KC-390 no primeiro voo

Em voo

Don Parsons

O cargueiro/cisterna KC-390 da Embraer voou pela primeira vez no início de fevereiro, mas a empresa ainda não colocou o seu sistema de controle de voo fly-by-wire tecnologicamente ambicioso para teste.

Para o primeiro voo, o sistema de controle de voo da aeronave estava totalmente operacional, mas definido para o modo “direct-law”, disse Paulo Gastão Silva, vice-presidente do programa KC-390, ao Flightglobal.

Os “sidestick” de controle ativo do KC-390 também não estavam em pleno funcionamento durante o voo de 2h, diz ele. No decurso da primeira fase da campanha de testes de dois anos, a Embraer gradualmente vai permitir aspectos mais complexos do sistema fly-by-wire.

“Durante a primeira fase, nós completamos pontos de teste necessárias para congelar a definição dinâmica da aeronave”, diz Gastão Silva. “Nós vamos cobrir o envelope inicial com o modo direto e, em seguida, começar a adicionar as outras funções que vão para os modos mais elevados para o sistema.”

O modo direto é semelhante a voar uma aeronave convencional com uma ligação direta entre os controles de voo e as superfícies de controle de asa. Nenhuma das proteções internas dos controles fly-by-wire foram adotadas.

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Imagem em 3D da cabine do KC-390 com aviônica Rockwell Collins Pro Line Fusion

 

O KC-390 irá eventualmente ser voado no modo normal, onde os controles fly-by-wire melhoram a eficiência e fornecem proteções ao envelope de voo que impedem a aeronave de estolar ou executar manobras agressivas.

O modo direto carece dessas proteções e não seria utilizado pelos pilotos durante as operações normais.

O KC-390 apresenta uma cabine Rockwell Collins Pro Line Fusion com manches laterais de controle ativo da BAE Systems que emulam a experiência de usar os controles de voo mecânicos que exigem do piloto força apropriada em resposta às cargas aerodinâmicas.

“Os manches de controle ativos fazem parte dos controles de voo, então eles estavam lá, mas nós começamos a voar em modos básicos e, em seguida, vamos autorizar a função de modos mais elevados progressivamente”, diz Gastão Silva. “Para o primeiro voo não estávamos usando ainda a capacidade total dos manches ativos.”

O primeiro protótipo de dois que irão realizar a campanha de testes vai continuar voando até o segunda KC-390 fique pronto, em poucos meses, diz Gastão Silva. A primeira aeronave também vai continuar a passar por testes de terra para informar futuros voos de teste, o que não é indicativo de quaisquer descobertas durante o seu voo de lançamento, diz ele. A segunda aeronave está em fase final de montagem estrutural.

O sistema de movimentação de carga do avião foi instalado, mas não estava operacional durante o primeiro voo, porque não havia planos para usá-lo, diz ele. O sistema de combustível para a aeronave foi instalado, mas não os pods de transferência de combustível laterais nem os tanques internos que serão usados para reabastecimento aéreo. Isso colocou o peso vazio de decolagem da aeronave “no meio do envelope”, que ficou “bem dentro do peso esperado de nossos cálculos”, diz ele.

“Ambos os protótipos serão totalmente representativos da configuração final da aeronave”, diz ele. “Nós não precisamos esperar pelo segundo protótipo para a abertura do envelope ou para voar condições específicas. Podemos fazê-lo com qualquer um dos protótipos.”

FONTE: Flightglobal / Tradução e adaptação do Poder Aéreo

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Gustavo

Curiosidades :

Na segunda foto , no canto inferior esquerdo acima do extintor de incendios seria uma lanterna de emergencia ?

Como os pilotos tem acesso ao banco de pilotagem ?

obrigado pelos comentarios abertos .

jose davi

Deviam pintar ele de cinza e cobrir esse monte de “silver tape” nas juntas das asas , ia ficar bem mais bonito !

Valeu ae pelos comentarios abertos.

Vitor

Gostei muito dos sistemas do KC-390 nas configurações de transporte/reabastecedor/evacuação, más ficaria ainda mais satisfeito se fosse logo iniciado um projeto da versão AWACS/ELINT, com especificações superiores as do R-99, quem sabe em 😀
um abraço!

Delfim

Pra um AWACS/ELINT não seria melhor um E-190 com maior autonomia e sonda de reabastecimento ?

Focke

E que tal uma versão alongada, assim como há a versão C-130H-30 do Hercules?

