“Senhores, nós podemos reconstruí-lo. Temos a capacidade técnica para fazer isso. Ele será muito melhor do que era”. Este trecho acima foi inspirado num saudoso seriado da década de 1970, mas poderia ter saído da boca de  algum oficial da FAB quando viu o  C-95C FAB 2332  aterrisar de barriga, com o trem de pouso recolhido, na Base Aérea dos Afonsos em 29 de maio de 2009. Mal sabia o 2332 que este fato mudaria a sua vida operacional, tornando-o o primeiro C-95M da FAB. A propósito, o custo para reconstruí-lo foi inferior aos famosos “seis milhões de dólares” do seriado.

Ontem, durante a abertura do Broa Fly-In 2012 no aeródromo Dr. José Augusto de Arruda Botelho (Itirapina-SP) tivemos a grata surpresa de ver o 2332 em plena forma. Ele foi entregue no dia 8 de dezembro de 2011 ao 3º ETA (Esquadrão de Transporte Aéreo), esquadrão sediado na Base Aérea do Galeão e responsável pela execução das tarefas de transporte aérea no âmbito do III COMAR (Comando Aéreo Regional).

Conforme pode ser visto na deriva (foto do início deste texto), trata-se de um C-95C modificado. A designação final ficou C-95CM. Além da aeronave das fotos deste post, o 5º ETA também recebeu um Bandeirante modernizado (em 5 de março passado), mas trata-se da subvariante C-95BM.

O “Charlie” da FAB é na verdade a versão militar do EMB-110P1A da Embraer.  O avião possui uma série de melhoramentos internos que visavam a redução do ruído na cabina (lembrar que este não é um avião pressurizado), mas a característica externa que o diferencia facilmente das demais versões é o diedro dos estabilizadores horizontais, inclinados para cima (diedro positivo) 10º. Esta mudança também ajudou a reduzir o ruído na cabina de passageiros e a vibração.

Da versão 110P1A, a última produzida pela Embraer, foram construídos 12 exemplares para a FAB entre 1988 e 1990. Baseados no C-95C tamém foram construídos outros dez Bandeirantes no padrão P-95B Bandeirulha. Portanto, eles estão entre os Bandeirantes mais novos da FAB e ainda vão completar 25 anos.

O Programa C-95M

Em 2009 o custo do programa de modernização do Bandeirante foi estimado em US$ 35 milhões para um total de 54 aeronaves (incluindo dez Bandeirulhas). A expectativa inicial era de que todas estas células estivessem modernizadas até 2013, mas devido aos atrasos no programa, ele deverá estar completo somente em 2015.

Participam do programa de modernização duas empresas distintas (AEL e Embraer) e uma OM (organização militar) da FAB (o PAMA-AF) que atuam em três fases distintas. Primeiramente a AEL substitui o painel original por um ‘glass cockpit’ e instala modernos equipamentos de navegação e comunicação de concepção digital.

Posteriormente a aeronave é enviada para a Embraer, onde toda a estrutura é revitalizada e melhorias no sistema de refrigeração e substituição de equipamentos nos sistemas mecânico e hidráulico são realizados. Por último, no PAMA-AF a aeronave recebe melhorias na forração interna e nova pintura. Espera-se que os Bandeirantes modernizados possam servir à FAB por mais 20 anos.

Inicialmente os trabalhos se concentraram em duas aeronaves, sendo que outras duas foram recebidas em seguida. O primeiro voo de um Bandeirante modernizado deveria ocorrer em agosto de 2010, mas aonteceu somente no dia 14 de dezembro daquele ano, quando  o FAB 2332 totalmente modernizado fez o seu voo inaugural. No entanto, levaria mais um ano até que ele fosse entregue ao setor operacional da FAB.

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Mauricio R.

Estranho que na FAB, de uns tempos p/ cá, só se possa usar aviônica da Elbit. Sim pq essa AEL na verdade é um saco vazio, sem a Elbit por trás, lá não tem nada. Tdo vem da Elbit, a tecnologia, os produtos, o know how, etc, etc, etc… E nós os trouxas dos brasileiros, entramos c/ o mercado. Qual o problema em se usar da aviônica Honeywell Primus do ERJ-145 por exemplo, do qual há uns 1000 no mercado??? Ah, tá na cara, não é Elbit!!! Curiosa a engenharia de produção deste update, o ac após receber a aviônica… Read more »