Nota Oficial – Esclarecimentos sobre reportagem da revista ISTOÉ (Ed.2238)

O Comando da Aeronáutica repudia veementemente as inverdades, especulações e deturpações publicadas pela Revista ISTOÉ na reportagem “Intrigas, lobby e sabotagem”, de autoria do jornalista Claudio Dantas Sequeira. A reportagem parte de informações parciais para sugerir fatos que não correspondem à realidade e assim promover um mau jornalismo, sem compromisso com a ética ou com os leitores.

A reportagem afirma que a Força Aérea Brasileira (FAB) favorece “escancaradamente” a empresa Aeroeletrônica, no entanto, deixa de informar, por exemplo, que em 2011 esta companhia perdeu o contrato para o fornecimento da aviônica do avião KC-390.

O curioso é que esta informação foi repassada ao jornalista no dia 21 de setembro, mas, lamentavelmente, o profissional preferiu ignorar a informação e oferecer ao público da revista ISTOÉ uma generalização sem embasamento.

A aquisição do Hermes 450, designados RQ-450 na FAB, aconteceu após uma análise técnica que teve como objetivo escolher um modelo que pudesse cumprir as missões atuais e também fornecesse a tecnologia necessária para que futuramente seja desenvolvido um VANT nacional. A empresa IAI também participou desse processo de seleção com um modelo diferente do Heron 1 (modelo adquirido pela Polícia Federal citado na reportagem).

Vale lembrar que os contratos da Força Aérea Brasileira são assinados a partir de critérios técnicos, logísticos, industriais e de transferência de tecnologia (offset). Também passam por fiscalização e estão, todos, à disposição dos órgãos de controle. Não há qualquer parecer negativo sobre esse processo de aquisição de VANT para a FAB, assinado em 2010 e publicado no Diário Oficial da União.

A escolha pelo Hermes 450 ocorreu devido ao entendimento de que aquela plataforma atende aos requisitos atuais da FAB. Inclusive, o modelo é empregado com sucesso por outras Forças Armadas ao redor do mundo, entre elas o exército do Reino Unido.

Cada Força Armada ou órgão de segurança pública, no entanto, tem seus próprios critérios e adquire seus produtos de acordo com suas necessidades específicas. É natural que requisitos diferentes cheguem a soluções diferentes. O mesmo ocorre, por exemplo, com a frota de helicópteros: FAB e PF operam modelos distintos por terem necessidades distintas.

Essas informações também foram repassadas previamente para o jornalista, que preferiu omití-las para o público leitor da revista ISTOÉ. O profissional preferiu dizer que o Comando da Aeronáutica “trabalhou para minar a compra da PF” de forma leviana, sem apresentar provas para uma afirmação tão grave.

Já a presença de militares da reserva em empresas que atuam na área de defesa no Brasil e no exterior é uma situação comum, até pela experiência e conhecimento que esses profissionais têm no assunto, o que não significa haver interferências de cunho pessoal.

A reportagem informa ainda que o Comando da Aeronáutica “disseminou que o Vant não poderia voar sem uma doutrina de emprego e autorização expressa da FAB”. O jornalista sugere que o objetivo seria impedir os voos de VANT da Polícia Federal quando, na realidade, o Comando da Aeronáutica, por ser responsável pela segurança do espaço aéreo brasileiro, precisou estabelecer regras para assegurar que os voos desses veículos aéreos não tripulados não oferecessem riscos aos milhões de passageiros que utilizam o transporte aéreo no país e a população das cidades sobrevoadas. Dessa forma, foi estabelecido que todos os voos de VANT precisam ocorrer em áreas previamente reservadas.

Esta regra, inclusive, não foi uma criação do Comando da Aeronáutica, e sim uma recomendação da Organização da Aviação Civil Internacional. No Brasil, ela é válida não apenas para a Polícia Federal, e sim para toda organização que opere Veículos Aéreos Não Tripulados no espaço aéreo brasileiro, inclusive os Comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O documento sobre o tema é a Circular de Informação Aeronáutica (AIC-N 21), emitida pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) em 23 de setembro de 2010 e disponível no site do DECEA.

