Airbus diz que alguns dos jatos A380 encomendados não serão entregues

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A380 - foto Airbus

Empresa também reforçou que quer vender sua parte na Dassault

Reportagem publicada pelo site Bloomberg nesta quarta-feira, 30 de julho, noticiou que a Airbus poderá não produzir alguns dos quadrimotores A380 que tem na lista de encomendas (backlog). Tom Enders, diretor executivo da Airbus, afirmou: “Sem me referir a uma empresa aérea específica, eu posso garantir que temos casos em que há empresas que estão na lista de encomendas nas não estão no plano de produção. Estamos observando a situação com cuidado, e temos consciência dos pontos fortes e fracos de nossos clientes.”

Ainda assim, o executivo buscou reafirmar aos investidores a robustez do programa A380, que não conquistou nenhuma empresa aérea cliente em dois anos, e com nenhuma encomenda anunciada na feira de Farnborough, realizada neste mês. A empresa atuou de forma “pró-ativa” em cancelar um acordo para seis exemplares do jato de dois andares com a Skymark Airlines do Japão, mas tem confiança de que pode realocar dois aviões já construídos para outro comprador, disse Enders. A decisão de cancelar as aeronaves para a companhia japonesa foi tomada antes da instalação de equipamentos específicos para o cliente, como assentos e sistemas de entretenimento, o que facilitaria a revender os dois primeiros jatos da encomenda ainda não customizados. Ainda assim, analistas dizem que não será fácil.

A380 - foto 2 Airbus

Há outras empresas que encomendaram os jatos mas continuam sem uma decisão firma sobre recebê-los, como a Virgin Atlantic Airways, com seis encomendas, a Qantas Airways com oito e a Amedeo (empresa que faz leasing de aeronaves), que encomendou 20 aeronaves mas não conseguiu nenhum cliente para elas.

Esperança nos clientes atuais do A380

O A380 foi concebido para desbancar o jato Boeing 747, com maior alcance e capacidade. O jato da Airbus pode carregar mais de 800 passageiros, embora seja comercializado como um avião que pode acomodar 555 de maneira mais confortável em três classes. Porém, as empresas aéreas têm configurado o A380 para 500 assentos ou menos, e o executivo admite que o mercado para aviões extremamente grandes permanece fraco.

A380 - foto 3 Airbus

Como cliente fiel, o avião da Airbus tem a Emirates, que encomendou 140 exemplares, e Tom Enders admite que a Airbus ficaria satisfeita em receber encomendas adicionais de clientes atuais, porque é mais fácil construir aviões e customizar seus interiores com especificações comprovadas.

A produção do A380, segundo a área de finanças da Airbus, está garantida para este ano e o próximo, com a expectativa de 30 entregas em 2015. A chegada ao “break even point” (quando os investimentos no programa são cobertos pelas vendas) ainda vai tomar algum tempo. A empresa vem tentando convencer clientes com entregas no início de 2016 para receber duas aeronaves agendadas para o final de 2015, embora não tenha dado mais detalhes a respeito.

A350 e A380 - foto Airbus

Outras aeronaves: A350 e A320neo

Quanto a novas encomendas de aeronaves (vários modelos) pela empresa, cuja previsão era de 630 exemplares, a feira de Farnborough elevou esse número a 348 contratos em mãos, com compromissos para diversas centenas.  O novo bimotor A350 (de dois corredores), segundo a Airbus, está no caminho para sua certificação no terceiro trimestre, com entrada em serviço ainda neste ano. Já o A320neo (de corredor único), com motores de maior eficiência no consumo de combustível do que o modelo atual, está sendo preparado para o primeiro voo em setembro e início de operações comerciais no quarto trimestre do ano que vem.

A350 - foto Airbus

Venda da participação na Dassault francesa

Por fim, a empresa reiterou que deseja vender sua parte na Dassault Aviation, fabricante francês do caça Rafale e dos jatos executivos Falcon. Tom Enders afirmou que “a questão não é se” a Airbus vai vender sua parte, mas “quando”, embora não tenha detalhado os mecanismos do processo.

FONTE: Bloomberg (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Airbus

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Carlos Alberto Soares

Menos grana …..

Clésio Luiz

Está certo isso, a Emirates encomendou 140 exemplares do A380? Ou fora de diversos modelos da Airbus?

Augusto

Mais uma péssima notícia para a Dassault.

Corsario137

A vaca, está, indo pro brejo. Muuuuuuuu…
Será que a venda da Índia babou? Estão pulando fora antes que o barco afunde?

Gilberto Rezende

Os A380 encomendados pela Malaysia Airlines não dá para contar na produção mesmo…

KKKKKK negro

Clésio Luiz

Caramba, se fossem 140 A320 eu já achava muito, mas 140 A380… Fico imaginando qual é a base de operação dessas crianças… Fora, caramba, enquanto tem empresa por aí raspando o cofre para montar a frota com 737s. Isso é que é ter dinheiro para rasgar.

Nick

Interessante essa nota da Airbus vendendo sua participação na Dassault.

Acreditava que a Dassault faria parte do grupo, mas pelo visto vão continuar uma empresa francesa. Isso é bom? Sei não…..

[]’s

Marcelo Pamplona

Boa tarde.

Quer dizer que a Airbus “não irá mais” absorver a Dassault, pelo contrário, vai se desfazer da sua parte?

Pois é, isso que dá tomar decisões comerciais erradas por décadas a fio, seu grande parceiro prefere encerrar a “parceria” ao invés de “salvar o barco”.

Que ela faça de tudo para o contrato com a Índia sair, senão…

Quanto ao A380, penso ter sido mais uma escolha errada, desta vez da Airbus.

Sds.

Iväny Junior

O negócio pra dassault a cada dia fica pior. A Airbus como dona de 46% da fabricante francesa, teve a chance de analisar a fundo todo o tipo de tecnologia e projetos utilizados na bastilha. Se existia alguma coisa que se aproveitasse, bastava levar de um laboratório ao outro. Agora que a dassault parece finalmente perder a venda do rafale na índia (coisa que empataria os custos), a Airbus não quer estourar com esse prejuizo nas mãos. Quem tem cacife pra comprar? Só enxergo 4 empresas: Lockheed, boeing, Embraer e Chengdu. Quem vai querer, é outra história… mas o interesse… Read more »

Carlos Alberto Soares

” ….mas o interesse maior deve ser dos chineses.”

Impossível,

Général de Gaulle ressuscita e derruba o François Hollande.

rommelqe

O Jardino, não dá, sô, pra rever isso aí? Pede pra seu diretor, pede…

Carlos Alberto Soares
Gilberto Rezende

Manter as ações da Dassault foram uma imposição do governo francês para que a então Aerospatiale francesa pudesse ser uma das partes originais da composição da EADS. Uma imposição POLÍTICA.

Somente com a recente reestruturação acionária da EADS que diminuiu o poder de mando dos governos da França e Alemanha na empresa é possível aos dirigentes da companhia se desfazerem do INCÔMODO ativo do portfólio da empresa.

ALIÁS este é um BOM EXEMPLO para o governo brasileiro estudar para evitar que a Embraer TENTE fazer algo parecido para diminuir a influência e limitações impostas pelo governo brasileiro à Embraer….