A FAB (Força Aérea Brasileira) enviou hoje o pedido formal de oferta para a compra de dois novos aviões-tanque de longo alcance. Estão na disputa a EADS europeia, a Boeing americana e a IAI israelense.

Os fabricantes europeu e americano produzem, respectivamente, o Airbus-A330MRTT e o KC-767, baseados em modelos civis. A empresa israelense é especializada em preparar aviões usados para a missão de reabastecimento, o que custa em média um terço do valor de um modelo novo _que pode chegar a US$ 300 milhões (quase R$ 600 milhões hoje).

O RFP (pedido de oferta, na sigla inglesa) é o segundo passo para a compra, e dá 90 dias para que as ofertas sejam enviadas à FAB. Ele não faz referência ao novo avião presidencial, apelidado de Aerodilma.

O plano original da FAB, de 2010, era para que um dos aviões-tanque tivesse previsão para uma área VIP presidencial. Depois, o Planalto admitiu que poderia comprar um novo avião só para transporte de longa distância, já que o atual Aerolula (um Airbus-A319 executivo) não tem autonomia para ir sem escalas de Brasília à Europa, por exemplo.

Ao assumir, Dilma Rousseff parou o processo e ainda não há decisão final sobre a nova aquisição, conforme a Folha revelou na semana passada. Questionada, a FAB disse que não informaria nada além da nota publicada ontem sobre o RFP (nota do editor: veja abaixo a nota oficial da FAB, que mostra a data de 9 de maio, e não 8, que seria ontem) – ou seja, não fica claro se voltou ao plano de 2010 de incluir a possibilidade de uma área VIP no avião-tanque ou se haverá um pedido separado para a compra do Aerodilma.

A FAB precisa dos novos aviões porque hoje opera antigos Boeing-707 reabastecedores fabricados nos anos 60. São os famosos “Sucatões”, que praticamente não têm mais condições de operação. Além de reabastecimento aéreo, eles servem para transporte de tropas e carga, além de evacuação médica.

Nota Oficial – FAB lança processo de seleção para aeronaves reabastecedoras

O Comando da Aeronáutica, em cumprimento ao Plano de Equipamento e Articulação da Força Aérea Brasileira, e de acordo com o cronograma estabelecido pela instituição, procede, nesta 4ª feira, 9 de Maio de 2012, a entrega dos Pedidos de Oferta às empresas participantes do Projeto KC-X2: Airbus Military, Boeing e Israel Aerospace Industries (IAI).

O Projeto KC-X2 visa, exclusivamente, à aquisição de duas aeronaves de reabastecimento em voo e de transporte estratégico de carga e tropa, bem como missões humanitárias e de evacuação aeromédica e substituirão as aeronaves KC-137, que, por terem sido fabricadas na década de 1960, têm tido seu custo de operação progressivamente elevado.

A partir do recebimento do Pedido de Oferta, as empresas terão o prazo de noventa dias para apresentarem suas propostas, que serão submetidas ao processo de avaliação e seleção previsto pela FAB, e que tem como base, dentre outros, os requisitos técnicos, operacionais, logísticos e industriais estabelecidos.

Brasília-DF, 9 de maio de 2012.

Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno

Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

FONTES: Folha de São Paulo (reportagem de I. Gielow) e FAB (nota oficial)

FOTOS: FAB

Colaborou: Wallace

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Guilherme Poggio

Tudo bem, mas vai ser para abastecer o que?

O caça que ele deveria abastecer ninguém define nada. São dez anos de desculpas.

http://www.aereo.jor.br/2012/05/09/o-que-vai-acabar-primeiro-as-desculpas-ou-o-f-x2/

wallace

Pergunta controversa: já que não tem caça pois não se define o FX-2, não seria o caso de aguardar o KC-390?

Fabio ASC

No caso da IAI, qual modelo de aeronave ela modificaria?

Augusto

Entendo que ficou claro sim:

“O Projeto KC-X2 visa, EXCLUSIVAMENTE, à aquisição de duas aeronaves de reabastecimento em voo e de transporte estratégico de carga e tropa, bem como missões humanitárias e de evacuação aeromédica e substituirão as aeronaves KC-137”.