Ferreras

Vitor,

Resposta de um leigo:

para AWACS/ELINTseria mais indicado o E-190/E-195, o KC-390 possuí uma estrutura dimensionada reforçada que não teria função (atrapalharia pelo peso etc..) em um AWACS.

FabianoJr

O interessante é ver a Embraer tomando um rumo diferente do que fez com os legacy. Enquanto o KC-390 esta recebendo esses side stick com “forces feedback”, os legacys 450 e 500 tem FBW sem esse sistema, funcionando de forma parecida aos airbus.

Brigadeiro Antônio de Sampaio

Gostaria de saber se este fly-by-wire do KC390 foi desenvolvido pela Embraer.

Alguém tem essa informação?

Francis Rosário

Cockpit lindo.

wfeitosa

Me parece que não há nas especificações da FAB para missão AWACS/ELINT …
Além do mais, não seria mais indicado uma plataforma mais barata como E-190 ??

Vinícius Almeida

Que cabine linda, lembra o cockpit do KC-46A. São fitas aquelas faixas cinzas encima das asas do KC-390?

Ah, obrigado pela liberação dos comentários!!! =D

Bispo

Design agressivo e robusto… like+

Todo sucesso ao KC-390.

Ricardo

A parte ‘inteligente’ do Fly-By-Wire, que são as Leis de Controle (que envolve todos os cálculos matemáticos e lógicas) são desenvolvidas inteiramente pela Embraer, incluindo o software que implementa efetivamente essas leis de controle. O hardware (atuadores e compoenntes eletrônicos) são desenvolvidos e fabricados por parceiros, seguindo requisitos criados pela Embraer.

Wellington Góes

Vou trazer pra cá o que coloquei em outro tópico sobre a questão da turbulência gerada pelas asas do A400M, com relação a possível operação REVO a helicópteros. Essa questão de turbulência me deixa com a pulga atrás da orelha, especialmente por conta do formato das asas do KC-390 ser parecido com as de outros vetores, como as do próprio A400, dentre outros. A despeito de poderem voar com velocidades reduzidas, com jato ou turbo-hélices, mas devido ao diedro negativo das asas bem como o enflexamento, podem gerar turbulência diferente às encontradas em aeronaves de asas retas como as do… Read more »

Space Jockey

Uma pergunta bem boba: quando a aeronave estiver com a campanha de ensaios pronta e começarem as entregas, quem irá treinar os aviadores da FAB serão os pilotos de ensaio certo ? Pois a FAB nao tem um vetor muito parecido no inventario.

Outra: O Compartimento de carga será pressurizado ?

Brigadeiro Antônio de Sampaio

Sim, todo o avião será pressurizado. O compartimento de carga também transporta infantaria, paraquedistas, feridos em 74 macas e uma equipe médica completa com seus equipamentos, creio que a 36 mil pés de altitude seja necessário, todo o avião é pressurizado. É lindo esse avião, não me canso de olhar para essa foto ampliada e aquele vídeo oficial da Embraer. Cheguei a pensar que esse padrão de camuflagem ficaria feio nele, mas ao contrário, ficou lindão, um verdão escuro, coisa de militar mesmo, pinta de marrento. Adoraria ver essa coisa com alguns tubos de aço nas laterais cuspindo ferro quente… Read more »

Marcos

Focke E que tal uma versão alongada, assim como há a versão C-130H-30 do Hercules? R: O KC 390 já tem uma área de carga maior que a atual versão do C-130. Acrescente que a rampa pode ser aproveitada. Brigadeiro Antônio de Sampaio Gostaria de saber se este fly-by-wire do KC390 foi desenvolvido pela Embraer. Alguém tem essa informação? R: O software é da Embraer, mas seu desenvolvimento e integração tem parceria com a BaeSystem. Aliás, o side stick é da Bae. Space Jockey … quem irá treinar os aviadores da FAB? R: Muito provável que os pilotos da FAB,… Read more »

fabiano

belo avião

fabiano

quantas unidades poderão ser negociadas na américa do sul e se tiver componente inglês fica bom para argentina ?
obrigado pelos comentários abertos

Brigadeiro Antônio de Sampaio

Sobre a quantidade de aeronaves para a América do Sul não sabemos.

Não creio que neste caso a existência de componentes ingleses seja problema, um avião ainda que militar mas de carga não representa ameaça.

Quanto a Argentina, só vão comprar algum se a China permitir.

Não acho que a China vá autorizar que a Argentina compre algum KC390 se eles tiverem algo similar na prateleira, e sabemos que esses caras tem de tudo.

