Embraer renuncia* à gama de aviões civis e ambiciona defesa

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PARIS, 5 Jun 2012 (AFP) -A fabricante brasileira de aeronaves Embraer anunciou nesta terça-feira sua desistência na fabricação de aviões civis de pequeno porte para concorrer com a Airbus e Boeing, mas ressaltou sua ambição no setor da defesa.

Terceira maior fabricante mundial, a Embraer estudou durante dois anos um projeto de aeronaves domésticas de 130 a 160 lugares (sua produção atual para em 120 assentos), que rivalizaria com os menores aviões de corredor único da europeia Airbus e da americana Boeing.

“Não temos planos para desenvolver esta aeronave”, declarou o presidente da divisão de aviação comercial, Paulo Cesar Silva, à imprensa em Paris. “Fizemos alguns estudos de mercado, conversamos com muitos clientes… e não vemos justificativa econômica para este projeto”.

Airbus e Boeing já garantiram grande parte do mercado ao lançar suas versões remotorizadas das aeronaves de corredor único A320 e 737, o Neo e o Max, e a canadense Bombardier já tem tido dificuldades para ganhar espaço neste segmento com seu CSeries, argumentou.

No entanto, “vamos remotorizar a gama de E-Jets, a fim de manter a nossa posição de liderança no segmento de aeronaves de 70 a 120 assentos”, disse César Silva.

Os primeiros modelos batizados G2, redesenhados e remotorizados para consumir menos, devem entrar em serviço em 2018, segundo ele. Os novos reatores serão escolhidos até ao final do ano. A Embraer oferece quatro modelos de aeronaves domésticas (E170, E175, E190 e E195). Ela entregou 823 em oito anos, e ainda tem 240 encomendadas.

A aviação comercial representa 65% das vendas da fabricante brasileira e continuará a ser a maior parte de sua atividade, à frente da produção para empresas, acrescentou Cesar Silva.

Divisão de Defesa – A Embraer também criou uma divisão de defesa em 2010, que representa 7% do seu volume de negócios. Esta percentagem deverá atingir 16% em 2012, anunciou o chefe da divisão de segurança e defesa, Luiz Carlos Aguiar, que tem como meta alcançar 25% até 2020.

A companhia já é conhecida por seu turboélice de ataque leve e treinamento avançado Super Tucano. Com 182 exemplares encomendados por uma dúzia de países, venceu em 2011 uma licitação da Força Aérea dos Estados Unidos. A Aeronáutica americana, contudo, cancelou o contrato em fevereiro, após os protestos da concorrente americana infeliz Hawker Beechcraft, mas abriu um novo concurso, informou Carlos Aguiar, que não quis comentar sobre suas chances.

A Embraer também se lançou no mercado de aeronaves de transporte militar e propõe um sucessor para o C-130 da Lockheed Martin. O KC-390, capaz de transportar uma carga de 23 toneladas, deve fazer seu primeiro voo em 2014 e entrar em serviço em 2016. A Embraer busca de 16 a 18% de um mercado global estimado em 700 aeronaves, um total de 50 bilhões de dólares.

Suas ambições não param por aí. A fabricante está envolvida em dois projetos governamentais de grande porte: o primeiro satélite de comunicações fabricado no Brasil e na implantação de um sistema de vigilância das fronteiras. Para obter uma quota do mercado de satélites, avaliado em 400 milhões de dólares, a Embraer criou uma sociedade com a empresa de telecomunicações Telebrás. O satélite que terá dupla função, civil e militar, deve ser lançado no final de 2015, disse Carlos Aguiar.

O Brasil tem 17.000 quilômetros de fronteiras. Seu monitoramento exigirá comunicações por satélite, radar, aeronaves não tripuladas, sistemas de comando e veículos blindados, um projeto estimado em quatro bilhões de dólares em dez anos.

FONTE: Terra/AFP

*NOTA DO EDITOR: esta notícia é um “clipping”, como evidenciado na vinheta logo em seu início, sendo o título e o texto reproduzidos do original da Terra/AFP. Como diversos leitores notaram e estamos destacando aqui, a palavra “renuncia” do título original da matéria deve estar se referindo (como o próprio texto original também destaca na sequência) ao desenvolvimento de aeronaves de maior porte, que disputem o segmento do mercado acima de 120 assentos. Para o segmento de aviões civis de 70 a 120 lugares, como o próprio texto salienta, a Embraer deverá continuar a desenvolver aprimoramentos nas suas aeronaves. Porém, é certo que o título original da Terra/AFP (e que foi reproduzido da mesma forma em diversas outras mídias) dá margem a interpretações que diferem do que diz o próprio texto da reportagem.

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Marcos

Mauricio R. deve estar feliz, afinal era seu sonho que a Embraer parasse de fabricar aviões civis e se voltasse a desenvolver aeronaves militares. Tá certo… ou nem tanto. O que queria mesmo era coisa única no mundo, desenvolvimento de aeronave militar sem financiamento público. Resta saber qual banco financiará dita aeronave militar.