Neste caso, o jornalista poderia oferecer ao leitor da ISTOÉ as informações completas, mas preferiu não enviar uma pergunta sobre esse tema específico e assim acabou cometendo mais um erro. O bom jornalismo ensina a questionar a instituição antes de tecer uma crítica, o que não foi feito. A informação precisa e correta, tão importante para o jornalismo de qualidade, mais uma vez foi deixada de lado.

Por fim, o Comando da Aeronáutica tem como missão a garantia da soberania e da defesa do Brasil, o que requer uma ação integrada, planejada e coordenada entre as Forças Armadas e os órgãos de segurança pública. É esse o principal interesse do Comando da Aeronáutica, que, em nenhum momento, trabalha contra ou põe em risco qualquer projeto da Polícia Federal. Ao contrário, o Comando da Aeronáutica colabora para que a Polícia Federal consiga cumprir sua missão institucional da melhor forma possível. A cooperação entre as duas instituições está acima de qualquer interesse e não será abalada por insinuações e manipulações de um falso jornalismo mais preocupado em criar polêmicas que oferecer aos leitores uma visão verdadeira dos fatos. Veja aqui matéria recente da Agência Força Aérea sobre o emprego dos VANTs da FAB na vigilância das fronteiras.

Brasília, 30 de setembro de 2012.

Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

 

Veja abaixo a íntegra das informações passadas ao jornalista antes da publicação da reportagem:

FONTE: FAB

Colaborou: Nick

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Daglian

Não é por acaso que a QuantoÉ tem a fama que tem. Espero que os leitores que viram a “reportagem” deles também leiam esta nota esclarecedora.

Darkman

Boa velho Nick,
Uma boa resposta a revista Isto É.

Por isso que não tem muita credibilidade

juarezmartinez

Matou a cobra e mostrou o pau….ie o Ca já sabe de onde veio a “plantation news”. é mais uma obra do glorioso “jornalista expert em defesa” que labuta em determinados foruns, e que como não conseguiu faturar “um” com seu lobby vagabundo, acho quenia criar um intriga, o tiro saiu pela culatra,……

Grande abraço

Groo

Gosto da expressão “critérios técnicos”. Critérios técnicos também foram usados na compra do Mirage 2000, Caracal, modernização dos últimos F-5, Hinds comprados através de intermediários etc.

A expressão “critérios técnicos”, quando não explicitados, é sinônimo de “rebimboca da parafuseta”.

Considerando que no Brasil a corrupção é regra e não exceção, determinados membros das FFAA deveriam passar por um período de quarentena após deixar a força. Como ocorre no Banco Central.

juarezmartinez

Não sou advogado da FAB, mas vou tentar “clarear” para ti os critérios ´tecnicos: Nós conhecemos a operação de VANTs, tanto quanto conhecemos motores de naves interplanetárias, ou seja…. Por isto se optou em começar as operações de desenvolvimento doutrinário com um Vant médio, que estivesse já operacional em outras forças armadas e que de preferência tivesse pós venda no país, para facilitar o mantenimento do mesmo dada a nossa completa ignorância do assunto. Já a gloriosa “Tarso wafenn SS politzei” norteada pelos “grunidos” megalômanos do no ex “guia” e babalorixa de Garanhuns resolveu que deveria comprar um Vant Top… Read more »

Grifo

É como aquele assalariado que junta dinheiro, compra um carro novo e depois descobre que não sabe dirigir direito e não tem dinheiro para pagar as revisões e para o combustível….

Caro Juarez, e ainda constrói uma garagem no tamanho errado, tenta estacionar de qualquer jeito, bate o carro e depois coloca a culpa no “olho gordo” do vizinho…

Boa resposta da FAB.

Groo

Juarez, vc está errado porque não houve estouro do orçamento, mas a paralização do projeto.

A paralização de um projeto deixaria no chão até um IAI Scout.

Observador

Senhores,

A principal tática de um vagabundo é sempre esta: colocar todo mundo no nível dele. Se todo mundo é bandido, como se vai punir alguém?

Se a compra dos VANTs para a PF serviu para mostrar toda a (in)competência dos autoproclamados donos do Poder, o mais simples é criar uma história fantasiosa, de que o programa teria sido sabotado desde o seu início pela FAB, e divulgar através do PIC*.

A FAB tinha é que acionar o jornalista judicialmente. Calúnia é crime.

