Atualmente mais promissor que europeu, mercado russo precisa de aviões comerciais regionais de 50 passageiros e jatos executivos

 


Timofei Svétin, Víktor Kuzmin

O mercado russo de jatos executivos ainda é relativamente pequeno. Mas a necessidade de serviços aéreos desse tipo tem crescido constantemente. Se, em 2005, a aviação executiva realizou 50 mil voos na Rússia, em 2011, esse número triplicou para 150 mil. De acordo com o prognóstico do presidente da Associação Nacional Unida da Aviação Executiva, Valiéri Otchirov, em 2012 a cifra saltará para até 160 mil.

O número de milionários na Rússia ultrapassou uma centena, de acordo com dados de 2011 da revista norte-americana Forbes. E eles precisam voar. Entretanto, segundo o portal Aviaport.ru, da revista especializada homônima, estão registrados atualmente no país apenas 158 aviões executivos. Outras 250 unidades que pertencem a russos estão registradas no exterior.

Especialista analisa setor no país

Segundo chefe do departamento de Aviação de Moscou, Magomed Tolbôiev, 61, a Rússia não tem chances de competir com a Embraer internamente. “O país tem quase 28 mil de cidades e povoações relativamente grandes que não têm ligação nem mesmo com os centros regionais como Novosibirsk, Omsk e Tomsk. Por isso, o número de voos aumenta, mas o de passageiros, não”, diz Tolbôiev. Ele afirma, porém, que a Embraer pode enfrentar problemas na manutenção dos equipamentos. “Essas aeronaves não foram projetadas para funcionar nas condições severas da Sibéria”, arremata.

É claro que a quantia não é satisfaz a crescente demanda. Nos próximos 20 anos, a frota de aviões executivos na Rússia e na Comunidade de Estados Independentes deve chegar a 1.550 unidades, de acordo com previsão da Bombardier Business Aircraft. Um terço deles deve ser adquirido até 2022 e o restante, na década seguinte.

Produto (inter)nacional

Há muito tempo a Rússia não fabrica novos jatos executivos. A empresa de aviação civil Sukhôi planeja iniciar só em 2014 a venda comercial dos modelos da linha Sukhôi Business Jet, que terá três variantes: a VIP, de 8 passageiros; a governamental, de 19; e a corporativa, de 38. Já existe um primeiro comprador, a empresa suíça Comlux, que encomendou dois aviões e ainda avalia a possibilidade de adquirir outros dois.

Os modelos irão concorrer com o carro-chefe da frota executiva da Embraer, o Lineage 1000 (criado na base do E-190), cuja primeira encomenda russa os fabricantes brasileiros esperam receber ianda neste ano ou em 2013.

Por enquanto a Rússia não pretende fabricar os modelos mais compactos. Assim, os brasileiros têm chances não apenas de manter a sua participação no mercado russo da aviação executiva, mas também de ampliá-la.

Na sétima Exposição Internacional de Aviação Executiva 2012, realizada próximo a Moscou no final de setembro, o país viu pela primeira vez o novo interior do Legacy 650. Na exposição também foi apresentado o jato executivo leve Phoenom 300, além do enorme Lineage 1000.

Por enquanto, os mais populares no mercado russo continuam sendo os Legacy 600 e 650. A Rússia já adquiriu 34 desses aviões. No vizinho Cazaquistão, país que também integra a União Alfandegária, estão em uso mais dois Legacy 650, e um terceiro deve ser entregue até o final do ano.

Paralelamente, a Embraer pretende dar um mais um passo na ampliação de sua presença no mercado de aviões comerciais na Rússia, com a abertura na capital de uma representação da ECC Leasing – braço da empresa que comercializa aviões usados.

A decisão tem motivos palpáveis: a demanda por aviões regionais com 50 assentos no país. Nos próximos anos, de acordo com avaliações diversas, a Rússia deve adquirir de 200 a 300 aviões em função do envelhecimento acelerado de sua frota de Tupolev 134.

Até agora, a fabricante brasileira deixou o segmento russo à concorrente canadense Bombardier. Em 2011, a Rússia adquiririu cerca de 50 aviões CRJ100\200. Hoje quase 100 aviões desse modelo estão em atividade no país. A ECC Leasing deve oferecer às empresas do setor, em primeiro lugar, o ERJ145.

Setor e crise

O mercado mundial de jatos executivos ainda não conseguiu se recuperar da crise de 2008 e 2009. Nesse cenário, o mercado russo é promissor.

“Avaliamos a aviação executiva russa como um mercado em crescimento, ao contrário do mercado europeu, que se encontra estagnado”, afirma o presidente e diretor-geral da NetJets Europe, Erick Connor.

A indústria de aviação russa também cresce, embora lentamente. Espera-se que até o final do ano sejam construídos 120 aviões, incluindo 40 civis, além de 250 helicópteros.

FONTE/FOTO: Gazeta Russa /AirTeamImages

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Baschera

Tivesse a EMB construído sua fábrica no país do urso em vez do país do panda….. hoje estaria comendo salmão…em vez de bambú !!

Sds.

Observador

O chefe do departamento de Aviação de Moscou, Magomed Tolbôiev, não sei se para defender a indústria local ou por puro preconceito mesmo, acha que a Embraer vai ter problemas no frio da Sibéria.

Pura bobagem.

Ou será que na Sibéria faz mas frio do que a dez mil metros de altitude, que é a altitude de cruzeiro do E-190, ou doze mil metros, que é a altitude de cruzeiro do E – 170?

Para o “Mister Mago”, bom mesmo é o Tupolev.

Soyuz

Se vai ter problemas na Sibéria eu não sei.

Porem na homologação do Phenon 300 a FAA detectou insuficiência no sistema anti degelo da aeronave que apresentou formação de gelo em algumas ocasiões acima de 30.000 pés.

A FAA ofereceu duas opções para o fabricante.

1) Proibir o voo em condições de formação de gelo acima de 30.000 pés 2) Restringir o voo até no máximo esta altitude.

A Embraer escolheu a segunda opção.