De resto, meu sonho é:

#odebrechtfabricandocaça

Marcos

E aproveitando para fazer um exercício de futurologia:

Brasil vai de Rafale!

Usados!

E 12 e não 36!

De onde sairão?

Dos primeiros lotes entregues á Força Aérea Francesa.

E os outros 24?

Mais para frente, quanto a crise acabar.

Qual crise?

Qualquer uma.

Marcos

E quem vai lançar o satélite?

A Foguetebras?

Marcos

E o título do artigo é uma pérola.

Dá a entender que a Embraer irá parar de produzir aviões civis. Não, não vai, só não irá desenvolver uma aeronave para concorrer com 737 e A-320.

Black Hawk

caraca!!
q susto!!
poxa essa manchete me enganou direitinho!!
pela manchete da a entender q a embraer tinha deixado o mercado civil e ido apenas no mercado militar!!
se tivesse feito isso era falencia na certa…
mas vamos ver oq que vai dar…
e de boa se ela ja acha concorrido o mercado de aviaçao,espera so quando chegar o mitsubishi japones,o suhkoi ,e o aviao chines…
concorrente e oq nao falta!!

Ivan

“Embraer renuncia à gama de aviões civis e ambiciona defesa.” Tentei encontrar a manchete original da AFP – Agence France-Presse para verificar se a chamada era a mesma usada pelo portal TERRA e UOL. Quando uma frase escrita por um profissional da notícia deixa margem a dupla interpretação há duas possibilidades mais prováveis: – Primeira – o profissional é ruim e escreve mau (pouco provável); – Segunda – o profissional tinha a intenção de provocar uma dupla (ou múltipla) interpretação com objetivos estranhos ao simples informar. A forma como está escrita o título e o primeiro parágrafo sugerem que o… Read more »

Ivan

O link da Embraer Executive Jets com a “gama de aviões civis” que tem incomodado tradicionais fabricantes internacionais:

http://embraerexecutivejets.com/en-us/Pages/Index.aspx

Sds,
Ivan. 8)

Mauricio R.

Havia uma chamada em um site europeu, dando a entender que a Embraer deixaria de fabricar jatos “mid size”, o que remeteria aos novíssímos; se é que já foram lançados Legacy 450 e 500. Uma rápida busca, em outros sites do mercado civil não ajudou mto. Horas mais tarde, esta notícia do PA, esclareceu a questão. Bem qnto a não se meter c/ Airbus e Boeing, não é a toa que a Embraer é a 3ª airframer do mercado, os caras sabem mto bem aonde o calo lhes aperta o pé. Assim boa sorte aos chineses, os caras lá gostam… Read more »

Nick

Quando li a manchete fiquei assim: O.o WTF???

Non Sense total o título da matéria. O que a Embraer está fazendo é não puxar briga com as duas gigantes, sabendo que não tem como competir com eles, se eles partirem para uma guerra de preços.

Agora discordo dos colegas que põe a tag #embraerforadofx-2:

No meu entender deveria ser Embraer : #novocaçade5ªgeração 🙂

[]’s

Fabio ASC

Só não entendo até hoje porque a Embraer não entra de cabeça no mercado de UAV´s UCAV´s.

Mercado para isso não faltaria, só o Brasil e a Unasul (sic) dariam vazão a este produto.

Nick

Caro Fabio

A Embraer já está entrando nesse mercado, através da Harpia, empresa formada em associação com a Elbit, mas com controle dela, Embraer.

[]’s

HRotor

Francamente Galante, não poderia ter “filtrado” um pouco este post? O título é apelativo e o conteúdo desleixado, conforme apontaram os colegas acima.

Alexandre Galante

HRotor, o post é um clipping, não é de nossa autoria. Procuramos deixar o título e a matéria da fonte original.

Fernando "Nunão" De Martini

Apenas um adendo ao que escreveu o Galante: quando mudamos por algum motivo, o título original, aí sim costumamos colocar um aviso específico.

No caso, poderíamos como em outras vezes colocar uma nota do editor, mas os próprios comentários dos leitores já disseram mais do que o suficiente a respeito, de forma crítica e bastante proveitosa para o debate.

Mauricio R.

A Embraer pode entrar de cabeça no mercado que bem quiser, mas por outro lado ao contrário do que ela pensa, o Brasil não tem a mínima obrigação de comprar aquilo que esta por ventura venha a oferecer.
Temos tdo o mercado mundial de UAV/UAS p/ nos servirmos.
Válido tb p/ aquela outra, metida a “coitadinha”, a Avibrás.

HRotor

Galante: entendi, grato pelo esclarecimento.
Nunão: talvez os comentários dos leitores não tenham dito “mais do que o suficiente a respeito”.
Mas tudo bem…
Roger Wilco…

Fernando "Nunão" De Martini

HRotor,

A minha opinião sobre dizerem “mais do que o suficiente” a respeito do título original da matéria refere-se, entre outros, ao comentário do Ivan de ontem às 22h57. Creio que se trata de uma opinião crítica bastante elucidativa.

De qualquer forma, acrescentamos agora uma nota a respeito.

Saudações!