Esqueça também – já era quase impossível mesmo – os argentinos comprando Gripen, será tudo chinês, afinal os caras estão bacando, e quem banca manda.

fabiano

valeu brigadeiro e porque no caso dos argentinos os ingleses não quer exportar nem parafuso

Brigadeiro Antônio de Sampaio

Fabiano, e eles têm todos os motivos do mundo para isso. Você acha que eles não estão agindo por baixo dos panos em cima dos chinas?? rapaz, essa coisa de geo política mundial é muito complicada. De repente, os china prometem mundos e fundos, então os ingleses vão lá e dizem: “Pô véio…. assim você mata””, então os china dizem… “Tudo bem, não libero tudo, mas você me ajuda em outro front”… Entendeu, uma mão lava a outra… me ajuda que eu te ajudo.. Quem sabe não liberam no máximo o FC1… um avião relativamente capenga… não diga que seja,… Read more »

fabiano

brigadeiro caças e misseis antinavio para a argentina deixaria os ingleses de orelha aberta

Vinícius Almeida

Obrigado Marcos! =)

Marcos Gilbert

Caro amigo comentou: “Focke 13 de fevereiro de 2015 at 11:58 # E que tal uma versão alongada, assim como há a versão C-130H-30 do Hercules?” Muito provavelmente seria o KC-395 em vez de um KC-390-30. Sim acredito que haja grande possibilidade de vir um KC-395 possivelmente com 3 a 5 metros a mais de fuselagem e com novos motores mais potentes e uma capacidade de carga distribuída passe das atuais 23 ton. para uma por volta de 28 ton. mas não creio que a concentrada passaria das atuais 28ton. para umas 30 a 32ton. creio que ficariam mesmo nos… Read more »

Marcos Gilbert

A propósito Acho que deveriam colocar 1 ponto duro em cada asa com capacidade de adicionar pilones duplos ou triplos para misseis ar-ar aí com as devidas adaptações os pilotos com um capacete DASH da Elbit poderiam engajar inimigos que se aproximassem, no caso do uso de um míssil BRV esse poderia ser direcionado usando dados de um link com um E-99. Para ameaças próximas o A-DARTER ou similar seria direcionado pelo piloto com o DASH.

Abraços

Brigadeiro Antônio de Sampaio

Marcos Gilbert, me parece uma jabuticaba, ou não?

Não há registro de algo similar no mercado usado de maneira consistente.

Rafael Oliveira

Marcos,

O certo é voar com escolta se houver chance de ser interceptado por um avião de caça.

Ficar colocando radar, capacetes com DASH, pilones, mísseis é caro e nem de longe daria condições para ele enfrentar seriamente um caça. E. pior, limitaria sua capacidade de transporte.

Marcos Gilbert

De fato não há exceto se não me falha a memoria a anos atrás vi um C-130 com lança foguetes de baixo das asas mas , como a tecnologia avança rapidamente não creio que seja inviável tecnicamente falando, isso seria uma inovação para uma aeronave desse tipo.

Abraços

Rafael Oliveira

Existia o AC-130 para ataque ao solo, não para “caçar” outros aviões.

Pense no tamanho, velocidade e manobrabilidade do KC-390 perto de um caça.

É como usar uma Kombi numa corrida. Você pode por turbo, aerofólio, comando de válvulas variável, etc, mas ela continuará sendo uma Kombi e ficará em desvantagem em relação a um veículo esportivo.

Space Jockey

Marcos, eu me referi a PRIMEIRA turma de pilotos, mas com ctza que vao ser treinados na EMBRAER.

Realmente Brigadeiro, compartilho da opiniao de Vossa Excelencia: o Avião e a camuflagem sào lindos…
A maior honra sempre será da equipe que o concebeu.

Fico aguardando o dia que uma Viatura Lançadora Astros for embarcada nele, deve levar uns 2 anos ainda.

Oganza

Se tem uma coisa ai para realmente se parabenizar a Embraer é o desenvolvimento desse Fly-by-wire, o Primeiro da Embraer. Quase todas as outras aeronaves usaram Fly-by-wire da Rockwell Collins, essa talvez a maior parceira comercial da Embraer pós privatização. As duas companhias estreitaram seus laços ao ponto de unha e carne, e foi graças a essa relação e assessoria da Rockwell Collins é que a Embraer pôde desenvolver esse Fly-by-wire “indígena”. É isso que eu chamo de ToT Verdadeira, feita com relacionamento, com o tempo, que gera aprendizado, evolução, conhecimento e lucro$ para os dois lados. Foram necessários 20… Read more »

Kojak

Oganza,

onde assino ?

Abraços