* PIC – Partido da Imprensa Comprada.

Vader

Nossa, só vi agora isso aí.

A verdade é que o plano do Tarso Genro de aparelhar a PF deu com os burros nágua, pois ainda tem gente séria lá dentro. Como na FAB, que destruiu as levianas acusações desse pasquim.

Deus meu, como é que deixam o nosso velho conhecido “jornalista especializado” ter tanta influência? Como é que deixam esse cabra trabalhar descaradamente pelo lulopetismo a ponto de plantar notícias safadas como essas?

Esqueçam vermelhuxos: a FAB não se dobrará a vcs. E aliás, pelo visto, nem a PF.

Vader

Agora, vamos repetir o mote, para o (ir)responsável por esta absurda aquisição da PF:

CADEIA NELES MPF! JÁ!

wenerassis

Prefiro ficar com um pé atras quanto a este caso, sei que a isto é não passa de uma revista de segunda categoria, mas sabemos bem que vivemos em um país em que a corrupção reina em todas as areas, incluindo nas forças armadas (FX, ProSubs, etc que o digam).
Então não duvido que haja sim uma briga entre FA e PF por causa do lobby de empresas estrangeiras que estão a dominar cada dia mais nossas forças armadas e do qual estamos nos tornamos cada dia mais escravos.

juarezmartinez

1 de outubro de 2012 às 0:07

Juarez, vc está errado porque não houve estouro do orçamento, mas a paralização do projeto.

A paralização de um projeto deixaria no chão até um IAI Scout.

Leia mais (Read More): FAB divulga nota oficial repudiando reportagem da IstoÉ sobre VANTs e PF | Poder Aéreo – Informação e Discussão sobre Aviação Militar e Civil
Groo, eu não estou errado. O projeto parou porque não existe doutrina operacional, doutrina de mantenimento e nem planejamento de operação, ou seja, comprarm algo para mostrar não para operar.

grande abraço

juarezmartinez

Ahh e não foi a flata de grana que parou o projeto foi a falta de condições de opera-lo,ou seja conhecimento. isto é mais uma conta que todos nós vamos pagar por conta das falcatruas do GF e da sua megalomania.

Grande abraço

Giordani

No braZil, sério do jeito que é, onde há fumaça…

edcreek

OLá,

Voto com Giordani, no Brasil, onde tem fumaça tem fogo, pode até não ser tão alta a chama mas algo deve ter…

Vamos esperar para ver os desdobramento…

Abraços,

Antonio M

E como eu disse anteriormente, complementando a frase COMPRAR NÃO SIGUINIFICA OPERAR com MENOS AINDA QUANDO O COMPRADO É O MAIS CARO EM TUDO !!!

E agora que a coisa fedeu, e há defesa concreta por parte de quem foi atacado, pedem calma e a conclusão das investigações ?!?!?!

O que eu quero ver agora é réplica do jornalista e de que quem permitiu a tal compra ……

Guilherme Poggio

Trecho retirado da reportagem da ISTOÉ “Batalha Aérea”. Sexto link de cima para baixo no VEJA TAMBÉM

Desde 2004 os militares tentam desenvolver um Vant brasileiro para o controle das fronteiras. Como ainda não há avanço, a PF decidiu comprar as três aeronaves israelenses, de um total de 14 que planeja adquirir, ao custo de R$ 8 milhões cada uma. Assim acabou provocando ciúme nos militares que, paralelamente, testavam modelos diferentes.

Vader

A verdade é a seguinte: no governo “dos Trabalhadores” nada funciona se não for na base da politicagem e da propina. O governo quis “aparelhar” a FAB usando o Rafale. Quando constatou que os militares da Força não se prestariam a avalizar a compra do mais caro – em todos os sentidos – dos vetores, e no processo arrebentar com a operacionalidade da FAB, apenas para que o ParTido pudesse obter seus ganhos políticos e financeiros (os quais andam juntos, como constataram os ministros do STF), abandonou o projeto, e deixou a FAB sem vetores. Da mesma forma esse VANT… Read more »

Vader

Ah si, e antes que alguém sugira alguma coisa: não sou insider nem tenho “fontes”. Apenas sou um cara que “liga os pontos”.