnologia, para que o país desenvolva suas próprias defesas e claro melhore a vida de todos nós, como tem sido tentado nos últimos governos… Read more »

fabiano

se der ouvido aos esquerdistas o rafale afunda de vez,uma venda como essa para a dassault e como agua no deserto,e mais aproveitem porque o rafale esta sendo um avião difícil de ser vendido.

thomas_dw

no Egito falta tudo, na Forca Aerea deles falta pilotos.

Bom para a Franca, que agora ganha um folego na luta contra a burocracia da India, que do jeito que a coisa vai, vai ser o terceiro pais a comprar o Rafale e nao o primeiro.

Rodrigofi

A Matéria do RTi é um tanto quanto boboca, por polarizar dessa forma um debate tão complexo.
O próprio “Le Monde”, citado diversas neves como fonte do arquivo, provoca reflexões sobre o negócio.

http://mobile.lepoint.fr/monde/avec-ses-rafale-la-france-torpille-la-revolution-egyptienne-13-02-2015-1904817_24.php

O resto é torcida do azulzinho versus o vermelhinho. Que não acrescenta bulhufas, diga-se.

Tamandaré

Theo Gatos:

Perfeito!!!!! 🙂

marlon maia

bom pena que e para um ditador e uma pena …….

Mauricio R.

“…mas ver cerca de 10 mil pessoas reclamando do desemprego se ela fechasse as portas (porque esse era o caminho), poderia impactar negativamente o governo.”

Os Falcons vendem melhor que os jatos executivos da Embraer, sim alguns perderiam seus empregos mas não seria essa sangria dasatada.

“…muito provavelmente para alguma empresa asiática os ativos da Dassault sejam bastante interessantes (mas dificilmente manteriam a linha na França, provavelmente apenas escritórios de projetos e engenharia).”

O estado francês simplesmente nacionalizaria a empresa.

Fernando "Nunão" De Martini

Maurício (e, aproveitando, diversos outros comentaristas desse assunto), A área militar da Dassault é só a ponta (embora bem vistosa) do iceberg. O programa do Rafale envolve um monte de empresas médias e algumas grandes que fornecem inúmeras partes e sistemas para o caça. Não creio, de qualquer forma, que caso essa primeira encomenda externa não tivesse saído o programa teria um fim. Dariam um jeito de continuar pagando os 11 caças por ano produzidos na cadência minima (ou até negociariam uma cadência ligeiramente menor) enquanto fosse possível, à custa de algum outro programa menos maduro, ao invés de pagar… Read more »

Kojak

“…………mas se sair os prometidos contratos com …………..”

Mas se chover no sistema Cantareira e Alto Tiete ………….

Jesuixxxxxxxxxxxxxxx

soldat

“O Partido Comunista, informa o vespertino francês, estima que o Rafale é um instrumento de defesa nacional de independência da França diante do armamento americano”.

Tirando o comentário desses malditos vermelhos pelo menos eles falaram alguma coisa certa.

O que vale e a independência perante aos Âmis, a pior coisa e depender da boa vontade na área tecnológica de outro pais.

Se a manutenção desse caçar e a hora de voos não fosse tão cara eu adoraria ver esse caçar no Brasil.

Wellington Góes

Uma coisa é eu concordar que a venda ou governo egípcio foi auspiciosa à Dassault e ao projeto Rafale, eu outra coisa é eu concordar de que o governo egípcio é um governo democrático. É hipocrisia de Holland criticar e apoiar a queda de governos ditatoriais (como o do Assad, por exemplo), porque violam direitos humanos e tralalá, mas venda armas para governos iguais aos que ele mesmo critica. Neste ponto acredito que a crítica dos partidos de esquerda francês faz sentido. Das duas uma, ou ele se cala e deixa de dar uma de hipócrita, abrindo as porteiras pra… Read more »

Soldat

Wellington Góes

Falou tudo a hipocrisia ocidental(Anglo-Americano) apoiando a Arabia Saudita chega a ser hediondo.

Kojak

As relações internacionais não são “tocadas” por ideologia ou por comportamentos coerentes e sim por interesses e ponto.

Qualquer coisa em contrário, procure um pinel.

É assim com USA, CHINA, RÚSSIA, ÍNDIA, ALEMANHA, BRAZIL e mais o mundo inteiro.

Inclusive os marcianos, os venusianos, os klingons etc …..

Wellington Góes

Pois então Kojak, essa é questão e daí me vem a pergunta, por que então muitos aqui (iinclusive você) criticam o GF quando este d resolve fazer negócios com países como Irã, Cuba, Venezuela, dentre outros? É uma enchurrada de falsa moralidade disso e daquilo, de “bonzinho” contra “mauzinho” e outros quetales. No frigir dos ovos não existe essa estória de defensores da moralidade e bons costumes, mas tão somente negócios e interesses, por isso que sou contrário a tanta hipocrisia que a gente lê por aqui e/ou outros espaços, inclusive sobre esta questão e da postura de Holland. Até… Read more »

Wellington Góes

Negócios (em especial neste setor bélico) não podem ser enviesados por interesses ideológicos, seja de direita ou esquerda, deste ou daquele partido, mas sim do interesse da nossa nação como um todo e não apenas deste ou daquele grupo econômico e/ou político. Agora nunca, nunca mesmo, subserviente a interesses de terceiros países, pra mostrar tão somente alinhamento ideológico. Isto nada mais é do que viralatisse. Se o Brasil não ganhar nada com isso ($$$$$$), não temos motivos de comprar a briga geopolítica de ninguém. Uma coisa é sermos contra atrocidades como as praticadas por ISIS, Al Qaeda e Boko Haran… Read more »

Wellington Góes

Contrato assinado!!!

Soldat

Pelo que entendi do Tele Savalla, É grandioso os EUA da America do Norte fazer negocio com uma nação que financia o terrorismo internacional e tirânica como Arabia Saudita porque Business são Business. Os EUA sempre podem, só eles podem por quer são os arautos da liberdade, igualdade e Fraternidade então não existe ideologia ou por comportamentos coerentes e sim por interesses e claro petróleo e grana. Obs: Somente quando se trata de interesse norte Americano. Resumindo então a parti do comentário do senhor excelentíssimo Tele Savalla passar ser licito também negociar com o thathatammmmm IRÁ. Urso. Vendem logo as… Read more »