A presidente da Boeing no Brasil, Donna Hrinak, classificou nesta terça-feira de “lenda” a justificativa brasileira de que a maior dificuldade para compra de caças pela Força Aérea Brasileira (FAB) é a resistência do governo americano em autorizar a transferência de tecnologia.

“Eu não entendo o porquê desta justificativa. Talvez vocês da mídia possam me ajudar a entender. Na realidade, temos oferecido para o Brasil a mesma tecnologia que oferecemos para nossos melhores aliados, ou seja, os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), por exemplo. Então, acho que essa questão já está superada”, disse Donna Hrinak, que participou do seminário “Oportunidades nas Relações Comerciais do Brasil Frente à Nova Configuração dos Blocos Econômicos Mundiais”, realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo. “Para mim, isso é uma lenda e não vai atrapalhar”, afirmou.

Donna Hrinak, que também foi embaixadora dos Estados Unidos no País entre 2002 e 2004, disse entender a importância da transferência de tecnologia, mas ressaltou que é preciso falar também do desenvolvimento de tecnologias no País. “O avião não é estático. O avião evolui com as demandas dos clientes. E essas mudanças e inovações podem acontecer aqui, com a indústria brasileira trabalhando junto com a Boeing”, afirmou a executiva,

Questionada sobre o que estaria faltando para que o projeto seja concluído, a presidente da Boeing respondeu que espera apenas uma decisão do governo brasileiro. “Estamos esperando uma decisão do governo para o País inteiro, e não só para a indústria ou para a Força Aérea”, disse. Donna Hrinak evitou comentar se a questão do projeto F-X2 foi um dos temas da conversa entre a presidente Dilma Rousseff e a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, em Brasília, na semana passada.

O processo de compra dos caças brasileiros se arrasta desde 1996. Atualmente chamado de F-X2, o programa prevê a compra de 36 caças, um negócio estimado entre US$ 4 bilhões e US$ 6,5 bilhões. Houve vários adiamentos, o último deles no início do governo da presidente Dilma Rousseff, em 2011. Os concorrentes são o avião Rafale, da francesa Dassault, o Gripen, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da Boeing.

FONTE: Estadão

Subscribe
Notify of
guest

14 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Hamadjr

Então ela quer os jornalista ajudem ela entender kkkkk, mas o que será que ela não esta entendendo, a lenda ou a compra dos caças que esta condicionado a trasferência de tecnologia

asbueno

Hamadjr, certamente ela foi irônica.
Tirando o fato que não devemos crer em tudo o que os políticos dizem, ela possivelmente é verdadeira quando menciona o igualmente oferecido ao pessoal da OTAN.
Lembrando que TOT não se faz por manual…

Mauricio R.

Mas de qual ToT ela está falando???
Aquela solicitada pela FAB em seu “Request for Proposal”, ou a mentira inventada pelos petralhas, p/ justificar sua escolha de Le Jaca???

asbueno

Mauricio R., este é o ponto.

Clésio Luiz

A transferência é o acesso aos códigos fonte da aeronave, para que possamos modifica-la conforme nossa vontade

Vader

Na verdade Transferência de Tecnologia vai muito além de entrega de códigos-fonte, coisa que vários aliados americanos têm, como Israel, por exemplo.

Sempre lembrando que os códigos-fonte que interessam à FAB são os dos sistemas de armas. A FAB não tem o menor interesse, por hora, em possuir os códigos-fonte dos sistemas centrais da aeronave, até porque não teria o que fazer com eles: pra que reprojetar um sistema inteiro que está funcionando?

Clésio Luiz

Apertei Enter sem querer… Mexer no software significa integrar novos armamentos, mudar frequencias de radar para evitar usar dados que já existam na biblioteca dos outros, novos modos na suite de guerra eletrônica, novos protocolos de rádio e datalink, etc. A importância disso é não ficarmos na mão dos americanos em caso de conflito e eles passem os dados da aeronave para os nossos oponentes, como aconteceu com a Argentina na Guerra das Malvinas (ou seja, deixados na mão pelos franceses). É o tipo de lição que temos que por em prática enquanto há oportunidade. Agora se os americanos vão… Read more »

Vader

Clésio Luiz disse: 25 de abril de 2012 às 17:35 O compartilhamento (transferência) de tecnologia e especialmente a transferência de códigos-fonte dos sistemas de armas era requisito sine qua non da RFP da FAB, isso lá em 2009. Quem transferia foi classificado. Quem não transferia, foi desclassificado. Nesse aspecto três dos seis caças que receberam RFI foram classificados, entre eles o F/A-18E Super Hornet. Os demais foram desclassificados. De maneira que, a menos que se duvide da capacidade da FAB de manter um único critério em sua licitação, estou com a Embaixadora: não entendo porque estamos discutindo isso agora em… Read more »

Clésio Luiz

Eu lembro que saiu uma notícia com os detalhes do plano americano para o FX-2, que foi até votado (pelo congresso ou senado) algum tempo atrás. E se eu não me engano tinha algo falando sobre tranferência de tecnologia. Seria bom reencontrar essa reportagem para ver o que está no pacote.

Fabio ASC

A chega…. todos ficam falando em ToT, medo de ficar na mão deste ou daquele…. Simples, podemos comprar 200 ou 1.000 caças dos modelos hoje ofertados e não aguentaríamos um tapa de qualquer grande potência. Então compra logo de quem vai dar um offset maior…. Boeing / EUA claro, e pronto. chega de ficar falando que queremos independência quando o FX 2 fala em 36 caças, com o sonho de chegarmos a 120…… Sempre digo que ficar reclamando de ToT ou não ToT é a mesma coisa que pedinte na porta de igreja, reclama do que ganha, mas NUNCA FAZ… Read more »

Marcos

Vader

Me corrija se eu estiver errado, mas, este não foi o ponto em que eliminou o Sukhoi (Russia) ?

Sds

Corsario137

“Estamos esperando uma decisão do governo para o País inteiro, e não só para a indústria ou para a Força Aérea”.

Dizer mais o que né?

That is all folks.

Tadeu Mendes

O Brasil mudou, e por essa razao simples e logica, os EUA ja nao vem o pais com a mesma lupa. Os EUA tambem mudaram, assim como o mundo tambem mudou. E com toda essa mudanca, os EUA estao aprendendo a reconhecer e aceitar o Brasil como uma potencia emergente, e estrategicamente importante para o futuro deles. Os EUA tem o primeiro presidente negro em toda a sua historia (um tremendo avanco considerando o passado racial americano), assim como o Brasil elegeu a primeira presidente mulher da historia (um tremendo avanco, considerando o passado suberviso dela). Ha muito o que… Read more »

Vader

Marcos disse:
25 de abril de 2012 às 21:24

Precisamente, caro Marcos.

Sds.