Incompatibilidade do F-35A com aviões-tanque do Canadá preocupa militares

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F-35A sendo reabastecido em voo por sistema de lança - flying boom - foto USAF

Autoridades militares do Canadá, país que poderá escolher o F-35, alertaram o ministro da Defesa sobre a necessidade crítica de reabastecimento em voo e que a questão precisa estar fortemente ligada à compra de novos caças

Segundo reportagem publicada na sexta-feira (14 de junho) no Canada.com, autoridades militares canadenses alertaram em setembro passado o ministro da Defesa do país, Peter MacKay, que a capacidade de reabastecimento em voo de caças é “crítica para a defesa do Canadá” e que precisaria estar “fortemente ligada” à compra de qualquer novo avião de combate. Isso poderia ter significativas implicações caso o Governo Canadense escolha o F-35 como o novo caça do país, pois o jato furtivo é incompatível com a atual frota de aviões-tanque da Força Aérea Real do Canadá (RCAF).

Um relatório preparado para o ministro por autoridades superiores da Força Aérea, com data de 25 de setembro, afirmou que essa capacidade de reabastecer caças em voo é uma “necessidade” para as Forças Armadas do Canadá devido à geografia do país. Conforme a nota obtida pela Postmedia News, sem essa capacidade “a frota de caças das Forças Canadenses teriam cobertura muito limitada no Ártico Canadense, assim como tempo sobre os objetivos (time on station)”. Este último item refere-se ao tempo que um caça pode permanecer voando sobre uma área em especial, o que inclui partes de missões de patrulha ou de reconhecimento.

CC-150 Polaris da frota do Canadá reabastece dois CF-18 - foto Força Aérea Real Canadense

O ministro MacKay também foi alertado que a Força Aérea não tiraria o melhor de seus caças, em outras missões, sem as capacidades de reabastecimento em voo. Concluindo, o relatório diz que essas capacidades “são consideradas tão críticas” que as Forças Armadas do país “não podem considerar” um novo caça sem considerar as capacidades de reabastecimento em voo para apoiá-los: “Está claro que o requerimento para uma capacidade (de reabastecimento em voo) precisa estar fortemente ligada” à compra de novos caças.

Foi destacado também pelas autoridades militares que o F-35 não é compatível com os atuais aviões reabastecedores do Canadá, ao passo que seus competidores são. Segundo o Canada.com, o Ministério da Defesa não respondeu a questões sobre esse assunto na sexta-feira.

CF-18 - foto 2 Força Aérea Canadense

Já em dezembro, os militares discretamente revelaram que se planeja depender dos EUA, de outros aliados e de empresas privadas para reabastecimento em voo, caso o Governo do Canadá adquira o F-35. Porém, para muitos observadores, isso é apenas um exercício de malabarismo, num esforço para manter o custo de compra de 65 jatos F-35 dentro do orçamento de 9 bilhões de dólares para adquirir os caças  – valor que só se refere ao custo de aquisição, pois o custo ao longo do ciclo de vida, incluindo desenvolvimento, manutenção e até a desativação por volta de 2052, chega a 45 bilhões.

Inicialmente, o Ministério da Defesa planejava gastar 420 milhões de dólares, desse orçamento total de 9 bilhões, em modificações específicas para tornar os aviões reabastecedores canadenses compatíveis com os jatos F-35.

Devido ao impacto de uma auditoria que revelou o custo global de 45 bilhões de dólares, o Governo Conservador do Canadá voltou atrás nos seus planos de comprar o F-35 e ordenou a burocratas para buscar outros competidores ao jato furtivo norte-americano, para eventualmente participarem de uma disputa. Assim, uma série de questionários que também incluem questões sobre benefícios de participação industrial tem sido enviada aos fabricantes dos possíveis competidores, o Dassault Rafale, o Eurofighter Typhoon, o Saab Gripen e o Boeing Super Hornet, além do próprio Lockheed Martin F-35.

Em meados do próximo trimestre, as empresas deverão entregar as últimas rodadas de respostas para que autoridades canadenses tenham em mãos todas as opções  – incluindo os prós e contras de continuar operando os envelhecidos caças CF-18 da RCAF – no último trimestre do ano.

CF-18 - foto Força Aérea Canadense

FONTE: Canada.com (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: USAF (Força Aérea dos EUA) e RCAF (Força Aérea Real Canadense)

NOTA DO EDITOR: a versão para pousos e decolagens convencionais do F-35, voltada para operações em forças aéreas, é a F-35A, que de fato só pode ser reabastecida no ar por aviões-tanque dotados do sistema de lança (Flying Boom), como mostrado na foto do alto da matéria. Trata-se do padrão dos caças da USAF, assim como de seus bombardeiros (de fato, nasceu como um sistema para reabastecer jatos como o B-52), pelo que a frota dos reabastecedores da USAF é dotada do sistema.

Já o padrão de reabastecimento por cesta (probe and drogue), utilizado pela USN (Marinha dos EUA) e o USMC (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA), é o sistema compatível com as versões do caça para emprego em porta-aviões dotados de catapulta e aparelho de parada (F-35C) e de decolagem curta e pouso vertical (F-35B). Operações de reabastecimento em voo com as versões F-35C e F-35B  podem ser vistas nas fotos abaixo, da Lockheed Martin.

Dois jatos F-35C sendo reabastecidos em voo - foto Lockheed Martin

F-35B sendo reabastecido em voo - foto Lockheed Martin

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HMS TIRELESS

Esses canadenses são ridículos mesmo. Adaptar um avião tanque para o sistema Flying Boom custa algo em torno de 500 mil dólares por unidade. Façam o seguinte então: comprem o Le Jaque, com seus altos custos de operação e incompatibilidade com o sistema NORAD. Aí vocês vão ver o que é bom para a tosse.

joseboscojr

Realmente Nunão.
O contrário é bem mais difícil

joseboscojr

O problema não deve ser sério e na pior das hipótese que eles comprem a versão naval F-35C, afinal eles já operam o F-18.

HMS TIRELESS

Nunão:

Salvo engano os canadenses empregam seus CC-131 Polaris (A-310) como tankers….

Clésio Luiz

Interessante, porque a LM não oferece as sondas como opção na versão terrestre do F-35, já que ela equipa as outras duas versões? Já está tudo pronto, as peças, o software, é montar e homologar. Não é interessante para a USAF mas seria um belo argumento de venda em alguns mercados.

Não está disponível agora por motivos óbvios, mas poderia ser uma opção de retrofit no futuro.

HMS TIRELESS

Nunão:

O que eu questiono é estarem fazendo uma tempestade em um copo de água com essa história. A própria EADS tem kits que permitem instalar um Flying Boom no A-310.

Clésio Luiz

$420 milhões de dólares é o preço de 2 transportes do tamanho do 767 e A300/310. É um preço difícil de justificar, mesmo que para converter 5 deles.

Mauricio R.

Se insistirem em procurar pelo em ovo, claro que vão achar, mas e aí???
Deveriam tb procurar pelas melhores soluções possíveis, c/ o mesmo esmero.

juarezmartinez

Seriam dólares Canadenses ou Americanos???

Um 330 MRTT novo convertido custa em torno de US$ 160.000.000,00 dependendo da versão(O australiano é mais caro).
Agora, US$ 420.000.00,00 pra converter três aviões é fora da realidade.

Grande abraço

juarezmartinez

Bah Nunão comi mosca, é verdade, mas como disseste 85 milhas por conversão é muiiita grana, tem uma coisa errada nesta conta.

Grande abraço