Por ano, aeroporto de Congonhas pode ter mais 4 milhões de usuários

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Aeroporto de Congonhas - foto 2 Nunão - Poder Aéreo

vinheta-clipping-aereoO aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, tem capacidade para receber até 4 milhões de passageiros a mais por ano – o que elevaria em 24% o atual movimento.

Segundo relatório técnico produzido pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão ligado à Aeronáutica, é possível ampliar de 30 para 38 a quantidade de voos comerciais por hora. Esses são os chamados slots fixos, espaços para pousos e decolagens com horário previamente marcado.

O documento, ao qual a Folha teve acesso, foi solicitado pelo Executivo e é o primeiro do tipo desde o acidente da TAM em Congonhas em 2007, que deixou 199 mortos. Na época, em meio a discussões sobre o excesso de voos no aeroporto, a União decidiu limitar as operações.

O relatório do órgão da Aeronáutica leva em consideração o potencial das duas pistas de Congonhas para receber, com segurança, voos tanto de empresas que transportam grande volume de passageiros (aviação comercial) quanto de aviões de menor porte, caso de jatinhos e táxis aéreos (aviação geral).

A partir desse parecer, o próximo passo do governo será avaliar os impactos na infraestrutura para embasar uma decisão –Anac e Infraero já preparam estudos.

Os 38 movimentos/hora apontados pelo Decea equivalem a 80% da capacidade do aeroporto, cujo teto apontado pelo Decea é de 48 voos/hora. A sobra desses slots é normalmente usada para voos sem hora marcada. Como a capacidade total é maior, o Executivo avalia não ser necessário ampliar o número total de voos, apenas melhorar a eficiência com o transporte de mais passageiros em aviões comerciais.

Hoje, há 34 movimentos fixos permitidos, sendo 30 deles destinados à aviação comercial, como TAM e Gol, e os demais às empresas de táxis aéreos e aeronaves particulares. Esses movimentos fixos dão previsibilidade –permitindo a venda de passagens com hora marcada. Se os 38 movimentos forem destinados à aviação comercial, como defendem setores do Executivo, Congonhas pode chegar ao aumento anual de 4 milhões de passageiros.

O cálculo foi feito por técnicos do governo a pedido da Folha. Ele se baseia na oferta de assentos e na taxa média de ocupação das aeronaves – além da transferência dos slots da aviação geral. Em 2012, 16,7 milhões de pessoas saíram ou chegaram em São Paulo por Congonhas. O argumento, no governo, é que jatinhos não precisam de horários fixos – as empresas de táxi aéreo discordam.

Aeroporto de Congonhas - foto Nunão - Poder Aéreo

Análise: Liberar voos em Congonhas é tabu para o governo

O estudo da Aeronáutica evidencia o que o governo federal resiste em assumir: sim, é possível aumentar os voos comerciais regulares (TAM, Gol, etc) em Congonhas. Tocar no assunto é um tabu desde o acidente com o avião da TAM, em 2007, que não conseguiu parar a tempo e explodiu ao bater em um posto de combustível.

Na ocasião, o governo reduziu para 30 os pousos e decolagens de voos regulares em Congonhas a cada hora. Se à época a restrição era necessária para checar quão seguras eram as pistas do aeroporto, hoje é, essencialmente, de ordem política. Isso porque, do ponto de vista técnico, as pistas têm capacidade de receber mais voos, como constatou a Aeronáutica –e defendem, há anos, as companhias aéreas.

Mas há alguns aspectos a conspirar contra, ao menos contra aumentar os voos comerciais para já.

O terminal de passageiros, por exemplo, não foi feito para atender com conforto mais 4 milhões de passageiros a cada ano. Seria preciso aumentar o espaço físico, projeto que a Infraero prevê tirar do papel no ano que vem. E táxis, outro problema recorrente, haveria para todos?

Congonhas sob chuva - foto Nunão - Poder Aéreo

Dificuldades

Por último, talvez a maior das dificuldades: os moradores do entorno do aeroporto são contra a ampliação, por sustentar haver risco à segurança e ruído excessivo (duas questões que serão de novo avaliadas pelo governo). O grupo chegou a ir à Justiça para que Congonhas funcionasse por menos horas a cada dia, sem êxito.

Posto isso, a dúvida é: o governo irá comprar a briga e encarar o peso político de permitir mais voos comerciais ali? A seguir, as cenas dos próximos capítulos.

FONTE: Folha de São Paulo, via Notimp (reportagem de Natuza Nery e Dimmi Amora e análise de Ricardo Gallo)

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