Abraços

Clésio Luiz

Os KC-137 da FAB foram fabricados em 1968 e nunca passaram por uma reforma séria. Devem estar em estado decrépito. Quanto ao valor dado para o custo da aeronave, que eu saiba um A330 sai por cerca de 200 milhões de dólares, não 300. O 767 não chega nem a 200 milhões. Quanto a comprar células usadas, vai depender muito do tempo de uso. Os 707 comprados da Varig voaram por 18 anos antes de chegar nas mãos da FAB, portanto já estavam muito rodados. Tiveram a chance de ouro de pegar umas aeronaves da massa falida da Vasp, Varig… Read more »

juarezmartinez

O projeto preve a compra de duas células e opção de 1+1, todas na versõa Transp/Revo.
Esse negócio está desenhado já faz algum tempo e tem um proponente que estava na frente, não sei se continua, pois um outro mexeu os “palitos” muito bem dentro do GF….

Grande abraço

Mauricio R.

A ex-VEM de Porto Alegre, atual TAP é certificada pela própria IAI, p/ reformas de aeronaves B-767 e sua transformação em cargueiros.

HRotor

“…Depois, o Planalto admitiu que poderia comprar um novo avião só para transporte de longa distância, já que o atual Aerolula (um Airbus-A319 executivo) não tem autonomia para ir sem escalas de Brasília à Europa, por exemplo.” Muito interessante essa conversa de avião presidencial de longo alcance… Eu me lembrava que, por ocasião da compra do “Aerolula”, um dos fatores que levaram à escolha do Airbus era justamente seu alcance. Fiz uma pesquisa rápida na net: “Com sua elevada autonomia de vôo, maior que a do A319 comum operado pela TAM, elimina muitas escalas técnicas para abastecimento. Permite vôos de… Read more »

juarezmartinez

Negativo. ele nunca prestou para esta missão, e deppois que começou a operar, isto ficou claro.
a questão foi que o nosso maior especialista em aviação militar, Stalinacio I, o guia mandou comprar o ACj, e por enquanto manda pode obedece quem tem juízo. O estudo do dirma na época sugeria a compra de um 67, mas……..

Grande abraço

Clésio Luiz

Esse ACJ da série A320 tem 12.000km de alcance…

Marcos

O AirForce51 é um A-319 de longo alcance e não um Airbus Corporete Jet – ACJ. Porquê compraram um e não o outro é coisa que ninguém sabe.

De qualquer modo leia-se: FAB envia pedido para dois vassourões.

Marcos

Gozado que os B.707 servem até hoje para transporte de tropa, carga e reabastecimento, só não serve para transportar a cumpanherada.

wallace

Fernando “Nunão” De Martini disse:
9 de maio de 2012 às 19:12

Muito obrigado pelos esclarecimentos (e outros que vêm sendo prestados por outros colegas), a cada dia aprendo mais e mais aqui!

Aliás, aproveitando seu comentário, é incrível ver como a resiliência dos caças americanos (F-5) é muito superior à dos franceses (Mirage).

Groo

“O Projeto KC-X2 visa, exclusivamente, à aquisição de duas aeronaves de reabastecimento em voo e de transporte estratégico de carga e tropa, bem como missões humanitárias e de evacuação aeromédica”

Talvez a “cumpanherada” entre na classificação “tropa” (de burros). Se bem que o termo burro combine melhor com os contribuintes.

Grifo

Senhores, interessante ver que a compra do jato presidencial foi desmembrada dos aviões-tanque. Acho que aumenta muito a chance de termos 767.

Giordani RS

Marcos disse:
9 de maio de 2012 às 23:36
“Gozado que os B.707 servem até hoje para transporte de tropa, carga e reabastecimento, só não serve para transportar a cumpanherada.”

Hahahahaha…é bem por aí! “Cumpanhero” gosta é de luxo! Já viu presidente de sindicato pobre? É o mesmo que enterro de anão…

HRotor

Algumas autoridades deviam lembrar que, ao preservar suas próprias cabeças abaixando-as, acabam expondo a instituição….

HRotor

…preservarem…

Marcelo

wallace disse:
10 de maio de 2012 às 0:12

só lembre que os caças americanos foram modernizados pela Embraer e os franceses não.

Abraços.

Mauricio R.

Enquanto isso na Grã Bretanha:

“The RAF may be paying billions of pounds too much for its new, air-to-air refuelling Voyager aircraft, the BBC has discovered. Contracts seen by Newsnight suggest the 14 planes could be purchased for £50m each instead of the £150m each paid as part of a £10bn leasing agreement.”

(http://www.defense-aerospace.com/articles-view/release/3/135145/raf-paying-far-too-much-for-new-tankers%3A-bbc.html)

Alem dos 5 anos e meio de atraso na entrega, parece que os A-330MRTT da RAF, poderiam ter saído mais baratos.

“…os caças americanos foram modernizados pela Embraer…”

Mas a tecnologia empregada, é da Elbit.

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